SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS
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- Maria Vitória da Conceição Ferrão
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1 SEGREGAÇÃO DE RESÍDUOS DE POSTOS DE COMBUSTÍVEIS
2 INSTITUTO CENTRO DE CAPACITAÇÃO E APOIO AO EMPREENDEDOR Presidente: Tânia Maria Machado Silva Vice Presidente: Silvia Machado Redação e revisão: Alice de Cassia Ferreira Ilustração: Elio Silva Gráfica: Gráfica Difusora Tiragem: exemplares Distribuição: gratuíta Contato: ccape@centrocape.org.br Reprodução permitida, desde que citada a fonte: Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor
3 Apresentação O Instituto Centro Cape é uma organização não governamental, criada em 1994, que trabalha em prol do desenvolvimento, principalmente da indústria artesanal, do artesão e da micro e pequena empresa. Dentre as diversas preocupações do Centro Cape está a questão do meio ambiente. Sabemos que se não nos preocuparmos com o nosso entorno, nossos filhos e netos terão muito mais dificuldade do que nós, no seu dia a dia. Por trabalharmos, também, com o segmento artesanal, sabemos que muitos dos resíduos existentes podem muito bem ser aproveitados para a criação de novos produtos. Ser ambientalmente correto é, inclusive, uma forma de agregar valor ao seu produto final. Os consumidores, hoje, estão atentos à questão dos resíduos: se são descartados de qualquer forma, ou se são reaproveitados. Estes livretos, ora lançados, são tão somente guias para o conhecimento de todos, mas que sirvam de inspiração para outros desenvolvimentos e que coisas simples no nosso dia a dia possam ser realizadas sem nenhum esforço maior. Agradecemos, mais uma vez, ao sistema Fiemg por ter possibilitado o lançamento destes 12 manuais, que serão de grande valia para aqueles que geram resíduos, ou que são usuários de resíduos de terceiros. Instituto Centro de Capacitação e Apoio ao Empreendedor Rua Grão Mogol, 662 Belo Horizonte Minas Gerais ccape@centrocape.org.br 1
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5 Introdução Na cidade perfeita não há lixo, não há fome, não há poluição, não há violência. O rio é limpo, tem árvores nas margens, peixe nas águas. O mar também é limpo, ora calmo, ora bravo. O sol brilha aquecendo a terra e as pessoas que lá vivem. O céu é azul e percebem-se as estrelas. Animais e plantas coabitam em harmonia. O futuro pode ser assim. O maior desafio, contudo, reside dentro de nós mesmos. Os dramáticos avanços econômicos dos dois séculos passados foram alimentados, em parte, pela cultura do materialismo e o crescimento acelerado parece ser a meta maior da humanidade. Em um mundo baseado no capital, muitos argumentam que a proteção ambiental pode comprometer o crescimento econômico. A humanidade enfrenta, hoje, um desafio inigualável a qualquer outro em nossa história: conseguir alcançar um equilíbrio com a natureza, ao mesmo tempo em que continua a expandir as oportunidades econômicas para os bilhões de pessoas que ainda não experimentam as oportunidades já oferecidas pela tecnologia. A base de todo o crescimento econômico é a energia. E os combustíveis representam uma parcela grande dessa base. Os veículos são, mais que máquinas para conforto e facilidades, representantes de poder social. E esses veículos dependem dos postos de combustíveis para abastecer. As pessoas os querem perto de casa, envolvidos pela cidade. Seus resíduos são gerados ali, bem junto de todos,cada vez em maior quantidade. Reduzir o consumo ainda é o maior desafio. Mas, cuidar dos resíduos inevitáveis também se faz imprescindível. 3
6 Os Resíduos de Postos de Combustíveis A natureza vê o que você faz Os resíduos resultantes da atividade de revenda de combustíveis borras da caixa separadora, filtros contaminados com hidrocarbonetos, embalagens de lubrificantes com resíduos oleosos, luvas, estopas e outros materiais que tenham entrado em contato com combustíveis exigem destinações diferentes, nem sempre fáceis para o posto revendedor. Alguns resíduos podem ser reciclados, mas outros só permitem, como opção ecologicamente correta de destino, a incineração. Muitas vezes, as alternativas adequadas apresentam custos elevados e os resíduos acabam descartados no lixo comum. Alguns Estados brasileiros ainda não possuem empresas recicladoras especializadas, obrigando o revendedor a enviar os resíduos do posto de combustíveis para outro Estado, onde exista uma empresa capacitada. O frete chega a ser mais caro que o custo da disposição final. Outro problema enfrentado pelos postos de combustíveis é a contaminação dos resíduos passíveis de reciclagem. Alumínio, plástico e papel podem ser vendidos ou reutilizados, desde que não estejam contaminados. E os resíduos contaminados não podem ser enviados a aterros, conforme a norma brasileira NBR Assim, muitas vezes, os volumes a serem tratados como resíduos contaminados são maiores do que se o posto tivesse um programa adequado de separação de resíduos. A melhor alternativa ainda é inverter a pirâmide de produção de resíduos, ou seja, adotar procedimentos para reduzir a produção de lixo. No posto de combustível, isso pode ser muito difícil, mas a indústria já se movimenta e fabricantes de aditivos e formuladores de óleos lubrificantes, em todo o mundo, já pesquisam produtos com maior vida útil, o que tende a reduzir a geração de óleos usados e de suas embalagens. Há estudos, também, para reaproveitamento das embalagens, pela indústria. Apenas quando não há alternativa para reutilizar é que a reciclagem é indicada. Mas, afinal, de quem é a responsabilidade pelos resíduos? O que norteia são as determinações do CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente, além de normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e 4
7 dos órgãos ambientais regionais, que estabelecem todos os passos e procedimentos para lidar com os resíduos e ainda garantem a fiscalização. Como forma de preservar a saúde das pessoas e do ambiente, pesadas sanções são aplicadas para quem descumpre a legislação vigente. Se, por um lado, a falta de respeito ambiental é um problema grave, por outro, abre um caminho para oportunidades de trabalho, na implantação de técnicas e procedimentos, visando o manuseio adequado dos resíduos dos postos de combustíveis. Quais são os resíduos de postos de combustíveis? Os resíduos de postos de combustíveis podem ser separados em: Classe I - resíduos considerados perigosos: óleo lubrificante usado, embalagens de óleos lubrificantes, filtros de óleo, panos e estopas contaminadas com óleo e lodo da caixa separadora água e óleo. Classe II - resíduos que podem ser destinados para aterro sanitário, como embalagens de produtos não perigosos, papelão, papel, plásticos, madeira, vidros, restos de alimentos, entre outros. Cada resíduo tem destino diferente. 5
8 Os principais resíduos e seus locais de geração Os resíduos Óleos lubrificantes usados e sem condições de uso Embalagens de óleo lubrificante automotivo e de outros aditivos Filtros usados Peças e ferramentas contaminadas com resíduos de óleos, combustíveis e aditivos Estopas e serragem sujas de resíduos de óleo, combustíveis e aditivos Águas contaminadas com óleos lubrificantes, combustíveis e aditivos Resíduo não contaminado: papel, plástico, madeira, vidro e outros Materiais diversos misturados e restos de alimentos Os locais de geração Pista de abastecimento Área de troca de óleo Pista de abastecimento Área de troca de óleo Área de troca de óleo Pista de abastecimento Área de troca de óleo Área de lavação Pista de abastecimento Área de troca de óleo Área de lavação Pista de abastecimento Área de troca de óleo Área de lavação Parte interna do posto Loja de conveniência Parte interna do posto Loja de conveniência 6
9 Quem é o responsável pelos resíduos gerados? Os riscos à saúde humana e ao ambiente A área dos postos de combustíveis, o subsolo e a água subterrânea estão permanentemente expostos ao risco de contaminações pelos produtos comercializados em postos de combustíveis. Efluentes líquidos do posto: contém água, restos de combustível, óleos, areia, graxas e resíduos sólidos. As águas superficiais e subterrâneas podem ser contaminadas, dependendo da permeabilidade do solo, das características e do volume dos efluentes. Potenciais causas e fontes de contaminações em áreas de posto: defeitos técnicos nas tubulações, nos tanques, bombas etc; manuseio impróprio de combustível: vazamento às gotas, durante o abastecimento de automóvel; 7
10 vazamentos acidentais ocorridos durante abastecimento dos tanques ou durante o abastecimento de automóveis; estocagem inadequada; manuseio impróprio de resíduos do posto. Os efeitos especialmente nocivos à saúde são atribuídos aos hidrocarbonetos monoaromáticos, como o benzeno, tolueno, etilbenzeno e xilenos, justamente os compostos mais solúveis dos combustíveis derivados de petróleo. No caso da gasolina derramada, mesmo que esta seja pouco solúvel, eles se dissolverão parcialmente, sendo os primeiros contaminantes a atingir o lençol freático. Os hidrocarbonetos afetam o sistema nervoso central, apresentando toxidade crônica, mesmo em pequenas concentrações. O benzeno é comprovadamente carcinogênico, podendo causar leucemia. Em caso de ingestão ou inalação em altas concentrações, esses compostos podem causar a morte. Pequeno dicionário dos resíduos dos postos de combustível Gerador Pessoa física ou jurídica que, em decorrência de sua atividade, gera óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado. Lubrificar Aplicar uma substância (lubrificante) entre duas superfícies em movimento relativo, formando uma película, que evita o contato direto entre as superfícies, promovendo diminuição do atrito, e, consequentemente, do desgaste e da geração de calor. Óleo lubrificante automotivo Líquido obtido por destilação do petróleo bruto. Os óleos lubrificantes são utilizados para reduzir o atrito e o desgaste de engrenagens e peças, desde o delicado mecanismo de relógio até os pesados mancais de navios e máquinas industriais. 8
11 Óleo lubrificante automotivo básico Principal constituinte do óleo lubrificante automotivo acabado, que atenda a legislação pertinente. Óleo lubrificante automotivo acabado Produto formulado a partir de óleos lubrificantes básicos, podendo conter aditivos. Óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado Óleo lubrificante automotivo acabado que, em decorrência do seu uso normal ou por motivo de contaminação, tenha se tornado inadequado à sua finalidade original. Reciclagem Processo de transformação do óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado, tornando-o insumo destinado a outros processos produtivos. Recolhimento Retirada e armazenamento adequado do óleo lubrificante automotivo, usado ou contaminado, do equipamento que o utilizou até o momento da sua coleta, efetuada pelo revendedor ou pelo próprio gerador. Rerrefinador Pessoa jurídica, responsável pela atividade de rerrefino, devidamente autorizada pelo órgão regulador da indústria do petróleo, para a atividade de rerrefino e licenciada pelo órgão ambiental competente. Rerrefino Categoria de processos industriais de remoção de contaminantes, produtos de degradação e aditivos dos óleos lubrificantes usados ou contaminados, conferindo, aos mesmos, características de óleos lubrificantes básicos, conforme legislação específica. 9
12 Revendedor Pessoa jurídica que comercializa óleo lubrificante automotivo acabado, no atacado e no varejo tais como: postos de serviço, oficinas, supermercados, lojas de autopeças, atacadistas etc. Principais resíduos gerados na troca de óleo lubrificante automotivo Nas operações de troca de óleo lubrificante automotivo são gerados: Óleo lubrificado automotivo usado e contaminado; Embalagens contaminadas; Filtros usados e contaminados; Panos, estopas, trapos, areia, serragem e equipamentos de proteção individual, contaminados com óleo. O óleo lubrificante automotivo usado é resultante da deterioração parcial do produto acabado, que se reflete na formação de compostos, tais como: ácidos orgânicos; compostos aromáticos polinucleares (potencialmente carcinogênicos); resinas e lacas; outros contaminantes, que potencializam o risco em relação ao produto acabado. 10
13 Por que o óleo lubrificante automotivo fica contaminado? As substâncias químicas extras, formadas durante o tempo em que o óleo permanece dentro do motor, acabam se tornando parte dele, contaminando-o e alterando suas propriedades lubrificantes. Isso ocorre porque: o combustível queimado e o não queimado ficam em circulação no sistema de lubrificação, diminuindo a capacidade do óleo lubrificante automotivo de suportar altas temperaturas; são formadas partículas de fuligem, oriundas da combustão e também da queima de alguma porção de lubrificante, quando este atinge as partes mais quentes do motor; devido à alta variação de temperatura (quando um motor aquece e esfria) a umidade do ar é atraída para dentro do motor. Esta umidade se condensa, formando gotas de água que se misturam ao óleo lubrificante automotivo, criando ácidos moderados. 11
14 Os principais resíduos e seu manuseio Os resíduos Óleos lubrificantes usados e sem condições de uso O manuseio acondicionados em tambores e protegidos; encaminhados para empresa licenciada para reciclagem de óleos lubrificantes ou rerrefino. Embalagens de óleo lubrificante automotivo Peças e ferramentas contaminadas com óleo Estopas e serragem sujas de óleo Águas contaminadas com óleos lubrificantes Resíduo não contaminado: papel, plástico, madeira, vidro e outros separadas; esgotado o óleo residual; encaminhadas para empresa licenciada para reciclagem de embalagens contaminadas. limpas, para remoção dos contaminantes; fluido de limpeza recolhido e encaminhado para empresa licenciada para disposição de resíduos sólidos perigosos. separação no local; acondicionamento em embalagem identificada; armazenagem temporária em local fechado; disposição final: incineração ou aterro para resíduos perigosos. separação primária, por sistema de separação água / óleo; centrifugação para separação das frações água e óleo; água: reuso nos processos de lavagem do posto ou encaminhamento para tratamento em empresas licenciadas; óleo: encaminhado para rerrefino. separação na fonte, evitando contaminação; armazenagem temporária, em local adequado; encaminhamento para a reciclagem. 12
15 Os resíduos Materiais diversos misturados O manuseio armazenagem adequada no local; separação e triagem dos materiais; resíduos não perigosos: encaminhados para aterro de resíduos industriais não perigosos. resíduos perigosos - contaminados com óleo, graxa, solventes, tintas e outros produtos químicos - encaminhados para incineração ou aterros de resíduos perigosos. Fonte: Gestão de óleo lubrificante automotivo usado em oficinas automotivas. Projeto Programa piloto para a minimização dos impactos gerados por resíduos perigosos. Pernambuco, O destino de cada resíduo Os resíduos Embalagens de lubrificantes e aditivos Óleo usado O manuseio separadas e enviadas para reciclagem; o plástico das embalagens pode ser reciclado, mas precisa ser moído e bem lavado, para remoção do óleo. os efluentes gerados no processo de lavagem devem ser tratados. A água de lavagem, após tratada, pode ser reciclada no processo, e o resíduo sólido (óleo e impurezas) enviado para incineração. deve ser enviado para rerrefino. O processo de rerrefino é o mais utilizado no mundo, aprovado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e obrigatório, por lei, no Brasil. 13
16 Os resíduos Filtros de óleo e ar Estopas e outros tecidos contaminados com óleo, combustíveis e aditivos Lodo das caixas separadoras Outros resíduos O manuseio o filtro de óleo deve ser prensado para drenagem do óleo, que é coletado e recuperado; os componentes do filtro devem ser separados: parte plástica, metálica e a filtrante (celulósica ou papelão). o plástico e o metal podem ser reciclados e o meio filtrante deve ser queimado. pode-se, também, fabricar novos filtros, aproveitando a parte plástica e a metálica. no caso do filtro de ar, os componentes (papelão e plástico) devem ser separados e enviados para reciclagem. os tecidos inaproveitáveis devem ser enviados para incineração; os tecidos possíveis de reaproveitamento podem ser lavados, para retirada do resíduo oleoso e reutilização; os efluentes gerados, no processo de lavagem, devem ser tratados. pode ser usado, como combustível, em processos térmicos, como na indústria de cimento; quando não é possível, o lodo deve ser incinerado. os resíduos não contaminados, provenientes dos escritórios, refeitórios e outros locais devem ter o tratamento conforme seu tipo; os resíduos especiais, como lâmpadas fluorescentes, pilhas, baterias, entre outros, devem receber tratamento adequado. 14
17 Os cuidados necessários A prática de escorrer o óleo lubrificante automotivo residual evita o descarte de grande quantidade de óleo, no ambiente. Prática de escorrimento de óleo lubrificante automotivo residual das embalagens. Armazenamento As áreas destinadas à armazenagem dos resíduos devem garantir condições de segurança, até que estes sejam encaminhados para a disposição final. Devem ser cobertas, a fim de evitar a ação da chuva e de outras intempéries. A implantação de um sistema de drenagem para captação de efluentes líquidos, que porventura sejam gerados acidentalmente ou durante operações de limpeza, reduz os riscos de contaminação. Estas áreas devem ser cercadas e distantes da circulação de pessoas, de veículos e de animais, porém, deve ser de fácil acesso ao trabalhador. A ventilação é fundamental, pois, em caso de emissões de gases, estes terão condições favoráveis para a dispersão. 15
18 Transporte O transporte rodoviário de óleo lubrificado usado, no Brasil, está regulamentado pela Resolução ANTT n 420 de 12/02/2004. O produto é considerado perigoso para o transporte e só pode ser realizado por empresas licenciadas. Classificação do resíduo: Classe substâncias perigosas diversas. Número ONU de risco - 90 NÚMERO ONU substância que apresenta risco para o meio ambiente Para o transporte de óleo lubrificante automotivo usado, há necessidade de atender aos requisitos: o veículo precisa ter Kit de segurança para emergência; o veículo precisa ter certificado de capacitação (do veículo e do tanque), emitido por entidade credenciada pelo INMETRO; o condutor precisa ter o curso de Movimentação de Produtos Perigosos (MOPP), realizado por entidade credenciada, como o SENAT; a ficha de emergência do produto que está sendo transportado, fornecida pelo fabricante, precisa estar no veículo o veículo precisa estar em boas condições (pneus, lanternas, freios etc.) Placas de sinalização para transporte de óleo lubrificante automotivo usado ou contaminado - Conforme Resolução ANTT Nº 420/2004: 16
19 O rerrefino dos óleos lubrificantes Os óleos lubrificantes estão entre os poucos derivados de petróleo que não são totalmente consumidos durante o seu uso. São usados até ficarem fora da faixa de viscosidade ou contaminados. Fabricantes de aditivos e formuladores de óleos lubrificantes vêm trabalhando no desenvolvimento de produtos com maior vida útil, o que tende a reduzir a geração de óleos usados. Os óleos usados de base mineral não são biodegradáveis e podem ocasionar sérios problemas ambientais, quando não adequadamente dispostos. A poluição gerada pelo descarte de 1 t/dia de óleo usado, para o solo ou cursos d água, equivale ao esgoto doméstico de 40 mil habitantes. A queima indiscriminada do óleo lubrificante usado, sem tratamento prévio de desmetalização, gera emissões significativas de óxidos metálicos, além de outros gases tóxicos, como a dioxina e óxidos de enxofre. Entre , a ONU Organização das Nações Unidas financiou estudos sobre a disposição de óleos usados. A principal conclusão desses estudos foi que a solução para uma disposição segura de óleos lubrificantes usados é o rerrefino (reciclagem). 17
20 A composição dos óleos usados São produtos tais como: moléculas inalteradas do óleo básico; produtos de degradação do óleo básico; contaminantes inorgânicos; água originária da câmara de combustão dos motores ou de contaminação acidental; hidrocarbonetos leves (combustível não queimado); partículas carbonosas, formadas no coqueamento dos combustíveis e do próprio lubrificante; compostos oxigenados: ácidos orgânicos e cetonas; compostos aromáticos polinucleares de viscosidade elevada resinas e lacas aditivos que foram adicionados no processo de formulação de lubrificantes e ainda não foram consumidos; metais de desgaste dos motores e das máquinas lubrificadas, como chumbo, cromo, bário e cádmio; contaminantes diversos, como água, combustível não queimado, poeira e outras impurezas. pode conter, ainda, produtos químicos, que, inescrupulosamente podem ter sido adicionados ao óleo. 18
21 Processos de rerrefino Processos clássicos de rerrefino Sedimentação consiste em deixar o óleo base num funil de separação, sem agitação, por um período de 48 horas. Filtração consiste em fazer passar o óleo através de certos materiais que retém as partículas sólidas. Existem vários tipos de filtro. Centrifugação é um processo mecânico pelo qual a separação das impurezas dos líquidos é feita, fazendo-se o óleo girar a altas velocidades. Desgasificação e desidratação Extração com solvente consiste em aquecer o óleo numa câmara de vácuo, com temperatura controlada. Neste processo retira-se gases dissolvidos, bem como água e misturas de solventes que podem estar presentes no lubrificante. é um processo bastante utilizado e consiste em separar, por diferença de solubilidade, compostos parafínicos e naftênicos de compostos indesejáveis como a borra, resinas e compostos asfálticos. 19
22 Extração com solvente: Tratamento ácido é o emprego de ácido sulfúrico no tratamento de óleos usados. O ácido ataca os hidrocarbonetos insaturados, produzindo ésteres. Este tratamento possibilita a deposição de borra, após uma etapa de decantação. Tratamento básico é o emprego de hidróxido de potássio, no tratamento dos óleos usados. A base possibilita a separação, pela solubilização em água. Neutralização processo que visa neutralizar o excesso de ácido ou base, presente no meio. Nesta etapa, regula-se o ph da solução em aproximadamente 7. Hidroacabamento consiste na retirada dos hidrocarbonetos indesejáveis, pelo uso de hidrogênio sob alta pressão. Destilação fracionada consiste em separar, por faixa de destilação, a mistura de óleo usado. Através do método de purificação empregado, obtém-se um líquido incolor com densidade bastante elevada, semelhante à de um lubrificante. 20
23 Processo mais comum de rerrefino Etapas 1. Desidratação Peneiramento e filtração, para retirada das partículas sólidas maiores. Aquecimento a 180º C em trocadores de calor, onde a água é evaporada e os compostos orgânicos leves são separados e reaproveitados. Envio da água para a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). 2. Destilação Aquecimento até 280º C. Destilação para separação dos diferentes tipos de óleo. 3. Desasfaltamento Aquecimento da fração média da destilação até 380º C. Separação da fração asfáltica em evaporadores. 4. Tratamento químico Lavagem com água e ácido sulfúrico. Neutralização. Clarificação. Neutralização da água, retirando-se, como resíduo, o gesso agrícola. O óleo tratado, até esta etapa, transforma-se em combustível para fornos de alta temperatura. 21
24 5. Neutralização / clarificação Neutralização da acidez residual. Clarificação. Após esta etapa, o óleo adquire a cor e a acidez do óleo básico rerrefinado. 6. Filtração Filtração para eliminação das partículas sólidas, ainda presentes. O resíduo dos filtros é empregado em cerâmicas e cimenteiras. Ao final do processo é obtido o óleo básico mineral rerrefinado, que apresenta as mesmas características do óleo mineral básico refinado. 22
25 Reciclagem dos filtros de combustível, de óleo e ar Etapas Os filtros de óleo são prensados para drenagem do óleo, que é coletado e recuperado. Separação da parte plástica, metálica e da filtrante (celulósica ou papelão). O plástico e o metal vão para reciclagem, e o meio filtrante para destruição térmica. 23
26 A gestão de resíduos em um posto de combustíveis Roteiro básico para elaboração de um plano de gestão dos resíduos sólidos de um posto de combustíveis 1. Classificação dos resíduos A classificação dos resíduos é realizada segundo Norma Técnica ABNT NBR :2004 (Classe I, IIA e IIB). 2. Quantificação dos resíduos A quantificação dos resíduos deve ser realizada, através de medição, por peso ou volume. Caso não haja histórico sobre a quantificação dos resíduos gerados, esta medição deve ser feita por 7 (sete) dias consecutivos, tirando-se a medida diária e projetando-se uma média mensal. 3. Armazenamento ou acondicionamento temporário Deve ser indicada a forma de armazenamento ou acondicionamento temporário. 24
27 4. Destinação final Deve ser indicada a forma de destinação para cada resíduo. 5. Procedimentos Deve ser feita a descrição dos procedimentos relativos à identificação completa e ao acompanhamento do transportador e do receptor de resíduos, verificando o correto acondicionamento dos resíduos e solicitando dos mesmos a apresentação da licença ambiental (especialmente no caso de resíduos perigosos) e/ou o credenciamento junto aos órgãos governamentais de controle. No caso do receptor de óleos lubrificantes, é preciso solicitar o atestado do credenciamento junto à ANP( Agência Nacional de Petróleo). 25
28 O que exige a lei Legislação Federal Resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de Lei No de 12 de fevereiro de Lei dos Crimes Ambientais Portaria nº 202, de 30 de dezembro de Agência Nacional do Petróleo Portaria nº 116, de 5 de julho de Agência Nacional do Petróleo Resolução CONAMA nº 273, de 20 de novembro de Resolução CONAMA nº 362, DE 23 DE JUNHO DE Resolução CONAMA nº 450, de 6 de março de
29 As exigências referentes aos óleos lubrificantes usados RESOLUÇÃO Nº 362, DE 23 DE JUNHO DE 2005 O CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE-CONAMA, no uso das competências que lhe são conferidas pela Lei n , de 31 de agosto de 1981, regulamentada pelo Decreto n , de 6 de junho de 1990, tendo em vista o disposto em seu Regimento Interno, anexo à Portaria nº 499, de 18 de dezembro de 2002, e: Considerando que o uso prolongado de um óleo lubrificante acabado resulta na sua deterioração parcial, que se reflete na formação de compostos tais como ácidos orgânicos, compostos aromáticos polinucleares potencialmente carcinogênicos, resinas e lacas; Considerando que a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, em sua NBR , Resíduos Sólidos - classificação, classifica o óleo lubrificante usado como resíduo perigoso por apresentar toxicidade; Considerando que o descarte de óleo lubrificante usado ou contaminado para o solo ou cursos de água gera graves danos ambientais; Considerando que a combustão de óleos lubrificantes usados gera gases residuais nocivos ao meio ambiente e à saúde pública; Considerando que a categoria de processos tecnológico-industriais chamada genericamente de rerrefino, corresponde ao método ambientalmente mais seguro para a reciclagem do óleo lubrificante usado ou contaminado, e, portanto, a melhor alternativa de gestão ambiental deste tipo de resíduo; e Considerando a necessidade de estabelecer novas diretrizes para o recolhimento e destinação de óleo lubrificante usado ou contaminado, resolve: Art. 1º Todo óleo lubrificante usado ou contaminado deverá ser recolhido, coletado e ter destinação final, de modo que não afete negativamente o meio ambiente e propicie a máxima recuperação dos constituintes nele contidos, na forma prevista nesta Resolução. Art. 2º Para efeito desta Resolução serão adotadas as seguintes definições: 27
30 28 I - coletor: pessoa jurídica devidamente autorizada pelo órgão regulador da indústria do petróleo e licenciada pelo órgão ambiental competente para realizar atividade de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado; II - coleta: atividade de retirada do óleo usado ou contaminado do seu local de recolhimento e de transporte até à destinação ambientalmente adequada; III - certificado de coleta: documento previsto nas normas legais vigentes que comprova os volumes de óleos lubrificantes usados ou contaminados coletados; IV - certificado de recebimento: documento previsto nas normas legais vigentes que comprova a entrega do óleo lubrificante usado ou contaminado do coletor para o rerrefinador; V - gerador: pessoa física ou jurídica que, em decorrência de sua atividade, gera óleo lubrificante usado ou contaminado; VI - importador: pessoa jurídica que realiza a importação do óleo lubrificante acabado, devidamente autorizada para o exercício da atividade; VII - óleo lubrificante básico: principal constituinte do óleo lubrificante acabado, que atenda a legislação pertinente; VIII - óleo lubrificante acabado: produto formulado a partir de óleos lubrificantes básicos, podendo conter aditivos; IX - óleo lubrificante usado ou contaminado: óleo lubrificante acabado que, em decorrência do seu uso normal ou por motivo de contaminação, tenha se tornado inadequado à sua finalidade original; X - produtor: pessoa jurídica responsável pela produção de óleo lubrificante acabado em instalação própria ou de terceiros, devidamente licenciada pelo órgão ambiental competente, e autorizada para o exercício da atividade pelo órgão regulador da indústria do petróleo; XI - reciclagem: processo de transformação do óleo lubrificante usado ou contaminado, tornando-o insumo destinado a outros processos produtivos; XII - recolhimento: é a retirada e armazenamento adequado do óleo usado ou contaminado do equipamento que o utilizou até o momento da sua coleta,
31 efetuada pelo revendedor ou pelo próprio gerador; XIII - rerrefinador: pessoa jurídica, responsável pela atividade de rerrefino, devidamente autorizada pelo órgão regulador da indústria do petróleo para a atividade de rerrefino e licenciada pelo órgão ambiental competente; XIV - rerrefino: categoria de processos industriais de remoção de contaminantes, produtos de degradação e aditivos dos óleos lubrificantes usados ou contaminados, conferindo aos mesmos características de óleos básicos, conforme legislação específica; XV - revendedor: pessoa jurídica que comercializa óleo lubrificante acabado no atacado e no varejo tais como: postos de serviço, oficinas, supermercados, lojas de autopeças, atacadistas, etc; e XVI - águas interiores: as compreendidas entre a costa e as linhas de base reta, a partir das quais se mede a largura do mar territorial; as dos portos; as das baías; as dos rios e de seus estuários; as dos lagos, lagoas e canais, e as subterrâneas. Art. 3º Todo o óleo lubrificante usado ou contaminado coletado deverá ser destinado à reciclagem por meio do processo de rerrefino. 1º A reciclagem referida no caput poderá ser realizada, a critério do órgão ambiental competente, por meio de outro processo tecnológico com eficácia ambiental comprovada equivalente ou superior ao rerrefino. 2º Será admitido o processamento do óleo lubrificante usado ou contaminado para a fabricação de produtos a serem consumidos exclusivamente pelos respectivos geradores industriais. 3º Comprovada, perante ao órgão ambiental competente, a inviabilidade de destinação prevista no caput e no 1º deste artigo, qualquer outra utilização do óleo lubrificante usado ou contaminado dependera do licenciamento ambiental. 4º Os processos utilizados para a reciclagem do óleo lubrificante deverão estar devidamente licenciados pelo órgão ambiental competente. Art. 4º Os óleos lubrificantes utilizados no Brasil devem observar, obrigatoriamente, o princípio da reciclabilidade. 29
32 Art. 5º O produtor, o importador e o revendedor de óleo lubrificante acabado, bem como o gerador de óleo lubrificante usado, são responsáveis pelo recolhimento do óleo lubrificante usado ou contaminado, nos limites das atribuições previstas nesta Resolução. Art. 6º O produtor e o importador de óleo lubrificante acabado deverão coletar ou garantir a coleta e dar a destinação final ao óleo lubrificante usado ou contaminado, em conformidade com esta Resolução, de forma proporcional em relação ao volume total de óleo lubrificante acabado que tenham comercializado. 30 1º Para o cumprimento da obrigação prevista no caput deste artigo, o produtor e o importador poderão: I - contratar empresa coletora regularmente autorizada junto ao órgão regulador da indústria do petróleo; ou II - habilitar-se como empresa coletora, na forma da legislação do órgão regulador da indústria do petróleo. 2º A contratação de coletor terceirizado não exonera o produtor ou importador da responsabilidade pela coleta e destinação legal do óleo usado ou contaminado coletado. 3º Respondem o produtor e o importador, solidariamente, pelas ações e omissões dos coletores que contratarem. Art. 7º Os produtores e importadores são obrigados a coletar todo óleo disponível ou garantir o custeio de toda a coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado efetivamente realizada, na proporção do óleo que colocarem no mercado conforme metas progressivas intermediárias e finais a serem estabelecidas pelos Ministérios de Meio Ambiente e de Minas e Energia em ato normativo conjunto, mesmo que superado o percentual mínimo fixado. Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deverão estabelecer, ao menos anualmente, o percentual mínimo de coleta de óleos lubrificantes usados ou contaminados, não inferior a 30% (trinta por cento), em relação ao óleo lubrificante acabado comercializado, observado o seguinte: I - análise do mercado de óleos lubrificantes acabados, na qual serão considerados os dados dos últimos três anos; II - tendência da frota nacional quer seja rodoviária, ferroviária, naval ou
33 aérea; III - tendência do parque máquinas industriais consumidoras de óleo, inclusive agroindustriais; IV - capacidade instalada de rerrefino; V - avaliação do sistema de recolhimento e destinação de óleo lubrificante usado ou contaminado; VI - novas destinações do óleo lubrificante usado ou contaminado, devidamente autorizadas; VII - critérios regionais; e VIII - as quantidades de óleo usado ou contaminado efetivamente coletadas. Art. 8º O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, o órgão regulador da indústria do petróleo e o órgão estadual de meio ambiente, este, quando solicitado, são responsáveis pelo controle e verificação do exato cumprimento dos percentuais de coleta fixados pelos Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia. Parágrafo único. Para a realização do controle de que trata o caput deste artigo, o IBAMA terá como base as informações relativas ao trimestre civil anterior. Art. 9º O Ministério do Meio Ambiente, na primeira reunião ordinária do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA de cada ano, apresentará o percentual mínimo de coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado, acompanhado de relatório justificativo detalhado, e o IBAMA apresentará relatório sobre os resultados da implementação desta Resolução. Art. 10. Não integram a base de cálculo da quantia de óleo lubrificante usado ou contaminado a ser coletada pelo produtor ou importador os seguintes óleos lubrificantes acabados: I - destinados à pulverização agrícola; II - para correntes de moto-serra; III - industriais que integram o produto final, não gerando resíduo; 31
34 32 IV - de estampagem; V - para motores dois tempos; VI - destinados à utilização em sistemas selados que não exijam troca ou que impliquem em perda total do óleo; VII - solúveis; VIII - fabricados à base de asfalto; IX - destinados à exportação, incluindo aqueles incorporados em máquinas e equipamentos destinados à exportação; e X - todo óleo lubrificante básico ou acabado comercializado entre as empresas produtoras, entre as empresas importadoras, ou entre produtores e importadores, devidamente autorizados pela Agência Nacional do Petróleo - ANP. Art. 11. O Ministério do Meio Ambiente manterá e coordenará grupo de monitoramento permanente para o acompanhamento desta Resolução, que deverá se reunir ao menos trimestralmente, ficando assegurada a participação de representantes do órgão regulador da indústria petróleo, dos produtores e importadores, dos revendedores, dos coletores, dos rerrefinadores, das entidades representativas dos órgãos ambientais estaduais e municipais e das organizações não governamentais ambientalistas. Art. 12. Ficam proibidos quaisquer descartes de óleos usados ou contaminados em solos, subsolos, nas águas interiores, no mar territorial, na zona econômica exclusiva e nos sistemas de esgoto ou evacuação de águas residuais. Art. 13. Para fins desta Resolução, não se entende a combustão ou incineração de óleo lubrificante usado ou contaminado como formas de reciclagem ou de destinação adequada. Art. 14. No caso dos postos de revenda flutuantes que atendam embarcações, o gerenciamento do óleo lubrificante usado ou contaminado deve atender a legislação ambiental vigente. Art. 15. Os óleos lubrificantes usados ou contaminados não rerrefináveis, tais como as emulsões oleosas e os óleos biodegradáveis, devem ser recolhidos e eventualmente coletados, em separado, segundo sua natureza, sendo vedada a sua mistura com
35 óleos usados ou contaminados rerrefináveis. Parágrafo único. O resultado da mistura de óleos usados ou contaminados não rerrefináveis biodegradáveis com óleos usados ou contaminados rerrefináveis é considerado integralmente óleo usado ou contaminado não rerrefinável, não biodegradável e resíduo perigoso (classe I), devendo sofrer destinação ou disposição final compatível com sua condição. Art. 16. São, ainda, obrigações do produtor e do importador: I - garantir, mensalmente, a coleta do óleo lubrificante usado ou contaminado, no volume mínimo fixado pelos Ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia, que será calculado com base volume médio de venda dos óleos lubrificantes acabados, verificado no trimestre civil anterior. II - prestar ao IBAMA e, quando solicitado, ao órgão estadual de meio ambiente, até o décimo quinto dia do mês subseqüente a cada trimestre civil, conforme previsto no Anexo I desta Resolução, informações mensais relativas aos volumes de: a) óleos lubrificantes comercializados por tipo, incluindo os dispensados de coleta; b) coleta contratada, por coletor; e c) óleo básico rerrefinado adquirido, por rerrefinador. III - receber os óleos lubrificantes usados ou contaminados não recicláveis decorrentes da utilização por pessoas físicas, e destiná-los a processo de tratamento aprovado pelo órgão ambiental competente; IV - manter sob sua guarda, para fins fiscalizatórios, os Certificados de Recebimento emitidos pelo rerrefinador e demais documentos legais exigíveis, pelo prazo de cinco anos; V - divulgar, em todas as embalagens de óleos lubrificantes acabados, bem como em informes técnicos, a destinação e a forma de retorno dos óleos lubrificantes usados ou contaminados recicláveis ou não, de acordo com o disposto nesta Resolução; VI - a partir de um ano da publicação desta resolução, divulgar em todas as embalagens de óleos lubrificantes acabados, bem como na propaganda, 33
36 34 publicidade e em informes técnicos, os danos que podem ser causados à população e ao ambiente pela disposição inadequada do óleo usado ou contaminado. 1º O produtor ou o importador que contratar coletor terceirizado deverá celebrar com este contrato de coleta, com a interveniência do responsável pela destinação adequada. 2º Uma via do contrato de coleta previsto no parágrafo anterior será arquivada, à disposição do órgão estadual ambiental, onde o contratante tiver a sua sede principal, por um período mínimo de cinco anos, da data de encerramento do contrato. Art. 17. São obrigações do revendedor: I - receber dos geradores o óleo lubrificante usado ou contaminado; II - dispor de instalações adequadas devidamente licenciadas pelo órgão ambiental competente para a substituição do óleo usado ou contaminado e seu recolhimento de forma segura, em lugar acessível à coleta, utilizando recipientes propícios e resistentes a vazamentos, de modo a não contaminar o meio ambiente; III - adotar as medidas necessárias para evitar que o óleo lubrificante usado ou contaminado venha a ser misturado com produtos químicos, combustíveis, solventes, água e outras substâncias, evitando a inviabilização da reciclagem; IV - alienar os óleos lubrificantes usados ou contaminados exclusivamente ao coletor, exigindo: a) a apresentação pelo coletor das autorizações emitidas pelo órgão ambiental competente e pelo órgão regulador da indústria do petróleo para a atividade de coleta; b) a emissão do respectivo certificado de coleta. V - manter para fins de fiscalização, os documentos comprobatórios de compra de óleo lubrificante acabado e os Certificados de Coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado, pelo prazo de cinco anos; VI - divulgar em local visível ao consumidor, no local de exposição do óleo
37 acabado posto à venda, a destinação disciplinada nesta Resolução, na forma do Anexo III; e VII - manter cópia do licenciamento fornecido pelo órgão ambiental competente para venda de óleo acabado, quando aplicável, e do recolhimento de óleo usado ou contaminado em local visível ao consumidor. Art. 18. São obrigações do gerador: I - recolher os óleos lubrificantes usados ou contaminados de forma segura, em lugar acessível à coleta, em recipientes adequados e resistentes a vazamentos, de modo a não contaminar o meio ambiente; II - adotar as medidas necessárias para evitar que o óleo lubrificante usado ou contaminado venha a ser misturado com produtos químicos, combustíveis, solventes, água e outras substâncias, evitando a inviabilização da reciclagem; III - alienar os óleos lubrificantes usados ou contaminados exclusivamente ao ponto de recolhimento ou coletor autorizado, exigindo: a) a apresentação pelo coletor das autorizações emitidas pelo órgão ambiental competente e pelo órgão regulador da indústria do petróleo para a atividade de coleta; b) a emissão do respectivo Certificado de Coleta. IV - fornecer informações ao coletor sobre os possíveis contaminantes contidos no óleo lubrificante usado, durante o seu uso normal; V - manter para fins de fiscalização, os documentos comprobatórios de compra de óleo lubrificante acabado e os Certificados de Coleta de óleo lubrificante usado ou contaminado, pelo prazo de cinco anos; VI - no caso de pessoa física, destinar os óleos lubrificantes usados ou contaminados não recicláveis de acordo com a orientação do produtor ou do importador; e VII - no caso de pessoa jurídica, dar destinação final adequada devidamente autorizada pelo órgão ambiental competente aos óleos lubrificantes usados ou contaminados não recicláveis. 35
38 36 1º Os óleos usados ou contaminados provenientes da frota automotiva devem preferencialmente ser recolhidos nas instalações dos revendedores. 2º Se inexistirem coletores que atendam diretamente os geradores, o óleo lubrificante usado ou contaminado poderá ser entregue ao respectivo revendedor. Art. 19 São obrigações do coletor: I - firmar contrato de coleta com um ou mais produtores ou importadores com a interveniência de um ou mais rerrefinadores, ou responsável por destinação ambientalmente adequada, para os quais necessariamente deverá entregar todo o óleo usado ou contaminado que coletar; II - disponibilizar, quando solicitado pelo órgão ambiental competente, pelo prazo de cinco anos, os contratos de coleta firmados; III - prestar ao IBAMA e, quando solicitado, ao órgão estadual de meio ambiente, até o décimo quinto dia do mês subseqüente, a cada trimestre civil, na forma do Anexo II, informações mensais relativas ao volume de: a) óleo lubrificante usado ou contaminado coletado, por produtor/ importador; e b) óleo lubrificante usado ou contaminado entregue por rerrefinador ou responsável por destinação ambientalmente adequada. IV - emitir a cada aquisição de óleo lubrificante usado ou contaminado, para o gerador ou revendedor, o respectivo Certificado de Coleta; V - garantir que as atividades de armazenamento, manuseio, transporte e transbordo do óleo lubrificante usado ou contaminado coletado, sejam efetuadas em condições adequadas de segurança e por pessoal devidamente treinado, atendendo à legislação pertinente e aos requisitos do licenciamento ambiental; VI - adotar as medidas necessárias para evitar que o óleo lubrificante usado ou contaminado venha a ser misturado com produtos químicos, combustíveis, solventes, água e outras substâncias, evitando a inviabilização da reciclagem; VII - destinar todo o óleo lubrificante usado ou contaminado coletado,
39 mesmo que excedente de cotas pré-fixadas, a rerrefinador ou responsável por destinação ambientalmente adequada interveniente em contrato de coleta que tiver firmado, exigindo os correspondentes Certificados de Recebimento, quando aplicável; VIII - manter atualizados os registros de aquisições, alienações e os documentos legais, para fins fiscalizatórios, pelo prazo de cinco anos; e IX - respeitar a legislação relativa ao transporte de produtos perigosos. Art. 20. São obrigações dos rerrefinadores: I - receber todo o óleo lubrificante usado ou contaminado exclusivamente do coletor, emitindo o respectivo Certificado de Recebimento; II - manter atualizados e disponíveis para fins de fiscalização os registros de emissão de Certificados de Recebimento, bem como outros documentos legais exigíveis, pelo prazo de cinco anos; III - prestar ao IBAMA e, quando solicitado, ao órgão estadual de meio ambiente, até o décimo quinto dia do mês subseqüente a cada trimestre civil, informações mensais relativas: a) ao volume de óleos lubrificantes usados ou contaminados recebidos por coletor; b) ao volume de óleo lubrificante básico rerrefinado produzido e comercializado, por produtor/ importador. 1º Os óleos básicos procedentes do rerrefino deverão se enquadrar nas normas estabelecidas pelo órgão regulador da indústria do petróleo e não conter substâncias proibidas pela legislação ambiental. 2º O rerrefinador deverá adotar a política de geração mínima de resíduos inservíveis no processo de rerrefino. 3º O resíduo inservível gerado no processo de rerrefino será considerado como resíduo classe I, salvo comprovação em contrário com base em laudos de laboratórios devidamente credenciados pelo órgão ambiental competente. 4º Os resíduos inservíveis gerados no processo de rerrefino deverão ser 37
40 inertizados e receber destinação adequada e aprovada pelo órgão ambiental competente. 5º O processo de licenciamento da atividade de rerrefino, além do exigido pelo órgão estadual de meio ambiente, deverá conter informações sobre: a) volumes de outros materiais utilizáveis resultantes do processo de rerrefino; b) volumes de resíduos inservíveis gerados no processo de rerrefino, com a indicação da correspondente composição química média; e c) volume de perdas no processo. Art. 21. São obrigações dos demais recicladores, nos processos de reciclagem previstos no art. 30, desta Resolução: I - prestar ao IBAMA e, quando solicitado, ao órgão estadual de meio ambiente, até o décimo quinto dia do mês subseqüente a cada trimestre civil, informações mensais relativas: a) ao volume de óleos lubrificantes usados ou contaminados recebidos; b) ao volume de produtos resultantes do processo de reciclagem. 1º O reciclador deverá adotar a política de geração mínima de resíduos inservíveis no processo de reciclagem. 2º O resíduo inservível gerado no processo de reciclagem será considerado como resíduo classe I, salvo comprovação em contrário com base em laudos de laboratórios devidamente credenciados pelo órgão ambiental competente. 3º Os resíduos inservíveis gerados no processo de reciclagem deverão ser inertizados e receber destinação adequada e aprovada pelo órgão ambiental competente. 4º O processo de licenciamento da atividade de reciclagem, além do exigido pelo órgão estadual de meio ambiente, deverá conter informações sobre: a) volumes de outros materiais utilizáveis resultantes do processo de reciclagem; 38
41 b) volumes de resíduos inservíveis gerados no processo de reciclagem, com a indicação da correspondente composição química média; c) volume de perdas no processo. Art. 22. O não cumprimento ao disposto nesta Resolução acarretará aos infratores, entre outras, as sanções previstas na Lei n , 12 de fevereiro de 1998, e no Decreto n , de 22 de setembro de Art. 23. As obrigações previstas nesta Resolução são de relevante interesse ambiental. Art. 24. A fiscalização do cumprimento das obrigações previstas nesta Resolução e aplicação das sanções cabíveis é de responsabilidade do IBAMA e do órgão estadual e municipal de meio ambiente, sem prejuízo da competência própria do órgão regulador da indústria do petróleo. Art. 25. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. Art. 26. Fica revogada a Resolução CONAMA n. 9, de 31 de agosto de MARINA SILVA - Presidente do Conselho 39
42 ANEXO I INFORMAÇÕES DOS PRODUTORES E IMPORTADORES Os produtores e/ou importadores deverão prestar trimestralmente ao IBAMA as informações constantes nas tabelas I, II e III deste anexo, até o 15º dia útil do mês imediatamente subseqüente ao período de tempo considerado. TABELA I Produtor e/ou importador : CNPJ: Ano: Discriminação de cada produto fabricado ou importado pelo n0. de registro na ANP Volume comercializado (m 3 ) Mês: Mês: Mês: Total trimestre (m 3 ) Total Volume dispensado ou coletado (m 3 ) N0. Registro ANP Uso preponderante Total 40
43 TABELA II Mês/ano Coleta contratada (m 3 ) Coletor CNPJ Total Total TABELA III Mês/ano Volume Adquirido (m 3 ) Rerrefinador (CNPJ) Total Total Sendo: Volume comercializado = o volume (em m 3 ) comercializado de óleo lubrificante acabado em cada mês do trimestre relativo para todos os óleos que compõem a sua linha de produção e/ou importação, devidamente discriminados pelo número de registro na Agência Nacional do Petróleo -ANP. 41
44 Volume dispensado de coleta = o volume (em m 3 ) comercializado de todos os óleos dispensáveis de coleta que compõem sua linha de produção e/ou importação, devidamente discriminados pelo número de registro na Agência Nacional do Petróleo - ANP, classificados pelo seu uso/destinação principal de acordo com a informação contida no artigo... Volume coletado = volume (em m 3 ) de óleo lubrificante usado ou contaminado coletado em cada mês do trimestre considerado. Volume enviado ao rerrefino = o volume (em m 3 ) de óleo lubrificante usado ou contaminado, em cada mês do trimestre considerado, enviado a cada rerrefinador, identificado pelo seu respectivo Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica - CNPJ. Volume adquirido = o volume (em m 3 ) de óleo lubrificante básico adquirido, em cada mês do trimestre considerado, oriundo da operação de rerrefino, devidamente identificado em cada rerrefinador, por meio de seu CNPJ. As empresas rerrefinadoras deverão prestar trimestralmente ao IBAMA as informações constantes nas tabelas IV e V, deste anexo, até o décimo quinto dia útil do mês imediatamente subseqüente ao período de tempo considerado. Rerrefinador: CNPJ: TABELA IV Mês/ano Volume Recebido (m 3 ) Coletor (CNPJ) Total Total 42
Considerando que o descarte de óleo lubrificante usado ou contaminado para o solo ou cursos de água gera graves danos ambientais;
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