EcoFamílias Água. Novembro 2009 Junho Relatório Final
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1 EcoFamílias Água Novembro 2009 Junho 2011 Relatório Final Junho de 2011
2 Índice Índice Resumo Executivo Introdução Objectivos Metodologia Selecção das Famílias Cronograma Monitorização Caracterização das famílias Análise da redução de consumos por dispositivo e de consumos globais Análise da redução de consumo por dispositivo Análise da redução de consumos globais Caracterização dos consumos globais Análise do consumo ao longo da semana Conclusões Comunicação social Bibliografia Anexo I Anexo II
3 1. Resumo Executivo O projecto EcoFamílias Água, desenvolvido pela Quercus Associação Nacional de Conservação da Natureza em parceria com a empresa Águas do Oeste, SA, teve como objectivo a alteração de comportamentos no consumo de água pelo contacto directo com famílias. Entre Novembro de 2009 e Maio de 2011 foram acompanhadas sete famílias residentes na área de intervenção da empresa Águas do Oeste, SA, que se inscreveram voluntariamente no projecto. Durante este período foi possível analisar os consumos de água. A análise dos consumos médios diários das famílias permitiu aferir que numa primeira fase o seu consumo era de 703 litros/dia. Este reduziu para 515 litros/dia após a instalação de economizadores de água. No entanto, estes valores são superiores ao consumo médio nacional por fogo, 310 litros, referido no Programa Nacional para o Uso Eficiente de Água. De acordo com as medições realizadas depois da instalação dos economizadores de água, a redução o débito de água nos chuveiros diminuiu, em média, 31%. Esta redução é maior nas torneiras da cozinha e casa de banho, 56%. O consumo de água varia ao longo da semana, verificando-se um aumento de cerca de 22% do consumo nos dias de fim-de-semana (sábado e domingo). Os dados recolhidos permitiram concluir que o dia da semana com maior consumo é o domingo (597 litros) e o de menor consumo verifica-se à segunda e quinta-feira (444 litros), este facto pode ser justificado pelo aumento do tempo de permanência em casa e de utilizações de dispositivos consumidores de água nos dias de fim-desemana. 3
4 2. Introdução A percentagem de água doce existente no nosso planeta é de apenas 3%, e esta água não está disponível na totalidade. Assim, a água própria para consumo humano tornase um recurso extremamente precioso que, portanto, deve ser gerido de forma eficiente e justa. O consumo de água tem aumentado devido ao crescimento demográfico, mas também devido ao desenvolvimento económico e ao estilo de vida actual, sendo estes dois últimos factores os que mais contribuem para este aumento. De acordo com os cenários actuais, estima-se que em 2050 a população mundial atinja os 9 mil milhões de habitantes. Assim, se a tendência de aumento de consumo de água se mantiver, em menos de 50 anos teremos gasto a água potável disponível, dado que os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados. De acordo com este cenário a Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que a água será a causa maior de conflito mundial nas próximas décadas. De acordo com previsões do SIAM as alterações climáticas irão contribuir para uma diminuição da disponibilidade de água potável, existindo uma tendência para o aumento de cheias e para uma pior qualidade de água (Veiga da Cunha, 2004). Em Portugal o consumo de água é bastante mais elevado quando comparado com as necessidades reais do país, nos vários sectores de actividade. No ano de 2001 foram consumidos milhões de m 3 de água por ano, nos sectores urbanos, agrícola e industrial. Estes valores representam cerca de 1,65% do PIB do nosso país (RCM 113/2005). No Plano Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA) é indicado que o sector urbano representa apenas 8% da procura total de água, sendo consumidos anualmente neste sector 572x10 6 m 3 /ano. Todavia quanto aos custos efectivos de utilização da água para os diversos fins de utilização, verifica-se que o sector urbano passa a ser o mais relevante correspondendo a 46% do total de custos, seguido da agricultura com 28% do total, e da indústria com 26% do total, o que conduz a conclusão que cada litro de água poupada em consumo urbano, e portanto por consumo doméstico, também se traduz numa poupança significativa para o país (Figura 1). 4
5 28% 46% Agricultura Indústria Urbano 26% Figura 1 Distribuição dos custos efectivos da utilização da água por sector (Fonte: PNEUA) Fazendo uma análise por NUT II (Figura 2) verifica-se que a região na qual se inserem os concelhos da zona Oeste, Lisboa e Vale do Tejo (URL1), é que apresenta a maior percentagem de consumo urbano. 5% 34% 5% 4% 5% 31% Norte Centro Lisboa e Vale do Tejo Alentejo Algarve Açores Madeira 16% Figura 2 Distribuição de consumo urbano por NUT II (Almeida, 2006) O sector urbano engloba os consumos referentes aos consumos domésticos, industrial de serviços (comércio) e outros (como o consumo público). Estes são distribuídos de acordo com a Figura 3. 5
6 13% 9% 14% Doméstico Indústria Outros Serviços 64% Figura 3 Distribuição do consumo urbano (Fonte: PNEUA) De acordo com os dados apresentados na Figura 3 o sector doméstico é responsável por 64% do consumo urbano. Por consumo doméstico entende-se o associado aos usos de água efectuados no interior e na envolvente das habitações pelos seus ocupantes (Almeida, 2006). Os consumos do sector doméstico apresentam um potencial de redução considerável, podendo ser atingido através: da regulação de caudais e manutenção dos sistemas de abastecimento; da aplicação de equipamentos/sistemas de redução da quantidade de água utilizada, sem perder o conforto na utilização dos sistemas; da alteração de comportamentos que conduzam a uma redução dos consumo. 6
7 3. Objectivos O projecto EcoFamílias Água a decorrer na região de Oeste surgiu de uma parceria entre a Quercus Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Águas do Oeste, SA, com os seguintes objectivos: Caracterização dos consumos de água, ao longo de um ano; Delineação de planos de poupança de água para as famílias; Aconselhamento directo e personalizado das famílias, para ajudar na implementação dos planos de poupança. Ao longo deste projecto pretendeu-se também avaliar o contributo de economizadores de água para a diminuição dos consumos de água numa habitação. 7
8 4. Metodologia 4.1. Selecção das Famílias Este programa teve como objectivo inicial a monitorização de famílias residentes nos concelhos da área de intervenção da empresa Águas do Oeste, com excepção do concelho de Mafra no qual já estava a ser desenvolvido o projecto EcoFamílias Água, com o apoio da empresa de distribuição em baixa deste concelho. Para obter a amostra pretendida a empresa Águas do Oeste contactou os municípios da sua área de actuação para tomar conhecimento da sua disponibilidade para apoiar este programa. Os municípios desta região que demonstraram interesse em apoiar esta iniciativa foram os da Azambuja, da Lourinhã, de Óbidos, de Rio Maior e de Torres Vedras. Assim, entre as famílias que se inscreveram voluntariamente, foram seleccionadas sete que residissem nos concelhos já mencionados (Tabela I, Figura 4). Tabela I Distribuição das famílias participantes por concelho Concelho Nº famílias Código das famílias Azambuja 1 O3 Lourinhã 1 O1 Óbidos 2 O2, O7 Rio Maior 1 O4 Torres Vedras 2 O5, O6 8
9 Figura 4 Distribuição geográfica das famílias (fonte: GoogleEarth) 9
10 4.2. Cronograma Com este programa foram acompanhados os consumos de água de sete famílias residentes da área de intervenção da empresa Águas do Oeste. As diferentes fases do programa EcoFamílias - Água são ilustradas no cronograma abaixo (Figura 5). As primeiras visitas às famílias ocorreram entre Março e Maio de Este período foi mais extenso do que o previsto, uma vez que a última inscrição do concelho de Óbidos apenas ocorreu no início do mês de Maio. Após a selecção das famílias participantes foi necessário verificar o tipo de contador existente, para saber se seria possível instalar o equipamento de telecontagem. Este processo foi bastante moroso, uma vez que na maioria dos casos foi necessário adquirir novos contadores de água. As datas das instalações do equipamento de telecontagem nos diferentes municípios apresentam-se na tabela seguinte (Tabela II). Tabela II - Datas de instalação dos equipamentos de telecontagem Data de Instalação Município 05 / Junho / 2009 Óbidos 30 / Julho /2009 Lourinhã 01 / Outubro / 2009 Azambuja e Rio Maior 22 / Outubro / 2009 Torres Vedras Entre Novembro de 2009 e Junho de 2010 verificaram-se problemas na aquisição de dados por parte do equipamento de telecontagem em várias famílias, pelo que houve uma recalendarização do ano de monitorização, desta vez com início a Julho de 2010 e término a Junho de
11 Figura 5 Cronograma do programa EcoFamílias Mar - Mai 09 Jun - Out 09 Nov 09 - Jun10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Out-10 Nov-10 Dez-10 Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Jun-11 Out-11 1as Visitas Instalação equipamentos medição 1as Grelhas 2as Grelhas 3as Grelhas Redutores caudal/recomendações 5as Grelhas 6as Grelhas 7as Grelhas 8as Grelhas Análise resultados Apresentação Resultados às famílias Seminário 11
12 4.3. Monitorização A monitorização dos consumos das famílias foi realizada com o auxílio de equipamentos de telecontagem (Figura 6). Este equipamento fez a leitura do contador de água, em períodos de 5 minutos. Figura 6 Exemplo de uma instalação de um datalogger com interface por impulsos (família O1) Os dados recolhidos por este equipamento são depois enviados por GPRS para uma base de dados, que pode ser consultada online (Figura 7). 12
13 Figura 7 Exemplo da página de internet com os dados de consumo das famílias Dado que um dos objectivos deste projecto foi a obtenção do consumo de água dos vários dispositivos existentes numa habitação, foi necessário pedir às famílias que preenchessem umas grelhas de consumo (vide anexo I e II). Nestas grelhas as famílias tiveram de registar o dia e a hora em que realizaram os vários consumos. Este registo foi posteriormente cruzado com as medições realizadas pelo equipamento de telecontagem. De referir que o número de grelhas preenchidas pelas famílias ficou aquém do desejado, apesar do esforço para obter estes dados ter sido feito diversas vezes e por diferentes meios de comunicação, como carta, correio electrónico, telefone e SMS. Na primeira fase do projecto foram recebidas grelhas preenchidas por cinco famílias (O2, O3, O4, O6, O7), num total de 16 grelhas. Na segunda fase apenas duas famílias (O3 e O6) fizeram chegar à Quercus as grelhas preenchidas (num total de 4). 13
14 5. Caracterização das famílias Os consumos de água de uma habitação são influenciados pelo número de elementos do agregado familiar, bem como pelo número de dispositivos e de equipamentos que utilizam água e pela área exterior ajardinada. Assim, fez-se um levantamento destas características para cada uma das famílias, cuja síntese se apresenta no quadro seguinte. Na última coluna da Tabela III são apresentados os valores de consumo médio mensal das famílias na primeira fase do projecto (Novembro 2009 a Setembro 2010). 14
15 Família Nº pessoas Autoclismo com dupla descarga Nº duches do agregado por semana Tabela III Caracterização dos hábitos de consumo de água das EcoFamílias Duração média duches (min) Nº máquinas de roupa por semana Nº máquinas de loiça por semana Nº lavagens de loiça à mão por semana Tipo de habitação Jardim / piscina Nº casas de banho Nº Cozinhas Consumo médio 1ª fase projecto O1 2* N Moradia J 3 1 9,686 O2 4 N Moradia J ,702 O3 4 S 14 11, Moradia J ,190 O4 2 N 14 3, Apartamento ,935 O5 4 N Moradia J ,580 O6 4 S Apartamento ,843 O7 3 S Moradia J ,097 * Número de pessoas que integram o agregado familiar habitualmente, no entanto este pode chegar a mais de 10 pessoas (m 3 /mês) 15
16 6. Análise da redução de consumos por dispositivo e de consumos globais 6.1. Análise da redução de consumo por dispositivo Um dos objectivos do projecto foi a quantificação das reduções efectivas de consumo de água devido à instalação de economizadores de água, que foram instalados em duas torneiras (casa-de-banho e cozinha) e no chuveiro mais utilizado, como forma de incentivar as famílias para a redução de consumo através da utilização destes dispositivos. A adesão por parte das famílias ao preenchimento das grelhas de consumo ficou aquém das expectativas. Assim, não foi possível isolar o consumo dos diferentes dispositivos, com excepção da família O3. Para colmatar esta falta de informação e avaliar a redução de consumos com a instalação de economizadores de água procedeu-se à medição do caudal das torneiras intervencionadas sem e com economizadores de água, durante as segundas visitas (Tabela IV). Tabela IV - Resultados das medições de caudal sem e com economizadores de água Dispositivo Caudal sem economizadores (l/min) Caudal com economizadores (l/min) Redução Torneira Cozinha 11,90 5,28 56% Torneira Casa-de-banho 10,83 4,74 56% Chuveiro 10,35 7,11 31% Esta medição no local pode ter resultados diferentes dos anunciados pelas empresas do sector, pois a pressão de água na rede pode influenciar o desempenho dos economizadores. De acordo com os dados apresentados na tabela anterior a instalação de economizadores de água permite uma redução significativa dos consumos por dispositivo, em média 47,6%. Os dispositivos onde se verificou maior redução foram as torneiras da cozinha e casa-de-banho (56%). No chuveiro, a diminuição média de consumo foi de 31%. O valor da redução conseguida nos chuveiros foi inferior ao referido pelas empresas do sector e aos resultados conseguidos noutras regiões do país. Este resultado pode dever-se, precisamente, a uma pressão inferior à normal nas casas intervencionadas. 16
17 Na família O3, onde foi possível isolar consumos de água na primeira e segunda fase do projecto, verificou-se uma redução de 56% no duche e 17% na lavagem de mãos. Comparando estes resultados com o projecto EcoFamílias na região do Algarve verifica-se que o valor de redução no duche é próximo. No entanto, na lavagem de mãos a família O3 apresenta um valor de redução mais baixo (Tabela V). Este facto pode dever-se a diferentes tempos de utilização das torneiras durante este uso. Tabela V- Comparação da redução de consumo, no duche e lavagem de mãos, entre a família Oeste e as EcoFamílias - Algarve Uso Redução EcoFamílias - Oeste EcoFamílias - Algarve Duche 56% 60% Lavagem de mãos 17% 46% 6.2. Análise da redução de consumos globais Um dos objectivos deste estudo passou pela análise dos consumos médios diários das famílias antes e depois da fase de instalação dos economizadores de água (Tabela VI). Nesta análise não foi incluída a família O4 devido a problemas na aquisição de dados, o que não permitiu ter valores válidos na segunda fase do projecto. Antes da instalação de economizadores, o consumo de água foi de 703 litros/dia por fogo, variando entre 319 e litros/dia (Tabela VI). Este valor é superior à capitação média por fogo, 310 litros, referida no Programa Nacional para o Uso Eficiente de Água. Também o consumo médio diário por habitante foi superior ao valor indicado no guia técnico Uso Eficiente da Água no Sector Urbano (244 e 78 litros/ habitante.dia, respectivamente). 17
18 Tabela VI - Análise dos consumos médios diários antes de depois da instalação de economizadores de água Família Nº elementos do agregado Consumo médio diário de Nov09 a Set10 (m3/dia) Consumo médio diário de Nov10 a Jun11 (m3/dia) Reduçao O1 2* 0,319 0,276 13,5% O2 4 0,606 0,468 22,8% O3 4 0,988 0,724 26,7% O5 2 1,031 0,561 45,6% O6 4 0,720 0,593 17,7% O7 3 0,589 0,399 32,3% Média 0,703 0,515 26,8% * Número de pessoas que integram o agregado familiar habitualmente, no entanto este pode chegar a mais de 10 pessoas Pela análise da Tabela VI conclui-se que os consumos médios diários das famílias diminuíram em média cerca 27% após a fase de instalação de economizadores de água. A família onde se verificou uma maior redução de consumo foi a O5, reduzindo o seu consumo em cerca de 46%. Esta redução pode ser justificada em parte pela diminuição do número de elementos do agregado familiar (de 4 para 2). A família O1 tem o valor mais baixo de redução, 14% em relação ao valor inicial. Este facto pode justificar-se por esta família ter uma grande flutuação do número de elementos (2 a mais de 10 pessoas). As reduções de consumos são ilustradas na Figura 8. Nas outras famílias, onde não se verificou alteração na composição do agregado familiar, a redução terá como justificação a instalação dos economizadores de água. O valor de consumo por habitante reduziu de 244 litros/dia para 160 litros/dia. 18
19 Consumo (m 3 /dia) EcoFamílias Água, Região Oeste 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 O1 O2 O3 O5 O6 O7 Família Consumo de Nov09 a Set10 Média de Nov09 a Set10 Consumo de Nov10 a Jun11 Média de Nov10 a Jun11 Figura 8 Análise dos consumos médios diários das diferentes famílias antes e depois da colocação de economizadores de água Analisou-se, também, o consumo médio das famílias ao longo dos meses. Nesta análise não se apresenta o mês de Outubro de 2010 por se tratar do mês em que se colocaram economizadores de água nas habitações, em diferentes dias. Para a família O4 apenas são apresentados apenas os valores de consumo da primeira fase do projecto, devido a problemas na aquisição de dados, que não permitiu ter valores válidos após instalação dos economizadores de água. A família O7 apresenta valor zero de consumo, entre Fevereiro e Abril de 2011, devido a uma avaria com o equipamento de medição. 19
20 Nov-09 Dez-09 Jan-10 Fev-10 Mar-10 Abr-10 Mai-10 Jun-10 Jul-10 Ago-10 Set-10 Out-10 Nov-10 Dez-10 Jan-11 Fev-11 Mar-11 Abr-11 Mai-11 Consumo (m 3 /mês) Instalação de economizadores de água EcoFamílias Água, Região Oeste Mês O1 O2 O3 O4 O5 O6 O7 Figura 9 Consumo médio mensal das famílias ao longo dos meses de análise De acordo com o ilustrado na Figura 9 o maior consumo mensal registado foi de 66 m 3. Este consumo ocorreu na família O3 no mês de Julho de 2010, e poderá dever-se à rega da área jardinada. O consumo desta família decresceu consideravelmente nos meses de Agosto e Setembro de De forma a anular a influência da alteração do número de elementos do agregado familiar no consumo de água, analisou-se o consumo nas duas fases do projecto apenas nas famílias em que não houve alterações ao longo do projecto. De acordo com os dados apresentados na Tabela VII, as famílias reduziram o seu consumo em cerca de 21% após a instalação de economizadores de água. Tabela VII - Análise dos consumos médios diários antes de depois da instalação de economizadores de água, nas famílias sem alteração no número de elementos Família Nº elementos do agregado Consumo médio diário de Nov09 a Set10 (m3/dia) Consumo médio diário de Nov10 a Jun11 (m3/dia) Reduçao O2 4 0,606 0,468 22,8% O3 4 0,988 0,724 26,7% O6 4 0,720 0,593 17,7% O7 3 0,589 0,399 32,3% Média 0,720 0,571 20,7% 20
21 As famílias da região Oeste apresentam uma redução de consumo superior à conseguida noutras zonas do país, aquando do desenvolvimento do projecto EcoFamílias Água. Na região do Algarve conseguiu-se uma redução de cerca de 16%, ao passo que no concelho de Mafra esta foi de 12%. Estes resultados podem dever-se não só à instalação de economizadores de água, mas também à mais-valia da sensibilização ambiental conseguida pelo acompanhamento directo destas famílias. A área ajardinada terá significado no consumo destras famílias e, portanto, o tipo de recomendações dadas sobre horário e tipo de rega terá tido influência na redução de consumo destas famílias. Também as recomendações sobre redução de tempo de duche, lavagem de mãos, entre outros usos, podem ser justificação para esta descida significativa do consumo de água. 21
22 Consumo (m 3 /dia) EcoFamílias Água, Região Oeste 7. Caracterização dos consumos globais Analisando os consumos das famílias após a segunda fase do projecto, verifica-se que estes consumos já estão mais próximos da média nacional (310 litros/dia), passando para 515 litros/ dia (Figura 10). 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 O1 (2) O2 (4) O3 (4) O5 (2) O6 (4) O7 (3) Família (nº de elementos) Consumo por família (m3/dia) Consumo médio por pessoa (m3/pessoa.dia) Consumo médio (m3/pessoa.dia) Figura 10 - Consumo médio diário por família e por elemento do agregado, na segunda fase do projecto A família O1 apresenta menor consumo diário após a instalação de economizadores (276 litros/dia), facto que pode ser pode justificado uma família em que a maior parte do mês tem dois elementos. A família O7 tem o segundo menor consumo (399 litros/dia), valor que pode justificar-se por ser uma família com três elementos. A família O5 apresenta um consumo superior às famílias supracitadas (de dois e três elementos). Este facto pode ser justificado por utilizar água da rede para a rega da área ajardinada, ao passo que a família O1 faz aproveitamento de água pluvial e a família O7 utiliza água de um furo para este fim. Analisando os consumos das famílias com 4 elementos (O2, O3 e O6), verificou-se que a família O2 tem o menor consumo, facto que se poderá dever à elevada consciência ambiental de um elemento da família. 22
23 Consumo (m 3 /dia) EcoFamílias Água, Região Oeste Na comparação global de todas as famílias, a família O6 apesar de viver num apartamento apresenta o segundo maior consumo entre todas, que poderá dever-se a hábitos de consumo menos eficientes, mesmo no fim do projecto. A família O3 é a família com maior consumo, que poderá ser justificado pela moradia ter a maior área ajardinada Análise do consumo ao longo da semana A caracterização os consumos das famílias passou também pela averiguação da alteração de consumo ao longo da semana, após instalação de economizadores de água. Pela análise da Figura 11 é possível verificar que o domingo é o dia da semana com maior consumo médio (597 litros), sendo a segunda e quinta-feira os dias da semana onde se registou o menor valor de consumo (444 litros). Nesta análise não foram incluídos os dados da família O4, devido a problemas na aquisição de dados, que não permitiu ter valores válidos durante a segunda fase do projecto. 0,7 0,6 0,6 0,5 0,5 0,4 2f 3f 4f 5f 6f S D Dia da semana Figura 11 - Variação do consumo médio diário das famílias ao longo da semana Durante o fim-de-semana (sábado e domingo) por norma a casa está mais tempo ocupada e, é também nestes dias, que há mais lavagem de roupa e também mais confecção de refeições, entre outras utilizações de água. Assim, fez-se a análise dos consumos médios diários durante a semana útil (segunda a sexta-feira) versus fim-de-semana (sábado e domingo), após a 23
24 instalação de economizadores de água (Tabela VIII). Nesta análise não foram incluídos os dados da família O4 para a qual, como já foi dito anteriormente, não existem valores válidos durante a segunda fase do projecto. A Figura 12 ilustra as diferenças de consumos, bem como as médias dos consumos diários das várias famílias, para os diferentes períodos da semana. Tabela VIII Comparação do consumo médio diário das famílias nos dias úteis (segunda-feira a sexta-feira) e fins-de-semana (sábado e domingo) Família Média dias úteis (m3/dia) Média fim-de-semana (m3/dia) Diferença O1 0,239 0,374 36% O2 0,447 0,520 14% O3 0,617 1,000 38% O5 0,570 0,537-6% O6 0,540 0,732 26% O7 0,401 0,392-2% Média 0,462 0,593 22% De acordo com o esperado pode observar-se na Figura 12 que mais de metade das famílias aumenta o seu consumo médio diário no fim-de-semana. À excepção das famílias O5 e O7, que diminuem o seu consumo no fim-de-semana em 6 e 2%, respectivamente, em todas as outras verifica-se um aumento no consumo de água. Numa análise global, dos valores médios de todas as famílias, verifica-se um aumento médio de 22% no consumo diário ao fim de semana. 24
25 Consumo (m 3 /dia) EcoFamílias Água, Região Oeste 1,2 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 O1 O2 O3 O5 O6 O7 Família Dias Úteis Fim-de-semana Média DU Média FDS Figura 12 Consumo diário médio durante a semana e ao fim-de-semana 25
26 8. Limitações/Dificuldades Ao longo deste documento foram referidas algumas limitações ao desenvolvimento do projecto que serão enumeradas neste capítulo. A amostra de sete famílias, em cinco municípios, não permite fazer a comparação de consumos por concelho. Os equipamentos de telecontagem utilizados na monitorização de consumos exigiram a necessidade de troca de contadores nas habitações, por parte dos municípios, o que levou a atrasos na instalação destes equipamentos e no arranque do projecto. Embora o contacto com as famílias fosse feito de forma regular, houve uma fraca adesão por parte destas ao preenchimento das grelhas de consumo. Duas famílias (O1 e O5) não preencheram as grelhas nas duas fases do projecto. De forma a colmatar esta falha foram realizados telefonemas, enviadas mensagens por correio eletrónico e por telemóvel às famílias. A forma como as famílias preencheram as grelhas não permitiu isolar os consumos dos diferentes dispositivos de consumo de água. Ao longo do período considerado para monitorização dos consumos Novembro 2009 a Junho de 2011 verificaram-se problemas na aquisição de dados por parte do equipamento de telemetria. Esta dificuldade levou à não contabilização dos valores das leituras do contador da família O4 (Rio Maior) na segunda fase do projecto, assim não foi possível quantificar a alteração de consumo nesta família após instalação de economizadores. Também devido a problemas com o equipamento de medição a análise de consumo da família O7 (Óbidos) durante a segunda fase do projecto foi realizada tendo por base um número de meses inferior ao das restantes famílias (não houve dados de leituras entre Fevereiro e Abril de 2011). Sempre que se verificou existirem problemas na aquisição de dados foi comunicado à empresa responsável pelos equipamentos de telecontagem as falhas que não conseguiu resolver os problemas em tempo útil. 26
27 9. Outras actividades desenvolvidas no âmbito da parceria No âmbito da parceria entre a Quercus e a Águas do Oeste, foram desenvolvidas outras actividades, para além da iniciativa EcoFamílias, que são descritas neste capítulo. Um projecto desta natureza tem como objectivo difundir informação para o maior número de cidadãos/consumidores. Para cumprir este objectivo foi produzido um marcador de livros com conselhos de uso eficiente de água e preocupações a ter no saneamento. (Figura 13). As unidades foram distribuídas com jornais regionais, em escolas e iniciativas das Águas do Oeste e da Quercus. Figura 13 - Marcador de livro No âmbito desta parceria realizou-se também o seminário Uso Eficiente da Água no Sector Residencial, cujo objectivo de promover o debate sobre o consumo de água no sector doméstico entre técnicos do sector da água. 27
28 O seminário decorreu no dia 6 de Outubro de 2011, no Convento de S. Miguel das Gaeiras e contou com mais de 60 participantes. Várias entidades foram convidadas a apresentar trabalho desenvolvido nesta área, entre as quais o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a Associação Nacional para a Qualidade nas Instalações Prediais (ANQIP). O programa completo encontra-se no anexo III deste relatório. Figura 14 Seminário Uso Eficiente da Água no Sector Residencial A Quercus tem presentemente duas rubricas de sensibilização para as questões ambientais em meios de comunicação social: - Minuto Verde, desde Março 2006 no programa Bom Dia, da RTP, emitido todos os dias úteis três vezes por edição (antes das 8h, 9h e 10h da manhã); - Um minuto pela Terra na Antena Um, desde Setembro de 2007, emitido diariamente todos os dias úteis três vezes em horas distintas (5.59h, 9.59h e 14.59h). 28
29 10. Conclusões O projecto EcoFamílias Água, que abrangeu sete famílias dos concelhos de Azambuja, Lourinhã, Óbidos, Rio Maior e Torres Vedras com o objectivo de aumentar a eficiência no consumo de água, teve dois momentos de medição de consumos. O primeiro de Novembro de 2009 a Setembro de 2010 e o segundo de Novembro de 2010 a Junho de Entre estes dois momentos foram instalados nas habitações das famílias participantes economizadores de água que, receberam, também, uma ficha com recomendações para o uso mais eficiente de água. De acordo com os dados recolhidos verifica-se que o consumo médio diário das famílias participantes reduziu cerca de 26,8%, de 703 litros/dia para 515 litros/dia. No entanto, este valor mantém-se superior ao valor referenciado no PNUEA como média nacional (310 litros/dia). O consumo por elemento do agregado familiar, na segunda fase do projecto, manteve-se, também, superior ao valor médio nacional (160 litros/habitante.dia e 78 litros/habitante.dia, respectivamente). Os dados recolhidos permitiram concluir que o dia da semana com maior consumo é o domingo (597 litros) e o de menor consumo verifica-se à segunda e quinta-feira (444 litros). Este facto pode ser justificado pelo aumento do tempo de permanência em casa e de utilizações de dispositivos consumidores de água nos dias de fim-de-semana. Globalmente, no conjunto das famílias participantes há um acréscimo de consumo aos fins-de-semana em cerca de 22%. De acordo com as medições realizadas aquando da instalação dos economizadores de água, a redução do débito de água nos chuveiros diminuiu, em média, 31%. Esta redução foi maior nas torneiras da cozinha e casa de banho, com um decréscimo de 56%. Os resultados do projecto mostra que os projectos de sensibilização para o uso eficiente de água tornam-se assim úteis, quer pela motivação para a aquisição de equipamentos economizadores de água, quer pela sensibilização ambiental conseguida pelo diálogo directo com as famílias participantes. 29
30 As famílias da região Oeste apresentam uma redução de consumo superior à conseguida noutras zonas do país, aquando do desenvolvimento do projecto EcoFamílias Água. Na região do Algarve conseguiu-se uma redução de cerca de 16%, ao passo que no concelho de Mafra esta foi de 12%. Estes resultados podem dever-se não só à instalação de economizadores de água, mas também à mais-valia da sensibilização ambiental conseguida pelo acompanhamento directo destas famílias. A área ajardinada terá significado no consumo destras famílias e, portanto, o tipo de recomendações dadas sobre horário e tipo de rega terá tido influência na redução de consumo destas famílias. Também as recomendações sobre redução de tempo de duche, lavagem de mãos, entre outros usos, podem ser justificação para esta descida significativa do consumo de água. 30
31 11. Comunicação social O programa EcoFamílias Água realizado na zona Oeste foi divulgado em vários meios de comunicação social, de nível nacional e regional. Na Tabela IX e VII(b) estão listados artigos publicados conhecidos: Título Tabela IX Artigos publicados em vários meios de comunicação social Meio de comunicação Águas do Oeste vai ajudar a poupar água 7&Action=noticia Projecto EcoCasa Água avança em Azambuja, Lourinhã, Óbidos, Rio Maior e Torres Vedras Lourinhã no Projecto EcoCasa-Água da empresa Águas do Oeste Águas do Oeste arranca com Projecto EcoCasa Água Câmara Municipal e Águas do Oeste assinam protocolo EcoCasa-Água Autarquia e Águas do Oeste assinam protocolo EcoCasa - Água Projecto EcoCasa-Água da Empresa Águas do Oeste Envolve Concelho da Lourinhã Família azambujense monitorizada por Águas do Oeste a5a0-48a b2dd95cdec40 EcoFamílias do Oeste vão começar a poupar água a partir de Outubro EcoFamílias do Oeste vão começar a poupar Água Jornal das Caldas Jornal O Mirante Jornal Tinta Fresca Jornal Alvorada Portal Jornal - Oeste online Sítio da Câmara Municipal de Rio Maior Boletim Municipal de Rio Maior Sítio da Câmara Municipal da Lourinhã Sítio Ericeira.com Sítio Eficiência Hídrica Data 8/10/ /12/ /01/ /01/ /01/ /01/2009 Fevereiro de /09/ /09/
32 Tabela X (b) Artigos publicados em vários meios de comunicação social Ambiente: Famílias da zona oeste reduzem consumo de água a partir de Outubro metro_conteudo=conteudos/municipiosinformam.ascx¶metro_objectid= 54443&Parametro_ClassID=25 Ambiente: Famílias da zona oeste reduzem consumo de água a partir de Outubro Sítio Guia de Portugal 28/09/2010 Rádio Batalha 28/09/ Ambiente: Famílias da zona oeste reduzem consumo de água a partir de Outubro C:\Documents and Settings\m.mendia\Local Settings\Temporary Internet Files\Content.Outlook\W0L73HGO\ htm Família de A-dos-Negros experimenta poupança de água Águas do Oeste promove acções para melhorar os consumos Programa EcoFamílias Água LUSA 28/09/2010 Jornal das Caldas Região de Cister 30/09/ /09/2010 LIZ FM 01/10/2010 Dia Nacional da Água celebra-se em vários pontos do país Sítio naturlink 01/10/2010 EcoFamílias do Oeste vão começar a poupar água a partir de Outubro Nova Verdade 01/10/2010 EcoFamílias do Oeste vão começar a poupar água a partir deste mês de Outubro Famílias colocam redutores de caudal nas torneiras para poupar consumo +caudal+nas+torneiras+para+poupar+consumo Águas do Oeste assinalou Dia Nacional da Água na região EcoFamílias do Oeste começam a poupar água já em Outubro Região de Rio Maior Jornal das Caldas Jornal Alvorada 01/10/ /10/ /10/2010 Expresso 15/10/ causas pelo ambiente EcoFamílias do Oeste vão começar a poupar água a partir de Outubro Visão 26/11/2010 Rádio Litoral Oeste 32
33 12. Bibliografia Baptista, et. al, Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (versão preliminar). Outubro, INAG, Lisboa. < Almeida, M. et.al.,2006. Uso eficiente da água no sector urbano. Série Guias Técnicos 8. Instituto Regulador de Águas Residuais, Instituto da Água e Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Agosto de ISBN Resolução de Conselho de Ministros nº 113/2005, 30 de Junho. Veiga da Cunha, Comunicação intitulada Impactos das Alterações Climáticas nos Recursos Hídricos Portugueses, 14 de Julho de URL1: 33
34 Anexo I Grelhas de caracterização de consumo de água 34
35 35
36 36
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