Porto Alegre/RS - Patrimônio - Sinal de alerta: problemas de infraestrutura põem em risco funcionamento da Casa de Cultura

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Denílson Azambuja Ramires
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1 Porto Alegre/RS - Patrimônio - Sinal de alerta: problemas de infraestrutura põem em risco funcionamento da Casa de Cultura Público está de volta à Casa, mas tapumes e telas deteriorados dão ao lugar impressão de abandono. Um dos espaços mais requisitados e de maior ressonância afetiva na comunidade porto-alegrense, a Casa de Cultura Mario Quintana ainda espera por recuperação. A casa situada no número 736 da Andradas, no Centro, se defronta com problemas de infraestrutura e conservação visíveis a qualquer visitante, como se percebe nas fotos, tomadas durante passeio por lá na última semana. Além de manchas pontuais de sujeira, falta de reboco e goteiras, alguns dos problemas oferecem riscos mais graves. No ano passado, um dos suportes que sustentam uma sacada na

A casa situada no número 736 da Andradas, no Centro, se defronta com problemas de infraestrutura e conservação visíveis a qualquer visitante, como se percebe nas fotos, tomadas durante passeio

2 fachada que dá para a Sete de Setembro caiu. Durante o dia, em um momento em que eram realizadas oficinas e o público frequentava a casa. Foi mais do que sorte, foi um milagre aquilo não ter atingido ninguém durante a queda diz uma das testemunhas da queda, um artista gaúcho. A CCMQ também está cercada por andaimes para uma restauração que nunca foi realizada. Depois de quatro anos expostas às chuvas de Porto Alegre, as tábuas dos andaimes hoje oferecem risco, e a própria administração cercou determinados caminhos para evitar a passagem de pedestres, principalmente na Travessa dos Cataventos. O diretor da Casa, Marcos Barreto, promete resolver esse problema até o mês que vem: A Secretaria de Obras do Estado terminou um projeto para retirar todos os andaimes podres e colocar novos, inclusive nas passarelas, o que deve ser feito a partir do mês que vem. Será a primeira fase da restauração das fachadas. As dificuldades estruturais não são de pequena monta quando a própria administração comemora um aumento gradual do número de visitantes na Casa ainda um dos sinônimos de programa cultural em Porto Alegre. Na semana passada, um dos elevadores ainda se encontrava enguiçado, enquanto o outro sofre panes periódicas, dificultando a locomoção de pessoas de mais idade o Teatro Bruno Kiefer, por exemplo, fica no sexto andar. O Jardim Lutzenberger, no quinto. A previsão da diretoria era estar com os dois elevadores funcionando a pleno já nesta semana. A ideia da administração é enviar ainda este mês um novo projeto de financiamento pela Lei de Incentivo à Cultura para obras de restauração no valor de R$ 2 milhões.

A CCMQ também está cercada por andaimes para uma restauração que nunca foi realizada.

3 Um fator de risco localiza-se na fachada que dá para a Rua Sete de Setembro. Uma das sacadas do 6º andar está sem dois de seus suportes um deles caiu no ano passado, e só não atingiu a calçada porque caiu em outra sacada dois andares abaixo. Também, por sorte, não acertou ninguém que tivesse aberto alguma das janelas abaixo. De acordo com o diretor da Casa, Marcos Barreto, um novo projeto de reforma deve ser encaminhado ao sistema LIC-RS ainda neste mês.

calçada porque caiu em outra sacada dois andares abaixo.

4 Em uma das janelas do 6º andar da Casa, o mesmo no qual se localizam o Teatro Bruno Kiefer e a por enquanto fechada Galeria Sotero Cosme do Museu de Arte Contemporânea, é possível ver o quanto os anos de tela azul permitiram o acúmulo de sujeira, como fezes dos onipresentes pombos que fazem seus ninhos por todo o prédio. Em dias de chuva forte, como na última quinta-feira, a casa também sofre com goteiras, como a observada na escadaria que liga o 5º andar, logo ao lado da Oficina de Arte Sapato Florido, e o 4ª andar, onde funciona a por ora também fechada Sala Radamés Gnatalli. Ainda no 5º andar, uma das paredes que dá para a Rua dos Cataventos apresenta infiltrações e mofo. Elefante rosa Desde a sua inauguração, presenciada por Mario Quintana ( ), em setembro de 1990, a CCMQ não é simplesmente mais um equipamento sob o controle da Secretaria de Estado da

5 Cultura (Sedac). É, simbolicamente, a própria cultura do Rio Grande do Sul. Isso porque a entrega da Casa ao povo foi uma espécie de marco inicial de um boom cultural desenhado a partir do surgimento de diversos outros equipamentos e, sobretudo, a partir do investimento de milhões de reais em diversos projetos por meio das leis de renúncia fiscal a LIC-RS, em âmbito estadual, e a Lei Rouanet, em âmbito federal. A CCMQ já abrigou vários órgãos da Sedac, incluindo o gabinete do secretário. Quando o Museu de Arte do RS (Margs) esteve em reformas, acolheu seu acervo. E, enquanto o Estado não providencia uma sede definitiva para o Museu de Arte Contemporânea (MAC), é a Casa de Cultura a escolhida para manter seu conjunto de obras de arte. A despeito de sua importância e de todo esse significado adquirido, nem 10 anos de sua inauguração haviam passado e, no entanto, o tempo e as más condições de conservação do prédio já mandavam a cobrança por reformas. A reportagem desta página, que chega 20 anos depois do início do funcionamento da Casa, não é a primeira que escancara os seus problemas estruturais, prova de que, por mais que durante este período providências tenham sido tomadas e obras, realizadas, no fundo esses problemas não se resolvem.

milhões de reais em diversos projetos por meio das leis de renúncia fiscal a LIC-RS, em âmbito estadual, e a Lei Rouanet, em âmbito federal.

6 Há quatro anos a Casa está cercada por tapumes e telas para uma reforma nunca realizada......com o passar do tempo e o castigo das intempéries, o que era para ser proteção virou risco, e a administração esticou fitas para impedir a passagem do público por áreas em que os andaimes estão mais comprometidos. Enquanto isso, com o passar dos anos, a CCMQ deixou gradativamente de ser referência em programação cultural. A pergunta necessária, diante disso, é se o Estado conseguiu substitui-la, se não do ponto de vista simbólico (criou-se outro ícone deste porte?), ao menos prático (há outro centro cultural diretamente financiado pelo governo gaúcho que ofereça uma programação de fato mais significativa?). Receio que a resposta mais correta é um não duplo. As obras do Multipalco se arrastam, o Margs não vive momentos como os de uma década atrás e a Ospa, bem, os profissionais ligados à orquestra sonham com o momento em que poderão resolver problemas de goteiras e infiltração ao alcance

mais comprometidos. Enquanto isso, com o passar dos anos, a CCMQ deixou gradativamente de ser referência em programação cultural.

7 apenas das instituições que têm um teatro para chamar de seu. A decadência da CCMQ é a própria decadência dos equipamentos culturais do Rio Grande do Sul, o que, faz sentido depreender, é a decadência da cultura como valor na sociedade gaúcha. Até porque não é preciso voltar tanto assim no tempo para lembrar que se cogitou unir e consequentemente diminuir a Sedac à pasta do Turismo. A impressão é que às vezes se trata a cultura como entrave, algo com o que é preciso conviver sem saber ao certo de que maneira. A imagem de um elefante rosa, gigante jogado ao léu, soa adequada para descrever o prédio acima. Seria melhor ainda se ele fosse vermelho, amarelo e verde as cores do Rio Grande do Sul. Há quatro anos a Casa está cercada por tapumes e telas para uma reforma nunca realizada. Com o passar do tempo e o castigo das intempéries, o que era para ser proteção virou risco, e a administração esticou fitas para impedir a passagem do público por áreas em que os andaimes estão mais comprometidos. O cartaz diz Cuidado ao abrir a janela. Ferrolho estragado. Também há na casa janelas que estão perdendo boa parte de suas venezianas e banheiros que não funcionam. A CCMQ tem um profissional responsável pela manutenção, mas os problemas se avolumam.

Até porque não é preciso voltar tanto assim no tempo para lembrar que se cogitou unir e consequentemente diminuir a Sedac à pasta do Turismo.

8 Fonte original da notícia (1) Fonte original da notícia (2)

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