FÓRUM PERMANENTE DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO RIO DE JANEIRO FPEI/RJ. PROJETO DE LEI N o /2010 (PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA O DECÊNIO )

Transcrição

1 FÓRUM PERMANENTE DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO RIO DE JANEIRO FPEI/RJ PROJETO DE LEI N o /2010 (PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO PARA O DECÊNIO ) Abril/2011

2 FORMATO DO PNE *Cf. Ivan Paganotti e Rodrigo Ratier in PNE : uma nova chance para velhas necessidades (Nova Escola, 18/03/2011) O PNE apresentava 295 metas e um diagnóstico complexo do setor. A quantidade de objetivos contou contra, diluindo as demandas e tirando o foco do essencial, muitas das metas não eram mensuráveis e faltaram regras com punições para quem não cumprisse as determinações*. O PNE é composto de 10 diretrizes, 20 metas, a grande maioria quantificável por estatísticas, e mais de 170 estratégias, discorrendo sobre os diferentes níveis e modalidades de ensino, tratando desde o atendimento escolar até a ampliação do acesso e da qualidade, passando também pela formação dos docentes, entre outros temas, que deverão guiar as ações dos governos municipais, estaduais e federal até 2020.

3 TRAMITAÇÃO DO PNE * Cf. Amanda Cieglinski in Câmara cria comissão especial para acelerar tramitação de projeto sobre PNE ( Agência Brasil, postado em 22/03/2011, acessado em 31/03/2011.) O PNE foi preparado pelo executivo (MEC), centrado nas demandas da Conae, que reuniu mais de pessoas no ano passado, e começa a ser debatido no Congresso Nacional, com estimativa do MEC de ser aprovado ainda no primeiro semestre*. Para agilizar a tramitação do PNE o mesmo será debatido inicialmente em Comissão Especial (Cesp) da Câmara de Deputados (com 25 deputados titulares e 25 suplentes) em vez da Comissão de Educação e Cultura (CEC), que deveria ser o espaço privilegiado desta discussão. Depois o PL segue para o Senado*.

4 PL 8.035/10 * Cf. Artigo 1º. do Projeto de Lei 8.035/2010. * *Cf. Artigo 2º. do Projeto de Lei 8.035/2010. Já no primeiro artigo do PL observa-se que fica aprovado o Plano Nacional de Educação para o decênio (PNE /2020) constante do Anexo desta Lei, com vistas ao cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição *, ou seja, o PNE já teria que ter sido aprovado em O artigo 2º. estabelece as seguintes diretrizes**: I - erradicação do analfabetismo; II - universalização do atendimento escolar; III - superação das desigualdades educacionais; IV - melhoria da qualidade do ensino; V - formação para o trabalho; VI - promoção da sustentabilidade sócio-ambiental; VII - promoção humanística, científica e tecnológica do País; VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto; IX - valorização dos profissionais da educação; e X - difusão dos princípios da equidade, do respeito à diversidade e a gestão democrática da educação.

5 PL 8.035/10 * Cf. Artigos 3º. e 4º. do Projeto de Lei 8.035/2010. ** Cf. Artigo 5º. do Projeto de Lei 8.035/2010. Os Artigos 3º. e 4º. tratam do prazo de cumprimento das metas (até 2020, desde que não haja prazo inferior definido), tendo como referência os censos nacionais da educação básica e superior mais atualizados, disponíveis na data da publicação desta Lei*. O Artigo 5º. estabelece que a meta de ampliação progressiva do investimento público em educação será avaliada no quarto ano de vigência dessa Lei, podendo ser revista, conforme o caso, para atender às necessidades financeiras do cumprimento das demais metas do PNE /2020 **, sem, contudo, estabelecer quem fará essa avaliação. A meta atualmente é de 5% do PIB, a proposta do Governo é aumentar para 7% (ver Meta 20) e os movimentos sociais e a Conae pedem no mínimo 10%. Aqui é importante mencionar a criação do Fórum Nacional de Educação proposto no artigo seguinte.

6 * Cf. Artigo 6º. do Projeto de Lei 8.035/2010. PL 8.035/10 O Artigo 6º. estabelece que a União deverá prevê a realização de pelos menos duas conferências nacionais de educação até o final da década, com intervalo de quatro anos entre elas [...], acrescentado em seu Parágrafo Único que as conferências serão articuladas e coordenadas por um Fórum Nacional de Educação a ser instituído no âmbito do Ministério da Educação *. Conforme pode ser visto na Carta Aberta do FPEI/RJ, este artigo nos trouxe algumas preocupações. Primeiro em relação à vigência do PNE, que para os mais otimistas só vigorará a partir de Outra questão alerta para a necessidade da realização de tais conferências também nos estados e municípios. Por fim, manifesta sua preocupação com a maneira como o parágrafo único do referido artigo indica a criação do Fórum Nacional de Educação.

7 PL 8.035/10 * Cf. Artigo 7º. e seus parágrafos do Projeto de Lei 8.035/2010. Nesse sentido, o FPEI/RJ preparou uma emenda retirando a incumbência do MEC como instituidor do Fórum Nacional, por entender que um Fórum deve ser autônomo e refletir o debate da sociedade civil e não do governo. Propomos um outro parágrafo com a criação de Fóruns Estaduais e Municipais de Educação, pois estes espaços públicos de controle social também deverão discutir os temas em suas conferências para subsidiar a realização da Conferências Nacionais Intermediárias. Destacamos, também, a indicação de que tais fóruns deverão ter representação de diferentes segmentos inclusive dos fóruns de educação infantil. O Artigo 7º. e seus parágrafos estabelecem que a consecução das metas do PNE /2020 e a implementação das estratégias deverão ser realizadas em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, bem como adoção de medidas adicionais em âmbito local, mecanismos de colaboração recíproca, acompanhamento local de consecução das metas etc.*

8 PL 8.035/10 * Cf. Artigo 8º. do Projeto de Lei 8.035/2010. **Cf. Ionice Lorenzoni in Metas para 10 anos: Projeto de lei prevê que os estados e municípios criem planos de educação ( Portal do MEC, postado em 05/01/2011, acessado em 31/03/2011). A criação dos Fóruns mencionadas na Emenda do FPEI/RJ facilitaria as discussões que deverão ser feitas nos estados e municípios na adequação de seus Planos, conforme previsto no Artigo 8º. do PL, onde esses entes federados deverão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou adequar os planos já aprovados em Lei, em consonância com as diretrizes, metas e estratégias previstas no PNE /2020, no prazo de um ano contado da publicação desta Lei *. De acordo com a Secretaria de Educação Básica (SEB) do MEC, com dados do Sistema de Informações dos CMEs (Sicme), das prefeituras, têm planos municipais de educação, o que corresponde a 57% das cidades. Já na esfera estadual, 17 das 27 unidades da Federação criaram planos. Ou seja, a partir da aprovação do PNE, cidades e estados que têm planos devem atualizá-los e as unidades que não têm devem fazê-los**.

9 * Cf. Artigo 9º. do Projeto de Lei 8.035/2010. PL 8.035/10 Neste item, o FPEI/RJ propôs uma Emenda incluindo o parágrafo 3º. ao art. 8º., com o seguinte teor: Os processos de elaboração e adequação dos planos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão realizados com a ampla participação da sociedade, assegurando-se o envolvimento das comunidades escolares, trabalhadores da educação, estudantes, pesquisadores, gestores e organizações da sociedade civil, devendo ser articulados pelos Fóruns Estaduais e Municipais de Educação. O Artigo 9º. estabelece que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão aprovar leis específicas disciplinando a gestão democrática da educação em seus respectivos âmbitos de atuação no prazo de um ano contado da publicação desta Lei *.

10 PL 8.035/10 * Cf. Artigo 10 do Projeto de Lei 8.035/2010. **Cf. Artigo 11 do Projeto de Lei 8.035/2010. O artigo 10 convida os movimentos sociais e os fóruns a manterem a mobilização nos períodos de elaboração das peças orçamentárias da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, pois estabelece que o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios deverão ser formulados de maneira a assegurar a consignação de dotações orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e estratégias do PNE /2020 e com os respectivos planos de educação, a fim de viabilizar sua plena execução *. Por fim, o Artigo 11 estabelece que o Ideb será utilizado para avaliar a qualidade do ensino a partir dos dados de rendimento escolar apurados pelo censo escolar da educação básica, combinados com os dados relativos ao desempenho dos estudantes apurados na avaliação nacional do rendimento escolar **.

11 METAS RELACIONADAS À EI * Cf. Anexo do Projeto de Lei 8.035/2010. **Cf. Amanda Cieglinski in Falta de vagas na educação infantil ainda é problema em todo o país ( Agência Brasil, postado em 12/01/2011, acessado em 31/03/2011). Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos*. Segundo dados de 2009, apenas 18,4% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em creches no País, incluindo instituições públicas e privadas, na maioria conveniadas ao Poder Público. Na pré-escola, a situação é um pouco melhor: cerca de 80% dos brasileiros de 4 e 5 anos estão estudando, mas ainda há uma demanda grande a ser atendida**. Embora respeitando e partilhando do princípio de verba pública para escola pública, gratuita, laica e de qualidade, o FPEI/RJ, refletindo sobre as reais condições de atendimento aos segmentos mais pauperizados da população brasileira, propôs emenda defendendo mais investimentos públicos em educação infantil de qualidade, em horário integral, contudo ressalvando que os convênios só poderão ser suspensos após o atendimento pelo poder público de toda a demanda manifesta.

12 METAS RELACIONADAS À EI * Cf. Anexo do Projeto de Lei 8.035/2010. **Ver Quais são os programas e medidas que o MEC está fazendo para incluir as crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação? ( Portal do MEC, acessado em 31/03/2011) Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino*. Essa meta trata prioritariamente da inclusão de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação na educação básica, por meio da melhoria das condições para o acesso, a participação e a aprendizagem dos alunos. Para isso, as questões referentes à garantia da acessibilidade física, pedagógica e nas comunicações nas escolas públicas são estratégicas**.

13 METAS RELACIONADAS À EI * Cf. Anexo do Projeto de Lei 8.035/2010. **Cf. Wagner Gomes in Apenas 11 mil escolas públicas são integrais ( O Globo, 30/03/2011). Meta 6: Oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação básica*. Segundo dados recentes, das 250 mil escolas públicas do país, somente 11 mil têm ensino integral, com pelo menos sete horas de aula por dia. Isso corresponde a 4,4% das escolas do país**. A percentagem de educação em tempo integral prevista na meta acima, parece difícil de se atingida, em especial pela obrigatoriedade do atendimento de 4 a 17 anos. Inclusive, pode acontecer ao contrário, muitas redes ressuscitarem os 3 turnos escolares. Aqui cabe lembrar que a maioria das instituições conveniadas de educação infantil já atende em tempo integral (com o fechamento de parte delas vai ser difícil o município assumir estas crianças), como tem acontecido em alguns municípios do RJ. Por isto, defendemos a manutenção dos convênios até a universalização da demanda manifesta pelas escolas públicas.

14 METAS RELACIONADAS À EI * Cf. Anexo do Projeto de Lei 8.035/2010. **Lisandra Paraguassu in Universalização da pré-escola esbarra na falta de mais de 100mil professores ( O Estado de São Paulo, postado em 26/03/2011, acessado em 31/03/2011). Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam*. De acordo com estudo do Inep, para o Brasil universalizar o atendimento na pré-escola nos próximos anos e incluir as crianças de 4 e 5 anos, faltam, no País, mais de 100 mil professores de pré-escola apenas para suprir essa nova demanda (necessidade de um aumento de quase 40% no número de professores). O cálculo do Inep leva em conta que, hoje, 75% das pré-escolas estão em redes municipais e 23% em escolas privadas, a maior parte conveniada com o poder público**. Tendo em vista a realidade de grande parte dos municípios do país, o FPEI/RJ acredita que deve-se continuar considerando o Curso Médio na Modalidade Normal, prevendo a atualização do currículo, para a formação inicial na Educação Infantil e anos iniciais do ensino fundamental, em cursos presenciais.

15 * Cf. Anexo do Projeto de Lei 8.035/2010. METAS RELACIONADAS À EI Meta 16: Formar 50% dos professores da educação básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação*. Supomos que quando as metas 15 e 16 falam em formação específica de nível superior e em nível de pós-graduação, na área de conhecimento deixa subentendido que se trata dos professores que atuam nos anos finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, pois a educação infantil não possui essa divisão por área. O FPEI/RJ também apresentou emendas clareando as Metas 15 e 16, deixando patente que tais metas referem-se aos anos finais do Ensino Fundamental e ao Ensino Médio.