Memorias Convención Internacional de Salud Pública. Cuba Salud La Habana 3-7 de diciembre de 2012 ISBN
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- Antônio Lameira Fragoso
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1 A REPRESENTAÇAO FORMAL DAS INSTITUIÇOES DE ENSINO SUPERIOR NOS CONSELHOS MUNICIPAIS DE SAUDE DO DEPARTAMENTO REGIONAL DE SAUDE - 1 DO ESTADO DE SÃO PAULO: UMA REALIDADE BRASILEIRA. LA REPRESENTACIÓN FORMAL DE LAS INSTITUCIONES DE EDUCACIÓN SUPERIOR EN CONSEJOS MUNICIPALES DE SALUD DEL DEPARTAMENTO REGIONAL DE SALUD - 1 DE SÃO PAULO: UNA REALIDAD BRASILEÑA Larissa Gabrielle Ramos 1, Wilson Mestriner Junior 2, Bárbara Grazielle Ramos 3 RESUMO: A participação da sociedade civil nas políticas públicas, o Controle Social, faz parte da história recente do país. O Movimento Sanitário foi fundamental neste processo, em especial na VIII CNS cujo projeto de sociedade apresentado inspirou a Constituição de Mas foi somente com a Lei de 1990 que se oficializam os Conselhos de Saúde com paridade na representação da sociedade para a gestão do SUS. As primeiras reflexões sobre a Reforma Sanitária Brasileira ocorreram através dos movimentos sociais e no interior das instituições de Saúde, incluindo as formadoras de recursos humanos. Este estudo teve por objetivo reconhecer a participação atual das Instituições de Ensino Superior (IES) em saúde nos espaços de Controle Social, identificando os representantes das IES nos Conselhos Municipais de Saúde (CMS) do 1 Cirurgião Dentista residente pelo Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família e Comunidade. (Universidade Federal de São Carlos) / SP Brasil. lari.gabrielle@gmail.com Cirurgião Dentista Professor Doutor da Universidade de São Paulo, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Departamento de Clinica Infantil e Odontologia Preventiva e Social / SP Brasil. 3 Fisioterapeuta residente pelo Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Integral a Saúde. (Universidade de São Paulo campus Ribeirão Preto) / SP Brasil.
2 DRS-I do Estado de São Paulo. Os municípios da DRS-I que possuem IES com cursos na área da saúde foram identificados através de uma fonte de dados secundários, a seguir verificou-se a composição dos CMS destes municípios através da consulta a canais públicos de informação. Dos 39 municípios que compõem a DRS-1, 14 possuem IES com algum curso na área da saúde, destes, 3 apresentam 1 vaga para representação destas instituições no CMS e 1 município tem 2 vagas não ocupadas no mandato vigente. Essa primeira aproximação alerta para a fragilidade quantitativa da participação das IES nos CMS, caracterizando a necessidade de, numa segunda etapa, se investigar sobre os motivos deste esvaziamento e a real contribuição da participação atual. PALAVRAS-CHAVES: Participação Social, Controle Social, Conselhos de Saúde, Instituições de Ensino Superior. Introdução A participação da sociedade civil nas políticas públicas faz parte da história recente do país. Desde a Constituição Federal de 1988 recebeu diversas denominações como participação da comunidade, participação da sociedade e, o termo que usaremos neste trabalho, o Controle Social. Este último apresenta certa ambiguidade, pois pode expressar tanto as formas de controle do Estado sobre a sociedade, quanto o controle da sociedade civil sobre o Estado. Aqui o trataremos como a ação da sociedade civil na gestão das políticas públicas para atender às demandas e os interesses da coletividade (1). Durante as décadas de 1970 e 1980, no contexto da transição/crise do autoritarismo do regime militar, ocorreu o fortalecimento da democratização e o aprimoramento da institucionalização da relação Estado-sociedade com a participação da sociedade organizada. O controle repressivo, centralizador e unidirecionado do Estado para a sociedade, transitou para o controle social, expresso pela coresponsabilidade entre Estado e sociedade nos diferentes conselhos (2).
3 Nesta conjuntura os movimentos sociais reivindicavam por demandas reprimidas durante o período autoritário como habitação, saúde, e educação. O Movimento Sanitário, os Movimentos Populares, o Movimento Sindical, passaram a abranger diversas temáticas como a questão das mulheres, dos negros, de crianças, dos índios e do meio ambiente, o que influenciou no processo de democratização e na formulação das políticas sociais, além de marcar a incorporação de órgãos de representação da sociedade à Constituição (3,4). Desde 1941 já havia espaços para a participação da sociedade nas políticas públicas de saúde, as Conferências Nacionais de Saúde (CNS). Porém as sete primeiras conferências apresentavam um caráter técnico e baixa representatividade social, tendo participação restrita a gestores e técnicos governamentais. O conceito e a forma de apresentação do Controle Social aparecem na VIII CNS, em março de 1986, na qual o poder executivo convoca a sociedade civil para o debate de políticas ou programas de governo (2). Nesta Conferencia, o Movimento Sanitário, movimento surgido das instituições de saúde incluindo as formadoras de recursos humanos, associações e profissionais de todas as categorias, em especial, as Universidades, os cursos de pós-graduação e outros, como a Associação Brasileira de Pós-Graduação (ABRASCO) e o Centro Brasileiro de Estudos em Saúde (CEBES) que canalizava o debate sobre as políticas de saúde, tornase grande catalisador das forças sociais dispersas. O que garantiu a proposição para a reformulação do Sistema Nacional de Saúde, através do movimento denominado Reforma Sanitária, orientando a proposta do movimento sanitarista no processo constituinte de 1988 e registrando o projeto de sociedade convergente de diversos grupos e atores sociais presentes naquele momento. (5). Como produto final da VIII CNS, tem-se a proposição do Estado em assumir uma política de saúde cujo controle seria realizado pela população, a garantia do acesso da população às informações necessárias ao controle social e a organização de um Conselho Nacional de Saúde cujas atribuições seriam de orientação do desenvolvimento e de avaliação do Sistema Único de Saúde, incluindo a definição de políticas, orçamento
4 e ações; a formação de conselhos de saúde nos níveis municipal, regional e estadual, cuja composição deveria incluir representantes eleitos pela comunidade (usuários e prestadores de serviços) e cuja atuação deveria abranger o planejamento, a execução e a fiscalização dos programas de saúde (2). A Constituição Federal de 1988 (6), promulgada após mais de dois anos da VIII CNS, incorpora em seu texto as principais diretrizes da 8ª CNS, porém, a participação da sociedade civil é apresentada de forma ambígua diante da ausência de critérios para sua efetivação, com o encaminhamento de que seja realizada de forma direta (nas instâncias colegiadas) ou indireta (por representantes eleitos). O texto não esclarece as condições em que esta ocorrerá, nem tampouco cita a dinâmica de constituição dos Conselhos e Conferências (1). A Lei Orgânica de Saúde (Lei nº 8.080/90) foi sancionada em setembro de 1990 e instituiu o SUS de acordo com princípios doutrinários e operacionais, tais como: universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência, integralidade de assistência, equidade, descentralização político-administrativa, regionalização e hierarquização e participação da comunidade (7). O texto desta Lei não foi aprovado na íntegra pelo ex-presidente do Brasil, Fernando Collor de Mello, que vetou o artigo 11, o qual previa que, em cada esfera de governo, fossem realizadas conferências de saúde e instituídos conselhos de saúde que teriam um caráter deliberativo. O veto teve como justificativa o fato de que caberia ao Presidente da República criar órgãos da Administração Pública. (2). Esse veto induz o Movimento Sanitário a pressionar o poder legislativo para uma tomada de posição, a fim de garantir a participação popular, no que seria logo depois traduzido na nova Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de1990 (8), que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde. Esta Lei prevê a realização das Conferências Nacionais de Saúde e a constituição do Conselho Nacional de Saúde, cujo objetivo é regulamentar a participação comunitária na
5 formulação e fiscalização das políticas de saúde exercidas pelo Estado. Em relação à forma de composição da representação dos usuários nos Conselhos e Conferências, a Lei nº 8.142/90, em seu parágrafo 4, estabelece que esta composição deverá ser paritária em relação aos demais segmentos. Quanto à organização das instâncias, o parágrafo 5 apresenta a proposição de que ambos deverão aprovar regimento para definir suas normas de organização (1). No ano de 1992, o Plenário do Conselho Nacional de Saúde aprovou a Resolução n. 33 de 3/12/1992, com o título Recomendações para constituição dos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde e encerra a distribuição da representação dos Conselhos. Tal Resolução define a paridade na representação da sociedade, sendo ela composta por 50% de representantes de usuários, 25% de representantes de trabalhadores da saúde e 25% de representantes de prestadores de serviços de saúde tanto públicos como privados (9). As Instituições de Ensino Superior em saúde teriam sua participação enquadrada dentre as vagas dos representantes dos trabalhadores e prestadores de serviços de saúde. Objetivo Norteado pela importância histórica dos movimentos sociais para a consolidação do Controle Social no SUS e pelo protagonismo das instituições de saúde dentre elas as instituições formadoras de recursos humanos através do Movimento Sanitário, o presente estudo teve por objetivo reconhecer a participação atual das Instituições de Ensino Superior (IES) em saúde nos espaços de Controle Social, tendo como unidade de análise os Conselheiros representantes das IES nos Conselhos Municipais de Saúde (CMS) do Departamento Regional de Saúde, DRS-I, do Estado de São Paulo, Brasil. Metodologia
6 A divisão administrativa da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo se faz através dos Departamentos Regionais de Saúde - DRS, atendendo ao Decreto DOE nº , de 28 de dezembro de 2006, o qual dividiu o Estado em 17 Departamentos de Saúde, que são responsáveis por coordenar as atividades da Secretaria de Estado da Saúde no âmbito regional e promover a articulação intersetorial, com os municípios e organismos da sociedade civil (10). O DRS-I foi selecionado por ser a região que abrange a capital do Estado de São Paulo, com maior numero de habitantes e que apresenta o maior numero de IES. Os municípios do DRS-I que possuem IES com cursos na área da saúde foram identificados através de uma fonte de dados secundários, o site do Ministério da Educação, e-mec (11). O levantamento de dados foi realizado no mês de julho do ano de 2011, no qual se verificou a composição dos CMS destes municípios através da consulta a canais públicos de informação e comunicação como sites, ouvidorias e diários oficias, visto que a comunicação é um direito fundamental, sendo inviável pensar em políticas sociais democráticas, debatidas pela sociedade no espaço público, dissociadas da democratização desse espaço, através da comunicação e da inclusão dos diferentes atores sociais. Resultados O Departamento Regional de Saúde I (DRS-I) é composto por 39 municípios. Através da consulta ao site do Ministério da Educação, foram listados 14 municípios deste departamento que apresentam IES com um ou mais cursos na área da saúde listados na tabela 1. TABELA 1: Municípios pertencentes ao DRS-I Municípios do DRS-I com IES em saúde BARUERI CARAPICUIBA Municípios do DRS-I sem IES em saúde ARUJÁ BIRITIBA-MIRIM
7 COTIA DIADEMA GUARULHOS MAUÁ MOGI DAS CRUZES OSASCO SANTANA DO PARNAIBA SANTO ANDRE SÃO BERNARDO DO CAMPO SÃO CAETANO DO SUL SÃO PAULO TABOÃO DA SERRA CAIEIRAS CAJAMAR EMBU EMBU-GUAÇU FERRAZ DE VASCONSELOS FRANCISCO MORATO FRANCO DA ROCHA GUARAREMA ITAPECERICA DA SERRA ITAPEVI ITAQUAQUECETUBA JANDIRA JUQUITI MAIRIPORA PIRAPORA DO BOM JESUS POA RIBEIRÃO PIRES RIA GRANDE DA SERRA SALESOPOLIS SANTA ISABEL SÃO LOURENÇO SUZANO VARGEM GRANDE PAULISTA Em consulta aos sites dos municípios, de suas secretarias de saúde e de seus Conselhos Municipais de Saúde, consulta a ouvidorias e diários oficiais foram analisadas as composições dos Conselhos e identificados 4 municípios cujo CMS
8 apresenta vagas para representação das IES, dentre eles estão Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul que apresentam 1 vaga para representação destas instituições no CMS e São Paulo cujas 2 vagas disponíveis não estavam ocupadas no mandato daquele presente ano, como ilustra a figura 1. FIGURA 1: Conclusão As instituições formadoras em saúde têm como função a construção e a divulgação do conhecimento, assumindo papéis importantes na elaboração e disseminação de correntes pensadoras e na proposição de políticas públicas. Considerando o termo políticas públicas com a conotação de res publica, coisa de todos, estas poderiam ser pensadas e realizadas a partir do trabalho coletivo e do diálogo, sua eficácia e abrangência seriam diretamente proporcionais ao resultado do diálogo que foi estabelecido. Assim, para um trabalho mais resolutivo, a parceria das IES com os CMS seria de grande importância, ponto inicial para o incentivo a participação da comunidade acadêmica no Controle Social.
9 Essa primeira aproximação alerta para a fragilidade quantitativa da participação das IES nos CMS, espaço de representação paritária para a gestão do SUS. Caracterizase assim a necessidade de, em uma segunda etapa, se investigar sobre os motivos deste esvaziamento e a real contribuição da participação atual. Referências bibliográficas 1) Lacaz FAC, Flório SMR. Controle social, mundo do trabalho e as Conferências Nacionais de Saúde da virada do século XX. Ciência & Saúde Coletiva, 14(6): , ). Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. A construção do SUS: histórias da Reforma sanitária e do Processo Participativo. Brasília: Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa: ) Gerschman, S. Conselhos Municipais de Saúde: atuação e representação das comunidades populares. Cad. Saúde Pública,Rio de Janeiro, v. 20, n. 6, p , ) Soares do Bem, A. A centralidade dos movimentos sociais na articulação entre o estado e a sociedade brasileira nos séculos XIX e XX. Educ. Soc., Campinas, v. 27, n. 97, p , set./dez ) Martins, AA. Relações entre estado-sociedade e políticas públicas de saúde. Saúde e Sociedade, 5(1):55-79, ) Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, Disponível em <
10 7). Lei nº de 19 de setembro de Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em < 8). Lei nº de 28 de dezembro de Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Siatema Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências entregovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências. Disponível em < 9) Brasil. Ministério da Saúde. Resolução CNS nº 33, de 3/12/1992. Dispõe sobre Recomendações para constituição dos Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde. Diário Oficial da União 1992; 4 jun. 10) Disponível em 11)
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