Síntese da denúncia realizada pela Federação Interestadual das Escolas Particulares ao Tribunal de Contas da União
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- Giovanna de Almada Camarinho
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1 Síntese da denúncia realizada pela Federação Interestadual das Escolas Particulares ao Tribunal de Contas da União Assunto: FIES Processo: / Data da apresentação: 12/06/2015 Relatora: MIN. ANA LÚCIA ARRAES DE ALENCAR Andamento: Em ainda aguardando parecer do Relator após juntada de documentação complementar em A Federação Interestadual das Escolas Particulares denunciou junto ao Tribunal de Contas de União a irregularidade praticada pelo Ministério da Educação e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FNDE por violação à Lei de Responsabilidade Fiscal, retratada nas PORTARIAS NORMATIVAS Nº 21 (publicada no D.O.U. em ) e 23 (publicada no D.O.U. em ) do Ministério da Educação. Esclareceu-se ao TCU que por força do programa de financiamento estudantil FIES dispôs o artigo 7º da Lei 10260/2001 que a União estaria autorizada a emitir títulos da dívida pública em favor do FIES, os quais seriam representados por certificados de emissão do Tesouro Nacional (par. 1º), autorizando-se a utilização em pagamento dos créditos securitizados (art. 8º). Os certificados em questão seriam destinados pelo Fies exclusivamente ao pagamento às mantenedoras de instituições de ensino dos encargos educacionais financiados (art.9º). Essa seria a forma como chegam às mantenedoras a contrapartida econômica pelos serviços educacionais que prestam. Nos estritos contornos da legislação de regência (art. 10º) tais certificados:... serão utilizados para pagamento das contribuições sociais previstas nas alíneas a e c do parágrafo único do art. 11 da Lei n o 8.212, de 24 de julho de 1991, bem como das contribuições previstas no art. 3 o da Lei n o , de 16 de março de (Redação dada pela Lei nº , de 2010) (...) 3 o Não havendo débitos de caráter previdenciário, os certificados poderão ser utilizados para o pagamento de quaisquer tributos administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, e respectivos débitos, constituídos ou não, inscritos ou não em dívida ativa, ajuizados ou a ajuizar, exigíveis ou com exigibilidade suspensa, bem como de multas, de juros e de demais encargos legais incidentes. (Redação dada pela Lei nº , de 2010)
2 Segundo os contornos da legislação de regência, as mantenedoras são remuneradas primeiramente pela possibilidade de mensalmente realizarem a compensação de créditos do Fies retratados nos certificados acima referidos com débitos previdenciários próprios, e sucessivamente com outros débitos tributários administrados pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Aliado à forma ordinária de contraprestação, o art. 11º da Lei 10260/2001 determinou que a Secretaria do Tesouro Nacional resgatasse os certificados utilizados para quitação dos tributos, sendo que o FIES estaria obrigado a realizar a recompra dos certificados em periodicidade mínima trimestral (art. 13º). Visando outorgar segurança jurídica e maior clareza ao que já dispunha a legislação retro transcrita, o MEC editara a Portaria Normativa nº 15, de 8 de julho de 2011, a qual possuía anteriormente à edição da Portaria 23, de 2014, a seguinte redação: Art. 33. Os Certificados Financeiros do Tesouro Série E (CFT-E) destinados ao pagamento dos encargos educacionais deverão ser emitidos e disponibilizados às entidades mantenedoras em conta individualizada de subcustódia mantida em sistema próprio do agente operador, a partir do mês imediatamente subseqüente à formalização do contrato de financiamento e de seus termos aditivos pelos agentes financeiros do Fies. Parágrafo único. O prazo de que trata o caput deste artigo condiciona-se ao recebimento, pelo agente operador, dos contratos e termos aditivos encaminhados pelo agente financeiro até o dia 20 de cada mês, ressalvados os instrumentos contratuais que exigirem correção após a conclusão do processo de validação pelo agente operador. A Portaria 23, de 2014, acima referida, alterou o disposto no artigo 33, nos seguintes termos: Art. 2º A Portaria Normativa MEC nº 15, de 8 de julho de 2011, passa a vigorar com a seguinte alteração: "Art º O prazo de que trata o caput deste artigo condiciona-se ao recebimento, pelo agente operador, dos contratos e termos aditivos encaminhados pelo agente financeiro até o dia 20 de cada mês, ressalvados os instrumentos contratuais que exigirem correção após a conclusão do processo de validação pelo agente operador.
3 2º As entidades mantenedoras com número igual ou superior a (vinte mil) matrículas financiadas pelo Fies terão a emissão e disponibilização de que trata o caput efetuadas em até 8 (oito) parcelas anuais. 3º As parcelas de que trata o parágrafo anterior terão intervalo mínimo de 45 (quarenta e cinco) dias entre cada parcela e abrangerá um único mês de competência de encargos educacionais a cada emissão. 4º As datas previstas para emissão serão divulgadas no Sisfies, conforme Programação de Repasses de CFT-E. 5º Para fins da apuração do número de matriculas de que trata o parágrafo segundo serão consideradas todas as instituições de ensino superior vinculadas a uma mesma entidade mantenedora e todas as entidades mantenedoras vinculadas a um mesmo grupo controlador, observadas as informações constantes do Sisfies e do Cadastro e-mec de Instituições e Cursos Superiores do Ministério da Educação, dentre outras de livre acesso ao agente operador do Fies. Art. 50-A O intervalo mínimo entre as parcelas de que trata o 3º do Art. 33 desta Portaria, no exercício de 2015, será de 40 (quarenta) dias nas emissões referentes ao primeiro semestre e de 45 (quarenta e cinco) dias nas emissões referentes ao segundo semestre." (NR) A limitação expressa nos 2º e 3º da Portaria Normativa MEC n 15/2011, com redação conferida pela Portaria Normativa MEC nº 23/2014 pode ser visualizada através da simples análise do calendário de emissão de CFT-Es divulgado pelo FIES para o ano de 2015: A despeito das instituições de ensino superior prestarem serviços aos alunos beneficiários do FIES durante 12 (doze) meses do ano, receberão a remuneração de somente 08 (oito) meses, postergando-se o pagamento dos outros 04 (quatro) meses remanescentes para data futura, que sequer se encontra prevista em qualquer ato normativo.
4 Ademais, o intervalo de emissão dos CFT-Es será de até 45 (quarenta e cinco) dias, mas referente à remuneração de somente 30 (trinta), ou seja, clara apropriação de receita pertencente às IES. Como se pode observar da Programação de Repasse de CFT-E 2015 referente às mantenedoras com menos de alunos matriculados no FIES, lhes será garantida a emissão e repasse de 12 parcelas mensais dos CFT-Es (tabela abaixo). Para as mantenedoras (ou grupo de mantenedoras com mesmo controle) com ou mais alunos no FIES, por outro lado (tabela acima), somente haverá 08 repasses de títulos anuais: A inexistência de provisão ou contingenciamento das obrigações prorrogadas por força das referidas Portarias no orçamento da União e/ou do Mec e/ou do FNDE violou o disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal na esteira de precedentes do TCU (TC /2014-8), no qual se constatou a prática de atrasos e outras irregularidades nos repasses do Governo Federal às instituições financeiras e aos demais entes federados, sem o devido registro de dívida e despesa primária nas estatísticas fiscais, gerando um suposto superávit de crédito. Esclareceu-se que uma forma tradicional de postergar o pagamento de despesas é a criação dos restos a pagar. Como os orçamentos públicos tem periodicidade anual, a
5 despesa pública contratada em um ano, mas que não foi efetivamente paga naquele ano passa a contar do orçamento do exercício seguinte como resto a pagar. Assim quanto mais despesas o governo consegue colocar em restos a pagar, menor o seu desembolso de caixa no ano corrente e, portanto, maior o resultado primário. Essa é a manobra contábil que o Governo Federal vem adotando para o Programa FIES. O Governo Federal promoveu um adiamento dos pagamentos dos contratos do FIES mesmo sabendo que as Instituições de Ensino Superior haviam prestado os serviços aos alunos beneficiários. Anunciaram que apesar das IES prestarem os serviços durante 12 (doze) meses no ano somente receberão a remuneração equivalente a 08 (oito) meses, postergando-se o pagamento dos outros 4 (quatro) meses para uma data futura, não prevista nem determinada em qualquer instrumento normativo. A emissão dos títulos deixou de ser mensal para IES com mais de 20 mil contratos, passando a ser a cada 45 dias, contudo, referindo-se apenas a um período equivalente a 30 dias.como não há previsão nos orçamentos da União, do MEC e do FNDE quanto ao pagamento de tais créditos das IES por serviços educacionais prestados, bem como não há a identificação individualizada na rubrica de Restos a Pagar, as associadas da Federação Interestadual das Escolas Particulares tem um justo receio de que serão vítimas de calote. Denuncia-se que na Lei Orçamentária, rubrica que trata do FIES, tal circunstância estaria evidente, bastando acessar-se os sites: Não obstante as irregularidade acima indicadas ainda denunciou-se ao Tribunal de Contas o atraso injustificado, com a consequente mora no repasse de CFT-e por parte do FNDE e MEC conforme seu próprio cronograma, independentemente do número de alunos. Finalmente, a denúncia esclarece que mesmo os CFT-e emitidos estariam com valores claramente inferiores aos valores aos quais as IES fariam jus, tendo em vista o fato de que além de não considerarem os alunos em aditamento preliminar (excluídos da base) e os que não conseguiram completar o processo por problemas no SISFIES, o MEC/FNDE ainda teria efetivado a leitura e emissão no mês de fevereiro, e não posteriormente, quando um grande contingente de alunos finalmente conseguiu concluir o processo de aditamento (obstado por esses mesmos órgãos). Tal
6 circunstancia reduziu substancialmente os valores de CFT-e que deveriam ser repassados às instituições de ensino superior com mais de vinte mil alunos financiados pelo Fies. A denúncia ainda esclarece que o artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal possui previsão específica sobre restos a pagar, asseverando que é vedado ao titular do Poder ou órgão referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres de seu mandato, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Atenciosamente, Fonte: FENEP Data: 15 de agosto
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