Processo: Data da autuação: Concessionária: Assunto: Relator: Revisor: VOTO

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1 Processo: E-12/ /2011 Data da autuação: 09/08/2011 Concessionária: Supervia Assunto: Fato relevante da operação Avaria no trem UP 102 com desembarque de passageiros na linha férrea. Relator: Herval Barros de Souza Revisor: Luiz Antônio Laranjeira Barbosa VOTO Trata-se de processo administrativo regulatório, instaurado pelo Conselho Diretor da AGETRANSP, para apuração de incidente narrado através do Registro de Ocorrência nº 026 ocorrido em 01/08/2011, quando o trem prefixo UP 102 avariou próximo à estação do Méier. A avaria da composição foi provocada pelo rompimento do cabo mensageiro. Em decorrência do incidente, todos os passageiros tiveram que desembarcar na linha férrea e caminhar pela brita até as estações Silva Freire e Meier. Os pareceres técnicos emitidos pelo Convênio de Cooperação Técnica CENTRAL/AGETRASNP e pela Câmara de Transportes e Rodovias CATRA, nos dão conta que a concessionária chegou a identificar problemas em seu sistema de energia que provocavam o desarme de disjuntores, mas mesmo assim, programou a circulação do trem. A CATRA, em Nota Técnica de fls. 65/74, apresenta as seguintes conclusões acerca do evento: 1

2 O impacto na operação comercial se deu na forma de 9 (nove) atrasos e na supressão do trem UP-102; Não houve registro de reclamações de usuários; A causa da paralisação foi o rompimento do cabo mensageiro em razão do suspensório ter se deslocado da luva de proteção, provocando desgaste localizado do cabo mensageiro; A Concessionária quando identificou a ocorrência irregular no sistema de energia devido ao desarme de disjuntores, entretanto programou a circulação do Trem UP-102 o que contribuiu ativamente para a paralisação do trem no local; A Concessionária não atendeu tempestivamente à requisição de informações prejudicando a necessária celeridade das investigações técnicas; A Concessionária apresentou a documentação que foi requisitada pela AGETRANSP relativa à comprovação do atendimento aos preceitos do Regulamento Operacional em razão do desembarque de passageiros na via férrea, demonstrando, dessa forma, que adotou as necessárias medidas para garantir a segurança dos usuários no percurso até a plataforma da Estação do Méier.. 2

3 A Concessionária tem a obrigação de prestar o serviço concedido de forma adequada, conforme consta previsto no artigo 6º, parágrafo 1º, combinado com o artigo 31, inciso I, ambos da Lei nº 8987/95 e com o pactuado na Cláusula Quarta do Contrato de Concessão, que ora transcrevemos: Art. 6 º.. (...) 1 º. Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade, continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas. Art. 31. Incumbe à concessionária: I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei, nas normas técnicas aplicáveis e no contrato; Cláusula Quarta Qualidade e Segurança dos Serviços Os serviços objeto da concessão de que trata o presente contrato, deverão ser prestados pela concessionária de forma a assegurar a sua boa qualidade e segurança, satisfazendo, durante toda a vigência do contrato, as condições de regularidade, continuidade, eficiência, conforto, segurança, atualidade tecnológica, generalidade e cortesia na sua prestação e modicidade de tarifas.. A situação narrada nos autos demonstra claramente que a Supervia não atendeu ao prescrito. Os serviços foram prestados sem continuidade, sem regularidade e com risco para segurança dos usuários. 3

4 Poderia a Concessionária eximir-se de responsabilidade pelo incidente se demonstrasse a ocorrência de excludentes da mesma, ou seja, se comprovasse que sua conduta não deu causa ao ocorrido. Ao contrário, os autos são contundentes em demonstrar que houve negligência, uma vez que, mesmo sabedora dos problemas com o sistema de energia na linha 4, a Supervia programou o trem que avariou, fato foi determinante para a ocorrência do fato. para circular na referida linha e tal A avaria do trem, colocou em risco a segurança de todos os usuários uma vez que foram obrigados a desembarcar na linha férrea. Inobstante nossas insistentes e enfáticas manifestações anteriores expressas em diversos processos submetidos a este Conselho, tais como o processo nº E-12/ /2011 e E-12/ /2013, percebe-se que o temerário procedimento de desembarcar usuários na via férrea tornou-se regra, foi adotado como padrão pela Supervia. Será necessário que ocorra uma tragédia para que a conduta seja evitada? De nossa parte, só resta aplicar o princípio sancionador inerente aos entes regulatórios, não nos restando qualquer sombra de dúvidas que a sanção pecuniária é a mais adequada para desestimular e coibir que eventos semelhantes voltem a ocorrer. Diante do acima exposto, voto por: 1- Responsabilizar a concessionária Supervia pela ocorrência da avaria do trem prefixo US 102, com desembarque dos passageiros na via férrea ocorrida no dia 09/08/2011, conforme descrito no Boletim de Ocorrência nº 026 e com fulcro na cláusula Décima Nona do contrato de Concessão, 4

5 aplicar-lhe a penalidade de MULTA no valor de R$ ,00 (trinta mil seiscentos e vinte e cinco reais e cinquenta centavos) correspondentes a 0,01 (zero vírgula zero um por cento) da receita total da concessionária no ano de 2010; 2- Determinar a lavratura do competente auto de infração após o trânsito em julgado da presente decisão, arquivando-se o processo, após cumpridas todas as providências de praxe. É como voto, Sr. Presidente e Srs. Conselheiros. Rio de Janeiro, 24 de setembro de HERVAL BARROS DE SOUZA Conselheiro Relator 5