A Análise do Risco e o Euro. Que Futuro em Portugal?
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- Agustina Peralta Custódio
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1 A Análise do Risco e o Euro Que Futuro em Portugal? Pedro Manuel Frouco Marques Janeiro /
2 Existe um mercado fascinante, onde é possível comprar sem ter dinheiro e vender sem ter mercadoria; Onde a especulação, mais do que tolerada ou desejável, é imprescindível. Luís F. Forbes 12
3 RESUMO Tudo na vida, está sujeito a movimentos oscilatórios de ascensão e queda, de oportunidades e derrotas, de perdas e de ganhos. Empresas, bancos, instituições, enfim agentes económicos agregados em qualquer actividade económica vão continuar a lutar por maiores ganhos, mas poderão no entanto não sofrer quaisquer perdas. Com a moeda única e a maior profundidade e liquidez dos mercados dos Estados-Membros passou a haver maior divulgação dos instrumentos financeiros, derivados, de cobertura de risco ou investimento financeiro. É que para além de operações de hedging, estes produtos financeiros colocam-se lado a lado com produtos mobiliários, quer para operações de maior arbitragem e/ou especulação, quer mesmo em termos de obtenção de financiamento. E os diferentes agentes ou investidores que não conseguem garantir resultados mais positivos, têm contudo a oportunidade, controlando os seus custos e cobrindo os seus riscos, de poder limitar ou anular aspectos mais negativos. Ora, o desafio da moeda única implica mudanças, a maioria das quais de curto prazo, nomeadamente no domínio financeiro, mas com repercussões positivas a médio e longo prazo. Contudo a curto prazo, os diversos investidores e agentes económicos sentem o peso da mudança. Medos e receios, agravados com a falta de informação e esclarecimentos, bem como de formação adequada nomeadamente por parte das entidades responsáveis, agravam nos tempos mais próximos a percepção legítima e adequada de como o risco, nomeadamente financeiro pode ser reduzido ou mesmo eliminado. O objectivo deste estudo não é a divulgação da forma como se gere o risco mas sobretudo a possibilidade do mesmo ser ultrapassado, pela sua redução ou mesmo eliminação, garantindo-se a protecção e segurança necessários através dos adequados instrumentos de cobertura financeira, nomeadamente ao nível dos produtos derivados, em Portugal. Eliminado ou reduzido o risco, os diversos intervenientes económicos poderiam não só conter as perdas mas fundamentalmente consolidar maiores ganhos, garantindo maiores rendibilidades à custa de menor risco e maior liquidez dentro da UEM, se necessário arriscando investimentos mais perigosos mas também mais atractivos do ponto de vista 13
4 financeiro em mercados out, nomeadamente em Zonas Emergentes, para apetites mais gulosos e apetentes ao risco. Através de um inquérito nacional efectuado a diferentes categorias económicas, verificou-se um fraco conhecimento nacional destes produtos financeiros, quer para a cobertura de risco, quer para a obtenção de maiores ganhos e sobretudo que os diferentes agentes económicos e investidores só poderão compreender estes assuntos quando estiverem completamente esclarecidos, recebendo adequada formação e informação das instituições responsáveis pela divulgação, das implicações preconizadas pela entrada em circulação do Euro em Portugal. Este trabalho pretende ainda demonstrar que nos seus mais diversos aspectos económicos, socais, políticos e orçamentais e economias mais convergentes implicam menores incertezas, pois gerarão maiores investimentos pela redução ou eliminação de custos e riscos. Integrados em mercados financeiros globais, os agentes económicos poderão intervir em bolsas europeias com maior potencial de diversificação, sem risco cambial acedendo facilmente a acções, obrigações, fundos de investimento e produtos derivados de outros Estados-Membros aderentes, ou do próprio Estado Nacional. Poder-se-ão constituir em utilities, alargando cada vez mais o conceito de actividades económicas de menor risco, maior liquidez e maior capitalização bolsista no contexto da UEM. Só assim agentes económicos e investidores nacionais poderão falar em novos ganhos com abrangentes iniciativas de menor risco e maior liquidez, fomentando maiores rendibilidades e demonstrando que é possível a Portugal conquistar um lugar sem sombra no contexto europeu, porque o sol da UEM queima mas não mais pode deixar de brilhar. Que venha o Euro! PALAVRAS-CHAVE Euro, Desafio, Mudança, Perdas, Risco, Risco Sistemático, Risco Diversificável, Cobertura de Riscos, Instrumentos Financeiros, Mercados Financeiros, Investimento, Especulação, Arbitragem, Liquidez, Ganhos, Crescimento Económico, Emprego, Estados-Membros, União Económica e Monetária, Zona Monetária Óptima, Internacionalização, Globalização. 14
5 SUMMARY Everything in life is subject to oscillation movements of rise and fall, of opportunities and defeats, of losses and profits. Enterprises, banks, institutions, in short, economic agents aggregated in any economic activity will keep on fighting for higher profits, but they may not, however suffer any losses. With the single currency and the greatest depth and liquidity of the market of the Member States there is a better divulgation of the financial implements, derived, of covering risk or financial investment. Besides the hedging operations, these financial products are placed side by side with assets, either for operations of a wider arbitration and/or speculation, or even in terms of financing acquisition. And the different agents or investors that cannot guarantee more positive results, have, nevertheless, the opportunity of limitting of annulling more negative aspects, controlling their costs and covering their risks. Now the challenge of the single currency involves changes, most of them short - term, namely in the financial field, but with medium and long-term positive repercussions. However, in shortterm, different investors and economic agents feel the weight for change. Fears, that worsen with the lack of information and explanations, as well as suitable formation, namely by the responsible entities, make worse in a near future, the genuine and adequate perception of how the risk, namely financial can be reduced or even eliminated. The objective of this study is not the divulgation of how to manage risk, but the possibility of it being overcome by the reduction or even elimination, guaranting necessary protection and safety through the appropriate financial covering, namely to the level of the derivative products in Portugal. Eliminated or reduced the risk, the different economic intervenients could not only hold the losses but basically consolidate more profits, guaranteeing more profitability at the expense of less risk and higher liquidity within the Monetary Economic Union, if necessary, risking more dangerous investments but also more attractive, from the financial point of view in markets out, namely in Emerging Zones, to the appetite of the greediest and desirable to the risk. Through a national survey done to different economic categories, it was checked that a weak national knowledge of these financial products, either to the risk covering or to get higher profits 15
6 and especially that the different economic agents and investors can only understand these topics when they are completely informed, getting suitable formation and information from the responsible institutions through divulgation of the preconized involvements of the entry of Euro currency in Portugal. This work aims at showing that in the different economic, social, political and budgetary aspects and more convergent economies involves less uncertainties, because they will create more investments due to the reduction or elimination of costs and risks. Integrated in global financial markets, the economic agents can intervene in European Stock Exchange with a greater diversification potential, without foreign exchange risk to have acess easily to shares, bonds, investments funds and derivative products from other Member States or from the National State itself. They may form in utilities widening even more the concept of economic activities of minor risk, higher liquidity and higher stock exchange capitalization in the Economic Monetary Union context. Only this way economic agents and national investors will talk about new profits and including initiatives of minor risk and higher liquidity, promoting higher profitabilities and showing that Portugal can conquer a place without shadow in the European context, because the sun of the EMU burns but it cannot stop shining. Let Euro come! KEY-WORDS Euro, Challenge, Change, Losses, Risk, Sistematic Risk, Variable Risk, Covering Risks, Financial Implements, Financial Markets, Investment, Speculation, Arbitration, Liquidness, Profits, Economic Growth, Employment, Member States, Monetary and Economic Union, Excellent Monetary Zone, Internationalization, Globalization. 16
7 RÉSUMÉ Dans la vie, tout est soumis aux mouvements fluctueux d ascension et de chute, des opportunités et des défaites, des pertes et des gains. Des entreprises, des banques, des institutions, enfin des agents économiques agrégés, n importe l activité économique, vont continuer à lutter pour des majeurs gains, mais ils pourront ne pas souffrir aucunes pertes, quand même. Avec la monnaie unique et le majeur profondeur et liquidité des marchés des États - Membres, il a passé à y avoir une majeure divulgation des instruments financiers, dérivés de la couverture de risque ou de l investissement financier. C est que par-delá des operations de hedging, ces produits financiers se placent côté à côté, avec les produits mobiliers, soit pour les operations de majeur arbitrage et/ou spéculation, soit même dans le but de l obtention de financement. Les différents agents ou les investisseurs qui ne reussent pas à garantir des résultats plus positifs, ils ont pourtant l opportunité, en contrôlant leurs coûts et couvrant leurs risques, de pouvoir limiter ou d annuler les aspects plus négatifs. Or, le défi de la monnaie unique implique des changements, la majorité à court terme, nommément dans le domaine financier, mais avec des répercussions positives à moyen et long terme. Cependant à court terme, les divers investisseurs et les agents économiques sentent le poids du changement. Des peurs et des craintes, aggravés par le manque d information et des éclaircissements, quoique de la formation appropriée, nommément par les entités responsables, aux prochains temps ils vont aggraver la perception légitime et appropriée de comment le risque, nommément le financier, peut être réduite ou même éliminé. L objectif de cet étude n est pas la divulgation de la façon de gérer le risque, mais surtout la possibilité de lui même être dépassé, par sa prope réduction ou même l élimination, en garantant la protection et la securité necessaires à travers des instruments appropriés de couverture financière, nommément au niveau des produits dérivés, au Portugal. En éliminant ou en réduisant le risque, les divers intervenants économiques pourraient ne pas seulement contenir les pertes mais fondamentalement consolider majeurs gains, en garantant majeures rentabilités aux dépens de moindre risque et majeure liquidité dans la UEM, si necessaire en risquant des investissements plus dangers mais aussi plus attractifs du point de 17
8 vue financier dans les marchés out, nomméament dans les Zones Émergentes, pour des appetits plus gourmands et des appétents au risque. À travers d un enquête nacional effectué aux différentes catégories économiques, on a verifié une faible conaissance nacional de ces produits financiers, soit pour la couverture de risque, soit pour l obtention de majeurs gains et surtout que les differents agents économiques et investisseurs pourront seulement comprendre ces sujets quand ils seraient completement éclairés, en recevant de la formation appropriée et de l information des instituitions reponsables par la divulgation, des implications préconisées par l entrée en circulation de l Euro au Portugal. Ce travail prétend encore démontrer que dans ses aspects économiques, sociaux, politiques et du budget, les plus divers, des economies plus convergentes impliquent moindres incertitudes, car elles produisent majeurs investissements par la réduction ou élimination des côuts et des risques. Intégrés en marchés financiers globaux, les agents économiques pourront intervenir dans les bourses europeénnes avec une majeure puissance de diversification, sans le risque de change, en accédant facilement aux actions, aux obligations, aux fonds d investissements et produits dérivés des autres États-Membres adhérents, ou du propre État Nacional. On pourrait constituer en utilities, en élargissant de plus en plus l idée des activités économiques de moindre risque, de majeure liquidité et majeure capitalisation dans la boursiste dans le contexte de la UEM. Seulement ainsi les agents économiques et investisseurs nacionaux pourront parler de nouveaux gains avec des initiatives abrangentes de moindre risque et majeure liquidité, en fomentant des majeures rentabilités et en démontrant qu il est possible au Portugal de conquérir une place sans l ombre dans le contexte européen, parce que le soleil de la UEM brûle mais il ne peut plus laisser de briller. Qu il vienne l Euro! DES MOTS - CLÉS Euro, Défi, Changement, Pertes, Risque, Risque Systèmathique, Risque Diversificable, Couverture des Risques, Instruments Financiers, Marchés Financiers, Investissement, Spéculation, Arbitrage, Liquidité, Gains, Croissance Èconomique, Emploi, États-Membres, Union Economique et Monétaire, Zone Monétaire Optimum, Internationalisation, Globalisation. 18
9 ÍNDICE GLOBAL PARTE I - O RISCO E SEUS INSTRUMENTOS DE COBERTURA I - INTRODUÇÃO Enquadramento Temático - A Incerteza Âmbito da Tese - O Risco A Escolha do Tema Metodologia Utilizada Forma de Organização do Trabalho II - OS INVESTIMENTOS FINANCEIROS EM FUNÇÃO DO RISCO Aplicações Financeiras O Risco - Seus Modelos de Avaliação Modelo das Carteiras Eficientes Modelo de Avaliação de Activos Financeiros, com e sem risco Modelo CAPM Resumo do Capítulo II III - OS INVESTIMENTOS DE COBERTURA DO RISCO FINANCEIRO O Risco dos Mercados O Risco no Mercado Monetário - A Taxa de Juro O Risco no Mercado Cambial - A Taxa de Câmbio Tipos de Mercados Em função das suas características - Mercados Derivados Em função do tempo - Mercado à Vista e Mercados a Prazo Em função do local - Mercados Organizados e Mercados OTC Instrumentos de Cobertura de Risco Contratos Forward Contratos FRA S Swaps Opções Características deste Instrumento Financeiro Compra e Venda da Call Compra e Venda da Put Futuros Características Gerais Intervenientes nos Mercados de Futuros Os Contratos de Futuros da BDP A Minimização do Risco via Contratos de Futuros Estratégias de Investimento em Futuros Caps, Floors e Collars Repos Resumo do Capitulo III 19
10 PARTE II - OS IMPACTOS DA MOEDA ÚNICA IV - O EURO Será a UEM uma Zona Monetária Óptima? Os princípios de Mundell Um exemplo prático A questão das Simetrias e Assimetrias Teses Contemporâneas das ZMO ZMO Europeias idênticas ao Canadá ou EUA? Os verdadeiros critérios de convergência real e a saída para a Politica Orçamental A necessária mobilidade entre os Estados Membros Uma Europa a duas velocidades? O Trilema Impossível O problema dos choques assimétricos O necessário combate aos défices A evolução da Moeda Única - um passado recente? Países aderentes e não aderentes Breve resumo histórico e situação actual Critérios de convergência Principais objectivos da UE A actual UE O papel do Euro, no contexto Europeu e Mundial A Política de Preços A Política de Rendimentos (Salários e Capitais) A Política de Emprego A Política Social A Política Fiscal A consequente União Política? A nova realidade Europeia face às repercussões do Euro A Política Monetária Única Objectivos Intermédios Instrumentos da Política Monetária Haverá transporte nas Taxas de Juro? O Euro significa a perda da soberania nacional? A Política Cambial Única A Perda de um Instrumento Competitivo O Papel dos Bancos e do Sector Financeiro em Geral A eliminação do prémio de risco cambial e a redução do prémio de risco inflação Política Cambial no contexto actual Política Orçamental face aos critérios de convergência A dependência da Política Orçamental face ao PEC, que dita os princípios A necessidade das Reformas Estruturais Impactos da Moeda Única em Portugal Principais desvantagens decorrentes da entrada na UEM Principais vantagens da integração de Portugal na UEM A competitividade nacional O processo de globalização 4.5 Resumo do Capítulo IV 20
11 V - OS MERCADOS FINANCEIROS NO CONTEXTO DO EURO Os Mercados Financeiros O Mercado de Dívida ( Bonds) O Mercado de Acções ( Equity) - A par de novos desafios? O Mercado de Derivados O Sector Bancário face aos Impactos do Euro A Análise Sectorial Bancária Principais Custos e Benefícios para os Bancos - Um Importante Desafio Movimentos Bancários - Novos Produtos Financeiros em Euro? O Panorama Bolsista no contexto da UEM Que Futuro para os Mercados Financeiros e para o Sector Bancário em Geral? Resumo do Capítulo V VI - O RISCO E SEUS INSTRUMENTOS DE COBERTURA NO IMPACTO DA MOEDA ÚNICA A Eliminação do Risco Cambial O Risco Contabilístico O Risco de Transacção O Risco Operacional O Risco de Taxa de Juro, na Zona Euro O Risco no Mercado Monetário Os Instrumentos de Cobertura de Risco e sua Integração na Zona EURO Técnicas Externas de Cobertura de Risco Técnicas Internas de Cobertura de Risco Novas Formas de Financiamento, Oportunidades e a Gestão do Risco da Moeda Única Alterações com a Moeda Única A verdadeira dimensão do mercado de capitais nacional e Europeu As novas oportunidades oferecidas aos investidores com a moeda europeia Inquéritos realizados acerca dos impactos do EURO Inquéritos Gerais Inquérito Nacional Realizado no Âmbito deste Trabalho Resumo do Capitulo VI CONCLUSÃO Glossário de Termos e Abreviaturas Bibliografia Anexos 21
12 ÍNDICE DE GRÁFICOS E QUADROS GRÁFICOS CAPÍTULO III Nº 1 - Compra da Call Nº 2 - Venda da Call Nº 3 - Compra da Put Nº 4 - Venda da Put Nº 5 - Compra da Call, para especular Nº 6 - Compra de Calls, como parte de um plano de investimento diversificado Nº 7 - Compra de Calls, como parte de um plano de investimento concentrado Nº 8 - Compra de Calls, para favorecer posições de Short Selling Nº 9 - Compra de Calls, para fixar o preço máximo da compra de um bem Nº 10 - Venda da Call, para especular Nº 11 - Venda da Call, para cobrir uma posição longa Nº 12 - Compra da Put, para especular Nº 13 - Compra da Put, para proteger uma posição longa Nº 14 - Compra da Put, para fixar o preço máximo da venda de um bem Nº 15 - Venda da Put, para especular Nº 16 - Venda da Put, para cobrir uma posição curta Nº 17 - Compra de Futuros, para especular Nº 18 - Compra de Futuros, para garantir posicionamento estratégico Nº 19 - Compra de Futuros, com posicionamento, concentrando capital em futuros Nº 20 - Compra de Futuros, para proteger uma posição curta Nº 21 - Compra de Futuros, para fixar o preço de compra de um bem Nº 22 - Venda de Futuros, para especular Nº 23 - Venda de Futuros, para proteger posições longas Nº 24 - Venda de Futuros, para fixar o preço de venda de um bem ANEXOS Nº IV - Portugal no contexto da UEM QUADROS CAPÍTULO III Nº 1 - Empréstimo com utilização de Swaps de Taxas de Juro Nº 2 - Empréstimo com utilização de Swaps de Divisas e de Taxas de Juro Nº 3 - Fase inicial dos Repos Nº 4 - Fase final dos Repos CAPÍTULO V Nº 5 - Redenominação pelo método Bottom-up, por carteiras CAPÍTULO VI Nº 6 - Sondagem EURO (por grupo de países) Nº 7 - Sondagem EURO (por países) Nº 8 - Sistematização do Risco e respectivos instrumentos de cobertura face ao Euro ANEXOS NºII - Tratamento Estatístico 11
13 AGRADECIMENTOS Quero deixar aqui um agradecimento muito especial: Ao Professor Dr. João Cantiga Esteves, meu orientador, por toda a colaboração e acompanhamento prestado, bem como pelas criticas e sugestões formuladas. À Universidade Lusíada com especial atenção ao Núcleo de Pós-Graduações e Mestrados e à Mediateca por todo o apoio e esclarecimentos concedidos. Às Instituições Financeiras com relevância para o Banco Santander, bem como aos diversos organismos que disponibilizaram documentação fundamental para esta dissertação. Aos diversos quadros a quem entrevistei da Comissão Euro, da BVL, do IAPMEI, da CMVM, de bancos como o BTA, o BBI, a CGD e o Banco Mello. De uma forma geral a todos os que directa ou indirectamente contribuiram para que este trabalho fosse possivel nomeadamente gestores e técnicos de empresas, de organismos estatais, da BDP, colegas e amigos. Dedico este trabalho à Sofia, à Sara e ao Sérgio, aos meus Pais, à minha família. 12
14 PARTE I O RISCO E SEUS INSTRUMENTOS DE COBERTURA
15 Capítulo I Introdução Enquadramento Temático A Incerteza If anything can go wrong, it will Murphy Desde os tempos mais remotos que o Homem vive em constante incerteza acerca das expectativas que o futuro irá determinar em tudo aquilo que o rodeia. Os medos e receios são situações possíveis de não explicação sobre algo que pode ocorrer sem que o Homem o possa inicialmente prever. O simples trovão poderia supor uma simples chuvada ou agoirar uma tempestade diluviana com características imprevisíveis. As terras poderiam com esta chuva duplicar o rendimento das suas colheitas ou, ao invés, reduzir para menos de metade o valor do rendimento inicialmente estimado para a produção desse mesmo ano agrícola. De civilização em civilização houve progressivamente a necessidade imperiosa do Homem se procurar rodear de algo que lhe pudesse explicar, ou colmatasse o seu medo em relação aquilo que poderia num futuro próximo ocorrer. Surgiram os mitos, os deuses e o sobrenatural consubstanciado na fé de algo muito forte que vem do interior de cada Homem e que vence as barreiras do mundo exterior, inóspito e imprevisível. Esta situação de incerteza limita os acontecimentos futuros, originando um vazio em que os factos são imprevisíveis e incontroláveis. Ninguém hoje em dia pode ser dono da certeza alegando que, no futuro, certo acontecimento ocorrerá. Quem poderia prever que as turbulências dos mercados financeiros asiáticos ou a crise económica e governativa da Rússia ou mesmo as desventuras amorosas do presidente dos EUA, pudessem por em causa, em finais de 1998, a elevada prosperidade dos mercados de capitais, fomentando mesmo um crash bolsista, de quedas acentuadas a nível mundial?
16 A análise que aqui se pretende delimitar não é a da incerteza, entendida como as mudanças imprevisíveis ocasionadas por guerras, golpes de estado ou outros acontecimentos que podem ocorrer em qualquer lugar do mundo mas que certamente poderão afectar o país em que vivemos atendendo ao processo de globalização de que estamos hoje em dia totalmente dependentes. O que se pretende sobretudo é a possibilidade de contemplar o futuro com algum optimismo, delineando previsões pela atribuição de probabilidades e procurando garantir a protecção contra riscos resultantes de eventuais desvios, através dos adequados instrumentos financeiros de cobertura.
17 1.2 - Âmbito da Tese O Risco Human Nature does not change. But if men establish rules and institutions that govern relationships between them, and insist that these be obeyed, then that fundamentally alters relations between them. This process is the very act of civilisation. Jean Monnet Quem projecta um determinado investimento ou aplica simplesmente os seus capitais, fá-lo sempre no intuito de ganhar algo mais, ou seja de obter mais valias decorrente dessa aplicação. Hoje em dia, poderemos enquadrar a atitude das pessoas face ao risco do seguinte modo: O Prudente ou Avesso ao Risco - corresponde ao investidor que em termos financeiros prefere um menor rendimento com maior certeza, a um maior rendimento com menor hipótese de ocorrência. Ou seja, pondera o risco que vai correr só aceitando mais risco se a rendibilidade que daí possa advir seja compensatória. O Indiferente - assume o perfil de quem não procura prever os riscos que corre, ou então pondera os riscos, mas é neutro em relação aos mesmos. Neste caso o prémio de risco assume-se como nulo. O Jogador - traduz o tipo de investidor, perfeitamente enquadrado com o risco que pretende correr. Gosta de assumir riscos, sentindo-se bem nessa situação, talvez mesmo atraído à medida que o risco vai aumentando. Perante este tipo de perfis, o que importa analisar é a necessidade de perante um determinado investimento se procurar fazer face ex-ante a uma situação que possa preconizar um desvio, com maiores ou menores perdas em relação aos dados, previamente delineados. O risco não pode ser assumido perante uma situação de certeza, no sentido de que cada decisão corresponde sempre ao inicialmente previsto, gerando sempre o mesmo (bom) resultado. Daí, a necessidade imperiosa de cobertura do risco, a fim de garantir a segurança mínima, em
18 relação à política de investimentos definida à priori de forma a concretizar em resultados os objectivos inicialmente formulados. No tipo de investimento efectuado pelo investidor, o nosso estudo centra-se sobretudo ao nível do investimento financeiro, contrapondo-o em relação ao investimento não financeiro (Capital Investments). Excluem-se de certa forma os meios produtivos necessários para produzir bens e serviços que serão vendidos posteriormente no mercado. A análise, objecto deste estudo, é a do Risco, entendido como algo mais previsível num ambiente futuro desconhecido mas em que se podem atribuir probabilidades e garantir a sua cobertura. Esta cobertura procura relevar decisões ou tomadas de posição de curto, médio ou longo prazo, associadas a este risco (financial risk) e ocasionadas por variações na taxa de juro, nas moedas dos diferentes países (divisas), ou no valor de outros activos mobiliários, em função das disponibilidades dos mercados financeiros e dos seus respectivos produtos. O risco assume-se assim como previsível e poderá ser coberto por um seguro ou por qualquer instrumento disponível de cobertura de risco financeiro. O estudo incidirá nos investimentos em carteiras de títulos analisando o risco e a cobertura desse mesmo risco, com as alterações financeiras inerentes à introdução e circulação da nova moeda (Euro) em Portugal. Procurar-se-á, ainda que de forma sucinta, verificar eventuais diferenças preconizadas pelo euro nos produtos, nos preços, competitividade, etc., em torno do risco ligado ao ramo de actividade (business risk).
19 1.3 A Escolha do Tema... O projecto comporta riscos. Mas nada se faz na vida sem riscos. Isabel Ucha, Paulo Sande Novembro de 1997 Portugal iniciou em 1 de Janeiro de 1999 uma viragem histórica ao assumir, como sua, a mesma moeda (Euro) que circulará nos restantes países europeus aderentes. A substituição de uma moeda nacional por outra de cariz comunitário evidenciará em Portugal grandes modificações nas políticas monetária e cambial e mesmo alterações nas políticas económicas e/ou orçamentais. Os preços, as taxas de juro, os débitos das finanças públicas poderão eventualmente baixar. Mas será que todo este conjunto de situações agregará mais investimentos, desenvolvimento, emprego e crescimento económico, numa moeda que se pretende forte a nível internacional? Provavelmente Portugal poderá ser parte de uma zona monetária óptima em que trabalho e capital sejam factores produtivos flexíveis gerando maior competitividade e concorrência face ao exterior. Mas será que os cidadãos e empresas nacionais estarão devidamente preparados para a mudança? E aceitarão de bom grado as reformas estruturais ao nível da educação, saúde, segurança social e serviços jurídicos, necessárias à saúde publica do Euro? E em relação aos investidores, será que alterações verificadas com o Euro a nível financeiro nomeadamente no mercado de capitais implicarão maior liquidez e profundidade, não induzindo qualquer risco? E se esse risco existir, será que os instrumentos de cobertura de risco tradicionais ou outros mais inovadores, poderão anulá-lo ou reduzi-lo? O tema em si procura sobretudo dar respostas às questões atrás apresentadas, atendendo ao risco que lhe está associado (sobretudo ao nível financeiro) e contrapondo instrumentos para garantir a sua cobertura e segurança. A escolha do tema prende-se com o facto do mesmo ser actual, inovador, fresquíssimo e simultaneamente interessante, que agrega um conjunto de vantagens mas simultaneamente inconvenientes.
20 É sobre os medos e receios decorrentes do risco, agravado com a falta de divulgação acerca das alterações a verificar com o Euro no contexto português, que se pretende retratar este estudo, esperando que o mesmo possa contribuir para um maior esclarecimento e informação, nomeadamente ao nível de cobertura do risco, em Portugal.
21 1.4 - Metodologia Utilizada Este processo de investigação, inicia-se com a identificação e formulação da hipótese que se pretende demonstrar ou rejeitar. Na presente tese, a hipótese em causa é a seguinte: Apesar das vantagens, existem inconvenientes e alterações na moeda única (Euro), pressupondo-se certos medos e receios, cujo risco, nomeadamente financeiro, pode ser reduzido ou mesmo eliminado, garantindo-se a protecção e segurança necessários, através dos adequados instrumentos de cobertura financeira. Para testar a hipótese enunciada seguiu-se o método de investigação baseado na utilização e avaliação de casos reais. Com vista a avaliar estes casos, a metodologia, partindo da situação-problema, propôs um conjunto de questões, cujas respostas o decisor foi progressivamente seleccionando em etapas sucessivas. Este método, conhecido como Método dos Casos simulou no trabalho a realidade, adaptando-a através de um processo de aprendizagem aos conceitos e modelos teóricos relacionados com a Análise do Risco. Para o efeito, foram dados os seguintes passos: preparação, recolha de informação e avaliação. A preparação consistiu na sistematização dos princípios de gestão mais relevantes, bem como a análise prévia de casos de risco para empresários e cidadãos. Deste risco, seleccionou-se como fundamental o risco financeiro e no contexto nacional verificou-se as suas repercussões à luz da entrada em circulação do Euro em Portugal. Procedeu-se ainda a entrevistas, nomeadamente com o Presidente da Comissão Euro do Ministério da Economia, bem como a gestores e técnicos de Entidades Públicas e Privadas, de forma a assegurar maior sensibilidade neste domínio, associada à nossa própria experiência profissional. Esta etapa, permitiu seguidamente elaborar o modelo de questionário, bem como proceder à sua análise através da recolha e tratamento da informação relativa aos casos reais
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