De forma espontânea, Rio 2016 dá suporte à causa gay

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1 OFERECIMENTO BOLETIM ESPECIAL JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016 De forma espontânea, Rio 2016 dá suporte à causa gay POR ADALBERTO LEISTER FILHO, DO RIO DE JANEIRO Voluntária pedindo jogadora em casamento, campeã olímpica assumindo abertamente relação com outra mulher, estrela do basquete revelando ser gay a dois dias dos Jogos. Uma transsexual com papel de destaque na cerimônia. O Rio 2016 tem tudo para ser a Olimpíada mais aberta à causa gay na história. A coisa mais importante é que as jogadoras apoiam umas às outras e nos EDIÇÃO 570 TERÇA-FEIRA, 16 DE AGOSTO DE 2016 sentimos confortáveis para falar sobre qualquer coisa que quisermos, afirmou a ala-armadora Elene Delle Donne, integrante da seleção americana de basquete e eleita MVP (melhor jogadora) da WNBA em Entre os assuntos que não são tabu no grupo está a homossexualidade de Elene, que contou estar noiva de Amanda Clifton, sua ex-colega de time. Marjorie Enya, de camisa amarela, e a atleta brasileira do rúgbi Isadora Cerullo, celebram após o sim da atleta ao pedido de casamento feito logo após o fim das competições da modalidade no Rio 2016; Jogos têm aberto espaço para defesa da causa gay 1

2 O Rio mostra uma tolerância às diferenças que não foi vista nos Jogos de Inverno de Sochi, em Na ocasião, a Rússia impôs uma lei anti-gay, que igualava o homossexualismo à pedofilia, o que causou protestos de atletas. No Rio, um jornalista americano utilizou o Grindr, aplicativo de encontros, para expor atletas gays, incluindo de alguns países em que o homossexualismo é considerado crime. A reportagem sofreu fortes críticas, foi retirada do ar e mereceu a repulsa inclusive do COI (Comitê Olímpico Internacional). Esse tipo de reportagem é simplesmente inaceitável, afirmou a entidade. Recentemente, o COI tem se mostrado muito mais aberto a defender causas de minorias. E os Jogos no Rio têm mostrado que há espaço para que eles sejam usados também para isso. Mas, por trás do liberalismo dos costumes na Vila Olímpica, porém, se esconde um dos países com maiores índices de violência contra homossexuais. Uma pessoa LGBT é morta no Brasil a cada 27 horas. De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia, pessoas foram assassinadas em ataques homofóbicos no país durante o último ciclo olímpico. Só no ano passado foram registrados 318 homicídios contra gays no país. 494mi GRANDES NÚMEROS de interações foram feitas no Instagram desde a abertura dos Jogos, no último dia 5; Neymar, Phelps e Simone Biles são os atletas com maior engajamento na rede 11 PATROCÍNIO centímetros além da sua melhor marca até então fez o brasileiro Thiago Braz no salto com vara ANITA WLODARCZYK, 82,29m DA POLÔNIA, OBTEVE NO MARTELO; NOVO RECORDE MUNDIAL 32.7 MICHAEL PHELPS GANHOU SEU ÚLTIMO OURO MILHÕES DE PESSOAS ESTAVAM LIGADAS NA NBC, NOS EUA, QUANDO 2 75% a mais de acessos à plataforma Now, da Net, acontece agora no Rio em relação a 2012

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4 OPINIÃO Arthur Nory exemplifica o despreparo dos atletas do país Arthur Nory é um grande exemplo do quanto que o despreparo no gerenciamento de imagem pode ser prejudicial a um atleta. Após a conquista de uma medalha olímpica, provavelmente o momento mais importante de sua carreira, muito se falou na imprensa sobre declarações racistas de seu passado. Em redes sociais, viu-se gente recusando celebrar a vitória por isso. Eu não conheço Arthur Nory. Creio que ele cometeu a terrível inocência de achar que uma piada é só uma piada em um país como o Brasil. Uma coisa é fato: condená-lo eternamente pela declaração infeliz feita aos 20 anos não será feito jamais neste espaço. Ressaltado isso, o vídeo com a piada jamais poderia ter sido divulgado. Qualquer atleta de uma grande confederação deveria ter o mínimo de instrução para saber que o comentário a um colega negro era absolutamente inapropriado. Deveria, também, saber fazer melhor uso de redes sociais, falar com a imprensa e se relacionar com patrocinadores (atuais e potenciais). Nory não foi o único. O nadador POR DUDA LOPES novos negócios da Máquina do Esporte Bruno Fratus desfilou grosseria a uma jornalista após derrota. E justificou isso com declarações tolas, dizendo-se genuíno. Ele havia sido o sexto melhor do mundo em sua prova. E ainda assim conseguiu sair da piscina como vilão. Só ele perdeu com o despreparo. Adalberto Leister Filho disse aqui que os brasileiros são mimados. Mas com tanta trapalhada, é cada vez mais difícil a mídia, público e patrocinador dar algum mimo a quem não é ouro. COI anuncia que Bridgestone será patrocinadora do Canal Olímpico POR REDAÇÃO, DO RIO DE JANEIRO O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Bridgestone aproveitaram a realização dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro para anunciarem um patrocínio da fabricante de pneus ao Canal Olímpico, que será lançado dia 21 de agosto, ao fim das Olimpíadas do Rio. O canal é a nova aposta do COI em plataforma digital. O comitê fará conteúdo em vídeo para as redes sociais, numa tentativa de chegar ainda mais próximo ao público jovem. A Bridgestone será patrocinadora do canal até 2020, quando os Jogos acontecem em Tóquio, no Japão, país de origem da fabricante de pneus. Com esse novo acordo, esperamos trabalhar ainda mais próximos para levar o Canal Olímpico para todos os fãs ao redor do mundo, afirmou Thomas Bach, presidente do COI. A Bridgestone, que tem usado os Jogos para aliar a performance esportiva com a alta tecnologia e performance dos pneus de carros, fará com que o patrocínio acentue a presença da marca entre os consumidores mais jovens. Nosso patrocínio olímpico mundial é a primeira plataforma de marketing de fato global na história da nossa companhia. O Movimento Olímpico é universal e nós seguimos fortalecendo o apoio de longo prazo da Bridgestone ao esporte, disse por meio de nota Masaaki Tsuya, CEO global da Bridgestone. A meta do COI com o Canal Olímpico é fazer com que o fã tenha contato com os Jogos perenemente, sem ser só a cada quatro anos. 4

5 Após prata, técnico de Arthur Zanetti ataca apoio de militares POR REDAÇÃO, DO RIO DE JANEIRO Quando estava para receber sua medalha de prata nas argolas, o ginasta Arthur Zanetti fez questão de ressaltar que era também um sargento. No segundo lugar mais alto do pódio, prestou continência, símbolo de reverência dos militares. A atitude, que tem sido tomada pelos atletas brasileiros que são militares, serviu como motivo para o seu treinador, Marcos Goto, atacar o tipo de apoio dado pelo governo por meio dos militares. Gostaria que os militares fizessem um trabalho de base. Agora, apoiar atleta de alto nível é muito fácil. No dia em que os militares formarem crianças, apoiar a iniciação, treinador, aí eu tiro o chapéu. Pegar o atleta pronto é muito fácil. Até eu. Quem dá treino a meu atleta sou eu, não os militares, disse. Goto tem se especializado em reclamar. Em Londres 2012, depois do ouro de Zanetti, criticou a falta de patrocinadores e apoio ao atleta, mesmo tendo Zanetti dois patrocinadores pessoais à época. Em 2013, ele chegou a dizer que o brasileiro poderia encerrar a carreira ou se mudar para o exterior para poder ter condições mínimas de treino. Pouco depois, um acordo foi feito com a prefeitura de São Caetano do Sul, que investiu em estrutura para que ele ficasse lá. Agora, com Zanetti tendo mais de cinco patrocinadores, entre eles Adidas, Caixa, Embratel, Claro e Furnas, o treinador decidiu disparar contra o apoio das Forças Armadas. A estratégia de usar o apoio dos militares ao esporte vem desde 2011, quando o Brasil recebeu os Jogos Mundiais Militares e contou com os atletas de elite para ter um bom desempenho na competição. Desde então, o governo passou a alistar atletas em diversas funções. Recebendo salário e cumprindo algumas obrigações militares, esses atletas competem em Jogos Militares e, também, prestam a continência na hora da medalha em torneios entre civis, como o Rio Zanetti, por exemplo, apenas em 2016 se alistou na Força Aérea. Em nota, o Ministério da Defesa diz que, além do Programa de Atletas de Alto Rendimento, a pasta investe na formação de atletas por meio do Programa Social Forças no Esporte, em 89 municípios. 5

6 PERSONAGEM DO DIA BRASIL Thiago Braz SALTO COM VARA POR ADALBERTO LEISTER FILHO Parecia improvável: a noite chuvosa de novo à frente de Thiago, que precisou de dois saltos para ultrapassar e com ventania, a pressão de disputar uma final olímpica em casa, a ausência de um título importante na cate- o sarrafo e passou os 5,98 m, marca a marca. Foi quando o francês subiu goria adulta, um recordista mundial nunca antes alcançada pelo brasileiro. como maior adversário... Nada disso Ali, Thiago tinha duas escolhas: tentar passar os 5,98 m, o que ainda ga- serviu de empecilho para a conquista de Thiago Braz, o primeiro brasileiro rantiria a liderança ao francês, ou buscar a improvável marca de 6,03 m, dez campeão olímpico no salto com vara. A prova se desenrolou como o esperado. Um a um os oponentes fo- sua carreira. Optou pelo improvável. centímetros acima do melhor salto da ram sendo eliminados. O francês Renaud Lavillenie, campeão olímpico e tisfeito com a prata. Mas quando ele Quando passei 5,93 m já estava sa- recordista mundial, passou a ocupar passou 5,98 m, escutei de Deus que a liderança a partir de seu segundo eu teria que passar para 6,03 m. Fui salto, com o sarrafo a 5,85 m. Com a conversar com meu treinador. Ele falou: Passa para 6,03 m, contou. altura de 5,93 m, só restavam na competição o brasileiro e o francês. Lavillenie errou duas vezes. Depois, Lavillenie, que havia superado a altura em sua primeira tentativa, estava O improvável ouro foi subiu o sarrafo para 6,08 m. Não deu. brasileiro. O PRIMEIRO DA HISTÓRIA Nasceu no dia 16 de dezembro de 1993 Em 2010, ganhou os Jogos da Juventude Em 2014, decidiu mudar-se para a Itália e treinar com Vitaly Petrov, ex-técnico de Sergei Bubka As vaias da torcida para o francês Renaud Lavilleine deixaramno tão irritado que ele comparou o Brasil à Alemanha racista de 1936 contra Jesse Owens. Depois, o atleta se desculpou 6

7 QUADRO DE MEDALHAS 1. ESTADOS UNIDOS GRÃ-BRETANHA CHINA RÚSSIA ITÁLIA ALEMANHA FRANÇA JAPÃO AUSTRÁLIA BRASIL ONTEM FOI O PRIMEIRO DIA QUE O ESTADOS UNIDOS NÃO GANHOU UM OURO NOS JOGOS OLÍMPICOS; JÁ O BRASIL TEVE SEU MELHOR DESEMPENHO, COM TRÊS MEDALHAS, UMA DE CADA COR, QUE LEVARAM O PAÍS DE 28º A 16º LUGAR IMAGEM DO DIA Poliana Okimoto segura a medalha de bronze, com a torcida na praia de Copacabana ao fundo; ela conquistou o inédito pódio na maratona aquática após a desclassificação de Aurelie Muller, da França 7