NOVOS PADRÕES DE PRODUÇÃO AVÍCOLA
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- Rachel Godoi Tuschinski
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1 NOVOS PADRÕES DE PRODUÇÃO AVÍCOLA José Eduardo Butolo Colégio Brasileiro de Nutrição Animal (CBNA) Supre Mais Nutrição Animal Avicultura de corte Situação atual Atualmente, para produzirmos um frango de corte em 49 dias, com peso de abate de g (lotes mistos) e atendendo todos os requisitos técnicos adequados, tais como, instalação (galpão), equipamentos, manejo, sanidade e nutrição, dispomos apenas de horas, portanto, não temos tempo a perder, uma vez que seremos penalizados financeiramente por qualquer falha. Essa produção é possível dentro de determinados pré-requisitos. Mas, a realidade é outra, pois são perseguidos ganhos econômicos, objetivando frangos com mais peso e menos ração, maior consumo no menor espaço de tempo, maior peso com menor custo, menor quantidade de equipamentos dispostos nas mesmas instalações de dez ou quinze anos atrás, alojando um maior número de aves/m 2 e esperando uma produção de 40 kg de carne de frango por m 2, de um produto saudável e sem risco para o consumidor. O impossível se faz de momento, mas o milagre demora um pouco mais. Devemos estar conscientes de que, para atingirmos maior produtividade, temos que planejar adequadamente o estado de arte, uma vez que, além de adequarmos o que é bom para as aves, temos que atender um mercado em constante crescimento, cada vez mais competitivo e exigente. Não podemos esquecer também, que sendo o Brasil um país exportador, é importante reconhecer que a Cadeia Alimentar Avícola está sendo minuciosamente examinada, de um modo nunca antes experimentado, que vai desde o Avozeiro, que produz as matrizes produtoras dos pintos de cortes, criados para produzirem o frango nosso de cada dia, até o consumidor final, passando pelo criador, abatedouro, processamento, distribuição, atacado e varejista. É muito importante entendermos as atividades e os acontecimentos de todos os aspectos da Cadeia Alimentar e a relação entre o consumidor, o varejista e o fornecedor do frango (criadores independentes, empresas avícolas e as integrações). Está muito claro que a garantia total de segurança do alimento não é uma opção, mas sim uma necessidade e devemos estar conscientes de que a produção de alimentos é no seu sentido mais amplo, um negócio altamente tecnificado e nenhum tipo de risco pode ser tolerado. Essa segurança alimentar está estabelecida em quatro dimensões: Segurança para o animal (ave) Segurança para o meio ambiente 1
2 Segurança para o operador Segurança para o consumidor O operador (criador de frango) tem um papel muito importante a cumprir e passa a ser um decisor na Cadeia Alimentar, pois qualquer falha durante o período de criação poderá afetar qualquer um dos pontos da segurança da mesma. Requisitos básicos para atingirmos a produtividade econômica Para atingirmos o objetivo acima, devemos adotar um sistema de produção, explicando antes o uso da palavra sistema e não programa. Um programa tem início, meio e fim, além de ser estático e considerado como verdade absoluta, enquanto que dentro da nossa ótica, a denominação de sistema é mais adequada, pois além de ter a mesma composição do programa, é dinâmico e mutável frente a novas técnicas e informações, sendo, portanto, alterado sempre que necessário. Dessa forma a nossa proposição Sistema de Produtividade Econômica abrangerá os seguintes pontos: Planejamento e local da produção: viabilidade econômica do projeto. Instalações: tipos e dimensões vantagens e desvantagens. Equipamentos: Aquecedores: tipos - custo e benefício Bebedouros: tipos - vantagens e desvantagens Água: importância e qualidade Comedouros: tipos - vantagens e desvantagens Iluminação: tipos - importância Controle ambiental: conforto e equipamentos Criação: sexos separados - vantagens e desvantagens. Nutrição: Programas de alimentação Ingredientes - tipos e qualidade 2
3 Manejo: Dos pintos nas primeiras semanas Dos frangos até a saída para o abate Carregamento dos frangos para o abate - cuidados especiais Desinfecção do galpão após a saída do lote Avaliação dos resultados Respostas biológicas em frangos de corte com aditivos Os aditivos (microingredientes de alimentação) vêm sendo largamente utilizados, tanto em suinocultura como em avicultura, desde a sua descoberta, ou seja, há mais de 50 anos. A sua utilização tem sido uma excelente ferramenta, contribuindo para a obtenção de bons índices de produtividade, em doses pré-estabelecidas, onde podemos observar melhores índices de crescimento e eficiência alimentar, melhoria da performance reprodutiva, além de reduzir a mortalidade e morbidade. Quanto às respostas biológicas de frangos de corte, levantadas no período de 1950 a 2000, os dados do quadro abaixo sumarizam resultados de experimentos conduzidos nos últimos 50 anos, onde podemos observar a efetividade da melhoria dos índices zootécnicos (ganho de peso e eficiência alimentar), com conseqüente redução no custo de produção por quilo de frango produzido. Tabela 1 Performance de frangos de corte /2000 (Resumo) % de Melhoria Período (ano) Semanas de N o de Ganho de Conversão Idade Experimentos Peso Alimentar 1950 a 1977 (a) 4 sem ,76 4,43 8 sem ,90 2, a 2000 (b) 3 sem ,15 3,94 7 sem ,40 3,26 (a) Hays and Muir (1979) - aditivos (microingredientes de alimentação) utililizados: Tetraciclinas,Penicilina, Bacitracina, Arsenicais, Virginamicina, Flavomicina, Nitrovin, Olaquindox, Lincomicina. (b) Butolo (2001) - levantamento efetuado em trabalhos de pesquisa (U.S.A./U.E./Brasil) - aditivos (microingredientes de alimentação) - pró-nutrientes Novos padrões de produção avícola A avicultura de corte tem observado uma constante evolução nos parâmetros zootécnicos, graças à genética, à nutrição, ao manejo e às adaptações nas instalações, com o objetivo de propiciar melhor conforto ambiental às aves de corte, que permita às mesmas evidenciarem todo o seu potencial genético no tocante a uma maior produtividade e a um menor custo por quilo produzido. 3
4 Apesar de todas essas possibilidades, a preocupação com a saúde pública tem sido uma constante, mesmo que, cientificamente nada tenha sido comprovado de que os aditivos nutricionais utilizados nas rações das aves, suínos e bovinos possam deixar resíduos nos alimentos, que provoquem impactos negativos à saúde do homem ou que a utilização desses microingredientes possa provocar, sob a luz da ciência, a migração de bactérias resistentes dos animais para o organismo humano. Temos observado nos últimos anos uma pequena, porém crescente, procura por alimentos de origem vegetal, produzidos sem a utilização de agrotóxicos; de origem animal, ovos e carne de frango com selo verde ou produtos alternativos, produzidos sem a utilização de qualquer aditivo ou microingrediente de alimentação, mesmo que apresentem custos de produção mais elevados e que tenham que utilizar uma maior quantidade de alimento para produzir um quilo de carne de frango. Tabela 2 Resultados zootécnicos e econômicos de dois sistemas de criação Parâmetros Normal* Alternativo ** Diferença Aves alojadas (milhões) Idade - dias dias Consumo ração (g) ,37% Peso médio (g) ,53% Mortalidade % 4,57 12,80 180,08% G.P.D. (g) ,67% Conversão alimentar 2,060 2,488 20,77% Índice de eficiência*** % Custo de produção (US $/kg)**** 0,359 0,427 18,94% * com adição de promotores de crescimento e agente anticoccidiano ** sem adição de promotores de crescimento e agente anticoccidiano *** I.E.P. = Mortalidade x G.P.D. (kg x 100 / Conversão Alimentar **** US$ médio/2000-1us$ = R$ 1,829 Dados médios de 12 meses (1999/2000) A demanda por produtos da avicultura, denominados alternativos, face às exigências de mercado e às proibições do uso de alguns aditivos por princípio de precaução, tem provocado uma melhoria nas técnicas de criação desse segmento e os resultados zootécnicos têm apresentado melhores índices de mortalidade, maior ganho de peso diário, com conseqüente melhoria no índice de eficiência produtiva; os custos de produção, porém, ainda são elevados, ficando na faixa de 15%. No Estado de São Paulo, foi criada em junho de 2001, uma associação de produtores de aves, sem o emprego, na alimentação, de antibióticos, anticoccidianos, promotores de crescimento, quimioterápicos e ingredientes de origem animal, denominada Associação de Avicultura Alternativa AVAL e esforços têm sido efetuados junto ao Ministério da Agricultura, para a criação de normas que estabeleçam critérios para a produção, abate, controle laboratorial e certificação de frangos criados sem a utilização dos ingredientes e aditivos citados anteriormente. Segundo as normas, os microingredientes de alimentação permitidos são: 4
5 Probióticos Prébióticos Simbióticos Produtos de exclusão competitiva Imunoestimulantes naturais Extratos de plantas Óleos essenciais Ácidos orgânicos Enzimas Adsorventes de micotoxinas Antioxidantes Vacinas contra a coccidiose e outras devidamente registradas em documentos específicos. Quanto ao controle sanitário, os lotes criados deverão ser submetidos aos controles sanitários referentes ao Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA). Em outros países da América Latina, associações têm sido criadas e a Fundação AMBIO da Costa Rica realizou em 2001, o primeiro curso de Avicultura Alternativa em nível latinoamericano. Caracterização dos sistemas de criação de frangos de corte Frango Convencional: frango de exploração comercial, intensiva, utilizando-se linhagens comerciais geneticamente selecionadas para alta taxa de crescimento e excelente eficiência alimentar, cuja alimentação é constituída de ingredientes de origem vegetal e ou animal, sem restrições ao uso de aditivos (microingredientes de alimentação animal), utilizados com base nas especificações dos fabricantes, observando-se os períodos de retirada seguros para os animais, para o homem e para o meio ambiente. A segurança dos aditivos e os limites máximos de resíduos (MRL) são estabelecidos pelas autoridades responsáveis pela legislação, segundo normas e recomendações do Codex Alimentarius e Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo monitorado regularmente pelas autoridades responsáveis do Ministério da Agricultura Brasileiro. 5
6 Frango Caipira ou Frango Colonial: frango de exploração comercial extensiva, após 25 dias de idade, recomendando-se 3 metros quadrados de pasto por ave, cuja alimentação é constituída por ingredientes exclusivamente de origem vegetal, sendo proibido o uso de aditivos (microingredientes de alimentação animal), promotores de crescimento e ou de eficiência alimentar. As linhagens utilizadas são específicas para esse tipo de criação, sendo vedadas as linhagens de frangos de corte utilizadas na exploração comercial intensiva. O abate dessas aves realiza-se com a idade mínima de 85 dias e este tipo de criação está regulamentado através do Ofício Circular DOI/DIPOA, n o 007 / 1999 de 19 de maio de 1999, complementado pelo Ofício Circular DOI / DIPOA n o 014 / 2000 de 11 de maio de Frango Orgânico: frango de exploração comercial intensiva e ou extensiva, cuja alimentação é constituída exclusivamente de ingredientes de origem vegetal, cultivados sem a utilização de defensivos e fertilizantes químicos. Os pintos de um dia devem ser provenientes de criações orgânicas, as instalações, onde se alojam essas aves, devem garantir o bem estar animal e a lotação máxima é de 10 aves/m 2, considerando a área de piso do aviário e de 5 aves/m 2, considerando a área de pastejo/solário. É vedada a utilização de aditivos (microingredientes de alimentação animal) nos alimentos a serem fornecidos a esses animais. Frango Alternativo: frango de exploração comercial intensiva, com densidade máxima de alojamento inicial de 13 aves/m 2, resultando em uma produção máxima de 30 kg/m 2 ao final do período de criação, cuja alimentação é constituída exclusivamente de ingredientes de origem vegetal e mineral inorgânico. Os aditivos (microingredientes de alimentação) permitidos com base nas especificações dos fabricantes, observando-se os períodos de retirada são: probióticos, prebióticos, simbióticos, produtos de exclusão competitiva, imunoestimulantes naturais, extratos de plantas (nutracêuticos), óleos essenciais, ácidos orgânicos, enzimas, adsorventes de micotoxinas, antioxidantes e nucleotídeos. É permitida a utilização de vacinas virais vivas e vacinas contra a coccidiose. Os lotes de aves devem ser submetidos aos controles sanitários referentes ao Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA). O objetivo da produção do frango alternativo é a obtenção de produtos com atributos diferenciados e de qualidade certificada, utilizando-se de tecnologias adequadas, respeitando o bem estar animal, a saúde do homem, o meio ambiente e oferecendo produtos com segurança alimentar, garantindo a rastreabilidade, a satisfação e a confiança dos consumidores. Considerações finais A avicultura de corte globalizada realizou na última década um excelente trabalho, otimizando eficiência em todos os aspectos produtivos e encerrando o milênio com uma produção, em nível mundial, de aproximadamente 28 bilhões de frangos por ano. Nos próximos cinco anos esta produção chegará a 65 bilhões de frangos. 6
7 Inovação, qualidade e competitividade serão as condições básicas para a produção de bens e produtos de alto valor agregado, um requisito para a participação e sobrevivência das nações em desenvolvimento no mercado globalizado. A indústria avícola continuará expandindo-se, já que os preços para os consumidores serão os mais atraentes e os produtos, saudáveis e seguros para a saúde humana e sem restrições culturais. Para continuar sustentando essa vantagem competitiva, a avicultura de corte globalizada precisará manter essa boa reputação e construir uma forte relação entre os consumidores, principalmente através do esclarecimento de dúvidas que porventura possam existir. A produtividade, em termos biológicos e econômicos, continuará atingindo índices de melhoria quanto à viabilidade (97%), peso de abate (2,55kg), conversão alimentar (1,7), ganho diário (62g), período de criação (41 dias) e custos cada vez mais competitivos. A concretização desses objetivos estará na dependência do melhoramento genético, da indústria farmacêutica, da nutrição e da ambiência. A produção alternativa de novos sistemas de criação tem um custo mais elevado, acessível apenas a uma faixa muito limitada da população e sem dúvida a tendência para alimentos livres de aditivos observada de forma mais clara nos países com alto padrão de vida, está na contramão da crescente necessidade mundial de volumes a baixos custos de produção. Por outro lado é necessário refletir sobre as tendências e preferências dos consumidores, exigindo um perfil de qualidade diferenciado, que tem crescido e possibilitado oportunidades de mercado valiosas. Essa preferência está balizada na saúde do consumidor e espera-se da ciência, substitutos para os atuais aditivos, que conservem a eficiência, aliada a um custo compatível. 7
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