os autos identificados acima; PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO BENEDITO DA SILVA

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1 PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA ESTADO DA PARAÍBA GABINETE DO DESEMBARGADOR JOÃO BENEDITO DA SILVA ACÓRDÃO HABEAS CORPUS N /001 3' Vara de Bayeux Relator : Exmo. Des. João Benedito da Silva Impetrante : Pedro Henriques de Lima Paciente 01: Edenilson Monteirio Bandeira Paciente 02 : Eudes José Victor da Silva HABEAS CORPUS. Roubo, em tese. Indeferimento da liberdade provisória. Decretação de prisão preventiva. Decisão fundamentada. Ordem pública. Constatação. Modus operandi. Periculosidade concreta. Réu primário. Bons antecedentes. Residência fixa. Atributos insuficientes. Segregação cautelar mantida. Denegação da ordem. Somente se justifica a prisão preventiva, para assegurar a aplicação da lei penal, quando o decreto apontar elementos concretos, não se aceitando fundamentação genérica. Não sendo apontados fatos firmes, que demonstrem estarem os pacientes objetivando inviabilizar a instrução criminal, não se autoriza o decreto preventivo por tal requisito. Devidamente fundamentada está o decreto de prisão preventiva, baseado na ordem pública, quando amparado no modus operandi dos pacientes, o que caracteriza a periculosidade dos agentes. Resta impossível a concessão de ordem se as provas que instruíram o pedido de writ são insuficientes para desconstituir a decisão de indeferimento da liberdade provisória. A primariedade, os bons antecedentes, o emprego definido e a residência fixa não desautorizam a custódia cautelar, quando presentes os motivos para a manutenção da preventiva. acima; VISTOS, RELATADOS E DISCUTIDOS os autos identificados ACORDAa Egrégia Câmara Criminal do Colendo Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, em harmonia com o parecer da douta Procuradoria da Justiça, denegar a ordem pretendida. Unânime. 1 (

2 RELATÓRIO Trata-se de habeas corpus, com pedido de liminar, impetrado pelo Bel. Pedro Henriques de Lima e pela Bela. Elza da Costa Bandeira em favor de Edenilson Monteiro Bandeira e Eudes José Victor da Silva, apontando, como autoridade coatora, o MM. Juiz de Direito da 3' Vara de Bayeux, em razão do indeferimento do pedido de liberdade provisória formulado perante o primeiro grau de jurisdição e o consequente decreto preventivo. Segundo os impetrantes, os pacientes encontram-se presos em razão de suposto flagrante delito, acusados de infringência ao disposto no art. 157, 2, inciso II, do Código Penal Brasileiro. Sustentaram, pois, que não poderia subsistir a decisão de fl. 62 (que decretou a prisão preventiva dos acusados), ao argumento de que "os requisitos necessários do art. 312 do Código de Processo Penal devem ser relatados e demonstrados em relação à necessidade da medida extrema em relação à Custódia Preventiva, o relato por si só, não caracteriza nenhum objetivo e/ou subjetivo de imposição legal referente aos Pacientes (.). ". Afirmaram, ainda, que os pacientes são primários, portadores de bons antecedentes, possuindo endereço fixo e afeitos ao trabalho, não existindo nada nos autos que desabonasse a conduta. Ao final, pugnou pelo deferimento da liminar perseguida e, no mérito, a concessão definitiva da ordem. Em suas informações (fls. 78/82), a autoridade apontada como coatora consignou que o decreto da segregação cautelar estava amparado nos requisitos dos arts. 311 e 312, ambos do CPP, eis que necessário para a garantia da ordem pública, da instrução processual e da aplicação da lei penal. Pontuou, também, que apenas os atributos dos pacientes não seriam suficientes para a concessão da pretendida liberdade provisória. A liminar postulada foi indeferida (fls. 84/85). A Procuradoria de Justiça opinou pela denegação da ordem (fls. 87/89), ao argumento de que a decisão estava devidamente amparada na ordem pública, além de que os atributos pessoais não seriam suficientes para a concessão da ordem. É o relatório. VOTO: Des. João Benedito da Silva Ao declinar as razões, os impetrantes aventaram 02 (dois) aspectos: a necessidade de que os requisitos autorizadores da preventiva estivessem declinados na decisão que determinou a segregação cautelar, e, ain a, a existência de atributos pessoais favoráveis aos acusados. 2

3 Pois bem. Ao indeferir o pedido de liberdade provisória e decretar a prisão preventiva dos pacientes, consignou a autoridade apontada como coatora (fl. 62): "Sabe-se que, como não cabe fiança, poderia ser o réu mantido sob custódia prisional do Estado apenas se couber fiança (art. 310, parágrafo único, do CPP). É exatamente o caso. Afinal, pela gravidade do delito em tese, os indícios constantes nos autos e as circunstâncias, vez que o crime (falando em tese) possui uma pena alta a denúncia não foi na forma tentada alegada na inicial que pode incitar a fuga do réu, que detém condições financeiras para tanto ('assegurar a aplicação da lei penal). A presença do réu para audiência onde serão ouvidas as testemunhas do Ministério Público, inclusive para seu reconhecimento e isso é importante para a instrução criminal (conveniência da instrução criminal). Note-se, ainda, que o tipo de crime em tese imputado, roubo com pluralidade de agentes cometido por moto queiros é do cotidiano desta zona metropolitana e merece ser reprimido com maior razão, pelo que satisfaz o requisito periculosidade da 'garantia da ordem pública'.". Da leitura do trecho transcrito da decisão, percebe-se que a prisão preventiva foi decretada em razão de 03 (três) motivos distintos: assegurar a aplicação da lei penal (condições financeiras dos acusados), a conveniência da instrução criminal (necessidade de comparecimento em audiência para reconhecimento pelas vítimas) e a ordem pública (modus operandi e periculosidade dos agentes). No entanto, a decisão questionada deve subsistir em parte. Veja-se. Primeiramente, é de se destacar que alguns dos fundamentos declinados foram genéricos, não se apontando fatos específicos que justificassem a permanência dos pacientes em cárcere. No que alcança o argumento de que a prisão seria necessária para assegurar a aplicação da lei penal, não há como acolhê-la, por se tratar de fundamentação genérica, ou seja, o magistrado não apontou elementos concretos, que demonstrassem o intuito dos pacientes em fugirem do local em que residem. Neste sentido: HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO. PRISÃO PREVENTIVA. AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO ADEQUADA. CONSTRANGIMENTO ILEGAL EVIDENCIADO. SENTENÇA CONDENATÓRL4. NEGADO DIREITO DE RECORRER EM LIBERDADE. MANUTENÇÃO DO CONSTRANGIMENTO. ORDEM CONCEDIDA. 1-A custódia preventiva do paciente foi decretada para assegurar a futura aplicação da lei penal e o desenvolvimento da instrução criminal, assim como para garantir a ordem pública, sem apontar, contudo, qualquer elemento concreto que justificasse a imp isição da medida extrema. 2-3

4 Circunstâncias de caráter genérico, tais como aquelas concernentes à gravidade abstrata do delito e à frieza do acusado no cometimento da infração, além da suposição, desamparada de suporte fático, de que o paciente pudesse influenciar na apuração dos fatos, ameaçando testemunhas e alterando provas, não se mostram suficientes à constrição cautelar da liberdade, mormente em se tratando de réu primário, sem antecedentes, com profissão lícita e residência fixa, evidenciando-se o constrangimento ilegal. 3- Proferida sentença condenatória no feito de que se cuida, foi negado ao paciente o direito de recorrer em liberdade essencialmente porque respondeu preso ao processo, sem acrescentar qualquer fato ou fundamento novo para a manutenção da custódia,' permanecendo o constrangimento. 4- Habeas corpus concedido para assegurar ao paciente o direito de recorrer em liberdade na ação de que se cuida, se por outro motivo não estiver preso. (STJ. HC /PI, Rel. Ministro HAROLDO RODRIGUES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/CE), SEXTA TURMA, julgado em 05/04/2010, DJe 17/05/2010) (grifo nosso) No que tange à instrução criminal, o fato dos acusados encontrarem-se soltos não impede que compareçam à audiência eventualmente designada, o que, por mais uma vez, afasta a segregação cautelar. Ora, até então, não há elementos que demonstrem ameças a testemunhas, muito menos o escopo de evadir-se do local, o que, em caso diverso, poderia possibilitar o decreto preventivo. Já no que se reporta à ordem pública, melhor sorte não há aos pacientes, em especial, pela justificativa declinada pelo juiz: o modus operandi, roubo com pluralidade de agentes, cometido por motoqueiros, satisfazendo o requisito da periculosidade. Percebe-se, pois, que razão assiste ao magistrado, ao inviabilizar a concessão da liberdade provisória pretendida e a consequente determinação pela segregação cautelar. O modo empreendido pelos pacientes, segundo o relato das testemunhas, para a prática do delito justificam, por si só, a periculosidade reconhecida pela autoridade apontada como coatora. Seguindo este entendimento: HABEAS CORPUS. TRÁFICO E ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO DE DROGAS. PRISÃO PREVENTIVA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO ART. 312 DO CPP. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. PERICULOSIDADE SOCIAL. RÉU FORAGIDO. 1. A jurisprudência desta Corte tem proclamado que a prisão cautelar é medida de caráter excepcional, devendo ser imposta, ou mantida, apenas quando atendidas, mediante decisão judicial fundamentada (art. 93, inciso 1X, da Constituição Federal), as exigêncít do t1rt. 312 do Código de Processo Penal. 2. Na espécie, prisão preventiva encontra-se 4

5 justificada na garantia da ordem pública, evidenciada pelo modus operandi das infracões, dado que o paciente é acusado de fazer parte de grupo voltado à prática de tráfico de drogas em larga escala na cidade de Vicente de Carvalho/SP e região circunvizinha, tendo sido apreendidos, em certa ocasião, aproximadamente 54 (cinquenta e quatro) quilos de maconha pertencentes à organização, e, noutra, quatro tijolos de maconha, o que, segundo a denúncia, constituiu "pequena parte do negócio, visto que chegaram a guardar duzentos quilos de maconha e esperavam no curso da associação a chegada de uma tonelada". 3. Outrossim, segundo a denúncia, após a prisão do líder da associação, que continuou a comandar o grupo do interior da cadeia, o paciente também tomou a frente do tráfico executado pelos demais corréus, tudo a indicar a presença de periculosidade social reveladora da necessidade da prisão. 4. No tocante à conveniência da instrução criminal, tem-se que o paciente permanece, há muito, foragido, não se olvidando que contra ele encontram-se pendentes de cumprimento mandados de prisão relativos a outros feitos criminais, em um deles já pronunciado por tentativa de homicídio qualificado, circunstância denotadora de reiteração criminosa. 5. Ordem denegada. (STJ. HC /SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 31/08/2010, DJe 27/09/2010) (grifo nosso). RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PRISÃO EM FLAGRANTE. LESÃO CORPORAL GRAVÍSSIMA. CORRUPÇÃO DE MENORES. LIBERDADE PROVISÓRIA. INDEFERIMENTO. FUNDAMENTAÇÃO. PRESSUPOSTOS DA PRISÃO PREVENTIVA. PRETENSÃO. AGUARDAR JULGAMENTO EM LIBERDADE. DESCABIMENTO. 1. O indeferimento do pedido de liberdade provisória, ora questionado, está satisfatoriamente motivado com a indicação de elementos concretos no tocante à necessidade de garantia da ordem pública, em razão da periculosidade dos acusados e da gravidade concreta de sua conduta. 2. Não se reconhece a possibilidade de apelar em liberdade ao réu que não faz jus à liberdade provisória, em razão do entendimento "de que não há lógica em permitir que o réu, preso preventivamente durante toda a instrução criminal, aguarde em liberdade o trânsito em julgado da causa, se mantidos os motivos da segregação cautelar" (STF. HC /MS, 1." Turma. ReL Min. AYRES BRITTO, DJ de 28/08/08). 3. Recurso ordinário a que se nega provimento. (STJ. RHC /SP, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 22/11/2010) (grifo nosso) Na verdade, tem-se por ordem pública como o meio de se evitar que"(..) o delinqüente pratique novos crimes contra a vítima ou qualquer outra pessoa, quer porque seja acentuadamente propenso à prática delituosa, quer porque, em liberdade, encontrará os mesmos estímulos relacionados com a infração cometida." 5

6 2 (MIRABETTE, Júlio Fabrini. Código de processo penal interpretado. São Paulo: Atlas, p. 803). Por fim, há, ainda, a alegação de que os atributos pessoais dos pacientes seriam suficientes para a concessão da liberdade provisória. Ocorre que, uma vez verificados os requisitos autorizadores da prisão preventiva, insculpidos no ordenamento jurídico, os atributos pessoais não impedem a decretação de eventual segregação cautelar. Nesse sentido: "A primariedade e os bons antecedentes não impedem a decretação da prisão preventiva e nem têm força para alcançar a sua revogação ou a concessão da liberdade provisória." (RJTJERGS. 146/53, 50) Forte nessas razões, em harmonia com o parecer da douta Procuradoria de Justiça, denego a ordem pretendida. É como voto. Presidiu o julgamento o Exmo. Des. João Benedito da Silva. Participaram ainda do julgamento o Exmo. Des. João Benedito da Silva, relator, a Exma. Dra Maria das Graças Morais Guedes, Juíza de Direito convocada para substituir o Exmo. Des. Nilo Luis Ramalho Vieira e o Exmo. Dr. Wolfram da Cunha Ramos, Juiz de Direito convocado para substituir o Exmo. Des. Leônciio Teixeira Câmara. Presente a Sessão do Julgamento o(a) Exmo(a). Dr(a) Renata Carvalho da Luz, Promotor(a) de Justiça. Sala de Se de Justiça do Estado/.a de dezembro do a0 de 2 a Egrégia Câmara Criminal do Colendo Tribunal Pessoa, Capital, aos (dezesseis) dias do mês

7 TRIBUNAL DE JusTiçfr, Coordenadoria Judiciária Registrado em 4/_12g.,./f