A INFLUÊNCIA DA GINÁSTICA LABORAL SOBRE A LER/DORT EM ALUNOS DO CURSO DE PROGRAMAÇÃO DE REDES DE COMPUTADORES DO CEFET MT DE CUIABÁ.

Transcrição

1 A INFLUÊNCIA DA GINÁSTICA LABORAL SOBRE A LER/DORT EM ALUNOS DO CURSO DE PROGRAMAÇÃO DE REDES DE COMPUTADORES DO CEFET MT DE CUIABÁ. Paulo Vitor Magalhães Lima Acadêmico do 8º semestre FEF UFMT. RESUMO: Esta pesquisa terá por objetivo Compreender os efeitos da Ginástica Laboral sobre a LER/DORT em alunos do curso de programação de redes de computadores do CEFET MT de Cuiabá. Trata-se de uma instituição de ensino em que os alunos chegam a ficar a aula toda em uso de computadores, por isso pretendo investigar as características dos alunos com relação a postura tomada em aula, criar um programa de Ginástica Laboral e ao final analisar se ouve ou não melhora com relação a possíveis pontos de dores no corpo e saber se o programa criado foi ou não eficaz. INTRODUÇÃO Mais do que máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que inteligência, precisamos de afeição e doçura. Charles Chaplin in Polito e Bergamaschi (2003). Revendo o processo de industrialização veremos que o desenvolvimento fez com que o homem se adaptasse a várias situações. Segundo Polito e Bergamaschi (2003), ambiente de trabalho, principalmente da área de informática, necessita de uma grande inserção estratégica de atividade física para adequação do profissional desta área, pois é este o maior sofredor hoje com relação às LER s - DORT s. Esta adequação deve ser feita de modo a interferir positivamente para o colaborador. E é analisando uma grande taxa de perda de excelente profissionais neste campo, que chego a pensar que o profissional em Educação Física é quem tem papel de inúmeras responsabilidades, entre tantas, a movimentação corporal. OBJETIVOS Geral: Compreender os efeitos da Ginástica Laboral sobre a LER/DORT em alunos do curso de programação de redes de computadores do CEFET MT de Cuiabá Específicos: Investigar as características dos alunos no curso citado em relação à postura de trabalho, hábitos de atividades físicas e dores no corpo; Elaborar um programa de Ginástica Laboral apropriado para as características dos alunos e aplica-lo; Verificar se o programa de Ginástica Laboral contribui para redução das dores do corpo;

2 Fazer um levantamento de LER/DORT s nos alunos antes e após o programa de Ginástica Laboral e verificar se houve melhora. JUSTIFICATIVA Ao conhecer sobre Lesão por Esforço Repetitivo (LER) e as Doenças Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho (DORT s) na graduação em Educação Física, cheguei ao conhecimento de que tinha predisposição para tal patologia. Sendo assim tomei os devidos cuidados de imediato com minha saúde e depois procurei ampliar o meu conhecimento visando o campo de trabalho com Ginástica Laboral e também contribuir para melhoria da saúde dos trabalhadores. Além disso, sabemos que atualmente é grande o número de pessoas que se dedicam inteiramente a trabalhos desse tipo, horas e horas a frente de computadores, contudo quanto maior esse número maior o índice de pessoas que adquirem doenças relacionadas ao trabalho. Uma boa taxa dessa população não dá a mínima para as condições corporais, simplesmente por não terem a conscientização necessária para que participem de métodos preventivos a doenças desse tipo, sendo assim interessei-me muito em querer participar ativamente para mudar essa realidade e porque não começar por aqui?. METODOLOGIA Para compreender os efeitos da Ginástica Laboral sobre LER/DORT em alunos do curso de redes de computadores do CEFET MT de Cuiabá, enfatizarei uma pesquisa do tipo exploratória. A pesquisa do tipo exploratória tem como características proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torná-lo mais explicito ou construir hipóteses (GIL,1991). Desta forma, com esta pesquisa buscarei os objetivos por meio de duas entrevistas com a mesma população (uma antes e uma depois da intervenção), na execução da pratica laboral e na verificação de prováveis mudanças com relação aos pontos de dores do corpo. A população a ser pesquisada será uma turma heterogênea com número aproximado de 30 sujeitos de ambos os sexos disponibilizados pelo diretor da instituição, na qual esses realizarão um plano de Ginástica Laboral com duração total de 8 semanas, executado 3 vezes por semana por um tempo de 10 à 15 minutos por dia, durante os últimos 10 minutos que antecedem o intervalo da terceira para a quarta aula de forma a não interromper os demais horários da instituição. Os materiais a serem utilizados durante a coleta de dados serão: Mapa humano de pontos dolorosos (tigger points) Bolinhas de borracha massageadoras Colchonetes Som/musicas relaxantes Entrevista elaborada pelo autor da pesquisa A coleta de dados será de forma mista, hora coletiva, hora individual (durante a avaliação tigger points) e será executado por meio de entrevista no qual os dados serão devidamente anotados, alem de estar sendo filmados pelo próprio pesquisador, dentro da sala de aula a partir dos últimos 10 minutos que antecedem o intervalo da terceira para a quarta aula.

3 E por fim os dados a serem coletados serão analisados e comparados de acordo com os resultados da primeira e da ultima entrevista de forma a revelar se os objetivos foram alcançados ou não. REVISÃO DE LITERATURA. LER e DORT. LER-DORT (Lesão por Esforço Repetitivo ou Distúrbios Osteomoleculares Relacionados ao Trabalho) não é uma conseqüência natural do processo de trabalho e sim uma anomalia gerada por diversos fatores, destacando-se a política dos grandes grupos econômicos que fazem qualquer coisa para reduzir os custos do trabalho para conseguir lucros cada vez maiores. Esse tipo de atitude é conseqüência da globalização, que faz com que a competição entre as empresas fique cada vez mais acirrada (FECESC et al, 2001). Ainda por FECESC et al (2001), a sigla foi criada para identificar um conjunto de doenças que atingem músculos, tendões e membros superiores (dedos, mãos, punhos, antebraço, braços e pescoço) e tem relação direta com as condições de trabalho. Hoje em dia LER-DORT são mundialmente doenças conhecidas, e principalmente entre usuários de computador, é preciso porém que fique claro que isso não ocorre devido ao uso dos mesmos, mas sim em toda atividade profissional que exija o uso forçado e repetido de grupos musculares associados a posturas inadequadas (MATTOS, citado por POLITO e BERGAMASCHI, 2003). São inflamações provocadas por atividades do trabalho que exigem do trabalhador movimentos manuais repetitivos, continuados, rápidos e ou vigorosos, durante um longo período de tempo, as doenças mais comuns relatadas por FECESC et al (2001) são: TENOSSINOVITE: inflamação do tecido que reveste os tendões. TENDINITE: inflamação dos tendões. EPICONDILITE: inflamação das estruturas do cotovelo. BURSITE: inflamação das bursas (pequenas bolsas que se situam entre os ossos e tendões das articulações do ombro). MIOSITES: inflamação dos músculos. SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO: compressão do nervo mediano na altura o punho. SÍNDROME CERVICOBRAQUIAL: compressão dos nervos em coluna cervical. SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO: compressão do plexo (nervos e vasos). SÍNDROME DO OMBRO DOLOROSO: compressão de nervos e vasos em região do ombro; Por isso devemos ter extremo cuidado neste diagnóstico, pois raramente há indicação de tratamento cirúrgico nos casos de LER. Novamente por FECESC et al (2001), as LER-DORT podem ser cuidadas facilmente se rapidamente forem diagnosticadas. O insucesso dos programas de terapêutica da LER/DORT deve-se a falha no diagnóstico das reais etiologias da dor, da incapacidade e dos fatores que contribuem ou agravam o quadro doloroso, sendo assim, a identificação das estruturas lesadas é importante para o melhor resultado no tratamento (CODO e ALMEIDA, citado por SEVERO, 2006). O tratamento depende sempre de um diagnóstico correto, da eliminação completa

4 dos agentes causais e de uma adequada estratégia terapêutica medicamentosa, fisioterápica e, em alguns casos, cirúrgica (MOREIRA e CARVALHO, citado por SEVERO, 2006). A implementação de medidas preventivas é a melhor atitude a ser empregada, existe uma necessidade de melhorar a educação dos trabalhadores com condutas de orientação recomendações e de comunicações das experiências dos profissionais de saúde. É essencial que os trabalhadores tenham um bom ambiente de trabalho, com aperfeiçoamento técnico para realização de suas tarefas com respeito aos fatores ergonômicos e antropométricos, aos limites biomecânicos, à duração das jornadas e dos intervalos de trabalho, e com atitudes de reconhecimento de seus cargos superiores (MOREIRA e CARVALHO, citado por SEVERO, 2006). GINÁSTICA LABORAL A prática da ginástica Laboral não tem fator limitante,... todos estão aptos a fazer Ferreira (2003). Histórico. Ginástica Laboral não é uma atividade física recente. Porém há relatos deste mesmo tipo de atividade física desde meados de 1925, na Polônia, onde é conhecida por ginástica de pausa e destinada a operários. Desde então Holanda, Bulgária e Rússia onde já foram realizadas pesquisas ao qual obteve-se o resultado em que mais de 5 milhões de colaboradores já foram envolvidos pela ginástica de pausa (CAÑETE, in POLITO e BERGAMASCHI, 2003). Porém sabe-se que a Ginástica Laboral surgiu mesmo no Japão a partir de 1928, onde os primeiros praticantes das diárias sessões de ginásticas eram funcionários dos correios. Pós Segunda Guerra Mundial, este hábito fora difundido por todo país, até que em 1960, surgiram os primeiros resultados de pesquisas ao qual correspondiam a uma diminuição significativa do número de acidentes e um aumento na produtividade. (CAÑETE, in POLITO e BERGAMASCHI, 2003). A Ginástica Laboral chegou ao Brasil por meio de executivos nipônicos em 1969, nos estaleiros Ishiksvajima, onde ainda diretores e operários se dedicam aos exercícios visando primordialmente à prevenção de acidentes. Na década de 1980, a ginástica começou a tomar força, e teve um ápice na década de 90, onde a partir desta data tomou ênfase na qualidade de vida e no trabalho como prevenção de LER-DORT. (POLITO e BERGAMASCHI, 2003). Conceito. Consiste em exercícios realizados no local de trabalho, atuando de forma preventiva e terapêutica no caso de uma LER-DORT, sem levar o trabalhador ao cansaço, por ser de curta duração e enfatizar o alongamento e a compensação de estruturas musculares envolvidas nas tarefas ocupacionais do dia-a-dia (CAÑETE, 1996; MGM, 1999 in POLITO e BERGAMASCHI, 2003). Segundo GUERRA (1997) ainda pode-se acrescentar a esta definição a preocupação com o automatismo de movimentos e prevenção de stress. E segundo REALCE in POLITO e BERGAMASCHI (2003), ginástica laboral, são exercícios que visam normalizar capacidade e funções corporais e funções corporais para o

5 desenvolvimento do trabalho, diminuindo a possibilidade de comprometimento da integridade do corpo. Para Kolling (1980) in Polito e bergamaschi (2003), Ginástica Laboral é um repouso ativo, que aproveita pausas regulares durante a jornada de trabalho, para exercitar os músculos correspondentes e relaxar os grupos musculares que estão em contração durante o trabalho, tendo como objetivo a prevenção de fadiga. Segundo Targa e Dias in Polito e Bergamaschi (2003), a Ginástica Laboral pode ser classificada em: Ginástica preparatória ou pré-aplicada: antes do expediente de trabalho; Ginástica de compensação: durante o expediente de trabalho, com pausas de mais ou menos hora a hora, com duração de 5 a 15 minutos. Ginástica corretiva: feita após o término do expediente diário de trabalho, pode ter uma duração de 50 minutos. Objetivos da Ginástica Laboral. De acordo com Sharcow in Polito e Bergamaschi (2003), o ser humano nasceu para movimentos globais, e as condições de trabalho atuais, com alta repetitividade e monotonia, limitam a natureza humana. Para tentar amenizar o problema, empresas aderem a Ginástica Laboral. Ela pode colaborar com estes processos, sentido do desenvolvimento e evolução dos indivíduos e organizações, dependendo da competência, grau de conscientização e postura ética adotada pelos profissionais que a conduzem. Disto dependerá, também, sua afirmação e valorização como importante instrumento de educação, prevenção e manutenção da saúde dos colaboradores. Segundo a Profª. Casagrande citado por Polito e Bergamaschi (2003), os objetivos da Ginástica Laboral são: Diminuição do absenteísmo e procura ambulatorial; Promoção de saúde; Promoção de consciência corporal; Melhor relacionamento interpessoal; Prevenção de fadiga muscular; Prevenção de LER-DORT; Correção de vícios posturais; Aumento de ânimo e disposição para trabalho e Melhor condição física geral. Tipos. A Ginástica Laboral é uma prática desenvolvida dentro da empresa que consiste em exercícios específicos realizados no próprio local de trabalho. Segundo Maciel et al (2005) a Ginástica Laboral pode ser classificada de acordo com seu horário de aplicação: Preparatória ou de Aquecimento: realizada no início da jornada de trabalho, ela ativa fisiologicamente o organismo, prepara para o trabalho físico e melhora o nível de concentração e disposição, elevando a temperatura do corpo, oxigenando os tecidos e aumentando a freqüência cardíaca. Tem a duração aproximada de 10 a 12 minutos. Inclui exercícios de coordenação, equilíbrio, concentração, flexibilidade e resistência muscular.

6 Compensatória: com duração de 5 a 10 minutos durante a jornada de trabalho, sua principal finalidade é compensar todo e qualquer tipo de tensão muscular adquirido pelo uso excessivo ou inadequado das estruturas musculoligamentares. Tem o objetivo de melhorar a circulação com a retirada de resíduos metabólicos, modificarem a postura no trabalho, reabastecer os depósitos de glicogênio e prevenir a fadiga muscular. São sugeridos exercícios de alongamento e flexibilidade, respiratórios e posturais. Relaxamento: realizada no final da jornada de trabalho durante 10 ou 12 minutos, tem como objetivo a redução do estresse, alívio das tensões, redução dos índices de desavenças no trabalho e em casa, com conseqüente melhora da função social. São realizadas automassagens, exercícios respiratórios, exercícios de alongamento e flexibilidade e meditação. Ainda segundo Maciel et al (2005), Ginástica Laboral pode também ser classificada quanto ao seu objetivo: Ginástica Corretiva ou Postural: relacionada com o equilíbrio dos músculos agonistas/antagonistas, isto é, alongamento dos músculos mais sobrecarregados e fortalecimento dos músculos em desuso ou em pouco uso. Sua execução pode durar entre 10 e 12 minutos, todos os dias ou três vezes por semana. Ginástica de Compensação: tem o objetivo de evitar vícios posturais e o aparecimento da fadiga, principalmente por posturas extremas, estáticas ou unilaterais. Podem ser realizados movimentos simétricos de alongamento dentro do próprio setor ou ambiente de trabalho entre 5 a 10 minutos. Existem ainda outras modalidades que se aproximam mais de um real programa de condicionamento físico, como por exemplo: Ginástica Terapêutica: tem como objetivo o tratamento de distúrbios, patologias ou alterações posturais com grupos de funcionários avaliados previamente e separados por queixas. Tal modalidade é decorrente de um diagnóstico médico, em razão da objetividade do tratamento. É realizada em um local apropriado e não no local de trabalho. Sua duração pode chegar a 30 minutos. Ginástica de Manutenção ou Conservação: é um programa de continuidade após obtenção do equilíbrio muscular alcançado pelas técnicas corretiva ou terapêutica citadas. Pode evoluir para um programa de condicionamento físico aeróbico associado a reforço muscular e alongamentos. Nesse caso é necessário que a empresa disponha de sala especial para o treinamento para que o funcionário possa utilizar seus horários de folga com duração de 45 a 90 minutos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARINI, S.; Lesões por esforços repetitivos Distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (LER/DORT): A mais nova epidemia na saúde pública brasileira. - Publicado em 16/02/06. COUTO, H. A., NICOLETTI, S. J., LECH, O. Como gerenciar a questão das LER/D.O.R.T.. Belo Horizonte: Ergo, 1998, adaptado por MARTINS, C. de O., ENBYSK, M.; Aumente a produtividade com boas soluções ergonômicas no ambiente de trabalho: Não é necessário gastar muito dinheiro.

7 FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES DO COMÉRICO NO ESTADO DE SANTA CATARINA (Fecesc) et al. Cartilha LER DORT. Santa Catarina: a CUT, agosto de GIL, A. C.; Como elaborar projetos de pesquisa. 3ª edição São Paulo: Atlas, GUERRA, A. C.; Ginástica Laboral sem mistérios: movimento. São Paulo, nº 5, pp , ILDA, I.; Ergonomia: Projeto e Produção. 8ª reimpressão. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., POLITO, E.; BERGAMASCHI, E. C.; Ginástica Laboral: Teoria e Prática. 2ª edição. Rio de Janeiro: Sprint, MACIEL, R.H.; Quem se beneficia dos programas de ginástica laboral? Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, vol.8 São Paulo dez Retirado do site: MARTINS. C.O.; Ginástica laboral no escritório, Editora fontoura, Jundiai SP