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1 AGRAVO DE INSTRUMENTO. ECA. AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM PEDIDO DE APLICAÇÃO DE MEDIDA PROTETIVA. PEDIDO DE ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL DO ADOLESCENTE. CABIMENTO. SITUAÇÃO DE RISCO EVIDENCIADA. 1. No caso, o adolescente, dependente químico que não adere aos tratamentos à drogadição a si impostos, está em situação de risco, encontrando-se ainda envolvido em atos infracionais, inclusive um deles cometido contra sua irmã menor, o que levou à vedação de que se aproxime da residência materna. 2. Há indicativos, outrossim, de que seu genitor é alcoólatra, não honrando o compromisso que antes assumiu de cuidá-lo, e de que não possui outros parentes com quem possa residir. 3. Diante desse panorama, cabível o seu acolhimento institucional, que, antes de configurar cerceamento à sua liberdade, visa à preservação da sua integridade física e psicológica. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. AGRAVO DE INSTRUMENTO OITAVA CÂMARA CÍVEL COMARCA DE IVOTI M.P. E.N. L.S.R. M.I. AGRAVANTE AGRAVADO AGRAVADO AGRAVADO A CÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos os autos. 1

2 Acordam os Desembargadores integrantes da Oitava Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento ao agravo de instrumento, nos termos dos votos a seguir transcritos. Custas na forma da lei. Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes Senhores DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (PRESIDENTE) E DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ. Porto Alegre, 24 de maio de DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL, Relator. R E L ATÓRIO DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL (RELATOR) Trata-se de agravo de instrumento interposto pelo MINISTÉRIO PÚBLICO, inconformado com a decisão interlocutória que, nos autos da ação civil pública, visando à aplicação de medida protetiva em favor de A. R. N., movida em desfavor de E. N., L. dos S. R. e do MUNICÍPIO DE IVOTI, indeferiu o pedido liminar de acolhimento institucional do adolescente. Afirma que A. vem sendo acompanhado de longa data por conta de seu envolvimento em diversos atos infracionais e de sua dependência química, tanto que em março de 2011 foi autorizada a sua 2

3 internação compulsória para o tratamento à drogadição, o qual não foi aderido pelo adolescente. Refere que o pedido de acolhimento institucional não se fundamenta, por si só, na necessidade de tratamento terapêutico, mas principalmente no fato do menor não ter para onde ir após alta do hospital no qual se encontra internado e da forte probabilidade de que retorne ao convívio com traficantes, com os quais estava vivendo antes da internação, quiçá traficando (consoante noticiado por sua genitora). Salienta que A. não pode retornar ao lar de sua genitora, por conta dela residir com sua irmã A. K., da qual está impedido de se aproximar, por força de medida judicial de proteção à menina, manifestando, ainda, ser incabível o seu regresso à morada do seu genitor, eis que há fortes indicativos de ser alcoólatra e irresponsável. possa residir. Aduz que o adolescente não possui outros parentes com o qual Requer a concessão de liminar e, por fim, o provimento do recurso, para que seja determinado o acolhimento institucional do adolescente Alan (fls. 2/5). as informações (fl. 53). Indeferida a liminar postulada (fls. 49/50), foram apresentadas Sem a apresentação de contrarrazões, opinou o Ministério Público pelo provimento do recurso (fls. 55/56). É o relatório. 3

4 V O TOS DES. RICARDO MOREIRA LINS PASTL (RELATOR) Eminentes colegas, em que pese num primeiro momento tenha indeferido a liminar postulada, melhor analisando a matéria, tenho que o recurso deve ser provido, a fim de determinar o imediato acolhimento institucional do adolescente A É que a situação do adolescente A., de 17 anos de idade (fl. 6), é extremamente preocupante, eis que, além de ser dependente químico e não aderir aos tratamentos à drogadição a si impostos (fls. 22/33), encontrase envolvido na prática de atos infracionais (consulta realizada no sítio desta Corte de Justiça), estando ainda proibido de se aproximar da residência materna, já que responde e procedimento para apuração de ato infracional análogo ao estupro cometido contra sua irmã A. K. (fls. 12/14, 26/27, 29 e 43). Além disso, há indícios de que seu genitor é alcoólatra (fls. 34/42) e de que deixou de cumprir o termo de responsabilidade assinado perante ao Conselho Tutelar (termo firmado em 26/12/2011, fl. 38). Nesse contexto, vê-se que o adolescente A. está em flagrante situação de risco, já que, após a sua alta hospitalar, não terá para onde ir (considerando a notícia de que ele encontra-se hospitalizado em São Leopoldo, em razão de um procedimento cirúrgico, fl. 11), já que se encontra proibido, como dito, de retornar ao lar materno, não sendo materialmente possível, por outro lado, neste momento, sua permanência ao lado do genitor. 4

5 Na mesma linha, e em que pese ainda pensa de devida apuração durante a instrução do feito, a genitora suspeita que o seu filho possa fugir para local desconhecido após a sua alta hospitalar e que ele esteja envolvido com tráfico de drogas (fl. 11), não podendo, o adolescente, neste ínterim, ficar sem moradia, ainda mais considerando a menção de que não possui outros parentes com o qual possa residir (sic, fl. 4), valendo destacar, por oportuno, que a determinação de acolhimento institucional do rapaz não configura cerceamento à sua liberdade, porquanto visa à preservação da sua integridade física e psicológica, longe da situação de risco que está vivendo, como bem salientou o nobre Des. Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, em situação análoga à presente (HC n.º , 7ª CC, TJ, julgado em 28/09/2011). Assim sendo, e considerando que não acolher o pretendido é deixar o jovem sem qualquer suporte e não viabilizar uma mudança de comportamento já iniciada por ocasião da internação compulsória, violando o preconizado no artigo 5º do Estatuto da Criança e Adolescente, como apontado pela insigne Procuradora de Justiça, Dra. Heloísa Helena Zigliotto, dou provimento ao recurso para determinar o acolhimento institucional do adolescente A ANTE O EXPOSTO, dou provimento ao recurso para determinar o acolhimento institucional do adolescente. DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS (PRESIDENTE) - De acordo com o(a) Relator(a). DES. ALZIR FELIPPE SCHMITZ - De acordo com o(a) Relator(a). 5

6 DES. LUIZ FELIPE BRASIL SANTOS - Presidente - Agravo de Instrumento nº , Comarca de Ivoti: "DERAM PROVIMENTO. UNÂNIME." Julgador(a) de 1º Grau: CAROLINA ERTEL 6

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