que esta for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento
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- Gustavo Cordeiro Paranhos
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1 Desconsideração da personalidade jurídica 3. Desconsideração da personalidade jurídica sempre que esta for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento dos consumidores O CDC foi além, consagrando, no 5º do art. 28, cláusula normativa altamente genérica, com o claro propósito de evitar que a autonomia patrimonial fosse, de algum modo, obstáculo ao ressarcimento dos consumidores. Prevê o parágrafo citado: Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores Teoria maior e teoria menor da desconsideração No Brasil, a prática jurisprudencial criou, a propósito da desconsideração da pessoa jurídica, duas teorias diferenciadas. São elas a teoria maior (em suas vertentes subjetiva e objetiva) e a teoria menor Teoria maior Como regra geral, o ordenamento jurídico brasileiro adotou a teoria maior da desconsideração (Código Civil, art. 50; STJ, REsp , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3 a T, DJ 10/11/09). Isso significa que, de modo geral, para ser aplicada a teoria, é preciso que haja desvio de finalidade caracterizado pelo uso abusivo fraudulento (teoria maior subjetiva). Também será aplicada a teoria se houver confusão patrimonial, isto é, se inexistir, no campo dos fatos, separação entre o patrimônio da pessoa jurídica e o dos seus sócios (teoria maior objetiva). Nesse contexto, a teoria maior da desconsideração, regra geral no sistema jurídico brasileiro, não pode ser aplicada com a mera demonstração de estar a pessoa jurídica insolvente para o cumprimento de suas obrigações. Exige-se, aqui, para além da prova da insolvência, ou a demonstração de desvio de finalidade (teoria subjetiva da desconsideração), ou a demonstração de confusão patrimonial (teoria objetiva da desconsideração) (STJ, REsp , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3 a T, DJ 29/03/04) Teoria menor A teoria menor não exige prova da fraude ou do abuso de direito. Nem é necessária a prova da confusão patrimonial entre os bens da pessoa jurídica e física. Basta, nesse sentido, que o credor (consumidor, no caso) demonstre a inexistência de bens da pessoa jurídica, aptos a saldar a dívida. É uma teoria mais ampla, mais benéfica, certamente, ao consumidor. E foi ela a adotada pelo CDC, no art. 28, 5º. 225
2 Felipe P. Braga Netto Os contornos da teoria menor da desconsideração foram didaticamente delineados em acórdão do STJ: A teoria menor da desconsideração, acolhida em nosso ordenamento jurídico excepcionalmente no Direito do Consumidor e no Direito Ambiental, incide com a mera prova de insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. Para a teoria menor, o risco empresarial normal às atividades econômicas não pode ser suportado pelo terceiro que contratou com a pessoa jurídica, mas pelos sócios e/ou administradores desta, ainda que estes demonstrem conduta administrativa proba, isto é, mesmo que não exista qualquer prova capaz de identificar conduta culposa ou dolosa por parte dos sócios e/ou administradores da pessoa jurídica. A aplicação da teoria menor da desconsideração às relações de consumo está calcada na exegese autônoma do 5º do art. 28, do CDC, porquanto a incidência deste dispositivo não se subordina à demonstração dos requisitos previstos no caput do artigo indicado, mas apenas à prova de causar, a mera existência da pessoa jurídica, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores (STJ, REsp , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3 a T, DJ 29/03/04). Mais recentemente, o STJ teve a oportunidade de afirmar que no contexto das relações de consumo, em atenção ao art. 28, 5º, do CDC, os credores não negociais da pessoa jurídica podem ter acesso ao patrimônio dos sócios, mediante a aplicação da disregard doctrine, bastando a caracterização da dificuldade de reparação dos prejuízos sofridos em face da insolvência da sociedade empresária (STJ, REsp , Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, 3ª T., DJ 12/09/11). O art. 28, 5º, do CDC embora fuja do rigor conceitual da teoria da desconsideração, pelo menos dos contornos inicialmente formulados propicia, sem dúvida, uma proteção mais generosa ao consumidor, mostrando-se harmônico com o sistema de consumo. A assim chamada teoria menor da desconsideração tem, portanto, acolhida no CDC. 4. Críticas ao art. 28 do CDC Existem, na doutrina, severas críticas à dicção do art. 28 do CDC, argumentado os críticos, em essência, que tal redação é demasiadamente ampla, fugindo dos contornos corretos que definem a teoria da desconsideração da personalidade jurídica. É preciso ponderar, entretanto, que tal amplitude foi proposital, em harmonia com o desejo de resguardar, o mais amplamente possível, o consumidor, deixando para segundo plano as disputas acadêmicas. O CDC, em seu propósito de conferir uma tutela ampla ao consumidor, preferiu a tutela prática às discussões abstratas. A falência, estado de insol - vência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração não seriam, a rigor, casos da teoria da desconsideração da perso nalidade 226
3 Desconsideração da personalidade jurídica jurídica. Apesar dessa ponderação técnica, é algo fora de dúvida que eles estão, por opção explícita do legislador, na órbita do art. 28, e a personalidade da pessoa jurídica poderá ser afastada também nestes casos para proteger o consumidor. 5. Sociedades integrantes de grupos societários, socie Dades controladas, sociedades consorciadas e so -ciedades coligadas O CDC, nos parágrafos 2º, 3º e 4º trata da desconsideração em relação aos grupos societários e sociedades controladas ( 2º), em relação às sociedades consorciadas ( 3º) e sociedades coligadas ( 4º). Cabe repetir, aqui, a crítica acima esboçada, no sentido de que os dispositivos pouco ou nada têm com a teoria da desconsideração da pessoa jurídica. Buscam apenas, para proteger o consumidor, alargar a esfera de responsabilidade passiva por danos ao consumidor, indo de uma pessoa jurídica a outra. O 2º estabelece: As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste Código. Decidiu, a propósito, a jurisprudência: Havendo gestão fraudulenta e pertencendo a pessoa jurídica devedora a grupo de sociedades sob o mesmo controle e com estrutura meramente formal, o que ocorre quando as diversas pessoas jurídicas do grupo exercem suas atividades sob unidade gerencial, laboral e patrimonial, é legítima a desconsideração da personalidade jurídica da devedora para que os efeitos da execução alcancem as demais sociedades do grupo e os bens do sócio majoritário. Impedir a desconsideração da personalidade jurídica nesta hipótese implicaria prestigiar a fraude à lei ou contra credores (STJ, REsp , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª T., p. 24/06/02). O 3º, a seguir, prescreve: As sociedades consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes deste Código. E o 4º completa: As sociedades coligadas só responderão por culpa. Nestas últimas sociedades coligadas inexiste poder de controle de uma sociedade sobre a outra, havendo, tão-somente, participação. Para que as coligadas respondam umas sobre atos das outras, esclarece o CDC, é preciso que se lhes prove a culpa. A rigor, não haveria ato próprio, e sim de outrem, daí porque o CDC exigiu a prova da culpa. Diga-se, a propósito, que este ao lado da responsabilidade subjetiva dos profissionais liberais, prevista no art. 14, 4º é o único caso de responsabilidade subjetiva consagrada no CDC. Julgou o STJ: Caracterizada a confusão patrimonial entre sociedades formalmente distintas, é legítima a desconsideração da personalidade jurídica da 227
4 Felipe P. Braga Netto falida para que os efeitos do decreto falencial alcancem as demais sociedades envolvidas. Impedir a desconsideração da personalidade jurídica nesta hipótese implicaria prestigiar a fraude à lei ou contra credores (STJ, RMS , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª T., p. 22/09/03). A jurisprudência, no entanto, tem frisado que o credor não pode, por decisão sua, endereçar a ação contra os sócios, se não houve decisão acerca da desconsideração da personalidade jurídica. Nesse sentido: A despersonalização da pessoa jurídica é efeito da ação contra ela proposta; o credor não pode, previamente, despersonalizá-la, endereçando a ação contra os sócios (STJ, Resp , Rel. Min. Ari Pargendler, 3ª T., p. 05/08/02). 6. O juiz pode declarar a indisponibilidade dos bens na própria sentença declaratória de falência? Questão de alta significação prática indaga se é dado ao magistrado, nos autos da ação de falência, reconhecer a necessidade de aplicação da teoria da desconsideração, e fazê-lo, de ofício, nos próprios autos. Entendemos ser possível tal prática, desde que, naturalmente, seja oportunizado à parte que sofrerá seus efeitos a produção de prova, em homenagem ao contraditório. Decidiu, a propósito, o STJ: Está correta a desconsideração da personalidade jurídica da Sociedade Anônima falida quando utilizada por sócios controladores, diretores e ex-diretores para fraudar credores. Nesse caso, o juiz falimentar pode determinar medida cautelar de indisponibilidade de bens daquelas pessoas, de ofício, na própria sentença declaratória de falência, presentes os requisitos do fumus boni iuris e os do periculum in mora (STJ, Resp , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª T., p. 14/03/05). 7. A aplicação da teoria significa encerramento das atividades da pessoa jurídica? Ponto pacífico, em relação à teoria da desconsideração, é que ela não importa em encerramento das atividades da pessoa jurídica. Em outras palavras, a aplicação da teoria da desconsideração não implica desconstituição do registro da pessoa jurídica. Esta continuará a sê-lo, apenas os atos fraudulentos são afastados para ensejar a execução contra os reais responsáveis pelos danos. O Ministro Ruy Rosado de Aguiar, a propósito, ponderou: Assim, estou me pondo de acordo com os que admitem a aplicação da doutrina da desconsideração, para julgar ineficaz a personificação societária sempre que for usada com abuso de direito, para fraudar a lei ou prejudicar terceiros. Ou, em outras palavras: o juiz pode decretar a suspensão episódica da eficácia do ato constitutivo da pessoa 228
5 Desconsideração da personalidade jurídica jurídica, se verificar que ela foi utilizada como instrumento para a realização de fraude ou abuso de direito (STJ, REsp , Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, 4ª T., j. 21/05/96, p. DJ 26/08/96). O Ministro, muito corretamente, aludiu à suspensão episódica da eficácia do ato constitutivo. É o que realmente ocorre. 8. Aplicação da teoria da desconsideração pela administração pública É possível que a teoria da desconsideração (disregard doctrine) seja aplicada no direito administrativo. Caso a administração pública, em qualquer dos seus níveis (federal, estadual ou municipal) perceba que a pessoa jurídica está sendo usada como mecanismo de burla em suas relações com o poder público, a personalidade poderá ser afastada, para se atingir o real estado de coisas, desde que seja facultada ao administrado a defesa em processo administrativo regular. A jurisprudência já teve oportunidade de analisar a hipótese: A constituição de nova sociedade, com o mesmo objeto social, com os mes mos sócios e com o mesmo endereço, em substituição a outra declarada inidônea para licitar com a Administração Pública Estadual, com o objetivo de burlar à aplicação da sanção administrativa, constitui abuso de forma e fraude à Lei de Licitações, Lei nº 8.666/93, de modo a possibilitar a aplicação da teoria da descon sideração da personalidade jurídica para estenderem-se os efeitos da sanção admi nistrativa à nova sociedade constituída. A Administração Pública pode, em observância ao princípio da moralidade administrativa e da indisponibilidade dos interesses públicos tutelados, desconsiderar a personalidade jurídica de sociedade constituída com abuso de forma e fraude à lei, desde que facultado ao administrado o contraditório e a ampla defesa em processo administrativo regular. (STJ, ROMS 15166, Rel. Min. Castro Meira). 9. A questão da sociedade irregular ou de fato Se estivermos diante de sociedade irregular ou de fato aquela cujo procedimento de personificação não se completou não teremos necessidade de invocar o art. 28, porque nas sociedades irregulares ou de fato a responsabilidade dos sócios já existe, não sendo necessário propor, anteriormente, ação contra a socie dade. Inexiste, portanto, nesses casos, autonomia patrimonial. 10. Há necessidade de propositura de ação autônoma? Repitamos aqui o que já dissemos antes. Não é preciso que seja proposta ação específica para reconhecer a desconsideração. Isso poderá ser feito incidentalmente no próprio processo de execução. A jurisprudência não discrepa desse entendimento: A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídi ca 229
6 Felipe P. Braga Netto dispensa a propositura de ação autônoma para tal. Verificados os pressupostos de sua incidência, poderá o juiz, incidentemente no próprio processo de execução (singular ou coletiva), levantar o véu da personalidade para que o ato de expropriação atinja os bens particulares de seus sócios, de forma a impedir a concretização de fraude à lei ou contra terceiros (STJ, RMS, , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3ª T., p. 02/08/04). Posteriormente tal orientação foi confirmada (STJ, REsp , Rel. Min. Jorge Scartezzini, 4 a T, DJ 20/11/06). Mais recentemente, apontou-se: A jurisprudência da Corte, em regra, dispensa ação autônoma para se levantar o véu da pessoa jurídica, mas somente em casos de abuso de direito cujo delineamento conceitual encontra-se no art. 187 do CC/02, desvio de finalidade ou confusão patrimonial, é que se permite tal providência. Adota-se, assim, a teoria maior acerca da desconsideração da personalidade jurídica, a qual exige a configuração objetiva de tais requisitos para sua configuração (STJ, REsp , Rel. Min. Luis Felipe Salomão, 4 a T., DJ 30/11/09). É oportuno voltar ao tema. A teoria maior da desconsideração limita seu âmbito de atuação àqueles casos em que houver abuso de direito ou fraudes. Já a teoria menor da desconsideração que tem sua base normativa no CDC, art. 28, parte final, e sobretudo em seu parágrafo quinto tem um campo de atuação mais vasto. Para que ela ocorra, bastaria que o credor demonstrasse a inexistência de bens sociais e a solvência de qualquer sócio, atribuindo-se, portanto, a este, a obrigação que era da pessoa jurídica. A teoria menor da desconsideração que o STJ afastou no caso acima defende que a mera insuficiência de bens da empresa bastaria para que os bens pessoais dos sócios fossem chamados a responder pelas dívidas da sociedade. A teoria menor não exige a prova da fraude ou do abuso de direito. 11. Desconsideração inversa A desconsideração da personalidade jurídica objetiva, justamente, evitar utilizações indevidas e abusivas da pessoa jurídica. Isso pode ocorrer por variadas e criativas formas. A doutrina e, mais recentemente, a jurisprudência alerta para a possibilidade da desconsideração inversa. Ocorreria, aqui, portanto, o esvaziamento do patrimônio pessoal do sócio, que passaria a integralizar a pessoa jurídica. A situação é mais freqüente no direito de família, em separações judiciais (o marido, digamos, para evitar partilhar integralmente os bens, passa, ardilosamente, parte considerável do que possui para a empresa que controla). Não é impossível, contudo, sua configuração em relações de consumo. Em tese, a ocorrência, embora improvável, pode se dar. Sabemos que o fornecedor de 230
7 Desconsideração da personalidade jurídica produtos ou serviços pode ser pessoa física ou jurídica. Se ele, de algum modo, para deixar de cumprir suas obrigações perante o consumidor, transfere bens do patrimônio pessoal para a sociedade (que não participou das relações de consumo), a desconsideração inversa pode ter lugar. É possível, em situações tais, atingir os bens da sociedade em razão de dívidas próprias do sócio controlador. Desde que, naturalmente, estejam configurados os requisitos da desconsideração. É nesse sentido que caminha a recente jurisprudência: A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza-se pelo afastamento da autonomia patrimonial da sociedade para, contrariamente ao que ocorre na desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio controlador (STJ, REsp , Rel. Min. Nancy Andrighi, 3 a T, DJ 22/06/10). O art. 28, 5º, do CDC que, como vimos, assegura que também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores, interpretado de modo teleológico, não se opõe à desconsideração inversa. 12. Questões de Concursos 01. JUIZ/24R/2007 Considerando as disposições do Código de Defesa do Consumidor, assinale a alternativa INCORRETA: a) É direito básico do consumidor a inversão do ônus da prova a seu favor, no processo civil, quando, a critério do Juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiência. b) O Juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração. c) As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do Código de Defesa do Consumidor. d) As sociedades consorciadas e as sociedades coligadas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do Código de Defesa do Consumidor. e) Para efeitos do Código de Defesa do Consumidor, entende-se por interesses ou direitos individuais homogêneos os decorrentes de origem comum. 02. MAGISTRATURA/MT/2004 Um dos maiores avanços estabelecidos pelas normas de proteção ao consumidor foi a tipificação de situações que autorizam o juiz a desconsiderar a personalidade jurídica, por atos praticados por sociedade, em prejuízo do consumidor. Supondo que as situações apresentadas nas opções a seguir tenham 231
8 Felipe P. Braga Netto sido prejudiciais ao consumidor, o magistrado não estará, entretanto, autorizado a desconsiderar a personalidade jurídica de uma sociedade quando esta a) cobrar, inadvertidamente, tributo maior do que o devido na operação de consumo. b) agir em descumprimento do seu próprio contrato social. c) infringir uma lei. d) cometer ato ilícito. 03. MAGISTRATURA/SP/2002 Julgue o item a seguir: Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica quando, de alguma forma, a sua personalidade representar obstáculo ao ressarcimento de prejuízo causado aos consumidores. 04. Mpf/procurador da república/15º concurso O Código de Defesa do Consumidor, quanto ao princípio desconsideração da personalidade jurídica, a) não o adota; b) adota-o somente nos casos de inversão do ônus da prova como instrumento de defesa do consumidor; c) adota-o expressamente; d) é omisso por se tratar de princípio contido no âmbito do direito comercial. 05. Magistratura/rn/1998 Julgue se a afirmação abaixo está certa ou errada. Em matéria de proteção ao consumidor, é correto afirmar que poderá ser desconsiderada pelo juiz a personalidade jurídica da sociedade quando, ocorrendo ofensa aos direitos do consumidor, verificar-se violação dos estatutos ou contrato social. 06. OAB/MT/2004 A respeito da desconsideração da personalidade jurídica é correto afirmar que: a) não pode ser efetivada, em nenhuma hipótese, após a decretação da falência; b) tem lugar apenas nos casos de violação da lei ou dos estatutos sociais; c) pode ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que a personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores; d) o abuso de direito e o excesso de poder não a autorizam. 07. OAB/GO/2005 Consoante disposições da Lei n (Código de Defesa do Consumidor), assinale a afirmativa inteiramente correta: a) As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas não são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do Código de Defesa do Consumidor. b) Conforme disposto na Lei nº 8.078/90 (CDC), as sociedades consorciadas não são responsabilizadas pelas obrigações, de forma solidária. c) A pessoa jurídica não poderá ser desconsiderada quando sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. d) As sociedades coligadas só responderão por culpa. 08. DEF/CE Julgue se a afirmação abaixo está certa ou errada. As sociedades consorciadas somente responderão pelos danos causados aos consumidores mediante a apuração da culpa na participação do evento danoso. 232
9 Desconsideração da personalidade jurídica 09. DEF/CE Julgue se a afirmação abaixo está certa ou errada. O Código de Defesa do Consumidor adota a teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica, bastando a demonstração da insolvência da pessoa jurídica para o pagamento de suas obrigações, independentemente da existência de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial. 10. (MPE/ES/PROMOTOR/2010). Ao tratar da desconsideração da pessoa jurídica, o CDC estabeleceu que as sociedades integrantes dos grupos societários, as sociedades controladas e as consorciadas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do diploma legal já mencionado. (Cabe lembrar uma vez que o tema é recorrente em provas objetivas que as sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas são subsidiariamente responsáveis). 11. (Defensoria Pública/AL/CESPE/2009) Caso algum consumidor ajuíze ação de reparação de danos materiais e morais contra pessoas jurídicas que integrem um grupo societário, as referidas sociedades serão solidariamente responsáveis pela reparação dos danos carreados ao consumidor. 12. (Juiz Substituto/PR/PUC/2010). Pela previsão do artigo 28 do Código de Defesa do Consumidor, o juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. Sobre a desconsideração da personalidade jurídica no CDC, é correto afirmar: a) Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores. b) As sociedades integrantes dos grupos societários e as sociedades controladas são solidariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do Código de Defesa do Consumidor. c) As sociedades consorciadas são subsidiariamente responsáveis pelas obrigações decorrentes do Código de Defesa do Consumidor. d) As sociedades coligadas só responderão por dolo. 13. (MAGISTRATURA/2010/MS/FCC) Nas ações judiciais que tenham por objeto controvérsia regida pelo Código de Defesa do Consumidor, a) as sociedades integrantes do mesmo grupo societário e as sociedades controladas pelo fornecedor respondem, subsidiariamente, em relação ao fornecedor. b) as sociedades consorciadas respondem solidariamente com o fornecedor, pois, de acordo com a Lei das Sociedades por Ações, o consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas assumem obrigações apenas em nome próprio. c) a desconsideração da personalidade jurídica pode ser determinada pelo juiz apenas a pedido do Ministério Público. d) a desconsideração da personalidade jurídica de sociedade falida, se decretada, não poderá atingir os administradores da sociedade fornecedora. e) a desconsideração da personalidade jurídica exige, em todos os casos, a prova da ocorrência de fraude e abuso de poder de controle. 233
10 Felipe P. Braga Netto (Embora o tema não seja exatamente de consumidor, cabe esclarecer que os consórcios não têm personalidade jurídica, e as consorciadas respondem cada uma por suas obrigações, sem presunção de solidariedade, nos termos do art. 278, 1º, da Lei de Sociedade por Ações Lei nº 6.404/76. A respeito do item e, lembremos que nem todos os casos de desconsideração exigem fraude ou abuso de poder. Os casos, por exemplo, contemplados na teoria menor da desconsideração CDC, art. 28, 5º não exigem tais pressupostos). 14. MPF/PROCURADOR DA REPÚBLICA/17º CONCURSO Desconsideração da personalidade jurídica no direito brasileiro. Conceito. Previsão legal. (Tratamos do tema nos tópicos 1, 2,3, 4.) GABARITO 01. D 05. C 09. C 13. A 02. A 06. C 10. E C 07. D 11. E 04. C 08. E 12. A 13. SINÓTICO DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA - O CDC foi a primeira lei, no Brasil, a prever explicitamente a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (CDC, art. 28). - O Código Civil, atualmente, também a prevê (CC, art. 50). - Há quem se refira à teoria menor da desconsideração (CDC, art. 28, 5º), que consistiria em aplicar a desconsideração diante da mera prova da insolvência da pessoa jurídica, ainda que ausente o abuso de direito ou a fraude. - A despersonalização é efeito da decisão judicial, o que significa que o credor não deve, previamente, por conta própria, endereçar a ação apenas contra os sócios (STJ, REsp ). - Sociedades integrantes de grupos societários e sociedades controladas respondem subsidiariamente (CDC, art. 28, 2º). - As sociedades consorciadas respondem solidariamente (CDC, art. 28, 3º). - As sociedades coligadas só respondem com culpa (CDC, art. 28, 4º). - O juiz pode declarar a indisponibilidade dos bens na própria sentença declaratória de falência (STJ, REsp ). - A aplicação da teoria da desconsideração não significa extinção da pessoa jurídica. A suspensão da personalidade é episódica (STJ, REsp ). 234
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