3ª VARA DO TRABALHO DE NITERÓI / RJ S E N T E N Ç A

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1 1 3ª VARA DO TRABALHO DE NITERÓI / RJ Processo: Reclamante: JUAN CARLOS LOPES MACHADO Reclamadas: NOVALOG DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA LTDA e AVON COSMÉTICOS LTDA S E N T E N Ç A Vistos etc. JUAN CARLOS LOPES MACHADO, qualificado à fl. 02, ajuizou RECLAMAÇÃO TRABALHISTA em 02 de novembro de 2013, distribuída ao Juízo da 2ª VT/SG, em face de NOVALOG DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA LTDA e AVON COSMÉTICOS LTDA dizendo-se admitido pela 1ª reclamada em como motorista, sem que houvesse a anotação do contrato em sua carteira de trabalho, colocado para trabalhar junto à 2ª ré e dispensado de forma injustificada em Diante desses e de outros fatos e fundamentos que expôs, busca o reconhecimento do vínculo de emprego, com a condenação das rés ao pagamento das verbas devidas na vigência e no encerramento do ajuste, dentre outras relacionadas no rol de fls. 10/12. Instrui a inicial com os documentos de fls. 13/86. Na audiência do dia , a conciliação foi recusada. O Juízo acolheu a arguição de prevenção e determinou a remessa dos autos à 3ª VT/SG, conforme teor da ata de fl Em , o Juízo rejeitou a Exceção de Incompetência Territorial apresentada pela 1ª ré e deferiu ao reclamante o prazo de dez dias para apresentação de emenda (ata de fl. 146). Peça substitutiva à inicial juntada às fls. 147/160. Em , a conciliação foi proposta e recusada. O Juízo rejeitou a impugnação ao valor da causa e a preliminar de inépcia (ata de fl. 270). As rés apresentaram defesa escrita, sob a forma de contestação. A 1ª demandada (fls. 169/201) sustentou a ocorrência da prescrição bienal e quinquenal (fl. 170), bem como a improcedência dos pedidos, ao argumento de que

2 2 as partes não mantiveram vínculo empregatício, mas contrato de prestação de serviços de natureza civil. Trouxe aos autos os documentos de fls. 203/14. A 2ª reclamada (fls. 233/256) sustentou a improcedência dos pedidos a ela dirigidos. Os documentos de fls. 257/266 acompanharam a defesa. Após exame das contestações e documentos, o autor se reportou aos termos de sua inicial (ata de fl. 270). Foi colhido o depoimento do reclamante e acolhida a contradita formulada em face da testemunha JORGE ROBERTO ALVES DA SILVA (fl. 267). O Juízo determinou o acautelamento do depoimento colhido e deferiu a substituição da testemunha suspeita (ata de fl. 270). Por fim, em , foi juntado aos autos o depoimento do reclamante (fl. 295) e ouvidas duas testemunhas, sendo uma trazida pelo autor (fl. 296) e a outra indicada pela 1ª ré (fl. 297), dando-se por encerrada a instrução processual (ata de fl. 299). Em razões finais orais, as partes se reportaram aos elementos dos autos. Recusada a última proposta conciliatória. É o relatório. DECIDO: 270). IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA Apreciada e rejeitada pelo Juízo na audiência do dia (ata de fl. PRELIMINAR INÉPCIA A preliminar suscitada pela 2ª ré (fl. 237) foi apreciada e rejeitada pelo Juízo na audiência do dia (ata de fl. 270). PRELIMINAR - ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA 2ª RÉ A legitimatio ad causam deve ser analisada no plano abstrato, observandose a pertinência subjetiva da lide. No presente caso, a 2ª ré foi indicada a figurar no polo passivo na condição de tomadora dos serviços prestados (fl. 148) e esta alegação é o bastante para legitimar sua participação na presente relação processual. Tudo o mais é matéria pertinente ao mérito e será analisado no momento próprio. Afasto, assim, a preliminar arguida à fl. 234.

3 3 MÉRITO PRESCRIÇÃO Segundo a inicial (fl. 148), o autor e a 1ª ré mantiveram autêntico vínculo empregatício no período de a Em , o reclamante ajuizou Reclamação Trabalhista em face das rés, conforme cópia da inicial anexada às fls. 16/27, pleiteando, sob os mesmos fundamentos, as mesmas parcelas, como se depreende dos róis de fls. 24/26 e 157/159. Assim, nessa data, deu-se a interrupção do prazo prescricional, tanto a bienal, como a quinquenal, eis que a leis não faz distinção entre ambas. Em o feito foi arquivado, na forma do art. 844 da CLT, como se depreende do andamento processual juntado à fl. 14, quando se reiniciou o prazo de dois anos para a propositura de nova ação (Código Civil, art. 202, parágrafo único). Logo, proposta a presente Reclamação Trabalhista em , tenho por observado o prazo legal e rejeito a arguição de prescrição extintiva arguida pela 1ª ré (fl. 170). No tocante à ocorrência da prescrição quinquenal, acolho as alegações de fls. 170 e 237 para reconhecer como prescritas as parcelas de cunho condenatório anteriores a , extinguindo o processo com resolução do mérito em face das mesmas, na forma do inciso II do art. 487 do CPC. Fica ressalvado pedido de natureza declaratória, uma vez que não se submetem ao instituto ora examinado. VÍNCULO EMPREGATÍCIO De acordo com a inicial (fl. 148), o autor e a 1ª reclamada mantiveram autêntico contrato de trabalho, celebrado em e rompido por ato unilateral e injustificado do empregador em , ocupando o autor o cargo de motorista, sem que o ajuste fosse anotado em sua carteira de trabalho. Busca, assim, o reconhecimento de tal liame, com sua formalização no documento profissional, bem como o pagamento das verbas correspondentes. A 1ª reclamada, por seu turno, nega a existência de tal relação de emprego. Afirma que o reclamante prestou serviços para a empresa como TAC transportador autônomo de cargas, mediante assinatura de contratos específicos (fl. 182). Assiste razão à 1ª ré. Com efeito, não foi produzida nos autos prova capaz de demonstrar que a relação de trabalho pactuada entre as partes tinha os contornos traçados no art. 3º da CLT e não aqueles previstos nos instrumentos de fls. 60/69. Inicialmente, temos as declarações do próprio reclamante:

4 4 (...) que trabalhava com veículo próprio; que era o depoente o responsável pela manutenção do veículo; que a 1ª reclamada mantinha um convênio com um posto de combustível onde abastecia; que a 1ª ré pagava o combustível e no final do mês descontava o valor do seu salário ; (...) que teve uma Kombi de placa LCE7640 até o ano de 2009; que com sua demissão vendeu o veículo para o motorista que trabalhava no local cujo nome não se recorda (...); que Fábio Ferreira é seu tio; que Fábio trabalhou como motorista dirigindo o seu veículo em período que não se recorda; que, salvo engano, Fábio dirigiu o seu veículo por um período de 08 meses a 01 ano, no ano de 2009, já no final do seu último contrato; (...) que no ano de 2009 não entregou produtos da 2ª ré uma vez que não prestou serviços de motorista; que na época da rescisão do contrato não estava dirigindo o seu veículo, mas sim o seu tio. (fl. 295 e 295, verso - grifei). Tais declarações, portanto, revelam que os serviços contratados foram prestados sem subordinação jurídica e sem pessoalidade, na medida em que o reclamante assumia os custos da operação (manutenção do veículo e gastos com combustível) e indicava terceiros para realizar os serviços contratados. As declarações prestadas por FABRÍCIO OLIVEIRA DOS SANTOS, testemunha indicado pelo reclamante, grosso modo, são neste mesmo sentido (fl. 296): que foi contratado em 2001 pela empresa TECNOTRANS como ajudante com sua carteira de trabalho assinada; que para essa empresa trabalhou até meados de 2006, salvo engano; que ficou afastado por cerca de dois anos e retornou em 2008, contratado pela NOVALOG como ajudante, mas sem carteira assinada; que um amigo do depoente cadastrou o mesmo como motorista reserva; que esse seu amigo era bombeiro e quando não podia ir, era o depoente que assumia as entregas; (...) que já viu outra pessoa dirigindo o veículo do reclamante; que não sabe o nome de tal pessoa; que quando o autor não podia ir, essa pessoa dirigia a sua Kombi (...).

5 5 A testemunha indicada pela 1ª ré JORGE LUIZ BALBINA DE OLIVEIRA também confirmou a conclusão supra: (...) que comprou o veículo do reclamante, uma Kombi, para prestar serviços para a empresa; (...) que se não puder fazer entrega, liga para a gerência e avisa que está indicando uma pessoa de sua confiança; que essa situação já aconteceu com o depoente e a empresa autorizou a saída da mercadoria; (...) que não pode dirigir veículo de outros motoristas, mas apenas o seu; (...) que foi o depoente que pagou a diária do seu substituto (...). Portanto, de acordo com a prova oral produzida, não restou demonstrada a presença dos elementos caracterizadores da relação empregatícia, em especial a pessoalidade e a subordinação jurídica, pelo que deixo de reconhecer a existência do vínculo empregatício pretendido (letra B, fl. 157) e tenho por prejudicado o exame das pretensões de natureza condenatória, por acessórias. GRATUIDADE DE JUSTIÇA Tendo em vista os elementos dos autos e com base no disposto no 3º do art. 790 da CLT, tenho o reclamante por juridicamente necessitado e concedo a gratuidade de justiça requerida (letra A, fl. 157). ISTO POSTO, a 3ª Vara do Trabalho de São Gonçalo / RJ nos autos da RECLAMAÇÃO TRABALHISTA proposta por JUAN CARLOS LOPES MACHADO em face de NOVALOG DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA LTDA e AVON COSMÉTICOS LTDA resolve; I rejeitar a impugnação ao valor da causa; II rejeitar as preliminares de inépcia e de ilegitimidade passiva ad causam da 2ª ré; III - extinguir o processo com resolução do mérito, quanto aos pedidos de natureza condenatória anteriores a , na forma do inciso II do art. 487 do CPC;

6 6 IV - julgar IMPROCEDENTES os pedidos remanescentes, na forma da fundamentação supra. Custas de R$ 600,00, calculadas sobre o valor atribuído à causa de R$ ,00 (fl. 159), pelo autor, que fica dispensado do recolhimento, por se tratar de beneficiário da gratuidade de justiça. Sentença proferida na sede do Juízo, em PUBLIQUE-SE. ROSEMARY MAZINI Juíza do Trabalho