MELHORIA QUÍMICA DE SOLO SALINO SÓDICO TRATADO COM GESSO AGRÍCOLA, INSUMOS ORGÂNICOS E LAVAGEM

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1 MELHORIA QUÍMICA DE SOLO SALINO SÓDICO TRATADO COM GESSO AGRÍCOLA, INSUMOS ORGÂNICOS E LAVAGEM P. D. dos Santos 1 ; R. M. Rodrigues 1 ; L. F. Cavalcante 2 ; E. M. Gomes 3 ; H. R. Gheyi 4 RESUMO: Um experimento foi desenvolvido objetivando avaliar o efeito da aplicação de produtos orgânicos e gesso agrícola na melhoria das propriedades químicas de um solo salinosódico. O trabalho foi conduzido no período de março de 2011 a janeiro de 2012, na área experimental do IFPB em Sousa-PB. O delineamento foi em blocos casualizados com quatro repetições e oito tratamentos (esterco bovino, casca de arroz, casca de coco, gesso agrícola e gesso junto com cada composto. O solo foi caracterizado antes do período chuvoso, antes da aplicação dos tratamentos e após lavagem da área. O gesso elevou, inicialmente, a condutividade elétrica do extrato de saturação do solo. A adição de Ca ++ no solo é acentuada quando aplicado gesso + esterco bovino. A água da chuva e a drenagem mostram eficiência na redução da CEes do solo. PALAVRAS-CHAVE: salinidade, sodicidade, recuperação. IMPROVING CHEMICAL SOIL TREATED WITH SODIUM SALT AGRICULTURAL GYPSUM, AND ORGANIC CLEANING SUPPLIES SUMMARY: The study was conducted to evaluate the effect of organic products and gypsum in improving the chemical properties of a saline-sodic soil. The study was conducted from March 2011 to January 2012, in the experimental area IFPB Sousa-PB. The design was randomized blocks with eight treatments and four replications. Treatments were applied with manure, rice hulls, coconut shells, gypsum and plaster with each compound. The soil was characterized before the rainy season, before treatment application and after washing the area. Gypsum increased initially, the electrical conductivity of saturation extract of soil. The addition of Ca in the soil is enhanced when applied gypsum manure. The rainwater and drainage efficiency in reducing show CEes soil. KEY WORDS: salinity, sodicity, recovery. 1 Respectivamente doutorandos dos PPGA e PPGCS/CCA/UFPB, Areia, PB; agrodonato@hotmail.com; rummenigge.mr@gmail.com; 2 Professor do Departamento de Solos e Engenharia Rural, CCA/UFPB, Areia,PB; lofeca@cca.ufpb.br; 3 Prof. IFPB Sousa-PB, Cep Professor visitante da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das almas, BA; Hans@deag.ufcg.edu.Br;

2 INTRODUÇÃO Normalmente, os solos afetados por sais ocorrem nas regiões áridas e semiáridas. Esses solos contêm sais solúveis e/ou sódio trocável passíveis de reduzir significativamente o desenvolvimento e, em consequência, a produtividade das culturas (Barros et al., 2009). Dentre as técnicas de recuperação de solos salino-sódicos, a aplicação de corretivos químicos é bastante utilizada por atuarem diretamente na correção dos problemas desses solos em relação às plantas (MONTENEGRO & MONTENEGRO, 2004). O uso de matéria orgânica tem sido estudado nos solos com problemas de salinidade e de sódio trocável com a finalidade de melhoria das propriedades químicas e físicas, proporcionando uma maior dinâmica da água nesse perfil e lavagem, que é considerado por muitos como o método mais eficiente para recuperar solos comprometidos pela salinidade. Outros pré-requisitos são a drenagem adequada e uma distribuição apropriada da água de lavagem. O objetivo do trabalho foi avaliar o efeito da aplicação de produtos orgânicos e gesso agrícola na melhoria das propriedades químicas de um solo salino-sódico. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no período de março de 2011 a janeiro de 2012 na área experimental do Instituto Federal de Educação Ciências e Tecnologia da Paraíba, IFPB - Campus Sousa, localizada no Perímetro Irrigado de São Gonçalo, Sousa, PB, no Vale do Rio Piranhas. O clima da região é do tipo Bsh, segundo Köppen, de clima semiárido, com período chuvoso compreendido de janeiro a maio. O solo da área de estudo apresentava condutividade elétrica, percentagem de sódio trocável e ph igual a 11,23 ds m -1 ; 59,44% e 10,18; respectivamente. Os tratamentos foram distribuídos em blocos casualizados com quatro repetições e cada parcela media 7,5 x 7,5 m, as quais foram amostradas antes e após a aplicação dos tratamentos e lavagem do solo. O sistema de drenagem utilizado foi do tipo subterrâneo com espaçamento entre drenos de 9 m. Os tratamentos constaram de gesso agrícola (GA), esterco bovino (EB), casca de arroz (CA), casca de coco CC, GA + EB, GA + CA e GA + CC. As Doses aplicadas foram de 8,98; 10,00; 9,23; 7,95; 8, ,00; 8,98 + 9,23; 8,98 + 7,95 Mg ha -1, respectivamente, mais um tratamento controle que recebeu apenas lavagem. As quantidades aplicadas dos insumos orgânicos foram fundamentadas no teor total de carbono orgânico (CO) contido no Esterco Bovino (38,34% de CO). A casca de arroz continha 41,56% e a de coco apresentava 48,32% de CO. A dose de gesso agrícola foi determinada conforme PIZARRO (1985), sendo aplicado 8,98 Mg ha -1. Os tratamentos foram incorporados manualmente a uma profundidade de 15 cm. As variáveis analisadas foram a condutividade elétrica do extrato de saturação, a percentagem de sódio trocável, e os teores de cálcio e sódio trocável. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados obtidos pela analise do solo (Tabela 1) mostrou valores iniciais elevados de condutividade elétrica do extrato de saturação (CEes) para todos os tratamentos avaliados na caracterização da área. Isso pode ser atribuído à inexistência de drenagem na área neste período. Contudo, após a construção do sistema de drenagem e após o período chuvoso pode-se verificar um incremento decrescente nos valores de CEes que atingem reduções que vão de -56,5 a - 70,1%. Estas reduções são explicadas pela lixiviação dos sais solúveis após a construção do sistema de drenagem subterrânea. Esse fenômeno se assemelha aos resultados encontrados por Amaral et. al. (2007) que relataram tendência de abaixamento de valores em áreas irrigadas, devido à lixiviação dos sais, notadamente de NaCl pela lâmina de lixiviação. Avaliando os valores de CE após a aplicação dos tratamentos e lavagem da área durante os 55 dias, é visto uma expressiva diferença nos incrementos entre os tratamentos, ou seja, em todos os tratamentos que receberam Gesso Agrícola (GA), seja de forma isolada ou junto com algum composto orgânico, ao fim do período de lavagem ocorreu aumento de CEes, e nos tratamentos apenas com composto orgânico foi possível uma continuidade na redução desse atributo. Esse comportamento é explicado por Silveira et. al. (2008), que trabalhando com gesso na correção de solo salino-sódico, verificou este fenômeno e entendeu como sendo a substituição do Na + trocável pelo Ca ++, que passa para a solução do solo e lixivia com a irrigação. Melo et al. (2008) citam que a solubilidade do gesso depende ainda de outros fatores, tais como concentração de cloreto, granulometria e temperatura, liberando mais ainda o Ca ++ na solução, condizendo com a situação apresentada e não ocorrendo com os tratamentos apenas com compostos. Na Tabela 2, os maiores incrementos de Ca ++ ocorreram após a aplicação dos insumos e principalmente no tratamento com Gesso Agrícola + Esterco Bovino (GA+EB), isso é explicado pelo incremento acentuado de Cálcio contido no corretivo, além do incremento de Ca ++ do EB, que também contribuiu. Barros et. al. (2004) trabalhando com solo salino-sódico relatou este mesmo fenômeno em virtude do fornecimento do elemento pelo corretivo. Após as chuvas, mesmo alterando seus valores de Ca ++, os tratamentos não se diferenciam estatisticamente, seguindo a mesma tendência na análise após a aplicação dos tratamentos. A figura 1 apresenta o comportamento do Sódio trocável antes e após a aplicação dos tratamentos + lavagem do solo. Os tratamentos apresentaram resultados satisfatórios de modo que reduziu o teor médio de Na + de 4,29 para 3,07 cmol c dm -3. Essa redução é resultado da troca do Na + com o Ca ++, tornando-o solúvel e lixiviando com a lavagem. Resultados semelhantes foram encontrados por Sousa et. al. (2012), ao trabalharem com solo salino-sódico e corretivos. Observa-se na figura 2 a redução da PST do solo, resultante da aplicação dos condicionantes e do gesso agrícola no solo. A PST apresentou uma redução geral de 33,92 para 19,09%, ou seja, diminuiu sua percentagem em 43% com relação ao valor inicial de sódio trocável. Os condicionadores orgânicos reduziram a PST, possivelmente devido à liberação de CO 2 e ácidos orgânicos, durante a decomposição anaeróbica da matéria orgânica quando submetida à condição de lavagem, além de atuarem como fontes de cálcio e magnésio mostrando, assim, a possibilidade do uso desses produtos na recuperação de solos salino-sódicos, assemelhando-se aos resultados de Silva (1997).

4 CONCLUSÕES O gesso eleva, inicialmente, a condutividade elétrica do extrato de saturação do solo; a liberação de Ca ++ no solo é acentuada quando aplicado gesso + esterco bovino; a água da chuva e a drenagem apresentam eficiência na redução da CEes do solo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, F. C. S., Parahyba, R. B. V; Silva, F.H.B.B., Leite, A. P.; Batista, M. J.; Barros, J. C. Caracterização pedológica e estudos de drenabilidade dos perímetros de irrigação Brígida, Caraíbas e Apolônio Sales, Estado de Pernambuco- Dados eletrônicos Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2007, 68p.(Boletim de pesquisa e desenvolvimento/ Embrapa Solos; 116). BARROS, M. DE F. C.; BEBÉ, F. V.; SANTOS, T. O.; CAMPOS, M. C. C. Influência da aplicação de gesso para correção de um solo salino sódico cultivado com feijão caupi. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v.9, p.77-82, MELO, R. M.; BARROS, M. F. C.; SANTOS, P. M.; ROLIM, M. M. Correção de solos salino-sódicos pela aplicação de gesso mineral. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.12, p , MONTENEGRO, A. A. A.; MONTENEGRO, S.M.G. Aproveitamento Sustentável de Aqüíferos Aluviais no Semi Árido. Água Subterrânea: Aqüíferos Costeiros e Aluviões, Vulnerabilidade e Aproveitamento. Tópicos especiais em Recursos Hídricos v. 4. Recife: ed. Universitária da UFPE, p. PIZARRO, F. Drenaje agrícola y recuperación de suelos salinos. Madrid: Española. 521p., RICHARDS, L. A. Diagnosis and improvement of saline and alkali soils. U. S. Dep. Agric. Handbook 60 Washington,.U. S. GovernmentPrinting, Office, p. SILVA, Ê.F. de F. e; BARRETO, A.N.; GHEYI, H.R.; BEZERRA, J.R.C. Caracterização dos problemas de salinidade dos solos da Estação Experimental da Embrapa-Algodão em São Gonçalo, PB. Congresso Brasileiro De Engenharia Agrícola, 26, C. Grande: UFPB/SBEA. Anais SILVEIRA, K.R. Influência da aplicação do gesso na água de irrigação sobre a salinidade, sodicidade e condutividade hidráulica de solos aluviais. Recife: UFRPE, p. Dissertação Mestrado. SOUSA, F.Q.; ARAÚJO, J.L.; SILVA, A.P.; PEREIRA, F. H.F.; SANTOS, R.V.; LIMA, G.S. Crescimento e respostas fisiológicas de espécies arbóreas em solo salinizado tratado com corretivos. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, V.16. N.2, Campina Grande, Tabela 1. Valores da condutividade elétrica do extrato de saturação (CEes) do solo e seus incrementos (I), na camada de 0-20 cm, referentes a caracterização da área, após o período chuvoso de 2011 e aos 40 dias após a aplicação dos tratamentos e lavagem contínua do solo. CEes Tratamentos Antes da Após a Caracterização I lavagem c lavegem I t ds m % ds m -1 % T 11,23 3,86 aab -65,6 1,58 bb -59,2 GA 11,23 3,89 aab -65,4 4,30 aa +10,5 EB 11,23 4,17 aab -62,8 2,49 bb -40,3 CA 11,23 4,88 aa -56,5 2,51 bb -48,6 CC 11,23 3,77 aab -66,5 2,32 bb -38,4 GA+EB 11,23 3,55 bb -68,4 4,79 aa +35,1 GA+CA 11,23 3,58 bb -68,2 4,43 aa +23,8 GA+CC 11,23 3,35 ab -70,1 3,81 aa +13,6 Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Ic = Incremento provocado pela chuva; It = Incremento resultante da aplicação dos tratamentos.

5 Na + (cmolc dm -3 ) PST (%) P. D. dos Santos et al. Tabela 2. Teores de cálcio trocável (Ca +2 ) do solo e seus incrementos (I), na camada de 0-20 cm, referentes à caracterização da área, após o período chuvoso de 2011 e aos 40 dias após a aplicação dos tratamentos e lavagem contínua do solo. Tratamentos Caracterização Antes I c Após I t cmol c dm % cmol c dm -3 % T 2,29 3,63 aa +58,3 5,41 ab 49,1 GA 2,29 5,88 ba +156,6 13,81 aa 135,1 EB 2,29 5,88 aa +156,6 7,31 ab 24,5 CA 2,29 5,25 aa +129,3 6,69 ab 27,4 CC 2,29 4,31 aa +88,3 5,88 ab 36,2 GA+EB 2,29 4,06 ba +77,4 15,38 aa 278,5 GA+CA 2,29 6,19 ba +170,2 14,97 aa 141,9 GA+CC 2,29 4,25 ba +85,6 13,94 aa 227,9 Médias seguidas das mesmas letras maiúsculas nas colunas e minúsculas nas linhas não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Ic = Incremento provocado pela chuva; It = Incremento resultante da aplicação dos tratamentos. Ca +2 (A) (B) 5 4,29 a 40 33,92 a 4 3 3,07 b ,09 b Antes Após 0 Antes Após ( ) e após a aplicação dos tratamentos e lavagem do solo ( ). Figura 1. Teor de Sódio Trocável - Na+(A) e percentagem de sódio trocável PST (B) do solo, na camada 0-20 cm, antes