4ª VARA CRIMINAL FEDERAL SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO. PROCESSO Nº

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Lorenzo de Almada Pereira
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1 4ª VARA CRIMINAL FEDERAL SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE SÃO PAULO. PROCESSO Nº Trata-se de reiteração de pedido de LIBERDADE PROVISÓRIA/REVOGAÇÃO DE PRISÃO EM FLAGRANTE em favor de LAW KIN CHONG, preso em flagrante pelo crime de descaminho que está sendo processado neste feito. contrariamente ao pedido. O Ministério Público Federal manifestou-se Neste feito já foram feitos vários pedidos de liberdade provisória e revogação de prisão em favor do réu, todas indeferidas sob o fundamento de existir uma das hipóteses de prisão preventiva, qual seja, a garantia da ordem pública. Sobre esta questão, inclusive diante do fato de não estarmos diante de matéria/elementos fáticos naturalmente modificáveis no decorrer do 1

2 andamento do processo, entendo que ainda estão presentes os requisitos legitimadores da prisão cautelar. Contudo, o que se coloca de novo para análise é o fato de o feito já ter tramitação por mais de 101 dias, o prazo legal para o andamento de processos com rés presos. Embora sobre o pedido de fls.740/747 já exista decisão de Juiz plantonista indeferindo-o, ao contrário do que assevera a combativa Procuradora da República, a decisão prolatada em plantão sempre fica na pendência de provável reanálise do Juiz Natural do feito, sem que isso se configure em reforma de decisão de um Juiz por outro. Mesmo que assim não fosse, a existência da resposta de ofício de fls.756/757 é fato novo suficiente para exigir reapreciação da questão do excesso do prazo. O feito efetivamente já tramita a mais de 101 dias, mas como bem decidido em decisão de fls.662/667 até a abertura da fase do artigo 499 do CPP (término da instrução) esse prazo não estava extrapolado. É certo, inclusive diante da Súmula 52 do STJ, que com o fim da instrução do feito não há mais que se falar ou invocar excesso de prazo. Contudo, o fim da instrução tem que efetivamente ter ocorrido para que não ocorra constrangimento ilegal contra o réu. A fase do artigo 499 do CPP tem o expresso objetivo de se requerer diligências, cuja necessidade ou conveniência se origine de circunstâncias ou fatos apurados na instrução. Entretanto, no caso foco, parte das 2

3 diligências requeridas pela acusação na fase do artigo 499 do CPP não decorreram de CIRCUNSTÂNCIAS OU FATOS DECORRENTES DA INSTRUÇÃO e sim de cobranças ou insistência de apresentação de laudos periciais pela Polícia Federal e de termo de Guarda Fiscal pela Receita Federal, que já poderiam ou deveriam ter sido enviados a este Juízo desde a fase investigatória. Esses requerimentos não se configuram em pedidos que se enquadrem nas hipóteses do artigo 499 do CPP. São diligências ou provas inequivocamente necessárias ou úteis, como sabiamente insiste o MPF em sua regular produção, mas são provas já requeridas na normal instrução do feito. São provas que fazem parte da instrução do feito, antes da fase do artigo 499 do CPP. Inequivocamente o prazo de 101 dias para o término da instrução não deve ter análise extremamente formalista e sim dentro de parâmetros de razoabilidade. É comum que elementos de prova não sejam juntados aos autos na fase de instrução e tais falhas sejam supridas na fase do artigo 499 do CPP, mesmo que o somatório dos prazos legais suplantem um pouco os 101 dias em aferição razoável a ser feita pelo Juiz ou pelo respectivo Tribunal em recurso. Essa foi a análise feita nas decisões de fls.662/667 e 752. Com os elementos processuais que os magistrados tinham (pendência somente de apresentação e juntada de algumas provas), realmente a abertura da fase do artigo 499 do CPP impediria o reconhecimento do excesso de prazo como constrangimento ilegal. 3

4 Mesmo considerando a pendência de provas requeridas pela acusação ainda na fase instrutória, poderia ser razoável a manutenção da prisão se houvesse previsão de razoável prazo para sua apresentação. Contudo, os ofícios de fls.756 e 757 deixam claro que a perícia da Polícia Federal ainda não elaborou os laudos requeridos pelo MPF e determinados por esse Juízo e não tem previsão clara de sua elaboração e envio aos autos. Embora o Membro do MPF tenha sido diligente ao requerer tais provas desde o início do feito, reiterar tal pedido na fase do artigo 499 do CPP, e embora talvez a prova pericial não tenha sido realizada por real impossibilidade dos peritos, o andamento do feito já excede os 101 dias, sem um previsão de término (pode ser curto ou longo), mesmo considerando o fato do membro do MPF ter relatado que entrou em contato com o perito para agilização da diligência. Observo que o feito tem um único réu e que a instrução do feito não tem complexidade a justificar, por si só, um alongamento maior do prazo de término da instrução. Assim, o que resta claro é que a instrução do feito ainda não terminou por pendências de diligências postuladas somente pela acusação cujo cumprimento cabe à perícia da Polícia Federal. Com esses elementos, embora ainda presente uma das hipóteses de prisão preventiva, a prisão do réu tornou-se claramente ilegal por excesso de seu prazo, cabendo o relaxamento da prisão do réu. 4

5 Ante o exposto, RELAXO A PRISÃO de LAW KIN CHONG. Expeça-se Alvará de Soltura. Requisite-se, em reiteração, o Termo de Guarda Fiscal por Oficial de Justiça. Aguarde-se a vinda dos laudos periciais por mais 15 dias, nos termos dos ofícios de fls.756/757, com abertura de vista ao MPF após. Cumpra-se. Intime-se. São Paulo, 14 de março de ALEXANDRE CASSETTARI Juiz Federal 5

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