CÂMARA MUNICIPAL DA NAZARÉ

Transcrição

1 CÂMARA MUNICIPAL DA NAZARÉ FL ATA N º 38 / 2012 Aos dezoito dias do mês de dezembro de dois mil e doze, nesta Vila de Nazaré, no Edifício dos Paços do Concelho e Salão Nobre, realizou-se a reunião extraordinária da Câmara Municipal sob a presidência do Senhor Eng.º Jorge Codinha Antunes Barroso, Presidente da Câmara, estando presentes os Senhores Vereadores Dr. Vítor Manuel Estrelinha Esgaio, Arq.º António Duarte Salvador, António Gordinho Trindade e Dra. Mafalda Vigia Tavares A reunião foi secretariada pela Chefe de Divisão Administrativa, Dra. Olinda Amélia David Lourenço Pelas dezasseis horas e quinze minutos, o Senhor Presidente declarou aberta a reunião A Câmara Municipal justificou as faltas à reunião dos Senhores Vereadores Dr. Belmiro José Eusébio Pais da Fonte e Dra. Maria João Fernandes Ramos / PAEL PROGRAMA DE APOIO À ECONOMIA LOCAL - REFORMULAÇÃO Para apreciação e votação do Executivo foi presente a documentação supracitada que faz parte da pasta de documentos da reunião e se dá por transcrita Após análise e discussão da documentação referente ao PAEL, a Câmara, deliberou, por maioria, com os votos a favor do Senhor Presidente da Câmara e Senhores Vereadores Mafalda Vigia Tavares e Vítor Esgaio, a abstenção do Senhor Vereador António Salvador e o voto contra do Senhor Vereador António Trindade, aprovar o teor da proposta e proceder em conformidade, remetendo à Assembleia Municipal O Senhor Vereador António Salvador apresentou a declaração de voto que se transcreve: António Salvador, na qualidade de Vereador da Câmara Municipal da Nazaré, eleito pelo PSD, sobre a Proposta de reformulação da Candidatura de Adesão ao PAEL (Programa de Apoio à Economia Local), Declara que fundamenta a sua decisão e sentido de voto nos seguintes pressupostos e motivos: O PAEL é um bom Programa do Governo que permite a reestruturação da dívida de Municípios Ata n.º 38/12 Reunião de Câmara de 2012/12/18

2 em situação de desequilíbrio financeiro estrutural (e decorre do rigor que o Memorando da Troika exige na gestão pública) sem o qual algumas Câmaras Municipais entrariam em falência, situação que já se verifica em vários casos; A situação financeira da Câmara da Nazaré é insustentável e revela uma asfixia financeira total (constatada pelos quase 34 Milhões de dívida de curto prazo e pelos 43.1 Milhões de dívida total, agora declarada); A dívida total é cerca de 4 vezes o valor da receita anual (pouco mais de 10 Milhões ), apesar dos vários e significativos aumentos de taxas, tarifas e preços de vários serviços municipais (Saneamento, Água e RSU); Uma dívida tão elevada, como a agora declarada, não permite que a Câmara cumpra as suas funções mais básicas, situação que é agravada pelos juros/encargos dessa dívida, tornando virtualmente impossível efetuar qualquer amortização de capital, no curto ou médio prazo; (dívida atual: 34 ME a pagar em cerca de 5 anos = 6,8 ME! ano; após reestruturação/pael serão cerca de 1,2 M! ano); Sem reestruturar a dívida (que na verdade é um empréstimo do Tesouro/ Estado a 20 anos para, na teoria, pagar a fornecedores ou a factoring, liquidando dívida de curto prazo e passando a ter cerca de 4 vezes mais tempo para pagar o referido capital em dívida), não é possível a Câmara cumprir as suas obrigações No entanto, se a situação financeira leva a Câmara a recorrer ao PAEL para ser financeiramente sustentável, a verdade é que, entre outros fortes impactos nos Cidadãos, a adesão ao PAEL também significa: Que o Município tenha de optar pela taxa máxima de comparticipação no IRS, deixando de ser competitivo e atrativo para fixar residência neste Concelho, por motivos fiscais, deixando de aliviar o IRS aos Munícipes; Que, pela primeira vez desde que há memória, o Município da Nazaré irá criar a Derrama

3 CÂMARA MUNICIPAL DA NAZARÉ FL para empresas (todas, incluindo as PME), e que tem de o fazer fixando a taxa máxima de 1,5% (a somar ao IRC de 25%); Que o Município tenha de fixar o IMI na taxa máxima legal em vigor no ano do contrato (0,40% em prédios avaliados), apesar do fortíssimo aumento da receita gerada por este Imposto (que passa de 2,5M em 2012 para 3.3M reais em 2013 o que, noutras condições financeiras da Câmara, podia levará redução desta taxa, permitindo aliviar os nossos concidadãos do forte impacto que a reavaliação geral dos imóveis vai provocar A situação das contas do Município é dramática. A dívida tem de ser reestruturada. Mas preocupa-me muito que a população tenha de pagar a fatura e que tenha um forte impacto nas suas condições de vida. É o forte aumento dos Impostos vindos do Poder Central, e agora também os custos municipais. Neste momento, a Câmara da Nazaré devia ter condições financeiras para aliviar os impostos, e não para os aumentar Além disso, a Câmara devia reduzir as suas gorduras e despesa corrente (serviços externos, consultorias, avenças e encargos) em detrimento da redução de trabalhadores (que consta na reformulação da candidatura a este programa) impedindo a renovação de contratos a termo, sobretudo quando os trabalhadores deviam ter mais estabilidade no emprego e estar integrados nos Mapas de Pessoal da própria Câmara Apesar de não existir alternativa legal e contratual, face à situação a que a Câmara chegou, se não aderir ao PAEL, a verdade é que não estou de acordo com várias medidas: a) a redução dos trabalhadores essenciais ao bom funcionamento da Câmara e que deviam estar nos quadros/mapas de pessoal; b) a fixação da taxa do IMI no máximo, até porque vai existir um forte aumento da receita no próximo ano (as avaliações vão levar a um aumento real superior a 30%); c) a criação da Derrama, que irá sobrecarregar as nossas empresas PME; d) a sobrecarga da situação financeira da Câmara nos Cidadãos em várias taxas e preços Ata n.º 38/12 Reunião de Câmara de 2012/12/18

4 Também lamento a necessidade de aderir ao Programa 1 do PAEL (mais duro para as pessoas), e ter de votar com algumas dúvidas sobre o conteúdo de documentos entregues, mas faço-o no pressuposto de que o PAEL se destina a pagar a fornecedores e reestruturar dívida, optando por não aprovar este Plano da Candidatura ao PAEL (e invocando o art.º 93.º da Lei 169/99, na redação atual), mantendo o voto de abstenção O Senhor Presidente apresentou a declaração de voto que se transcreve: Após as alterações introduzidas feitas de acordo com as recomendações da Comissão de Análise, considero que a documentação agora apresentada está em condições de ser aprovada e finalmente o Município da Nazaré poder efectivamente usufruir do PAEL que tão necessário e urgente é para dar resposta à Economia Local e possibilitar o equilíbrio e gestão do próprio Município que necessita para melhor poder cumprir as suas competências de desenvolvi9mento e bem estar das populações do Concelho Com estes fundamentos votei a favor da proposta de aprovação de adesão ao PAEL A Senhora Vereadora Mafalda Tavares subscreveu a declaração de voto apresentada pelo Senhor Presidente da Câmara O Senhor Vereador António Trindade apresentou a declaração de voto que se transcreve: António Trindade, vereador eleito nas Listas do Partido Socialista na condição de Independente, no âmbito as suas competências e nos termos do artigo n.º 93.º(voto de vencido) da Lei n.º169/99, de 18/09, com a nova redacção introduzida na Lei n.º 5-A/2002, de 11/01/2002, apresentar declaração de voto contra pelas seguintes razões: A reformulação, obrigatória, recomendada pela Comissão de Análise da Candidatura apresentada por esta autarquia ao PAEL sofreu substanciais alterações que, naturalmente, se vão reflectir no orçamento aprovado para o ano de 2013, porque não foram acauteladas as soluções contabilísticas relativas às despesas Corrente e Despesas de Capital, que permitissem equilibrar com razoabilidade o orçamento para

5 CÂMARA MUNICIPAL DA NAZARÉ FL Estas alterações vão, também, contribuir para que todos os métodos contabilísticos sejam susceptíveis de uma revisão dos instrumentos orçamentais, após aprovação do Plano de Ajustamento Financeiro (PAF) O peso dos impostos sobre a contratação destes empréstimos é tão elevado para os Munícipes deste concelho que nunca seria da minha responsabilidade, contribuindo comi o meu voto para a aprovação do referido empréstimo, assim agravando as condições de vida dos munícipes deste Concelho Na última discussão da proposta orçamental para o ano de 2013, já tinha discordado da forma com que aquele orçamento estava elaborado, declarando até que se tratava de um instrumento com métodos contabilísticos manipuladores e que não iam alterar as políticas seguidas ao longo dos anos mas, antes pelo contrário, contribuía para o agravamento da dívida do município Esta reformulação ao Plano de Ajustamento Financeiro, recomendado pela Comissão de Análise, enquadra-se nos princípios estabelecidos pela DGAL, uma vez que este empréstimo é condicionado aos aumentos de impostos, a seguir referidos, para as empresas e munícipes do Concelho da Nazaré: a. Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), para os valores máximos, b. Implementação da Derrama, c. Taxas máximas para o IRS, d. Aumentos dos preços dos tarifários e taxas municipais, e. Despedimentos de pessoal, etc etc O Parecer do revisor de Contas não certifica mais uma vez as contas do município, adiantando ainda que o faz em termos gerais não é sustentável financeiramente, o que se torna ainda mais grave a sua decisão Face a elevada carga de impostos/taxas que vão afectar as empresas e os munícipes deste Concelho, voto contra a reformulação do Plano de Ajustamento Financeiro Ata n.º 38/12 Reunião de Câmara de 2012/12/18

6 O Senhor Vereador Vítor Esgaio apresentou a declaração de voto que se transcreve: Voto favoravelmente ao programa de Apoio à economia Local (PAEL), pois entendo que este é o único programa que pode resolver os problemas económico financeiros da Câmara da Nazaré. --- Entendo algumas das reservas referidas por autarcas do Município da Nazaré, mas devo referir que só em termos abstractos é que alguns dos problemas referidos se colocam, pois, como é sabido em concreto não é pela aplicação deste programa que o IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) vai aumentar, o mesmo0 se diga quanto às restantes taxas. Em abono da verdade terei de dizer que este programa tem de negativo a obrigatoriedade de criação do Imposto da Derrama no município, contudo, parece-me uma evidência que, apesar deste aspecto negativo +e imperativo reestruturar a dívida sob pena de o município não conseguir assumir os seus compromissos para com funcionários, empresas e para com a população em geral Mais, em abono da verdade teremos de dizer que caso não aproveitássemos este programa dificilmente conseguiríamos investir, um euro que fosse no futuro, pois como é sabido não há liquidez na Tesouraria, nem há possibilidade legal de recurso a financiamento bancário Assim, esta parece-me a única possibilidade de iniciar uma reestruturação económica ou financeira, pelo que, na minha opinião, devo ser responsável, devo permitir que este Programa seja executado ENCERRAMENTO Não havendo outros assuntos a tratar nesta reunião o Exmo. Presidente declarou encerrada a ordem de trabalhos, eram dezassete horas e trinta minutos, pelo que de tudo, para constar, se lavrou a presente ata, que vai ser assinada pelo próprio e pela Secretária, que a leu em voz alta, tendo a respetiva minuta sido aprovada e rubricada por todos os presentes