Antropólogo CENT~O DE INFORMAÇÃO E PESQUISA. OcUPACIONAL (CIPO)
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- João Vítor Fartaria Fortunato
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1 Antropólogo CENT~O DE INFORMAÇÃO E PESQUISA OcUPACIONAL (CIPO) 1. Campo de trabalho: antropologia; 2. Histórico; 3. Características da atividade; 4. Condições de trabalho; 5. Exigências para o desempenho da profissão; 6. Forma pela qual se ingressa na profissão; 7. Oportunidades da profissão; 8. Estudos. 1. Campo de trabalho: antropologia Profissional: Antropólogo. 2. Hist6rico Antropologia é a ciência que estuda o homem em sua totalidade física e sociocultural, focalizando as semelhanças e as diferenças entre os seres humanos. Considerado em suas origens como conhecimento do primitivo, como a especulação curiosa em torno da aparência física e dos hábitos dos chamados povos bárbaros, o pensamento antropológico sofreu, no curso de sua evolução e posterior afirmação sobre bases científicas, modificações sensíveis de caráter epistemológico e metodológico. Subdivide-se em vários ramos, às vezes considerados subciências, cada uma com seus métodos de pesquisa e respectivos quadros de especialistas: antropólogo físico e antropólogo cultural. O antropólogo físico estuda o homem como organismo físico, portanto sob o ponto de vista de seus caracteres biológicos: seus órgãos, sua evolução, desde a formação até a velhice, sua anatomia e fisiologia. Também estuda a influência do meio sobre a natureza física do homem; as proporções do corpo, a conformação da cabeça, a evolução do homem moderno, acentuando as diferenças raciais (cor, cabeça, ângulo facial, etc.), e as origens das espécies (fósseis). Analisa o relaciona- Arq. bras. Psic., Rio de Janeiro, 31 (3): , jul.jset. 1979
2 mento das características biolõgicas do homem, como: hereditariedade, eugenia, biometria, biotipologia, hematologia, osteologia, etc. O antropólogo cultural estuda principalmente as atividades culturais e sociais do homem, no tempo e no espaço, assinalando as leis gerais da evolução do espírito humano, os costumes e manifestações materiais de sua atividade intelectual, devassando e reconstituindo atividades do passado da humanidade, e concentrando suas investigações sobre os povos chamados primitivos ou não-letrados, espalhados pelas regiões remotas da Terra. É cada vez maior o número de antropólogos que está aplicando teoria e métodos de pesquisa às próprias comunidades e costumes e às grandes tradições da civilização em geral. A antropologia cultural se divide em vários campos de investigação, como a pré-história ou arqueologia pré-histórica, lingüística ou antropologia lingüística, etnologia, etnografia ou antropologia social, paleografia, paleontologia, etc. Do ponto de vista totalista, os antropólogos buscam generalizações sobre o homem e seu comportamento, analisando-o em todas as dimensões. São seus colaboradores os profissionais de diversas áreas: biólogos, psicólogos, sociólogos, economistas, cientistas, políticos, historiadores, críticos de literatura e outros que se dedicam ao estudo do homem em termos de seus interesses especializados e limitam sua pesquisa quase unicamente aos povos de tradições escritas, principalmente às sociedades ocidentais. As primeiras fontes documentais de interesse antropológico remontam à Antigüidade Clássica. Embora a preocupação fosse realçar costumes considerados exóticos, são encontradas citações de natureza etnográfica em Heródoto, Aristóteles, Hesíodo, Possidônio, Plínio o Velho, Tácito e outros sábios da época. Heródoto, no século IV a.c., fornece descrição da descendência matrilineal adotada pelos lícios. Em 98 d.c., Tácito descreveu hábitos, personalidade e relações com o meio-arnbiente observados entre grupos tribais germânicos. Durante a Idade Média, as civilizações islâmicas promoveram observações de caráter etnográfico. Marco Polo, nos 25 anos em que percorreu a China e o resto da Ásia ( ), talvez tenha sido quem contribuiu com maior quantidade de dados etnográficos sobre povos até então desconhecidos do mundo ocidental. As invenções e os descobrimentos dos séculos XV e XVI alargaram diante dos olhos europeus o conhecimento geográfico do mundo e a especulação em torno dos habitantes das regiões descobertas. Surgiram várias correntes de opinião quanto à natureza daqueles seres, aos quais muitos negavam, inclusive, a condição humana e a posse de alma semelhante à dos europeus. O século XVIII assinalou a substituição da noção de tempo cíclico pela de tempo unilinear, ou seja, o aparecimento do conceito de evolução, que iria marcar de modo profundo o pensamento do século seguinte. Paralelamente, ocorreu uma abertura intelectual que conduziu à relativização dos padrões culturais das sociedades da Antigüidade Clássica. A passagem do século XVIII para o século XIX assinalou a utilização, por Blumenbach, do termo antropologia com o sentido de história natural do homem. 200 A.B.P.3/79
3 A seguir, o termo foi vulgarizado por Kant, com a conotação de ciência do homem em geral. Na primeira metade do século XIX surgiram sociedades científicas especializadas, como a Sociedade Britânica para o Progresso da Ciência, a Sociedade Etnológi~a de Paris e a Sociedade Etnológica de L:mdres. No mesmo período, Gustave Klemm publicou o livro História geral da cultura da hwnanidade, no qual reuniu dados sobre a cultura de diversos povos, numa tentativa de interpretação da evolução das sociedades humanas dentro de um esquema geral. O ano de 1859 marcou a publicação de A origem das espécies, de Charles Darwin, e a criação da Sociedade de Antropologia de Paris. No final do século XIX surgiram as primeiras reações contrárias aos postulados evolucionistas. Começou a haver uma preocupação com a reconstrução da história cultural dos povos estudados. Nos EUA essa corrente foi liderada por Franz Boas e seus discípulos, fundadores dos primeiros departamentos de antropologia nas principais universidades do país. Na Áustria formou-se a chamada escola histórico-cultural de Viena. Por meio da identificação de traços culturais semelhantes, os seguidores desta escola tentaram localizar centros de origem de culturas. Essa preocupação chegou a ser tão radical que despontaram teorias acerca de uma origem única para todas as cul turas. Partiu de Freud, com Totem e tabu, a primeira tentativa de criar um laço entre etnólogos, lingüistas e folcloristas, de um lado, e psicanalistas, de outro. As contribuições de Freud, Adler, Jung e outros psicanalistas foram incorporadas e reinterpretadas pela antropologia. Desenvolveu-se então uma linha de trabalho que buscou associar à antropologia, a psicologia social, a psicanálise e a psiquiatria. Surgiu a seguir o funcionalismo, fundado por Malinowski, cuja idéia central é que toda cultura é formada por um complexo interligado de instituições sociais, desempenhando, cada uma, função específica, com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas. Radcliffe-Brown foi um dos primeiros antropólogos a definir o conceito de estrutura social e a utilizá-lo como instrumental metodológico. De emprego recente em antropologia, o método estruturalista vem aumen tando gradativamente sua área de influência, graças à importância conferida aos trabalhos de Lévi-Strauss. 3. Características da atividade É uma atividade eminentemente de pesquisa, envolvendo trabalhos de campo. ou seja, o estudo in loco da sociedade a ser pesquisada; isto implica longa permanência, durante a qual o máximo de dados deve ser obtido. An tropólogo 201
4 Tarefas que envolve: elaboração do projeto de pesquisa, delimitando o universo de investigação e levantando hipótese; coleta de dados para estudos; ordenação e classificação do material recolliido de acordo com o esquema conceptual do pesquisador; realização de atividades museológicas de sua especialidade; colaboração com os demais cientistas em problemas de ordem geral, cuidando da parte que llie compete. Pode também desenvolver atividades de magistério. 4. Condições de trabalho Realiza suas atividades nas instituições científicas como: Museu Nacional da UFRJ (Rio de Janeiro, RJ); Instituto de Pesquisas da Faculdade de Filosofia da UFF de Niterói, RJ; Instituto de Pesquisas da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Paraná (Curitiba, PR); Museu Emilio Goeldi, do Governo do Estado do Pará (Belém, PA); Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Belém, PA); Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais do Ministério da Educação (Recife, PE); Instituto de Pesquisas Educacionais da Cidade do Rio de Janeiro, RJ; Instituto de Antropologia e Etnologia do Pará (Belém, PA); Departamento de Etnologia e Línguas Tupi-Guarani, da Faculdade de Filosofia da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP); Museu da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo (SãO Paulo, SP); Departamento de Etnografia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP); seção de estudos do Serviço de Proteção aos Índios (Rio de Janeiro, RJ); Museu Nacional da Universidade de São Paulo (São Paulo, SP). Trabalha em ambientes que se diferenciam pela sua especialização. Todos têm em comum o gabinete de estudos. Para coleta do material, alguns precisam trabalhar ao ar livre ou em bibliotecas. 5. Exigências para o desempenho da profissão Além de boa formação cultural, o antropólogo deve possuir: interesse e aptidão científicos; capacidade de ilação dos dados obtidos; habilidade manual com precisão de movimentos, resistência aos trabalhos externos de coleta de dados; atenção e capacidade de concentração. 202 A.B.P.3/79
5 6. Forma pela qual se ingressa na profissão Depois de devidamente preparado, o antropólogo ingressa nas organizações científicas por concurso, contrato e demais formas previstas por lei. 7. Oportunidades da profissão o profissional de antropologia destacou-se recentemente da história natural; o mercado de trabalho é ainda restrito, encontrando maiores possibilidades no campo do magistério e arqueologia cultural. 8. Estudos No Brasil ainda não existem cursos de graduação em antropologia. Seus estudos são feitos a nível de pós-graduação, que se segue ao de formação universitária em história, museologia, geografia e outros. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (Museu Nacional), há um curso de mestrado em antropologia social, cujo currículo é o seguinte: 1. Disciplinas obrigatórias: organização social e parentesco; sociedades camponesas; antropologia urbana. 2. Disciplinas optativas: história da antropologia; minorias nacionais; história das idéias etnológicas no Brasil; análise sociológica; antropologia das sociedades complexas; antropologia cognitiva; estrutura social do Brasil; antropologia econômica; sistemas econômicos indígenas; tópicos em teoria lingüística. 8.1 Instituições que possuem curso de pós-graduação em antropologia Museu Nacional do Rio de Janeiro (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Quinta da Boa Vista - CEP São Cristóvão, RJ. Te!.: Nível: mestrado e doutorado em antropologia social. Fundação Universidade de Brasília Nível: mestrado em antropologia social Universidade de São Paulo Nível: mestrado e doutorado em antropologia social Universidade Estadual de Campinas Nível: mestrado em antropologia social. Antropólogo 203
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