ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROCURADORIA-GERAL DO ESTADO PARECER N.º Senhora Procuradora-Geral:
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- Heloísa Miranda Vilanova
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1 PARECER N.º CARTEIRA DE HABILITAÇÃO PARAGUAIA. PORTARIA DETRAN/RS Nº 178, DE 15 DE SETEMBRO DE O ato administrativo é válido, pois apenas adota medidas fiscalizatórias para garantir o cumprimento, em seu território, das disposições constantes dos acordos internacionais que exigem a realização dos exames previstos na legislação brasileira Senhora Procuradora-Geral: Inaugura a consulta ofício encaminhado pela Secretaria da Justiça e da Segurança do Estado do Rio Grande do Sul, solicitando ao Senhor Diretor-Geral do DAER esclarecimentos quanto ao procedimento que a Polícia Rodoviária deverá adotar frente à aceitação da Carteira de Habilitação expedida no PARAGUAI: 1
2 Sr. Diretor, (...) faço lhe considerações e questionamentos sobre a Carteira de Habilitação expedida na República Federal do Paraguai: Considerando a edição da Portaria n.º 178, de 15 de setembro de 2003, do DETRAN/RS, sobre a não aceitação da Carteira de Habilitação expedida pelo PARAGUAI; Considerando a existência do Tratado de Assunção de 23/03/1991, ao qual o BRASIL e o PARAGUAI são signatários; Considerando o previsto na Resolução 50/98 do CONTRAN, no art. 30, 6º e art. 31, incisos I,II,III e IV; Considerando que o DAER detém status de Órgão Executivo de Trânsito Rodoviário, conforme preconiza o art. 21 do CTB; Considerando o Decreto nº , de 23 de janeiro de 1998, o qual delega ao Batalhão de Polícia Rodoviária competências, tendo assim, este órgão da Brigada Militar, vínculo com essa autarquia (...). Foram juntados os seguintes documentos: cópia da Portaria nº 178 do DETRAN; cópia do Acordo sobre Regulamentação Básica Unificada de Trânsito; cópia de informativo referente à habilitação; cópia da Portaria n.º 167 do DETRAN; Resolução nº 98/99 do CONTRAN; cópia do art. 41 da Convenção sobre Trânsito Viário, Decreto de 03/08/1993 que o regulamenta e cópia da página 23, do Diário Oficial do Estado - 04/02/
3 Posteriormente, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER solicita a análise da questão por esta Procuradoria-Geral do Estado. É o relatório. Trata-se, em suma, de examinar a legalidade da Portaria nº 178, expedida pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul - DETRAN/RS. O referido ato administrativo resolve "não reconhecer, para fins de condução de veículo automotor nas circunscrições do Estado do Rio Grande do Sul, a carteira de habilitação paraguaia, cujos titulares sejam brasileiros e estrangeiros com visto (RNE) temporário ou permanente que tenham residência fixa no Brasil" (artigo1º), se não portarem, juntamente com a Carteira de Habilitação paraguaia, certidão da autoridade competente pela emissão do documento, que contemple a submissão do condutor a todos os exames previstos na legislação, visada pela autoridade consular do Brasil no Paraguai (artigo 2º). Inicialmente, faz-se necessária a leitura dos Tratados e Convenções Internacionais que têm o Brasil e Paraguai como signatários e passam a integrar a legislação nacional se forem referendados pelo Poder Legislativo e promulgados por decreto do Presidente da República, situando-se no mesmo nível das leis ordinárias (CF, artigos 49, I e 84, IV). Ou seja, são incorporadas às leis internas do país algumas normas de Direito Comum constantes dos atos internacionais. Dispõe a Convenção sobre Trânsito Viário de Viena, promulgada pelo Decreto nº , de 10 de dezembro de 1981 : "Art. 41 Validez das habilitações para dirigir: (...) 3
4 6. As disposições do presente artigo contratantes reconhecer a validez: não obrigarão às partes a) dos documentos de habilitação nacionais ou internacionais, que tenham sido expedidos no território de outra Parte Contratante a pessoas que tinham sua residência normal em seu território no momento da referida expedição ou que tenham se mudado para seu território depois dessa expedição; b) dos documentos de habilitação com os acima mencionados que tenham sido expedidos a condutores que no momento da expedição não tivessem residência normal no território em que foram expedidos ou cuja residência tenha sido mudada para outro território depois dessa expedição.". Ressalte-se que a convenção não determina a obrigatoriedade de reconhecimento dos documentos de habilitação pelos contratantes em qualquer hipótese. Após, com base no Tratado de Montevidéu, foi assinado pelo Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Peru, Uruguai e Paraguai o denominado Acordo sobre Regulamentação Básica Unificada de Trânsito, executado conforme o Decreto de 03 de agosto de 1993 (fl. 11): "Art. II 1: As regras de circulação incluídas no presente Acordo constituem uma base normativa mínima e uniforme que regulará o trânsito veicular internacional no território dos países signatários. 4
5 2. Cada um dos países signatários adotará as medidas adequadas para garantir o cumprimento em seu território das disposições do presente Acordo. 3: As normas de trânsito em vigor nos territórios dos países signatários poderão conter disposições não previstas no presente Acordo, que não serão incompatíveis com as estabelecidas no mesmo. (...) Art. IV (...) Das habilitações para dirigir 3: Qualquer motorista de um veículo automotor deverá ser titular de uma licença habilitadora que lhe será expedida pela autoridade de trânsito competente em cada país. Para transitar, o titular da mesma deverá levá-la consigo e apresentá-la a requerimento das autoridades nacionais competentes. (...) 5: Para obter a habilitação para dirigir, o assinante deverá aprovar: a. um exame médico sobre suas condições psico-físicas; b. um exame teórico das normas de trânsito; e c. um exame prático de idoneidade para dirigir. 5
6 (...) 9: Os países signatários deste Acordo reconhecerão a licença nacional de dirigir emitida por qualquer um dos demais países signatários. ". Verifica-se que o presente Acordo reconhece a licença nacional para dirigir emitida pelos países signatários, mas permite a existência de normas de trânsito contendo disposições não previstas no ajuste. Ademais, estabelece como pressuposto para a obtenção de habilitação para dirigir a aprovação em exame médico, teórico das normas de trânsito e prático de direção veicular. O Código de Trânsito Brasileiro, em seu artigo 142, dispõe que o "reconhecimento de habilitação obtida em outro país está subordinado às condições estabelecidas em convenções e acordos internacionais e às normas do CONTRAN.. Destaque-se que a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 (CTB) remete o reconhecimento da carteira de habilitação estrangeira aos Acordos Internacionais e às Resoluções estabelecidas pelo CONTRAN. A Resolução nº 50, de 21 de maio de 1998, do CONTRAN determina os procedimentos necessários para o processo de habilitação e os exames de habilitação, prevendo o exame de direção veicular e o exame teórico-técnico. As Resoluções CONTRAN números 168, de 14 de dezembro de 2004 e 169, de 17 de março de 2005 exigem a Avaliação Psicológica, Exame de Aptidão Física e Mental, Exame Teórico-técnico e Exame de Direção Veicular para o processo de habilitação do condutor. A Resolução CONTRAN nº 168, de 14 de dezembro de 2004 elenca, ainda, regras quanto à habilitação expedida em país estrangeiro: 6
7 "Do Candidato ou Condutor Estrangeiro Art. 29. O condutor de veículo automotor, natural de país estrangeiro e nele habilitado, em estada regular, desde que penalmente imputável no Brasil, poderá dirigir no Território Nacional quando amparado por convenções ou acordos internacionais, ratificados e aprovados pela República Federativa do Brasil. 1º Poderá ser aplicado o Princípio da Reciprocidade, em relação à habilitação estrangeira, não amparada por convenções ou acordos internacionais. 2º O órgão máximo executivo de trânsito da União informará aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados e do Distrito Federal a que países se aplica o disposto neste artigo. 3º O condutor de que trata este artigo, após o registro do reconhecimento no órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, deverá portar, obrigatoriamente, a carteira de habilitação estrangeira dentro do prazo de validade, acompanhada de sua tradução juramentada e de documento de identificação. 4º O condutor estrangeiro, após prazo de 180 (cento e oitenta) dias de estada regular no Brasil, deverá, se pretender conduzir veículo automotor, submeter-se aos Exames de Aptidão Física e Mental e Avaliação Psicológica, nos termos do artigo 147 do CTB, respeitada a sua categoria, com vistas à obtenção da CNH brasileira. 5º Na hipótese de mudança de categoria deverá ser obedecido o disposto no artigo 146 do CTB. 6º O disposto nos parágrafos anteriores não será aplicado aos diplomatas ou cônsules de carreira, e àqueles a eles equiparados. 7
8 Art. 30. O estrangeiro não habilitado, com estada regular no Brasil, pretendendo habilitar-se para conduzir veículo automotor em Território Nacional, deverá satisfazer todas as exigências previstas na legislação de trânsito. Art. 31. Quando o condutor habilitado em país estrangeiro cometer infração de trânsito, cuja penalidade implique na proibição do direito de dirigir, a autoridade competente de trânsito tomará as seguintes providências, com base no artigo 42 da Convenção sobre Trânsito Viário, celebrada em Viena, promulgada pelo Decreto nº , de 10 de dezembro de 1981: I recolher e reter o documento de habilitação, até que expire o prazo da suspensão do direito de usá-la, ou até que o condutor saia do território nacional, se a saída ocorrer antes de expirar o citado prazo; II comunicar à autoridade que expediu ou em cujo nome foi expedido o documento de habilitação, a suspensão do direito de usá-lo, solicitando que notifique ao interessado da decisão tomada; III indicar no documento de habilitação, que o mesmo não é válido no território nacional, quando se tratar de documento de habilitação com validade internacional. Parágrafo único. Quando se tratar de missão diplomática, consular ou a elas equiparadas, as medidas cabíveis deverão ser tomadas pelo Ministério das Relações Exteriores. Art. 31A. O Brasileiro habilitado no exterior, para conduzir veiculo automotor no Território Nacional, deverá cumprir o disposto no 3º do artigo 29 desta Resolução (acrescido pelo art. 2º da Resolução nº 169, 17/03/2005). Art. 32. O condutor com Habilitação Internacional para Dirigir, expedida no Brasil, que cometer infração de trânsito cuja penalidade implique na suspensão ou cassação do direito de dirigir, terá o recolhimento e apreensão desta, juntamente com o documento de habilitação nacional, pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal. Parágrafo único. A Carteira Internacional expedida pelo órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado e do Distrito Federal não poderá substituir a CNH.". 8
9 Desta forma, estabelecendo as normas do CONTRAN os procedimentos necessários para o processo de habilitação e os exames de habilitação, prevendo o exame de direção veicular, o exame teórico-técnico, o exame médico e a avaliação psicológica, assim como determinados em atos internacionais - Artigo IV - 5, do Acordo sobre Regulamentação Básica Unificada de Trânsito, assinado com base no Tratado de Montevidéu, poderá o DETRAN/RS, com fundamento na Portaria nº 178, de 15 de setembro de 2003, "não reconhecer, para fins de condução de veículo automotor nas circunscrições do Estado do Rio Grande do Sul, a carteira de habilitação paraguaia, cujos titulares sejam brasileiros e estrangeiros com visto (RNE) temporário ou permanente que tenham residência fixa no Brasil", se não portarem, juntamente com a Carteira de Habilitação paraguaia, certidão da autoridade competente pela emissão do documento, que contemple a submissão do condutor a todos os exames previstos na legislação, visada pela autoridade consular do Brasil no Paraguai (artigos 1º e 2º). Neste sentido, o ato administrativo é válido, pois apenas adota medidas fiscalizatórias para garantir o cumprimento, em seu território, das disposições constantes dos acordos internacionais que exigem a realização dos exames previstos na legislação brasileira. Nesta manifestação foram enfocados apenas aspectos legais com base nos elementos fornecidos pelo administrador público. Geral do Estado. À consideração da Coordenação desta Procuradoria- É o parecer, smj. Porto Alegre, 25 de outubro de Andrea Trachtenberg Campos Procuradora do Estado SPI /03-5 9
10 Processo nº /03-5 Acolho as conclusões do PARECER nº , da Procuradoria do Domínio Público Estadual, de autoria da Procuradora do Estado Doutora ANDREA TRACHTENBERG CAMPOS. Restitua-se o expediente ao Excelentíssimo Senhor Secretário de Estado dos Transportes. Em 29 de dezembro de Helena Maria Silva Coelho, Procuradora-Geral do Estado.
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