FRACIONAMENTO DA PROTEÍNA E DO CARBOIDRATO E DIGESTIBILIDADE IN VITRO DE PRODUÇÃO DE GASES DE PASTAGEM DE HÍBRIDOS DE SORGO PARA CORTE/PASTEJO
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1 FRACIONAMENTO DA PROTEÍNA E DO CARBOIDRATO E DIGESTIBILIDADE IN VITRO DE PRODUÇÃO DE GASES DE PASTAGEM DE HÍBRIDOS DE SORGO PARA CORTE/PASTEJO Simone Santos Brito 1 ; Susana Queiroz Santos Mello 2 1 Aluna do Curso de zootecnia; Campus de Araguaína; simonny20@hotmail.com PIBIC/UFT 2 Orientador (a) do Curso de Zootecnia; Campus de Araguaína; sqsmello@gmail.com RESUMO: Objetivou-se avaliar o fracionamento da proteína e do carboidrato, a qualidade fermentativa e o valor nutricional de quatro híbridos de sorgo para corte/pastejo cultivados na região Norte do Estado do Tocantins. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com quatro híbridos e quatro repetições. Determinou-se a composição bromatológica das frações A, B 1, B 2, B 3 e C da PB e A+B 1, B 2 e C do carboidrato. As amostras submetidas à determinação da digestibilidade in vitro e os dados foram analisados por meio de regressão com as equações geradas comparadas pelo teste de paralelismo e identidade de curvas. O BRS 810 apresentou menor valor de CHOT e da fração B 2, juntamente com o A fração C dos CHOT foi encontrada em menor proporção no hibrido experimental Houve diferença (P<0,05) na fração A da proteína com maior valor para o Não houve diferença (P 0,05) na fração C da PB para os híbridos. Quanto à cinética de fermentação, o híbrido experimental resultou em maior quantidade de gases produzidos e o híbrido apresentou maior taxa de produção de gás µ, implicando na maior digestibilidade pela microbiota ruminal do que os demais híbridos. Devido a esses resultados, os híbridos experimentais e caracterizam-se como os mais indicados para a nutrição dos ruminantes. Palavras-chave: cinética de fermentação, forragem, parede celular, valor nutricional INTRODUÇÃO A implantação de novas forrageiras mais adaptadas às variações de solo, fertilidade e associadas a técnicas de manejo, pode possibilitar melhor produtividade com maior eficiência e capacidade de suporte das mesmas. Tendo em vista a grande variação edafoclimática das regiões produtivas do Brasil e a variabilidade genética das espécies forrageiras disponíveis, a busca por materiais cada vez mais adaptáveis e de boa qualidade é de suma importância. Dessa forma, o
2 conhecimento dos diversos atributos das forrageiras, especialmente com relação aos carboidratos e proteínas é fundamental para identificar a quantidade de cada nutriente que o animal tem condições de utilizar, auxiliando no balanceamento de dietas, visando atender adequadamente às exigências nutricionais dos ruminantes. A digestibilidade in vitro ou técnica de produção de gases tem sido largamente utilizada na análise dos mais variados tipos de alimentos, pois apresenta algumas vantagens em relação a outros métodos. Objetivou-se avaliar no presente trabalho, as frações da proteína e do carboidrato e a digestibilidade in vitro de produção de gases da planta inteira de híbridos de sorgo para corte/pastejo cultivados na região Norte do Estado do Tocantins. MATERIAL E MÉTODOS O ensaio foi conduzido no Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia (EMVZ) da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Neste experimento utilizaram-se amostras da planta inteira proveniente de quatro híbridos de sorgo para corte/pastejo, constituindo-se de dois comerciais (BRS 810 e BRS 800) e dois experimentais ( e ), coletados aos 56 dias após a semeadura a 0,20 metros do solo, quando a maioria das plantas atingiu altura superior a 1,00 m. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com quatro tratamentos e quatro repetições. As amostras foram submetidas à avaliação da composição bromatológica e ao fracionamento da proteína e carboidrato realizados no laboratório de Bromatologia da Universidade Estadual Paulista, no campus de Ilha Solteira SP, seguindo a metodologia de SILVA & QUEIROZ (2002) para estimar os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína (FDNcp), lignina (LIG), carboidrato total (CHOT), carboidrato não fibroso (CNF), nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA). A determinação da digestibilidade in vitro da MS, fez-se por meio da prática de produção de gases proposto por TILLEY & TERRY (1963), utilizando-se inóculo de uma única vaca mantida a pasto. Os dados foram regredidos ao modelo sugerido por FRANCE et al. (1993) e as equações geradas comparadas pelo teste de paralelismo e identidade. Os resultados dos atributos avaliados foram submetidos à análise de variância pelo PROC GLM do SAS e a diferença entre as médias aplicou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADO E DISCUSSÃO Na Tabela 1 reportam-se diferenças (P<0,05) para as porcentagens de PB, com valores maiores para o híbrido comercial BRS 810 e os experimentais e que resultaram
3 em média de 8,41%. Tal fato influi de forma positiva nas questões nutricionais dos ruminantes. Destaca-se que mesmo os valores de PB estando acima de 7%, parte podem está indisponíveis conforme maior teor de LIG, como observado neste estudo para os híbridos BRS 800 e Os teores de FDN resultaram em diferenças significativas, com maiores percentuais para os híbridos BRS 800 e , entretanto, este último possui menor valor de FDA. Entende-se que valores de FDN superior a 70% e FDA acima de 45%, são satisfatoriamente elevados para limitar a digestibilidade dos ruminantes (PACIULLO et al., 2001), o que pode refletir em menor potencial de ingestão de energia. Este componente está relacionado com a condensação da parede celular e diminuição da digestibilidade, pois quanto maior o teor de FDN maiores os teores de lignina como pode ser observado no híbrido BRS 800. O NIDN diferiu (P<0,05) entre os híbridos avaliados, sendo o híbrido BRS 800 a alcançar o menor valor. Quanto aos teores de NIDA, houve diferença (P<0,05) com variação entre 0,25 a 0,30%. Observa-se no híbrido BRS 800 a maior abundância de CHOT, que notavelmente, também possui a porcentagem de CNF significativamente maior. Tabela 1. Composição Bromatologica (%MS) da planta inteira de híbridos de sorgo para corte/pastejo. Híbridos de sorgo MS PB FDN FDA FDNcp LIG CHOT CNF NIDN NIDA ,40 C 8,33 A 69,23 B 45,75 A 64,26 B 3,04 AB 85,05 B 15,81 B 0,58 A 0,28 B ,70 C 8,39 A 69,99 A 43,93 B 65,54 A 2,43 C 85,18 B 15,19 B 0,55 AB 0,30 A BRS ,03 A 6,62 B 69,60 AB 45,79 A 65,12 AB 3,24 A 87,75 A 18,15 A 0,47 C 0,25 C BRS ,50 B 8,50 A 68,99 B 45,40 A 64,38 B 2,93 B 84,63 B 15,65 B 0,52 B 0,29 AB Médias seguidas de diferentes letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05) pelo teste Tukey. Matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína (FDNcp), lignina (LIG), carboidrato total (CHOT), carboidrato não fibroso (CNF), nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA). A fração solúvel A (Tabela 2) resultou em diferenças (P<0,05) entre os híbridos, com maior valor para o A fração B 1 tem pouca importância em gramíneas forrageiras, pois representa valores menores que 10% da proteína total. Porém, quando somada à fração A, esse conceito é visto de outra forma. Verifica-se que a soma das frações A+B 1 foi de 30,05, 31,89, 29,31 e 30,96% para os híbridos , , BRS 800 e BRS 810, respectivamente. Isso implica em mais nitrogênio solúvel disponível no rúmen e que os microrganismos ruminais que utilizam carboidratos não-estruturais podem ser aumentados. Quanto aos valores da fração B 2 da proteína, houve diferença (P<0,05) entre os híbridos, em que o BRS 810 se sobressaiu em relação aos demais. Ademais, os ruminantes consumindo forragens, cujas frações protéicas ofereçam maiores resultados das frações A, B 1 e B 2, poderão acentuar o escape de nitrogênio amoniacal pelo epitélio ruminal, especialmente nos casos em que as taxas de degradação das frações B 1 e B 2 forem elevadas.
4 Tabela 2. Frações da proteína (% PB) e Frações de carboidratos (% CHOT) de híbridos de sorgo para corte/pastejo. Planta inteira Híbridos Frações da proteína Frações do carboidrato de sorgo A B 1 B 2 B 3 C A+B 1 B 2 C ,50 BC 1,55 B 26,67 B 22,42 A 20,86 A 24,45 B 66,99 B 8,56 A ,06 A 1,83 A 26,89 B 18,61 BC 22,61 A 23,06 C 70,11 A 6,83 B BRS ,90 C 1,41 B 26,83 B 20,76 AB 23,09 A 25,79 A 65,35 C 8,86 A BRS ,02 B 1,94 A 31,11 A 16,75 C 21,17 A 23,93 BC 67,76 B 8,32 A Médias seguidas de diferentes letras maiúsculas nas colunas diferem entre si (P<0,05) pelo teste Tukey. A fração B 3 é representada pelas proteínas ligadas à parede celular e que apresentam taxa de degradação lenta. Os resultados apontaram diferenças (P<0,05) entre os híbridos, em que os valores encontrados para os híbridos e BRS 800 indicam maior aproveitamento de aminoácidos no intestino delgado. A fração da proteína não degradável no rúmen e no intestino, fração C, não apresentou diferenças (P>0,05) entre os híbridos, todavia, o valor médio foi de 21,93%. Implica-se em dizer que a associação desta durante o processo de formação da parede celular aparece impregnada de lignina ligada ao nitrogênio. Percebe-se que houve diferença (P<0,05), para a fração dos carboidratos de elevada taxa de degradação ruminal (A+B 1 ), fração potencialmente degradável (B 2 ) e fração indisponível da fibra (C). A diminuição da fração C promove o aumento da fração potencialmente degradável (B 2 ), tal fato pode ser observado no híbrido de sorgo Vale lembrar que quanto maior o teor de FDN, menor o da fração A+B 1. As alterações nos valores da fração C estão relacionadas aos teores de lignina presente na planta, essa variação confere diferenças importantes uma vez que a mesma está pautada à maior ou menor digestibilidade dos carboidratos fibrosos. Nos parâmetros de France (Tabela 3), observa-se que o potencial máximo de produção de gases (A) foi maior para o híbrido comparado aos demais, fato provavelmente ligado à fermentação dos carboidratos prontamente disponíveis. A menor taxa de produção de gases foi para o híbrido BRS 810, que também se mostrou com um dos menores tempos de colonização, junto com o BRS 800. Essa ultima particularidade é desejável, pois está relacionado à presença de substratos prontamente fermentáveis e às características físicas e químicas da parede celular. As maiores DEMS foram notadas no BRS 810, seguida do para as diferentes taxas de passagens. Nas equações da análise de regressão da cinética de fermentação ruminal, verificou-se que o híbrido comercial BRS 810 resultou em diferença (P<0,05) em relação aos demais pelo teste de paralelismos de curvas. Também houve diferenças (P<0,05) entre os comerciais (BRS 800 e BRS 810) em relação aos experimentais ( e ) pelo teste de identidade.
5 Tabela 3. Parâmetros da cinética de fermentação ruminal in vitro de híbridos de sorgo para corte/pastejo utilizando o modelo de France, degradabilidade efetiva e equações da produção acumulativa de gases (PCG). Híbridos de sorgo A*(mL) L*(horas:min.) μ* DEMS** 2% 3% 4% 5% ,5763 0:66 0, , , , , ,3654 0:76 0, , , , ,3397 BRS ,6870 0:01 0, , , , ,1290 BRS ,3174 0:16 0, , , , ,2889 Equações (modelo de France) Híbridos de sorgo Planta inteira R Y = 248,5763 x {1 exp [ (0,0634) x (t 1,0940) (-0,0657) x ( t 1,0940)] } a A 98, Y = 252,3654 x {1 exp [ (0,0585) x (t 1,2640) (-0,0642) x ( t 1,2640)] } a A 99,10 BRS 800 Y = 234,6870 x {1 exp [ (0,0643) x (t 0,100) (-0,0971) x ( t 0,100)] } a B 97,20 BRS 810 Y = 250,3174 x {1 exp [ (0,0448) x (t 0,2587) (-0,0069) x ( t 0,2587)] } b B 98,30 * Parâmetros estimados pelo modelo de France et al. (1993). **Degradabilidade Efetiva da Matéria Seca. Equações acompanhadas por letras minúsculas e maiúsculas iguais nas colunas são paralelas pelo teste de paralelismo e idênticas pelo teste de identidade de curvas a 5% de probabilidade, respectivamente. CONCLUSÃO Os híbridos mais indicado para utilização nas condições da região Norte do Estado do Tocantins, são os experimentais e , que evidenciaram os melhores atributos nutricionais aos ruminantes. LITERATURA CITADA FRANCE, J.; DHANOA, M. S.; THEODOROU, M. K.; et al. A model to interpret gas accumulation profiles with in vitro degradation of ruminant feeds. Journal Theor. Biologic, v.163, p , PACIULLO, D. S.C.; GOMIDE, J.A.; QUEIROZ, D.S.; SILVA, E.A.M. Correlação entre componentes anatômicos, químicos e digestibilidade in vitro da matéria seca de gramíneas forrageiras. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.3, p , SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. Viçosa: UFV, p. TILLEY, J. M. AND TERRY, R. A. A two-stage technique for the in vitro digestion of forage crops. Journal of British Grassland Society. v. 18, s/n, p , AGRADECIMENTOS A Universidade Federal do Tocantins pelo o apoio na realização do presente trabalho. A EMBRAPA por ter concedido as sementes utilizadas no experimento. A UNESP Campus de Ilha Solteira SP, na pessoa de Keny e Antônio Bergamaschine, pela colaboração nas análises. A minha orientadora Susana pelo apoio e força. A todas as pessoas que de maneira direta ou indireta ajudaram na concretização deste projeto: Elisângela, Thais Valeria, Nágylla, Jhone e prof Luciano.
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