PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO APLICADA EM HORTICULTURA
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- Brenda Caires Gomes
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1 PROJECTO DE INVESTIGAÇÃO APLICADA EM HORTICULTURA RELATÓRIO FINAL DOS ENSAIOS. ÉPOCA FRESCA E SECA (Resumo) Setembro 2011 Junho 2012
2 Contribuição da Diversificação de Espécies e Variedades Hortícolas no Programa de Apoio à Segurança Alimentar e à Nutrição Escolar Estações Experimentais de São Domingos e São Jorge dos Órgãos - INIDA FAO Projeto UNJP/CVI/042 UNJ Elaborado por: Regla Hernández Nora Silva Colaboradores: Gilbert Silva Ana Paula Levy Ana Correia Levy Jacinto Fidalgo 2
3 1. INTRODUÇÃO Como forma de proporcionar aos produtores, variedades melhoradas de legumes e tubérculos mais adaptadas às condições agro-climáticas do país e de maior valor nutricional, visando a melhoria da dieta dos alunos e consequentemente favorecer a redução da desnutrição nas crianças em idade escolar, o Programa Conjunto das Nações Unidas em Cabo Verde Apoio à Segurança Alimentar e Nutricional Escolar assinou em 2011, um Protocolo de Acordo com o INIDA - Instituto de Investigação Agrária, para a realização de testes varietais de diferentes espécies de legumes e tubérculos a fim de diversificar a produção local. O objetivo principal da pesquisa realizada nas estações experimentais do INIDA foi de avaliar a adaptabilidade, a produtividade e a tolerância a pragas e doenças dos cultivares selecionados, bem como apreciar as características comerciais dos referidos cultivares tendo como intuito a sua divulgação a nível dos agricultores e a sua introdução no perfil nutricional dos hortos escolares. 3
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5 2. MATERIAIS E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos durante a época fresca e seca, de Setembro 2011 a Junho 2012 nas estações experimentais do INIDA em São Domingos e São Jorge dos Órgãos. Foi testado o comportamento de cinco culturas hortícolas, nomeadamente batata-doce, cenoura, repolho, pimentão e tomate. Os ensaios foram delineados em blocos completos aleatórios ou casualizados, a exceção da cultura da cenoura instalada em delineamento experimental quadrado latino. Os tratamentos experimentais foram as variedades, com duas até quatro repetições conforme a disponibilidade de áreas para o efeito. A preparação do solo foi feita manualmente com enxada. Cada parcela experimental continha de três a quatro linhas e as avaliações foram feitas nas linhas centrais (uma/duas), excluindo uma ou duas plantas do início e fim de cada linha. A distância de plantação foi de 0.7m entre linhas de plantas e 0.4m entre plantas, para as culturas de batata-doce, pimentão, repolho e tomate. No caso da cenoura a distância final entre plantas foi de 3 a 5 cm sendo excluída 5cm de cada extremidade das linhas centrais para efeito de avaliação final. O sistema de rega utilizado foi a micro-irrigação por gota-a-gota (T-Tape). A fertilização mineral e orgânica foi realizada seguido as recomendações contempladas nas Fichas Técnicas das Culturas Hortícolas em Cabo Verde (INIDA/FAO). Na adubação de fundo foi aplicado em todos os casos 250kg de estrume bem decomposto por 100m2, associado ao adubo mineral. 5
6 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES BATATA DOCE A colheita da batata-doce foi realizada a partir dos 136 e 155 dias (4 e 5 meses após plantação) em São Jorge dos Órgãos e São Domingos, respectivamente e foram registados os seguintes rendimentos: Tratamentos São Domingos Produção Total T.ha-1 São Jorge dos Órgãos Produção Total Experimentais T.ha-1 TIS 83/ Cross TIS t.ha-1, para São Domingos e São Jorge dos Órgãos, respectivamente. A variedade TIS 83/176 foi a menos produtiva em ambas estações, apesar do seu excelente sabor e elevado teor de matéria seca. De forma a satisfaz as exigências dos hortos escolares, recomendam-se as variedades TIS 2532 e Bravinha não só pelas produções obtidas, bem como pelo favorável teor de matéria seca e valor nutricional agregado, proporcionado pelo teor mais elevado em pró-vitamina A, de importância para as crianças em idade escolar. CENOURA A colheita da cenoura foi realizada em São Domingos entre 105 e 117 dias após sementeira, enquanto em São Jorge dos Órgãos realizou-se entre 90 e 113 dias. A figura 2 mostra as produções médias de raízes obtidas nas duas estações experimentais. Bravinha Monte Negro Média Quadro 1. Média das produções totais de raízes obtidas por tratamento experimental As variedades TIS 2532 e Bravinha são de polpa de coloração amarela e laranja, respectivamente, enquanto Cross 4, TIS 83/176 e Monte Negro são de polpa branca. Constatou-se que, das variedades de polpa de coloração amarela-laranja, a TIS 2532 apresentou-se como a mais produtiva com 33.0 e 22.6 Figura 2. Média da produção de cenoura comercializáveis obtidas por estação experimental Brasília Amazónia Kuroda Figura 1. Detalhes dos cultivares de Batata-doce avaliados nas estações experimentais do INIDA Figura 3. Caracteristicas das variedades de Cenoura testadas nas estações experimentais do INIDA. 6
7 A produção média total do ensaio em São Domingos foi de 33.6 t.ha-1 sendo 32.9 t.ha-1 de calibre comercializável, enquanto em São Jorge dos Órgãos as produções médias totais e comercializáveis foram de 43.1 e 31.5 t.ha-1, respetivamente. A variedade Brasília muito utilizada pelos agricultores resultou na variedade mais produtiva, com 35.5 t.ha-1 de raízes comercializáveis para São Domingos e de 33.6 t.ha1 em São Jorge dos Órgãos. As menores produções foram obtidas com a variedade Amazónia (31.0 t.ha-1 para São Domingos) e a variedade New Kuroda em São Jorge dos Órgãos com 29.1 t.ha-1. Nas condições de realização dos ensaios, as variedades Kuroda/New Kuroda e Amazónia apresentaram as menores produções comercializáveis em relação à variedade Brasília. No entanto, a característica de terem uma coloração laranja mais intensa, diretamente relacionada com o teor elevado em β-caroteno (pró vitamina A) fazem delas variedades de importância em termos nutricionais. Figura 4. Média da produção total de frutos obtida na estação experimental de São Jorge dos Órgãos. A produção média total do ensaio em São Jorge dos Órgãos foi de 38,9 t.ha-1. A variedade Goliath F1 foi a mais produtiva (54,9 t.ha-1) e de frutos verdeescuro enquanto Tico resultou ser a variedade menos PIMENTÃO Em São Jorge dos Órgãos foram realizadas cinco (5) colheitas do pimentão entre 61 e 98 dias após transplante. A variedade Tico foi a mais tardia de todas as testadas, com colheita a partir dos 66 dias após transplantação. Figura 5. Características das variedades de Pimentão testadas na estação experimental de São Jorge dos Órgãos 7
8 produtiva (13.5 t.ha-1), com frutos de cor verde-claro. As variedades mostraram-se bastantes sensíveis a incidência de doenças fúngicas sendo a variedade Tico a mais sensível de todas. A figura 2 mostra o comportamento da produção média total de frutos obtida por tratamento experimental. TOMATE Após a análise conjunta de todos os parâmetros estudados, as variedades com melhor comportamento foram Nadira F1 (69.95 t.ha-1), Daniela F1(60.21 t.ha- 1), Jaguar F1(60.17 t.ha-1), Thorgal F1(66.11 t.ha-1) e TY-Queen (50.81 t.ha-1)sendo a variedade de referência CV-01 tolerante à virose, no entanto apresenta certa sensibilidade aos nemátodos-de-galhas (Meloidogyne spp.). Estas variedades serão retidas para a realização de ensaios de confirmação. Na estação experimental de São Domingos foi realizado um total de seis (6) colheitas sendo a primeira aos 70 dias após o transplante, prolongando-se por um período de 45 dias. Em São Jorge dos Órgãos realizaram-se sete (7) colheitas, entre 76 a 103 dias após transplante. De realçar que, problemas constatados a nível da germinação das sementes limitou a obtenção de resultados finais em algumas das variedades selecionados para os testes de comportamento, em ambas as localidades. Nas figuras 6 e 7 observa-se as produções médias obtidas nas estações experimentais de São Domingos e São Jorge dos Órgãos por tratamento experimental. Nadira F1 Jaguar F1 CV-01 Figura 8. Variedades de Tomate avaliadas como prometedoras durante os ensaios da época fresca e seca REPOLHO Na estação experimental de São Domingos a colheita do repolho realizou-se entre 72 e 102 dias sendo em São Jorge dos Órgãos entre 79 e 98 dias após do transplante. A figura 9 apresenta as médias das produções obtidas nas estações experimentais do INIDA. Figura 6. Média das produções de Tomate obtidas por tratamento experimental em São Domingos A produção média do ensaio em São Domingos resultou em 20.8 t.ha-1, para 24.5 t.ha-1 em São Jorge dos Órgãos. Em São Domingos, as maiores produções foram obtidas com as variedades KK Cross F1 (28.1 t.ha-1) e Tropica Cross F1 (24.0 t.ha-1). No entanto, em São Jorge dos Órgãos, as variedades Gloria F1 (37.4 t.ha-1) e Marcanta F1 (24.1 t.ha-1) apresentaram as maiores produções. Figura 7. Média das produções de Tomate obtidas por tratamento experimental em São Jorge dos Órgãos Ainda, em São Domingos, o peso médio por cabeça variou de 0.87 a 0.44 kg para as variedades Tropica Cross F1 e Glória F1, respetivamente. Em São Jorge dos Órgãos, o peso médio das cabeças variou de 0.99 kg para a variedade Glória F1 à 0.59 kg para a Tropica 8
9 Cross F1. A figura 5 mostra as produções médias obtidas em São Domingos e São Jorge dos Órgãos por tratamento experimental. II. DEMONSTRAÇÃO Dia de Campo sobre o tema Horticultura Uma jornada de campo com visitas de 12 agricultores e 5 Técnicos da Delegação do MDR do Município de São Domingos, a diferentes parcelas, seguida de uma sessão de degustação (sabor e aparência de raízes) foi realizada de forma a testar o grau de aceitação das seguintes variedades: Beterraba (Detroit e Plate d Egypte), Cenoura (Amazónia, Brasília, Kuroda) e Batata-doce (Bravinha, TIS 2532, TIS 83/176, 9465/35, 9465/13, 9465 Vermelho, 9465/30 e 9465/31). Figura 9. Média das produções de Repolho obtidas por tratamento experimental Nas condições em que decorreram os ensaios constatouse que, em São Domingos a variedade Mercado de Copenhague resultou na variedade mais precoce embora foi uma das variedades de menor produção. A referida variedade apresentou certa sensibilidade à necrose marginal das folhas, provavelmente devido às condições de temperaturas mais elevadas. Em São Jorge dos Órgãos foi a Tropica Cross F1 a variedade mais precoce em relação as outras variedades testadas embora foi a menos produtiva. As variedades foram cozidas e colocadas separadamente sendo utilizada a escala de classificação de 1-5 (1 = mau; 2 = razoável; 3 = bom; 4 = muito bom e 5 = excelente). A avaliação final das variedades de beterraba, cenoura e batata-doce foi de bom a muito bom, a exceção das variedades de batata-doce TIS 2532 e 9465/31 que receberam a classificação de razoável a mau. As variedades de beterraba (Detroit), cenoura (Kuroda e Amazónia) e batata-doce (Bravinha e TIS 83/176) tiveram as melhores apreciações. A preferência de algumas das variedades em relação as outras, não foram apenas devido ao sabor, cor da casca, polpa e grau de doçura, mas também a factores relacionados com a textura (resistência a cozedura) e teor de matéria seca. 9
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