UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SILIANE VANESSA SARTORI

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SILIANE VANESSA SARTORI"

Transcrição

1 0 UNIJUÍ - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SILIANE VANESSA SARTORI AS ALTERAÇÕES DA LEI /2011 E A REGULAMENTAÇÃO DAS PRISÕES PROVISÓRIAS NO BRASIL IJUÍ (RS) 2012

2 1 SILIANE VANESSA SARTORI AS ALTERAÇÕES DA LEI /2011 E A REGULAMENTAÇÃO DAS PRISÕES PROVISÓRIAS NO BRASIL Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia. UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais. Orientadora: MSc. Patrícia Marques Oliveski IJUÍ (RS) 2012

3 2 SILIANE VANESSA SARTORI AS ALTERAÇÕES DA LEI /2011 E A REGULAMENTAÇÃO DAS PRISÕES PROVISÓRIAS NO BRASIL Trabalho final do Curso de Graduação em Direito aprovada pela Banca Examinadora abaixo subscrita, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Direito e a aprovação no componente curricular de Trabalho de Curso UNIJUÍ Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul DCJS - Departamento de Ciências Jurídicas Ijuí,14 de novembro de Patrícia Marques Oliveski Mestre UNIJUÍ Ester Eliana Hauser Mestre - UNIJUÍ

4 Dedico esta monografia aos meus pais, meus irmãos, amigos e à minha orientadora, Patrícia Marques Oliveski, pela paciência, esforço e dedicação prestados para a realização deste trabalho. 3

5 4 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram dadas na vida, por ter me dado forças e principalmente por ter vivido fases difíceis, que foram matérias-primas de aprendizado. Aos meus pais, Antônio Sartori e Maria Adelina Perez que sempre me apoiaram em tudo e sem os quais não estaria aqui. A minha querida orientadora Patrícia, que desde sempre auxiliou, especialmente amparando-me nos momentos difíceis e divertindo-me com seu jeito especial. Agradeço a todos os familiares que de alguma maneira contribuíram para que eu concluísse mais essa etapa da vida. Aos amigos que por muitas vezes ouviram minhas lamentações durante o curso e que também fizeram parte dessa trajetória cheia de alegrias e emoções.

6 A democracia... é uma constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a desiguais. Platão 5

7 6 RESUMO A presente pesquisa monográfica pretende abordar diretamente as alterações trazidas pela Lei /11 no Código de Processo Penal, mais especificadamente em relação ao Título IX do Código de processo Penal, que passou a subscrever como Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória. O estudo aponta, ainda, que a prisão é a última medida a ser tomada pelo juízo, respeitando o principio da presunção de inocência, assim resta claro a excepcionalidade do cárcere cautelar, que é sempre provisório. Decorrendo disso, busca-se investigar as principais alterações que a Lei nº /11 fez em relação à prisão provisória, prisão em flagrante, prisão temporária e a prisão preventiva, observando sempre os princípios que regem as prisões, bem como se estão de acordo com a Constituição Federal. Em suma, com os novos preceitos o legislador tem um rol de onze medidas cautelares alternativas à prisão, acentuando claramente a prisão provisória como ultima medida a ser tomada. Palavras-Chave: Lei /11. Prisão Provisória. Prisão em Flagrante. Prisão Temporária. Prisão Preventiva. Medidas Cautelares.

8 7 ABSTRACT The present monographic research intends to approach directly the changes introduced by Law /11 in the Criminal Procedure Code, more specifically in relation to the Title IX of the Criminal Procedure Code, that now subscribes as "From prison, precautionary measures and provisional liberty ". The study also points out that prison is the last action to be taken by the court, respecting the principle of presumption of innocence, so it is clear the exceptionality of precautionary prison, which is always provisional. Elapsing this also aims to investigate the major amendments to the Law nº /11 made regarding provisional arrest arrest in flagrant, temporary detention and preventional custody, always observing the principles ruling the prisons, as well as they are in accordance with the Federal Constitution. In summary, with the new precepts the legislature has a roster of eleven precautionary measures alternative to prison, clearly emphasizing the provisional arrest as a last measure to be taken." Keywords: Law /11. Provisional arrest. Flagrant prison. Temporary Prison. Preventive detention. Precautionary Measures.

9 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO A PRISÃO PROVISÓRIA NO BRASIL E SEUS FUNDAMENTOS Distinção entre os requisitos da prisão provisória: fumus boni iuris e periculum in mora x fummus commicti delicti e periculum libertatis Princípios que regem as prisões provisórias no processo penal Fundamentos e motivos das alterações da lei / O IMPACTO DAS ALTERAÇÕES DA LEI /11 E A ATUAL REGULAMENTAÇÃO DAS PRISÕES PROVISÓRIAS Prisão em Flagrante Prisão Temporária Prisão Preventiva As Medidas Cautelares como Alternativas à Prisão CONCLUSÃO REFERÊNCIAS... 46

10 9 INTRODUÇÃO O presente estudo traz como proposta estrutural as alterações trazidas pela Lei nº /11, que entrou em vigor no dia 04 de julho de 2011, com o objetivo de tornar a prisão preventiva como última medida a ser tomada pelo juízo. Assim, a nova lei integra o projeto de Reforma global do Código de Processo Penal, trazendo alterações pontuais no que diz respeito à prisão cautelar e inserindo um leque de novas medidas cautelares disponíveis ao juízo como alternativa à prisão. Com a introdução da nova Lei, criou-se medidas cautelares alternativas a prisão, tornando a prisão preventiva uma medida excepcional, quando não for possível substituir a prisão por uma medida cautelar prevista no art. 319 do CPP. Desse modo, a prisão provisória, quando não for em flagrante, será possível no curso da investigação podendo ser prisão temporária ou preventiva. Para que seja decretada a prisão preventiva é necessário estarem presentes os requisitos que autorizem a sua decretação, ou seja, o fumus commicti delicti e o periculum libertatis, caso não estejam presentes deverá o juiz facultar a liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares que entender cabíveis, como forma de evitar o decreto prisional. Notam-se dois pontos relevantes com as alterações trazidas pela referida lei, que são: um rol de medidas cautelares alternativas á prisão preventiva, bem como a revitalização do instituto da fiança, até então esquecida e sem aplicabilidade.

11 10 A partir dessa problemática, no primeiro capítulo aborda-se sobre a prisão provisória no Brasil e seus fundamentos, analisando a distinção entre os requisitos da prisão provisória: fumus boni iuris e periculum in mora x fumus commicti delicti e periculum libertatis. Em continuidade, às reflexões gerais sobre os princípios que regem as prisões provisórias no processo penal. E por fim, uma analise dos fundamentos e motivos das alterações feitas pela Lei n /11. No segundo capítulo, será tratada a questão das prisões mais especificadamente a prisão em flagrante, em que o delegado no prazo de 24 horas contados da captura/prisão do indiciado ou acusado terá a obrigação de cumprir o auto de prisão em flagrante, devendo remeter o auto ao juiz e o magistrado terá duas alternativas a seguir, se a prisão é ilegal ela deve ser relaxada, ou, se a prisão for legal, o auto de prisão em flagrante será homologado. O magistrado se entender que a prisão é absolutamente necessária converterá o flagrante em prisão preventiva, desde que presentes os requisitos dos arts. 312 e 313 do CPP. Da mesma forma, se entender que a prisão não é necessária concederá liberdade provisória que poderá ser cumulada com qualquer medida cautelar do art. 319 do CPP. Vão usufruir da liberdade provisória os agentes que atuarem amparados por excludentes de ilicitude ou que não preencham os requisitos da prisão preventiva, mesmo se tratando de crime hediondo ou trafico de drogas. Como já mencionado, a prisão preventiva, que é uma prisão cautelar cabível durante a persecução penal, cabe tanto no inquérito como no processo, portanto, é necessário estar presentes os requisitos fumus commicti delicti, que é a fumaça da prática do delito, indícios suficientes de autoria e a prova da materialidade do crime, bem como periculum libertatis, que é o perigo do agente estar em liberdade. As hipóteses para a decretação da prisão preventiva são sete: para garantia da ordem pública; para a garantia da ordem econômica; para garantia da instrução criminal; para garantia da aplicação da Lei Penal; por ausência de identificação civil; por violência domestica e por fim, se o agente descumpriu qualquer das medidas

12 11 cautelares do art. 319 do CPP. Neste caso, pode o juiz substituir a medida por outra ou até mesmo cumular com outras medidas ou então decretar a prisão preventiva. Ainda, este capítulo dedica-se a abordagem da prisão temporária que está prevista na lei n /89 e tem por natureza a investigação de crimes mais graves, não podendo ser decretada de ofício pelo juiz, está ocorre quando se da através de requisição do Ministério Público ou da representação da autoridade policial competente, devendo ser decretada pelo magistrado. Ela pode ser requerida somente durante o inquérito policial, e será cabível somente se atender os requisitos elencados no art 1º da referida lei. Por fim, será tratada das medidas cautelares alternativas à prisão, previsto no art. 319 do CPP, que sem dúvida é uma grande inovação trazida pela Lei /11, considerando que abre um rol de onze medidas que o magistrado pode aplicar perante o acusado ou indiciado, evitando-se assim o cárcere.

13 12 1 A PRISÃO PROVISÓRIA NO BRASIL E SEUS FUNDAMENTOS A prisão provisória no Brasil sofreu consideráveis modificações com a entrada em vigor da nova Lei /11, que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença condenatória que tem por objetivo a ressocialização do individuo impedindo-o de cometer novos delitos. A prisão provisória tem natureza cautelar e com isso não viola os princípios e garantias elencados na Constituição Federal como a presunção de inocência, bem como qualquer outro direito nela estabelecido. Incontestavelmente, a prisão provisória exige muito mais que mera necessidade ela exige a imprescindibilidade da medida para garantir o processo. Subsistem três tipos de modalidades de prisão provisória, em nosso sistema processual penal: a prisão em flagrante que esta estabelecida nos artigos 301 a 310 do CPP; a prisão preventiva estabelecida nos artigos 311 a 316 do CPP e a prisão temporária que está estabelecida na Lei 7.960/89. As alterações feitas pela Lei /11 vieram para evitar o encarceramento provisório do indiciado ou acusado quando não houver necessidade de prisão, dando ao juiz onze novas alternativas elencadas no art. 319 do CPP, com vistas á evitar a prisão provisória do acusado. Assim, a prisão provisória continua sendo uma forma de resguardar o processo, no entanto, o juiz deverá observar se os requisitos estabelecidos no artigo 312 do CPP estão presentes, para só então decretar a prisão do indivíduo. Cabe ressaltar, que a nova Lei veio como uma forma de contribuir para a efetivação dos direitos fundamentais e para contribuir com a diminuição do problema da superlotação carcerária existente atualmente no Brasil. Desta forma, quando não estiverem presentes os requisitos que autorizem a decretação da prisão preventiva, deverá o juiz facultar a liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares que entender cabíveis, como forma de evitar o decreto prisional.

14 Distinção entre os requisitos da prisão provisória: fumus boni iuris e periculum in mora x fumus commissi delicti e periculum libertatis As medidas cautelares são destinadas à tutela do processo. Com isso, muitos doutrinadores não fazem a diferença entre o fumus boni iuris e o periculum in mora com o fumus commissi delicti e o periculum libertatis, o que gera um equívoco, pois se busca a aplicação literal da doutrina processual civil ao processo penal, uma vez que devemos respeitar cada classe jurídica, não sendo possível tal analogia, ou seja, é inadequado falar em fumus boni iuris e periculum in mora, uma vez que a ocorrência da prisão cautelar é completamente diversa das medidas cautelares no processo civil. Nesse sentido, doutrinador como Piero Calamandrei citado por Aury Lopes Jr. (2011, p ) faz confusão quando fala do periculum in mora e do fumus boni iuris em contrapartida com o periculum libertatise o fumus commissi delicti que nada tem em comum, uma vez que os dois primeiros nada têm a haver com os requisitos das cautelares. De acordo com Lopes Jr. (2011, p ): Delimitando o objeto das medidas cautelares, é importante frisar nossa discordância em relação à doutrina tradicional que, ao analisar o requisito e o fundamento das medidas cautelares, identifica-os com o fumus boni iuris e o periculum in mora, seguindo assim as lições de CALAMANDREI em sua célere obra Introduzione allo Studio sistematico dei provedimenti cautelari. De destacar-se que o trabalho de CALAMANDREI é excepcional qualidade e valia, mas não se podem transportar alguns conceitos para o processo penal de forma imediata e impensada, como tem sido feito. No processo penal, o requisito para decretação de uma medida coercitiva não é a probabilidade de existência do direito de acusação do alegado, mas sim um fato aparentemente punível. Logo, o correto é afirmar que o requisito para a decretação de uma prisão cautelar é a existência do fumus commissi delicti, enquanto probabilidade da ocorrência de um delito (e não de um direito), ou, mais especificadamente, na sistemática do CPP, a prova da existência do crime e indícios suficientes de autoria. O risco no processo penal decorre da situação de liberdade do sujeito passivo. Basta afastar a conceituação puramente civilista para ver que o periculum in mora no processo penal assume o caráter de perigo ao normal desenvolvimento do processo (perigo de fuga, destruição de prova) em virtude do estado de liberdade do sujeito passivo. Logo, o fundamento de periculum libertatis, enquanto perigo que decorre do estado de liberdade do imputado.

15 14 Com isso, a doutrina civilista de Calamandrei citado por Lopes Jr. (2011, p. 14) considera, equivocadamente, o periculum in mora como requisito das cautelares. Em primeiro lugar, o periculum não é requisito das medidas cautelares, mas sim o seu fundamento. Em segundo lugar, a confusão aqui vai mais longe, fruto de uma equivocada valoração do perigo decorrente da demora no sistema cautelar penal. Para o referido autor, o periculum in mora é visto como risco derivado do atraso inerente ao tempo que deve transcorrer até que recaia uma sentença definitiva no processo. Dessa forma, a doutrina de Calamandrei citado por Lopes Jr. (2011, p. 15) não corresponde com aquilo que é proposto nas medidas cautelares, sendo necessária a busca de conceitos próprios para satisfazer a necessidade do processo penal. As medidas cautelares são ferramentas a serviço do processo, para tutela da prova ou para garantir a presença da parte passiva. De outra banda, atualmente, para se decretar a prisão preventiva, somente como última medida possível, além de ser necessário haver por parte do juízo uma fundamentação, no sentido de justificar o fumus commissi delicti e o periculum libertatis, deve também expor os motivos pelos quais entende inadequadas e insuficientes a aplicação das medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP. 1.2 Princípios que regem as prisões provisórias no processo penal Os princípios que regem as prisões provisórias são de suma importância, uma vez que os mesmo são o embasamento do ordenamento jurídico, nas palavras de Lopes Jr. (2011, p. 19) a base principiológica é estruturante e fundamental no estudo de qualquer instituto jurídico. Especificadamente nessa matéria prisões cautelares são os princípios que permitirão a coexistência de uma prisão sem sentença condenatória transitada em julgado com a garantia da presunção de inocência. Nessa sistemática os princípios que regem as prisões provisórias no processo penal serão analisados brevemente a seguir.

16 15 O princípio da proporcionalidade está ligado diretamente à conduta do juiz no que diz respeito ao caso concreto, devendo sempre ser observado o fumus commissi delicti e o periculum libertatis. Por isso, que o princípio da proporcionalidade é considerado o princípio fundamental das prisões cautelares, uma vez que está ligado a dois interesses opostos no qual gira o processo penal, que é o direito de liberdade e a eficácia na repressão dos delitos. Assim, nas palavras de Gustavo Badaró citado por Lopes Jr. (2011, p. 33, grifo do autor): [...] sintetiza que deverá haver uma proporcionalidade entre a medida cautelar e a pena a ser aplicada. [...] O juiz deverá também verificar a probabilidade de que ao final se tenha que executar uma pena privativa de liberdade. [...] Se a prisão preventiva, ou qualquer outra prisão cautelar, for mais gravosa que a pena que se espera ser ao final imposta, não será dotada de caráter de instrumentalidade e acessoriedade inerentes à tutela cautelar. Mesmo no que diz respeito à provisoriedade, não se pode admitir que a medida provisória seja mais severa que a medida definitiva que a irá substituir e que ele deve preservar. Nas palavras de Fábio Corrêa Souza de Oliveira citado por Lopes Jr. (2011, p. 32) informa que a medida cautelar dever ser apta aos seus motivos e fins. Logo, se quaisquer das medias previstas no art. 319 do CPP se apresentar igualmente apta e menos onerosa para o imputado, ela deve ser adotada, reservando a prisão para os casos graves, como última ratio do sistema. Dessa forma, deve o juiz analisar todas as medidas previstas no art. 319 do CPP, devendo sempre observar a gravidade do crime e as circunstâncias nas quais foram praticadas, como deve observar também a situação pessoal do imputado para só então decretar qual a medida cabível, optando sempre por aquelas que acautelem melhor a situação, reservando sempre a prisão preventiva para situações extremas. O princípio da necessidade decorre de que a medida deve alcançar o resultado que se busca nunca excedendo o imprescindível, ou seja, é necessária para garantir a aplicação da lei penal ou a efetivação da investigação criminal. Em suma, tanto o princípio da Adequação quanto ao da Necessidade estão

17 16 disciplinados no art. 282, II, do CPP e estão inseridos dentro do Princípio da Proporcionalidade que deve estar ligado sempre ao valor da dignidade da pessoa humana, quando da aplicação da prisão cautelar. Com previsão legal tanto na Constituição Federal como no Código de Processo Penal, o princípio da jurisdicionalidade e da motivação, estabelece que para que seja decretada qualquer prisão cautelar ela terá de ser fundamentada. Da mesma forma que ninguém será privado da sua liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Nas palavras de Edilson Mougenot Bonfim (2010, p. 87): Se por um lado o juiz é livre é livre para formar seu convencimento acerca da prova, é imperativo que exponha, motivando as decisões que proferir os elementos de prova que fundamentam suas decisões e as razões pelas quais esses elementos serão considerados determinantes. A motivação inclui, ainda, a fundamentação legal da decisão, por referência aos dispositivos normativos que, confrontados aos elementos de prova, determinam a decisão proferida. Conforme mencionado, a obrigatoriedade de que toda decisão seja motivada representa uma garantia contra arbitrariedade no exercício do poder estatal. O juiz irá fundamentar a sua decisão com base no artigo 93, IX da Constituição Federal e no artigo 315 do CPP que disciplina: Art A decisão que decretar substituir ou denegar a prisão preventiva será sempre motivada (BRASIL, 2012, p. 54). Para Lopes Jr. (2011, p. 19) no Brasil, a jurisdicionalidade está consagrada no art. 5º, LXI, da CF, segundo o qual, ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de crime militar. Assim, ninguém poderá ser preso com ordem de delegado de polícia, promotor ou qualquer outra autoridade que não a judiciária (juiz ou tribunal), com competência para tanto. Eventual ilegalidade deverá ser remetida pela via do habeas corpus, nos termos do art. 648, III, do CPP. A nova redação do art. 283 do CPP, assim determina:

18 17 Art Ninguém poderá ser preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente, em decorrência de sentença condenatória transitada em julgado ou, no curso da investigação ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão preventiva (BRASIL, 2012, p. 47). Dessa forma, o princípio da jurisdicionalidade e motivação garantem a aplicação da lei penal permitindo que o juiz de forma racional exponha as razões que levou a tal decisão, dando ciência às partes dos critérios utilizados para firmar o seu juízo de convencimento. O princípio do contraditório é uma garantia fundamental de justiça, pois ele abrange tanto o pólo defensivo quanto o pólo acusatório, uma vez que ambos têm o direito de contraditar. É uma exteriorização do princípio da ampla defesa, pois permite que o réu conheça a acusação a ele imputada podendo contrariá-la, evitando que o mesmo, venha a ser acusado sem ser ouvido. Dessa forma, percebese que tal princípio é uma garantia constitucional que assegura a ampla defesa do acusado, garantindo a este que exerça o seu direito de defesa. Assim, princípio está elencado no art. 5º, LV, da Constituição Federal, que dispõe, aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes (BRASIL, 2012, p. 6). Nas palavras de Bonfim (2010, p. 73) O princípio do contraditório significa que cada ato praticado durante o processo seja resultante da participação ativa das partes. O contraditório vem disciplinado na nova redação do art. 282, parágrafo 3º do CPP, de forma implícita, o que causa certo mal-estar por não deixar claro quem seria a parte contrária. Art [...] 3 o Ressalvados os casos de urgência ou de perigo de ineficácia da medida, o juiz, ao receber o pedido de medida cautelar, determinará a intimação da parte contrária, acompanhada de cópia do requerimento e das peças necessárias, permanecendo os autos em juízo (BRASIL, 2012, p. 47). Nas palavras de Lopes Jr. (2011, p ):

19 18 Talvez cause alguém mal-estar o parágrafo terceiro do art. 282, que permite um tímido contraditório, com a intimação da parte contrária assim que receber o pedido de medida cautelar, desde que isso não prejudique a eficácia ou urgência da medida. Primeira ressalva diz respeito à parte contrária, o que significa isso? Ora, ali deveria constar indiciado ou acusado, pois ainda não se tem notícia de réu pedindo a prisão preventiva de promotores... Portanto, é intimação do imputado. Mas intimação para quê? Para uma audiência?! Apresentar resposta escrita? O dispositivo não diz. Pensamos que o ideal seria o juiz, à luz do pedido de adoção de alguma medida cautelar, intimar o imputado para uma audiência, onde sob a égide da oralidade se efetivaria o contraditório e o direito de defesa, na medida em que o acusador sustentaria os motivos de seu pedido e o réu, de outro lado, argumentaria sobre a falta de necessidade da medida (seja por fragilidade do fumus commissi delicti ou do periculum libertatis). Tal medida é muito importante e contribui para melhor decisão do juiz. Assim, é possível concluir que o contraditório é uma medida de bastante relevância, uma vez que as partes devem ser cientificadas dos atos e fatos havidos no curso do processo podendo manifestar-se a respeito e produzirem as provas que considerarem oportunas antes da decisão jurisdicional. De igual forma, sendo descumprida qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, exigirá, como regra, o contraditório. O princípio da provisionalidade nas prisões cautelares tutela uma situação fática, ou seja, não havendo indícios do fumus commissi delicti ou do periculum libertatis deverá cessar a prisão. Com a inobservância dos requisitos acima referidos, se faz necessário a soltura imediata do imputado, uma vez que não há fundamentos para a manutenção da prisão. Para Lopes Jr. (2011, p. 23): o desprezo pela provisionalidade conduz a uma prisão cautelar ilegal, não apenas pela falta de fundamento que a legitime, mas também por indevida apropriação do tempo do imputado. CPP, verbis: O princípio da provisionalidade está inserido no art. 282, parágrafos 4º e 5º do Art [...] 4 o No caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o

20 19 juiz, de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva (art. 312, parágrafo único). 5 o O juiz poderá revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem (BRASIL, 2012, p. 47). Dessa forma, conclui-se que a prisão preventiva, ou quaisquer medidas alternativas poderão ser revogadas ou substituídas, a qualquer tempo, no curso do processo ou não, desde que desapareçam os motivos que a legitimam, bem como poderão ser novamente decretadas, desde que surja a necessidade (periculum libertatis). (LOPES JR., 2011, p. 24). 1.3 Fundamentos e motivos das alterações da lei /2011 Com a introdução da lei /11, que revogou e reformularam alguns artigos previstos no Código de Processo Penal, mais especificadamente o Título IX, que passou a subscrever como Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória, como objetivo de garantir a ordem pública, econômica, conveniência de instrução criminal e assegurar a aplicação da lei penal. Neste sentido, Fernando Capez (2012, p. 298): A lei entrou em vigor no dia 04 de julho de 2011 e teve como escopo evitar o encarceramento provisório do indiciado ou acusado, quando não houver necessidade da prisão. Para tanto, operou diversas modificações legais no Título IX, o qual passou a contar com a seguinte rubrica: Da prisão, das medidas cautelares e da liberdade provisória. Dessa forma, a Lei /11, no seu art. 312 veio para contemplar os requisitos, bem como as hipóteses de cabimento das medidas cautelares, assim, o magistrado só poderá decretar a prisão se não houver uma medida cautelar compatível ao caso concreto. A nova redação do art. 312: Art A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. (Redação dada pela Lei nº , de 2011) (BRASIL, 2012, p. 53).

21 20 Assim, a prisão preventiva passa a ser decretada apenas em situações extremas, aonde não pode ser substituída por uma medida cautelar, passando a ter um caráter subsidiário, só podendo ser aplicada quando não for possível nenhuma das medidas previstas no art. 319, qual seja: Art São medidas cautelares diversas da prisão: (Redação dada pela Lei nº , de 2011). I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades; (Redação dada pela Lei nº , de 2011). II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações; (Redação dada pela Lei nº , de 2011). III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; (Redação dada pela Lei nº , de 2011). IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; (Incluído pela Lei nº , de 2011). V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; (Incluído pela Lei nº , de 2011). VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº , de 2011). VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; (Incluído pela Lei nº , de 2011). VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº , de 2011). IX - monitoração eletrônica. (Incluído pela Lei nº , de 2011). 4 o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outra medidas cautelares. (Incluído pela Lei nº , de 2011) (BRASIL, 2012, p ). É de suma importância ressaltar que as medidas cautelares elencadas no art. 319 do CPP, são aplicáveis as infrações que comina pena privativa de liberdade, não sendo possíveis para as penas restritivas de direito. Vale lembrar, que a Constituição Federal garante a presunção de inocência a todos os cidadãos, assim ficou mais evidente que à prisão é medida excepcional devendo ser analisada as medidas cautelares para então, não havendo outro meio, ser decretada a prisão provisória.

22 21 Ademais, de posse do flagrante o juiz terá de fundamentar a aplicação de forma isolada ou cumulativa, as medidas cautelares diversas da prisão, da mesma maneira que deverá conceder liberdade provisória cabível, mesmo sem pedido autuado, ou seja, cabe ao autuado o direito de ter a sua liberdade provisória concedida de ofício pelo juízo. Em sede de cautelar deve-se distinguir juízo de probabilidade e juízo de possibilidade, uma vez que não se pode falar em juízo de certeza. Segundo Lopes Jr. (2011, p. 73) O juízo de possibilidade prescinde da afirmação de um predomínio das razões positivas sobre as razões negativas ou vice-versa. Para o indiciamento, seria suficiente um juízo de possibilidade, posto que no curso do processo o Ministério Público deverá provar de forma plena, robusta, a culpabilidade do réu. Já que a denúncia ou queixa ser recebida, entendemos que deve existir a probabilidade do alegado. A sentença condenatória, ainda que seja um ato de convencimento do juiz, somente se legitima quando caçada em um alto grau de probabilidade. Caso contrário, a absolvição é imperativa. Nas palavras de Lopes Jr. (2011, p. 73) A probabilidade significa a existência de uma fumaça densa, a verossimilhança [...] de todos os requisitos positivos e, por consequência, da inexistência de verossimilhança dos requisitos negativos do delito. Com isso, nota-se que para que seja decretada qualquer prisão cautelar é necessário um juízo de probabilidade, com o predomínio de razões positivas. É de observar que as verdadeiras cautelares são a tutela da instrução criminal e a aplicação da lei penal, uma vez que se destinam ao processo, para assegurar o regular e eficaz funcionamento do processo penal. Se o agente descumprir qualquer das medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP, poderá o magistrado substituir a medida por outra, bem como cumular com outra medida cautelar ou até mesmo decretar a prisão preventiva.

23 22 Para decretação da prisão preventiva deverá ser observado à quantidade de pena, em regra, nos crimes dolosos com pena maior do que 04 anos, uma vez que até 04 anos não cabe prisão preventiva. As exceções para decretação da prisão preventiva indiferente de pena é quando: estiver ausência de identificação civil, reincidência em crime doloso ou descumprimento da medida protetiva de urgência no âmbito da violência doméstica. Ademais, todas as medidas cautelares são provisórias, pois elas duram até o momento em que ocorrer a situação que justifique a imposição da medida. As cautelares são facultativas, cabendo sempre que o processo principal não for suficiente. Tem caráter revogatório, uma vez que serão mantidas somente se necessárias à preservação dos direitos (LOPES JR., 2011). No processo penal as medidas cautelares, podem ser aplicadas independente de ação ou provocação da parte ou interessado, como por exemplo, o habeas corpus, a produção antecipada de provas, o arbitramento de fiança, a concessão de liberdade provisória, nestes casos pode o juiz determinar a medida de ofício sem a provocação das partes (LOPES JR., 2011). Com a entrada em vigor da Lei n /11, que modificou o sistema das prisões cautelares, importantes modificações foram feitas, uma vez que se alinham aos princípios constitucionais, a exemplo da presunção de inocência e o direito de recorrer em liberdade até o trânsito em julgado da ação penal condenatória. Com o reconhecimento das medidas cautelares, a decretação da prisão preventiva, que já deveria ser excepcional, passou a ser subsidiária, isso quer dizer que será cabível apenas quando não for possível a sua substituição por uma medida das medidas cautelares previstas no artigo 319 do CPP (LOPES JR., 2011). Outra importante inovação trazida pela Lei n /11, foi o art. 306 do CPP, a atual redação inclui a comunicação também ao Ministério Público e não somente ao juiz competente, a família ou qualquer outra pessoa indicada pelo preso.

24 23 Por fim, é de suma importância às inovações trazidas pela Lei n /11, uma vez que inseridas as medidas cautelares no ordenamento jurídico brasileiro, como alternativas à prisão, se harmoniza com princípios constitucionais, devendo a prisão ser considerada até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, medida de caráter extremo e excepcional, apenas quando tais medidas cautelares não forem suficientes para ressocialização do preso.

25 24 2 OS IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES DA LEI /11 E A ATUAL REGULAMENTAÇÃO DAS PRISÕES PROVISÓRIAS Como se analisou no capítulo anterior, a Lei /11 tornou a prisão preventiva como última medida a ser aplicada pelo Juiz no caso concreto, em virtude da quantidade de medidas cautelares que foram criadas para tentar modificar a atual situação do sistema carcerário brasileiro que é precário em virtude da superlotação dentro das cadeias brasileiras. Em dezembro de 2011 no Brasil, segundo dados divulgados pelo DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), a população carcerária é de presos, perfazendo total de habitantes (MJ, 2011). Assim, as alterações trazidas pela nova Lei se enquadram a importantes princípios constitucionais, a exemplo, da presunção de inocência e o direito de recorrer em liberdade, até o transito em julgado da sentença penal condenatória, visando diminuir o número de presos e modificar a atual situação do sistema penitenciário brasileiro, buscando novas alternativas para melhorar a situação das cadeias, mantendo preso somente aqueles em que não seja possível a aplicação de uma medida cautelar. Em razão dos princípios constitucionais, vale lembrar que as medidas mais benéficas deverão ser aplicadas imediatamente, mesmo em crimes cometidos anteriormente a criação da nova lei, independente da vacatio legis, considerando que está de acordo com a Constituição Federal de 1988, no seu artigo 5º, paragrafo 1º, qual seja: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata (BRASIL, 2012, p. 2). Com os novos dispositivos referentes à prisão, fica claro que a privação ou restrição da liberdade deverá ser a ultima opção aplicada pelo juízo, uma vez que,

26 25 as medidas cautelares visam excepcionalmente à prisão processual provisória. Portanto, o que se busca nessa reforma pontual do Código de Processo Penal mais especificadamente no Titulo IX do Livro I, que estabelece os requisitos e critérios que justifiquem as medidas cautelares no âmbito processual penal, bem como no que diz respeito às prisões provisórias só poderão ser decretadas se estiverem presentes os requisitos do fumus commissi delicti e o periculum libertatis, e que deverão ser mantidas somente enquanto persistir a sua necessidade. 2.1 Prisão em Flagrante A prisão em flagrante esta elencada no artigo 302 do CPP, a qual tem a seguinte redação: Art Considera-se em flagrante delito quem: I - está cometendo a infração penal; II - acaba de cometê-la; III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração; IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração (BRASIL, 2012, p. 51). Dessa feita, pode-se perceber que a prisão em flagrante é uma medida cautelar de natureza processual, que pode ser decretada sem ordem escrita do juiz, por ser uma prisão provisória e pode ser feita por qualquer pessoa ou autoridade pública. Assim que se verificar a flagrância deve a mesma ser comunicada imediatamente ao juiz, que irá verificar a sua legalidade para haver então a homologação da prisão, ou ele percebendo que há irregularidades, no caso uma prisão ilegal, deverá relaxá-la colando o sujeito em liberdade, uma vez que no momento da prisão em flagrante não se leva em consideração a culpabilidade ou antijuridicidade. Inicialmente a prisão em flagrante tem natureza administrativa por não

27 26 precisar de ordem judicial para tal ato, após ela passa a ter natureza jurisdicional quando da homologação do auto de prisão em flagrante feita pelo juiz (LOPES JR., 2011). Para Lopes Jr. (2011, p. 36), [...] o flagrante é uma medida precária, mera detenção, que não está dirigida a garantir o resultado final do processo, e que pode ser praticada por particular ou pela autoridade policial. Consagrando-se assim um caráter pré-cautelar da prisão em flagrante. Conforme artigo 306 do CPP, qual seja: Art A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº , de 2011). 1 o Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública. (Redação dada pela Lei nº , de 2011). 2 o No mesmo prazo, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. (Redação dada pela Lei nº , de 2011) (BRASIL, 2012, p.52). Realizada a prisão, deverá o juiz em até 24h receber o auto de prisão em flagrante e decidir entre o relaxamento, conversão em prisão preventiva, decretação de outa medida cautelar alternativa à prisão preventiva ou a concessão da liberdade provisória com ou sem fiança. A prisão em flagrante é divida em espécies, de acordo com o artigo 302 do CPP, são elas: a) Flagrante próprio ou propriamente dito é aquele que o agente é pego consumando o fato delituoso ou acaba de cometê-la, é o está disposto no artigo 302, incisos I e II do CPP. b) Flagrante Impróprio ou também chamado de quase flagrante, é quando o agente é perseguido logo após cometer o ilícito, pelo ofendido, pela autoridade ou qualquer outra pessoa, em situação que possa presumir ser ele o autor da infração

28 27 (artigo 302, inciso III do CPP). A perseguição ela exige continuidade e a necessidade de que se inicie logo após o crime, conforme artigo 290 do CPP, que demonstra o conceito de perseguição, em especial nas alíneas a e b : Art. 290 [...] 1 o - Entender-se-á que o executor vai em perseguição do réu, quando: a) tendo-o avistado, for perseguindo-o sem interrupção, embora depois o tenha perdido de vista; b) sabendo, por indícios ou informações fidedignas, que o réu tenha passado, há pouco tempo, em tal ou qual direção, pelo lugar em que o procure, for no seu encalço (BRASIL, 2012, p. 49). Entende-se que logo após é curto intervalo entre a prática do crime e o início da perseguição, ainda que a perseguição dure por muitas horas, fazendo com que se presuma ser o autor da infração: c) Flagrante Presumido também chamado de ficto é quando o suposto autor do fato é encontrado, logo depois da ocorrência do delito, portando consigo instrumentos como armas, objetos ou papéis, que faça presumir ser ele o autor da infração (artigo 302, inciso IV do CPP). Neste caso, não é necessário que o agente tenha sido perseguição pela autoridade, basta que ele tenha sido encontrado nas situações já referidas. Dentre as espécies de flagrante, a doutrina classifica as circunstâncias em que se efetua a prisão em flagrante: a) Flagrante preparado ou provocado é aquele em que a pessoa de forma corrupta arma para que o agente cometa o crime, mas ao mesmo tempo toma providencias para que ele não se consuma, trata-se aqui de crime impossível, pois embora o meio empregado e o objeto matéria sejam idôneos, existe circunstâncias previamente preparadas que eliminam totalmente a possibilidade da produção do resultado. Neste caso, sendo uma conduta atípica a posição é pacífica no Supremo Tribunal Federal, consubstanciada na Súmula 145 (BRASIL, 1964, p. 1): Não há crime, quando a preparação do flagrante pela policia torna impossível a sua consumação, mesmo que o flagrante tenha sido praticado por particular pode-se aplicar a súmula acima referida (BONFIM, 2010).

29 28 b) Flagrante esperado é quando a policia sabendo a ocorrência de um crime, fica no aguardo de sua consumação para efetuar a prisão em flagrante (BONFIM, 2010). c) Flagrante Forjado ocorre quando terceiros ou policiais colocam objetos que criem provas de um crime inexistente, o flagrante forjado é inválido (BONFIM, 2010). d) Flagrante Retardado nas palavras de Fernando Capez (2012, p. 317), está previsto no artigo 2º, II, da Lei n /95, chamada de Lei do Crime Organizado, e consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações. Assim, o retardamento da prisão em flagrante será efetuado no momento mais oportuno e conveniente para a polícia. De outra banda, existe o flagrante em várias espécies de crimes, que são aqueles previstos no artigo 303 do CPP que se refere ao crime permanente, que é quando o agente em flagrante delito não cessou a permanência, conforme dispõe o artigo: Nas infrações permanentes, entende-se o agente em flagrante delito enquanto não cessar a permanência (BRASIL, 2012, p. 51). Com isso, entende-se que a consumação pode se prolongar no tempo, fazendo com que exista um estado de flagrância prolongado. Já nos crimes habituais exige-se que a prática seja reiterada e com habitualidade da conduta descrita no tipo. Segundo Capez (2012, p. 318): [...] em tese, não cabe prisão em flagrante de crime habitual, pois o crime só se aperfeiçoa com a reiteração da conduta, o que não é possível verificar em um ato ou momento isolado. Assim, no instante em que um dos atos componentes da cadeia da habitualidade estiver sendo praticado, não se saberá ao certo se aquele ato era de preparação, execução ou consumação.

30 29 No entanto, Júlio Fabbrini Mirabete citado por Capez (2012, p. 318):... não é incabível a prisão em flagrante em crime habitual se o agente é surpreendido na prática do ato e se recolhe, no ato, provas cabais da habitualidade. Conforme se verifica, a doutrina não é pacífica, devendo ser analisado cada caso, verificando quando o agente inicia a prática do verbo nuclear do tipo e quando o realiza inteiramente. O artigo 301 do CPP não define o crime de ação penal privada ou pública, neste caso é de se observar se os sujeitos se encontram em flagrante delito. Diz o artigo 301 do CPP: Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito (BRASIL, 2012, p. 51). Neste caso, sendo capturado o autor do delito, o ofendido deverá autorizara lavratura do auto ou ratificar, dentro do prazo de da entrega da nota de culpa, sob pena de relaxamento. Ainda, deverá oferecer a queixa-crime dentro do prazo de cinco dias, após a conclusão do inquérito policial. A nova redação do Artigo 306 do CPP, diz: A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. (Redação dada pela Lei nº , de 2011) (BRASIL, 2012, p. 52). Neste ponto, a Lei /11, traz uma modificação, incluindo a comunicação ao Ministério Público da prisão do agente, fazendo com que o Ministério Público possa acompanhar o desenvolvimento e até mesmo postular a prisão preventiva ou outra medida cautelar cabível. Via de regra, a autoridade competente para efetuar a prisão é a autoridade policial da circunscrição onde foi o agente foi detido e não o local do crime. Não havendo autoridade no local onde foi efetuada a prisão, diz o artigo 308 do CPP Não havendo autoridade no lugar em que se tiver efetuado a prisão, o preso será logo apresentado à do lugar mais próximo (BRASIL, 2012, p. 52).

31 30 O juiz ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá proceder de acordo com o artigo 310 do CPP: Art Ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá fundamentadamente: (Redação dada pela Lei nº , de 2011). I - relaxar a prisão ilegal; ou (Incluído pela Lei nº , de 2011). II - converter a prisão em flagrante em preventiva, quando presentes os requisitos constantes do art. 312 deste Código, e se revelarem inadequadas ou insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão; ou (Incluído pela Lei nº , de 2011). III - conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. (Incluído pela Lei nº , de 2011). Parágrafo único. Se o juiz verificar, pelo auto de prisão em flagrante, que o agente praticou o fato nas condições constantes dos incisos I a III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n o 2.848, de 7 de dezembro de Código Penal, poderá, fundamentadamente, conceder ao acusado liberdade provisória, mediante termo de comparecimento a todos os atos processuais, sob pena de revogação. (Redação dada pela Lei nº , de 2011) (BRASIL, 2012, p. 53). Para que seja decretada a prisão preventiva o juiz deve observar se estão presentes os requisitos fumus commissi delicti e o periculum libertatis e deverá fundamentar a sua decisão, expondo os motivos pelos quais entendem inadequadas ou insuficientes as medidas elencadas no artigo 319 do CPP que traz as diversas medidas cautelares, cuja aplicação pode ser feita de forma isolada ou cumulada. Por fim, vale ressaltar que antes da condenação definitiva a prisão em flagrante pode ocorrer de três maneiras: flagrante delito, prisão preventiva e prisão temporária. Com base nessas informações, o sujeito só pode permanecer nas duas últimas hipóteses, uma vez que a prisão em flagrante não é garantidora do processo, assim deverá converter a prisão em preventiva ou convolar-se em liberdade provisória, considerando que ninguém responde mais preso a processo em virtude de prisão em flagrante. 2.2 Prisão Temporária A prisão temporária que não foi modificada pela lei /11 e que continua sendo regida pela Lei 7.960/89, é uma prisão provisória e tem a natureza de cautelar, pois tem por objetivo a investigação de crimes mais graves. Não pode ser

32 31 decretada de ofício pelo juiz, sendo assim, sua decretação só poderá ser feita pela autoridade judiciária. Segundo Fernando Capez (2012, p. 341): [...] a prisão temporária pode ser decretada nas situações previstas no art. 1º da Lei n /89. São elas: imprescindibilidade da medida para as investigações do inquérito policial; indiciado não tem residência fixa ou não fornece dados necessários ao esclarecimento de sai identidade; fundadas razões da autoria ou participação do indiciado em qualquer um dos seguintes crimes: homicídio doloso, sequestro ou cárcere privado (com os acréscimos operados pela Lei n /2005 ao art. 148 do CP), roubo, extorsão... estupro, atentado violento ao pudor; rapto violento (art. 219 do CP, revogado pela Lei n /2005), epidemia com resultado morte, envenenamento de água potável ou substância alimentícia...crimes contra o sistema financeiro. Menciona-se que o crime de atentado violento ao pudor (antigo art. 214 CP) foi expressamente revogado pela Lei n /2005. Diz o artigo 1º da Lei n /89: Art. 1 Caberá prisão temporária: I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: a) homicídio doloso (art. 121, caput, e seu 2 ); b) seqüestro ou cárcere privado (art. 148, caput, e seus 1 e 2 ); c) roubo (art. 157, caput, e seus 1, 2 e 3 ); d) extorsão (art. 158, caput, e seus 1 e 2 ); e) extorsão mediante seqüestro (art. 159, caput, e seus 1, 2 e 3 ); f) estupro (art. 213, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); g) atentado violento ao pudor (art. 214, caput, e sua combinação com o art. 223, caput, e parágrafo único); h) rapto violento (art. 219, e sua combinação com o art. 223 caput, e parágrafo único); i) epidemia com resultado de morte (art. 267, 1 ); j) envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte (art. 270, caput, combinado com art. 285); l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal; m) genocídio (arts. 1, 2 e 3 da Lei n 2.889, de 1 de outubro de 1956), em qualquer de sua formas típicas; n) tráfico de drogas (art. 12 da Lei n 6.368, de 21 de outubro de 1976); o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n 7.492, de 16 de junho de 1986) (BRASIL, 2012, p.1). Nota-se que a prisão temporária somente poderá ser decretada no curso da investigação criminal, ou seja, nunca poderá ser decretada durante a ação penal. De acordo, com a posição majoritária na doutrina e na jurisprudência, somente é cabível prisão temporária quando combinados os incisos I e II, com a hipótese do inciso III.

Mãe, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Penal e Processo Penal, Advogada, Professora, Palestrante.

Mãe, Bacharel em Direito, Especialista em Direito Penal e Processo Penal, Advogada, Professora, Palestrante. Não é possível exibir esta imagem no momento. Não é possível exibir esta imagem no momento. Não é possível exibir esta imagem no momento. PROCESSO PENAL Prof.ª Priscila Souto Mãe, Bacharel em Direito,

Leia mais

CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA Uma vez recebido o auto de prisão em flagrante, não sendo o caso de relaxamento da prisão ilegal, deverá o juiz conceder, de ofício, por meio de decisão fundamentada,

Leia mais

Professor Wisley Aula 16

Professor Wisley Aula 16 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 7 PRISÕES 1. PRISÃO TEMPORÁRIA: Lei 7.960/89 A prisão temporária caracteriza-se por

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale PRISÃO PROVISÓRIA A prisão provisória, também chamada de prisão processual ou prisão cautelar se destaca no processo penal brasileiro por ser uma forma de isolar o agente

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale PRISÃO E LIBERDADE (continuação) Prisão em flagrante (continuação) Flagrante Atenção: Diferenças entre Flagrante Preparado Flagrante Forjado Flagrante Esperado Flagrante

Leia mais

28/03/2019. Professor: Anderson Camargo 1

28/03/2019. Professor: Anderson Camargo 1 28/03/2019 Professor: Anderson Camargo 1 Espécies de Prisão Cautelar. a) Prisão em flagrante; b) Prisão preventiva; c) Prisão temporária. 28/03/2019 Professor: Anderson Camargo 2 PRISÃO EM FLAGRANTE. 1-

Leia mais

Conceitos. Fundamentos.

Conceitos. Fundamentos. Conceitos. Fundamentos. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA INTRODUÇÃO A PRISÃO TEMPORÁRIA é uma das modalidades de prisões cautelares. Prisão cautelar

Leia mais

Introdução. Principais alterações:

Introdução. Principais alterações: LEI 12.403/11 Lei 12.403/11 A Lei 12.403 de 04 de maio de 2011 altera dispositivos do Código de Processo Penal no que diz respeito a: - Prisões Provisórias - Liberdade Provisória - Relaxamento da Prisão

Leia mais

Professor Wisley Aula 18

Professor Wisley Aula 18 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 6 PRISÃO PREVENTIVA 1. PRISÃO PREVENTIVA A prisão preventiva caracteriza-se por ser

Leia mais

Direito Processual Penal

Direito Processual Penal Direito Processual Penal Prisão Preventiva Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Processual Penal PRISÃO PREVENTIVA CÓDIGO DE PROCESSO PENAL TÍTULO IX CAPÍTULO III Da Prisão

Leia mais

Direito. Processual Penal. Prisão

Direito. Processual Penal. Prisão Direito Processual Penal Prisão Prisão Conceito: É a privação da liberdade de locomoção de alguém, em razão de ordem judicial ou prisão em flagrante Prisão Art. 5, LXI, CF. Ninguém será preso senão em

Leia mais

MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS Medidas cautelares no processo penal - panorama geral. Davi André Costa Silva

MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS Medidas cautelares no processo penal - panorama geral. Davi André Costa Silva MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS Medidas cautelares no processo penal - panorama geral Davi André Costa Silva Medidas cautelares diversas da prisão 1. Contextualização transição do sistema binário ao multicautelar

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Medidas cautelares pessoais: normas fundamentais, pressupostos e fundamentos Parte 6 Prof. Thiago Almeida Pressupostos e fundamentos. Lembrar:

Leia mais

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX

PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX PROCESSO PENAL MARATONA OAB XX AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA RESOLUÇÃO 213/15 RESOLUÇÃO Nº 213/15 - CNJ Art. 1º Determinar que toda pessoa presa em flagrante delito, independentemente da motivação ou natureza

Leia mais

PRISÕES PRISÃO PREVENTIVA. Vídeo: Prisão Parte 2 do início até 17:28

PRISÕES PRISÃO PREVENTIVA. Vídeo: Prisão Parte 2 do início até 17:28 AULA AO VIVO PRISÕES PRISÃO PREVENTIVA Vídeo: Prisão Parte 2 do início até 17:28 Vimos o esquema da prisão em flagrante: - lavratura do flagrante; - em 24 horas, audiência de custódia: I - relaxar a prisão

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da Liberdade Provisória Prisões cautelares: definições e espécies Parte II Prof. Gisela Esposel - Da prisão preventiva stricto sensu - Previsão legal: artigo 311 316

Leia mais

FIANÇA E PROCEDIMENTO S NOVOS

FIANÇA E PROCEDIMENTO S NOVOS ATUALIZAÇÕES E ENTENDIMENTOS SOBRE A. LEI 12.403/11 FIANÇA E PROCEDIMENTO S NOVOS Cley Celestino Batista Delegado de Polícia Cuiabá, 2011 I VACATIO LEGIS: Conforme preceitua a Lei 12.403/2011, suas normas

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale LEI 12.403/11 (continuação) Introdução Principais alterações: Da Prisão Domiciliar O Capítulo IV mudou o seu foco. Da Prisão Domiciliar O Capítulo IV mudou o seu foco.

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da Liberdade Provisória Medidas cautelares pessoais: normas fundamentais, pressupostos e - Parte I Prof. Gisela Esposel - O Código de processo penal contempla medidas

Leia mais

Aspectos Gerais. Medidas cautelares

Aspectos Gerais. Medidas cautelares Aspectos Gerais. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DOS ASPECTOS GERAIS DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS DIVERSAS DA PRISÃO, APLICADAS PELO MAGISTRADO Medidas cautelares

Leia mais

Conceito. Requisitos.

Conceito. Requisitos. Conceito. Requisitos. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA Prisão preventiva CONCEITO DA PRISÃO PREVENTIVA A prisão preventiva é uma dentre as modalidades

Leia mais

Direito Processual Penal Professor Leonardo Galardo

Direito Processual Penal Professor Leonardo Galardo 01) Considerando que João tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente, ter cometido dolosamente homicídio simples, e que Pedro tenha sido indiciado, em inquérito policial, por, supostamente,

Leia mais

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº F DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº F DE O CONGRESSO NACIONAL decreta: REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº 4.208-F DE 2001 Altera dispositivos do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 Código de Processo Penal, relativos à prisão processual, fiança, liberdade provisória,

Leia mais

NOVO MODELO DE PRISÃO PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES

NOVO MODELO DE PRISÃO PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES NOVO MODELO DE PRISÃO PROVISÓRIA E MEDIDAS CAUTELARES Fabiano Samartin Fernandes * Em 05 de maio de 2011 foi sancionada pela Presidenta da República Dilma Rousseff a Lei nº 12.403, que alterou, substancialmente,

Leia mais

Pág. 25 Item 3.5. Direitos do preso

Pág. 25 Item 3.5. Direitos do preso Atualização Pág. 25 Item 3.5. Direitos do preso Segundo parágrafo e continuação na pág. 26: Texto no livro: O caput do art. 306 do Código de Processo Penal possui a mesma redação do referido inciso LXII,

Leia mais

Vistos e examinados os autos.

Vistos e examinados os autos. CONCLUSÃO Em 08 de fevereiro de 2013, faço estes autos conclusos à MMª. Juíza Federal Titular da 3ª Vara Federal de Sorocaba, Drª SYLVIA MARLENE DE CASTRO FIGUEIREDO. Técnico Judiciário RF 5448 PROCESSO

Leia mais

A ocorrência dos requisitos da prisão preventiva como fator determinante para as prisões provisórias

A ocorrência dos requisitos da prisão preventiva como fator determinante para as prisões provisórias A ocorrência dos requisitos da prisão preventiva como fator determinante para as prisões provisórias Jean Marcelo da Rosa Formado em Direito pela Universidade Luterana do Brasil e especializando em Direito.

Leia mais

Direito Processual Penal

Direito Processual Penal Direito Processual Penal Direito Processual Penal CFSd 2018 Revisão No que diz respeito à prisão em flagrante, assinale a alternativa correta: a) em qualquer etapa do processo criminal ou do inquérito

Leia mais

Espécies de Prisão Preventiva e a Lei /2011

Espécies de Prisão Preventiva e a Lei /2011 Espécies de Prisão Preventiva e a Lei 12.403/2011 Por Francisco Sannini Neto Delegado de Polícia Especialista em Direito Público pela Escola Paulista de Direito. 1-) Considerações Gerais Em 04 de julho

Leia mais

Lei n /2011 e prisão provisória: questões polêmicas

Lei n /2011 e prisão provisória: questões polêmicas Fernando Capez é Procurador de Justiça licenciado e Deputado Estadual. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (2007-2010). Mestre em Direito pela

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Medidas cautelares pessoais: normas fundamentais, pressupostos e fundamentos Parte 5 Prof. Thiago Almeida Art. 282 [...] I - necessidade para

Leia mais

PRISÕES PRISÃO EM FLAGRANTE. Vídeo: Prisão Parte I de 1:02:00 até final

PRISÕES PRISÃO EM FLAGRANTE. Vídeo: Prisão Parte I de 1:02:00 até final AULA AO VIVO PRISÕES PRISÃO EM FLAGRANTE Vídeo: Prisão Parte I de 1:02:00 até final Prisão em Flagrante: Importante: Um sujeito pode ser preso em flagrante, mas não pode permanecer preso em flagrante.

Leia mais

Direito Processual Penal. Aula demonstrativa. Prof. Aurélio Casali

Direito Processual Penal. Aula demonstrativa. Prof. Aurélio Casali Direito Processual Penal Aula demonstrativa Prof. Aurélio Casali 1 (SEJUS/PI 2017) Quanto a lei processual no tempo, marque a alternativa CORRETA. a) Um processo que tiver sido encerrado sob a vigência

Leia mais

COMENTÁRIOS A LEI /2011 MEDIDAS CAUTELARES E-LEARNING

COMENTÁRIOS A LEI /2011 MEDIDAS CAUTELARES E-LEARNING O presente trabalho tem por objetivo fazer uma análise sucinta da nova lei de Prisão Preventiva aplicáveis como novas regras da prisão processual, fiança, liberdade provisória e medidas cautelares alternativas

Leia mais

Prisão preventiva Conceito: Pressupostos: I) Prova da existência do crime II) indício suficiente de autoria

Prisão preventiva Conceito: Pressupostos: I) Prova da existência do crime II) indício suficiente de autoria PRISÃO PREVENTIVA 1 Prisão preventiva Conceito: Pressupostos: I) Prova da existência do crime II) indício suficiente de autoria 2 HIPÓTESES: I) Garantia da ordem pública II) garantia da ordem econômica

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento penal Outros Procedimentos Especiais Prof. Gisela Esposel - Procedimento da lei 11.340/06 Lei Maria da Penha - A Lei 11.340/06 dispõe sobre a criação de Juizados de

Leia mais

Direito Penal. Lei nº /2006. Violência doméstica e Familiar contra a Mulher. Parte 3. Prof.ª Maria Cristina

Direito Penal. Lei nº /2006. Violência doméstica e Familiar contra a Mulher. Parte 3. Prof.ª Maria Cristina Direito Penal Lei nº 11.340/2006. Violência doméstica e Familiar contra a Mulher. Parte 3. Prof.ª Maria Cristina TÍTULO IV - DOS PROCEDIMENTOS CAPÍTULO I - DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 13. Ao processo, ao julgamento

Leia mais

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral. Prof. Karina Jaques

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral. Prof. Karina Jaques DIREITO ELEITORAL Prof. Karina Jaques CAPÍTULO I DA POLÍCIA JUDICIÁRIA ELEITORAL Art. 1º O Departamento de Polícia Federal ficará à disposição da Justiça Eleitoral sempre que houver eleições, gerais ou

Leia mais

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral - Parte 2. Prof. Roberto Moreira de Almeida

DIREITO ELEITORAL. Polícia Judiciária Eleitoral - Parte 2. Prof. Roberto Moreira de Almeida DIREITO ELEITORAL - Parte 2 Prof. Roberto Moreira de Almeida CAPÍTULO II DA NOTÍCIA-CRIME ELEITORAL Art. 3º. Qualquer pessoa que tiver conhecimento da existência de infração penal eleitoral deverá, verbalmente

Leia mais

PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL

PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL www.trilhante.com.br ÍNDICE 1. PRISÕES CAUTELARES NO PROCESSO PENAL...5 Noções Gerais... 5 Presunção de Inocência vs Prisão Cautelar... 5 2. HIPÓTESES DE PRISÃO EM

Leia mais

AS MEDIDAS CAUTELARES NA REFORMA DA LEI Nº /11

AS MEDIDAS CAUTELARES NA REFORMA DA LEI Nº /11 AS MEDIDAS CAUTELARES NA REFORMA DA LEI Nº 12.403/11 JORGE ASSAF MALULY Procurador de Justiça PEDRO HENRIQUE DEMERCIAN Procurador de Justiça em São Paulo. Mestre e Doutor em Direito Processual Penal pela

Leia mais

Professor Wisley Aula 17

Professor Wisley Aula 17 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 8 PRISÃO EM FLAGRANTE 1. ESPÉCIES DE FLAGRANTE PRÓPRIO/Perfeito/Real: O agente é surpreendido

Leia mais

PONTO 1: Prisão 1. PRISÃO. Quanto às espécies de prisão, podemos falar em:

PONTO 1: Prisão 1. PRISÃO. Quanto às espécies de prisão, podemos falar em: 1 DIREITO PROCESSUAL PENAL PONTO 1: Prisão 1. PRISÃO Segundo o art. 5º, LXI, da CF/88, é possível a prisão mediante flagrante delito ou ordem escrita e fundamentada da autoridade competente, salvo transgressão

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale PRISÃO E LIBERDADE PRISÃO PROVISÓRIA (continuação) Prisão em flagrante é a única que não é decretada pela Autoridade Judiciária. De acordo com o artigo 301 do CPP sempre

Leia mais

TEMA: Prisões. Gabarito Comentado

TEMA: Prisões. Gabarito Comentado 01/04/19 TEMA: Prisões Gabarito Comentado 1 - (CESPE JUIZ SUBSTITUTO 2019) A gravidade específica do ato infracional e o tempo transcorrido desde a sua prática não devem ser considerados pelo juiz para

Leia mais

DIREITO CONSTITUCIONAL

DIREITO CONSTITUCIONAL DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Individuais Direitos Constitucionais Penais e Garantias Const. do Processo Parte 3 Profª. Liz Rodrigues - A terceira modalidade de prisão extrapenal são as prisões militares.

Leia mais

A PRISÃO PROCESSUAL COMO ULTIMA RATIO

A PRISÃO PROCESSUAL COMO ULTIMA RATIO Maraísa Beraldo Sanches 1 Rafael Henrique Mello Araújo 2 Walter Francisco Sampaio Filho 3 INTRODUÇÃO O ordenamento jurídico brasileiro rege-se sob a égide dos princípios constitucionais a fim de preservar

Leia mais

Provas Juiz não pode proferir uma sentença condenatória somente com base nas provas coletadas na fase investigatória (art.

Provas Juiz não pode proferir uma sentença condenatória somente com base nas provas coletadas na fase investigatória (art. INQUÉRITO POLICIAL - Escrito (art. 9º do CPP) - Feito por órgãos oficiais - Conteúdo informativo, tendo valor probatório relativo - Inquisitivo - Sigiloso (art. 20 do CPP) Súmula Vinculante 14 STF: É direito

Leia mais

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1. Parte I - PREMISSAS CONSTITUCIONAIS

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1. Parte I - PREMISSAS CONSTITUCIONAIS SUMÁRIO 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1 Parte I - PREMISSAS CONSTITUCIONAIS 2 DELINEAMENTOS CONSTITUCIONAIS E HERMENÊUTICOS INDISSOCIÁVEIS PARA COMPREENSÃO DA PRISÃO PROVISÓRIA E SOLTURA 7 2.1 Hermenêutica

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da Liberdade Provisória Prisões cautelares: definições e espécies Prof. Gisela Esposel - Da prisão temporária: - Previsão legal: Lei 7960/89 - Da constitucionalidade:

Leia mais

LFG MAPS. INQUÉRITO POLICIAL 08 questões. qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade.

LFG MAPS. INQUÉRITO POLICIAL 08 questões. qualquer diligência, que será realizada, ou não, a juízo da autoridade. NOÇÕES DE DIREITO PENAL Nível de importância Tema QTDE de Questões Porcentagem (%) 1 Inquérito Policial 8 32% 2 Prisões 7 28% 3 Provas 6 24% 4 Ação Penal 2 8% 5 Habeas Corpus 2 8% TOTAL 25 100% INQUÉRITO

Leia mais

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tutela cautelar medidas cautelares pessoais. Gustavo Badaró

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Tutela cautelar medidas cautelares pessoais. Gustavo Badaró Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Tutela cautelar medidas cautelares pessoais Gustavo Badaró aulas de 10.08.2016 17.08.2016 24.08 2016 PLANO DA AULA 1 Prisão em flagrante delito 2 Prisão

Leia mais

CAPÍTULO 1 Das Premissas Fundamentais e Aspectos Introdutórios...1

CAPÍTULO 1 Das Premissas Fundamentais e Aspectos Introdutórios...1 S u m á r i o CAPÍTULO 1 Das Premissas Fundamentais e Aspectos Introdutórios...1 1.1. A tutela cautelar no processo penal...1 1.2. Lei n o 12.403/11 e o fim da bipolaridade das medidas cautelares de natureza

Leia mais

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM A NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DE FIANÇA

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM A NECESSIDADE DE RECOLHIMENTO DE FIANÇA LIBERDADE PROVISÓRIA Instituto processual que garante ao acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer do processo até o trânsito em julgado, vinculado ou não a certas obrigações, podendo ser

Leia mais

Pós Penal e Processo Penal. Legale

Pós Penal e Processo Penal. Legale Pós Penal e Processo Penal Legale Competência SÚMULAS SOBRE COMPETÊNCIA Súmula Vinculante 45 A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido

Leia mais

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL RESOLUÇÃO Nº 23.396 INSTRUÇÃO Nº 958-26.2013.6.00.0000 CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL Relator: Ministro Dias Toffoli Interessado: Tribunal Superior Eleitoral Dispõe sobre a apuração de crimes eleitorais.

Leia mais

MARATONA EOAB XXVIII EXAME. PROCESSO

MARATONA EOAB XXVIII EXAME. PROCESSO MARATONA EOAB XXVIII EXAME PROCESSO PENAL @vilaca_neto CITAÇÕES CITAÇÃO: É o ATO PROCESSUAL utilizado para cientificar o acusado dos termos da denúncia ou queixa e chamá-lo ao processo para responder as

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL III. AULA 26 de maio Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA

DIREITO PROCESSUAL PENAL III. AULA 26 de maio Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA DIREITO PROCESSUAL PENAL III AULA 26 de maio Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA E-mail: tiago_csouza@hotmail.com PROCEDIMENTO PROBATÓRIO 2.3. Produção das Provas a) Proposição: momento ou instante em que se

Leia mais

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL

RESOLUÇÃO Nº INSTRUÇÃO Nº CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL RESOLUÇÃO Nº 23.363 INSTRUÇÃO Nº 1160-71.2011.6.00.0000 CLASSE 19 BRASÍLIA DISTRITO FEDERAL Relator: Ministro Arnaldo Versiani Interessado: Tribunal Superior Eleitoral Dispõe sobre a apuração de crimes

Leia mais

PÓS DIREITO PÚBLICO PROCESSO PENAL 4. Prof. Rodrigo Capobianco Legale

PÓS DIREITO PÚBLICO PROCESSO PENAL 4. Prof. Rodrigo Capobianco Legale PÓS DIREITO PÚBLICO PROCESSO PENAL 4 Prof. Rodrigo Capobianco Legale PROCEDIMENTOS JUDICIAIS Competência Constitucional: art. 5º, inc. XXXVIII da CF Segunda Fase SEGUNDA FASE JUÍZO DA CAUSA A segunda fase

Leia mais

A questão baseia-se na literalidade do art. 283, 284 e 285 do CPP:

A questão baseia-se na literalidade do art. 283, 284 e 285 do CPP: Cargo: S01 - AGENTE DE POLÍCIA CIVIL Disciplina: Noções de Direito Processual Penal Questão Gabarito por extenso Justificativa A questão baseia-se na literalidade do art. 283, 284 e 285 do CPP: Conclusão

Leia mais

PRISÃO, LIBERDADE E AS CAUTELARES ALTERNATIVAS AO CÁRCERE

PRISÃO, LIBERDADE E AS CAUTELARES ALTERNATIVAS AO CÁRCERE NEREU JOSÉ GIACOMOLLI PRISÃO, LIBERDADE E AS CAUTELARES ALTERNATIVAS AO CÁRCERE Marcial Pons MADRI I BARCELONA I BUENOS AIRES I SÃO PAULO 2013 Prisão, liberdade e as cautelares alternativas ao cárcere

Leia mais

RESOLUÇÃO N XXXXXXX INSTRUÇÃO N xxx-xx.20xx CLASSE 19 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL.

RESOLUÇÃO N XXXXXXX INSTRUÇÃO N xxx-xx.20xx CLASSE 19 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL. RESOLUÇÃO N XXXXXXX INSTRUÇÃO N xxx-xx.20xx6.00.0000 - CLASSE 19 - BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL. Relator: Ministro Dias Toffoli. Interessado: Tribunal Superior Eleitoral. Dispõe sobre a apuração de crimes

Leia mais

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Sentença Penal. Gustavo Badaró aula de

Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Sentença Penal. Gustavo Badaró aula de Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo Sentença Penal Gustavo Badaró aula de 04.08.2015 1. Conceito PLANO DA AULA 2. Classificação e denominações 3. Elementos da sentença 4. Sentença penal absolutória

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV

DIREITO PROCESSUAL PENAL IV AULA DIA 02/03 Docente: TIAGO CLEMENTE SOUZA E-mail: tiago_csouza@hotmail.com DIREITO PROCESSUAL PENAL IV dias. i)- Sentença em audiência ou no prazo de 10 - Prazo para encerramento da Primeira Fase do

Leia mais

PRINCÍPIO = começo; ideia-síntese

PRINCÍPIO = começo; ideia-síntese PRINCÍPIOS INFORMADORES DO DIREITO PROCESSUAL PENAL PRINCÍPIO = começo; ideia-síntese os princípios da política processual de uma nação não são outra coisa senão os segmentos de sua política (ética) estatal

Leia mais

Professor Wisley Aula 15

Professor Wisley Aula 15 - Professor Wisley www.aprovaconcursos.com.br Página 1 de 7 PRISÕES 1. INTRODUÇÃO Prisão é a privação da liberdade de locomoção em virtude do

Leia mais

RESUMO PROCEDIMENTO DE DECRETAÇÃO DE PRISÃO, RELAXAMENTO DE PRISÃO E CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA (ART. 282 A 350 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL)

RESUMO PROCEDIMENTO DE DECRETAÇÃO DE PRISÃO, RELAXAMENTO DE PRISÃO E CONCESSÃO DE LIBERDADE PROVISÓRIA (ART. 282 A 350 CÓDIGO DE PROCESSO PENAL) Universidade de Brasília Faculdade de Direito Graduação em Direito Teoria Geral do Processo II Daniela Martins Lopes 13/0106747 Joyce Teru Nóia Sato 13/0117714 Maria Clara Ruas Coelho 13/0124842 Thais

Leia mais

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA

XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA XXIII EXAME DE ORDEM PROCESSO PENAL PROF CHRISTIANO GONZAGA Princípios Devido Processo Legal Juiz Natural PRINCÍPIOS IMPORTANTES Ampla Defesa Presunção de Inocência Aplicação da lei processual Art. 2º,

Leia mais

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO CAPÍTULO I - FUNÇÃO E CARREIRA DO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL...

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO CAPÍTULO I - FUNÇÃO E CARREIRA DO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL... SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO... 15 CAPÍTULO I - FUNÇÃO E CARREIRA DO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL... 19 1. INTRODUÇÃO E BREVE RECONSTRUÇÃO HISTÓRICA DA FUNÇÃO E DA CARREIRA...19 2. FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da liberdade provisória Liberdade provisória e fiança Parte 1 Prof. Thiago Almeida . Espécie de medida cautelar (CPP, art. 319, VIII) Liberdade provisória e fiança.

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Da prisão e da Liberdade Provisória Parte I Prof. Gisela Esposel - Da prisão em flagrante - Previsão legal: art.301 310 do CPP - A prisão em flagrante independe de ordem judicial,

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Meios autônomos de impugnação Prof. Gisela Esposel - Previsão legal: artigo 5 º, inciso LXVIII da CR/88 e artigo 647 e seguintes do CPP. - Natureza jurídica: ação autônoma de impugnação

Leia mais

Prisão Cautelar 1. Ano: Banca: Órgão: Prova:

Prisão Cautelar 1. Ano: Banca: Órgão: Prova: 1. Ano: 2016 Banca: CESPE Órgão: DPU Prova: Analista Técnico - Administrativo João, aproveitando-se de distração de Marcos, juiz de direito, subtraiu para si uma sacola de roupas usadas a ele pertencentes.

Leia mais

PONTOS INICIAS: -Privação da liberdade / tolhimento do direito de ir e vir. Marco de divisão das prisões: Sentença condenatória transitada em julgado

PONTOS INICIAS: -Privação da liberdade / tolhimento do direito de ir e vir. Marco de divisão das prisões: Sentença condenatória transitada em julgado Prof. Vinícius Abdala Me. em Ciências Criminais pela Universidade de Lisboa Juiz da Inter-American Human Rigthts Moot Court Competition, Washington, DC. Advogado Criminalista. PRISÕES PONTOS INICIAS: -Privação

Leia mais

Da prisão e da Liberdade Provisória

Da prisão e da Liberdade Provisória Da prisão e da Liberdade Provisória Parte II Prof. Gisela Esposel - Da fiança. Continuação - Alguns crimes são considerados inafiançáveis - Artigo 323 do CPP - Não será concedida a fiança: - I nos crimes

Leia mais

SUMÁRIO PRISÃO PREVENTIVA: PRINCIPAIS PONTOS CONTROVERTIDOS SURGIDOS COM A LEI /

SUMÁRIO PRISÃO PREVENTIVA: PRINCIPAIS PONTOS CONTROVERTIDOS SURGIDOS COM A LEI / SUMÁRIO CAPÍTULO I PRISÃO PREVENTIVA: PRINCIPAIS PONTOS CONTROVERTIDOS SURGIDOS COM A LEI 12.403/2011...29 1. Prisão preventiva antes da edição da Lei 12.403/2011... 29 2. Espírito das alterações e antecedentes

Leia mais

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. MÓDULO II 1. Regras de competência 2. Procedimento 3. Pedidos 4. Recurso Ordinário Constitucional

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO. MÓDULO II 1. Regras de competência 2. Procedimento 3. Pedidos 4. Recurso Ordinário Constitucional CONTEÚDO PROGRAMÁTICO MÓDULO II 1. Regras de competência 2. Procedimento 3. Pedidos 4. Recurso Ordinário Constitucional 1. REGRAS DE COMPETÊNCIA O habeas corpus deve ser interposto à autoridade judicial

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal Sentença e Coisa Julgada Prof. Gisela Esposel - Previsão legal: artigo 381 e seguintes do CPP Sentença e Coisa Julgada - Através da sentença, o juiz julga definitivamente

Leia mais

CRIMES HEDIONDOS. Conceito. Sistema Legal (art. 5º, inc. XLIII, CF) Sistema Judicial Sistema Misto

CRIMES HEDIONDOS. Conceito. Sistema Legal (art. 5º, inc. XLIII, CF) Sistema Judicial Sistema Misto Conceito Sistema Legal (art. 5º, inc. XLIII, CF) Sistema Judicial Sistema Misto Sistema legal temperado? Habeas Corpus (HC) 118533 tráfico privilegiado; Crimes militares Art. 5º, XLIII - a lei considerará

Leia mais

ENUNCIADOS VOTADOS DURANTE O I FÓRUM NACIONAL DE JUÍZES CRIMINAIS

ENUNCIADOS VOTADOS DURANTE O I FÓRUM NACIONAL DE JUÍZES CRIMINAIS ENUNCIADOS VOTADOS DURANTE O I FÓRUM NACIONAL DE JUÍZES CRIMINAIS ENUNCIADO N. 1 Para fins estatísticos, será considerado preso definitivo quem ostentar condenação, definitiva ou não, independentemente

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Das Provas (Parte I) Profª. Letícia Delgado 1)Previsão: Capítulo XI, título VII - (art. 240 a 250 do CPP). 2)Prova: todo e qualquer elemento capaz de influir no convencimento do

Leia mais

Título Direção-Geral da Administração da Justiça Direção-Geral da Administração da Justiça

Título Direção-Geral da Administração da Justiça Direção-Geral da Administração da Justiça Direção-Geral Direção-Geral da Administração da da Justiça - 2013 da Justiça DAS MEDIDAS DE COAÇÃO E DE GARANTIA PATRIMONIAL AS MEDIDAS DE COAÇÃO SÃO RESTRIÇÕES ÀS LIBERDADES DAS PESSOAS EM FUNÇÃO DE EXIGÊNCIAS

Leia mais

Da prisão e da Liberdade Provisória

Da prisão e da Liberdade Provisória Da prisão e da Liberdade Provisória Procedimento de aplicação e recorribilidade Prof. Gisela Esposel - Se o estudo sobre a prova é o centro nervoso do processo, durante o mesmo as pessoas podem perder

Leia mais

A NOVA ORDEM DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO.

A NOVA ORDEM DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO. A NOVA ORDEM DO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO. Por Fabiano Pimentel. Advogado Criminalista. Membro da Comissão de Prerrogativas da OAB/Ba. Especialista em Ciências Criminais pela UFBA. Mestre em Direito

Leia mais

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FUNDAMENTOS E ASPECTOS PRELIMINARES

AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FUNDAMENTOS E ASPECTOS PRELIMINARES AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA FUNDAMENTOS E ASPECTOS PRELIMINARES RESOLUÇÃO N.º 213, DE 15 DE DEZEMBRO DE 2015, DO CNJ Art. 1º - Determina que toda pessoa presa em flagrante delito, independente da motivação ou

Leia mais

PONTO 1: Prisão em Flagrante PONTO 2: Prisão Preventiva

PONTO 1: Prisão em Flagrante PONTO 2: Prisão Preventiva 1 PROCESSO PENAL PONTO 1: Prisão em Flagrante PONTO 2: Prisão Preventiva 1. PRISÃO EM FLAGRANTE Art. 301 310 do CPP. 1.1 SUJEITOS DO FLAGRANTE: a) Presidente do Auto de Prisão em Flagrante; a.1) Autoridade

Leia mais

PEDIU PRA PARAR, PAROU!

PEDIU PRA PARAR, PAROU! CADA PEÇA TEM UMA ESTRATÉGIA E TESES BEM DEFINIDAS 1. Prisão em Flagrante Ilegal 2. Prisão em Flagrante Legal Peça: Relaxamento de Prisão Base Legal: art. 310, I, do CPP e art. 5º, LXV, CF/88 Teses: Buscar

Leia mais

TEMAS CENTRAIS DA LEI DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. JH MIZUNO Editora Distribuidora. Leme, 2006

TEMAS CENTRAIS DA LEI DO JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL. JH MIZUNO Editora Distribuidora. Leme, 2006 FERNANDO CÉLIO DE BRITO NOGUEIRA Promotor de Justiça no Estado de São Paulo, lecionou na Faculdade de Direito da Fundação Educacional de Barretos e na Escola Superior de Advocacia de Barretos, é associado

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimento Penal Procedimento comum sumaríssimo - Lei nº 9.099 de 1995 - Lei dos Juizados Especiais Criminais JECRIM Parte 2 Prof. Gisela Esposel - Artigo 62 da lei 9099/95.

Leia mais

Direito Processual Penal

Direito Processual Penal Direito Processual Penal Medidas Cautelares Alternativas à Prisão Professor Joerberth Nunes www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Processual Penal MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS À PRISÃO TÍTULO IX Da

Leia mais

Procedimento. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA

Procedimento. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA Procedimento. O OBJETIVO DESSE AMBIENTE VIRTUAL DE APRENDIZAGEM SERÁ A APRESENTAÇÃO DO PROCEDIMENTO DE DECRETAÇÃO DA PRISÃO TEMPORÁRIA DECRETAÇÃO A PRISÃO TEMPORÁRIA poderá ser decretada, somente, pelo

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. CERT Regular 4ª Fase. Prisão preventiva. Período:

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. CERT Regular 4ª Fase. Prisão preventiva. Período: CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER CERT Regular 4ª Fase Período: 2013-2016 1) CESPE - Analista Judiciário TJDFT-2013 Julgue o item seguinte, referente a prisão, medidas cautelares, liberdade provisória e

Leia mais

Laís Maria Costa Silveira Promotora de Justiça de Belo Horizonte Titular da 22ª Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa com Deficiência e Idosos.

Laís Maria Costa Silveira Promotora de Justiça de Belo Horizonte Titular da 22ª Promotoria de Justiça de Defesa da Pessoa com Deficiência e Idosos. As medidas protetivas de urgência previstas pela Lei Maria da Penha e sua aplicação a outros segmentos de pessoas: idosos, crianças, enfermos e pessoas com deficiência Laís Maria Costa Silveira Promotora

Leia mais

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO CAPÍTULO I - FUNÇÃO E CARREIRA DO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL CAPÍTULO II - INQUÉRITO POLICIAL...

SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO CAPÍTULO I - FUNÇÃO E CARREIRA DO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL CAPÍTULO II - INQUÉRITO POLICIAL... SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO... 17 CAPÍTULO I - FUNÇÃO E CARREIRA DO DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL... 19 1. Introdução e breve reconstrução histórica da função e da carreira...19 2. Fundamento constitucional

Leia mais

DIREITO PROCESSUAL PENAL

DIREITO PROCESSUAL PENAL DIREITO PROCESSUAL PENAL Procedimentos alternativos de investigação criminal Parte 3 Prof. Thiago Almeida . Hipóteses de abordagem em estado de flagrância: Art. 69, parágrafo único - Ao autor do fato que,

Leia mais