Circular 229/2013 São Paulo, 27 de maio de Provedor/Presidente Administrador
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1 1 Circular 229/2013 São Paulo, 27 de maio de Provedor/Presidente Administrador REF.: Lei nº , de 22/11/2012; e Portaria MS/GM nº 876, de 16/05/ Primeiro tratamento do paciente com câncer no prazo de 60 dias. Prezados Senhores, Entrou em vigor no último dia 23 de maio a Lei nº , de 22/11/ regulamentada pela Portaria MS/GM nº 876, de 16/05/ que dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente com neoplasia maligna comprovada e estabelece prazo para seu início. Diversos aspectos da nova lei refletirão direta ou indiretamente no fluxo regulatórioassistencial existente entre gestores e prestadores. Assim, considerando que um grande número de atendimentos oncológicos no Estado de São Paulo são realizados pelas Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, a compreensão e observância dessas novas regras mostra-se imprescindível. Adiante analisaremos os mais relevantes pontos da Lei nº /12 e da sua correspondente portaria regulamentadora. I - CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI Nº /12 De acordo com a Lei nº /12 (art. 2º), o paciente com neoplasia maligna tem direito de se submeter ao primeiro tratamento - cirurgia, radioterapia ou quimioterapia - no Sistema Único de Saúde (SUS), no prazo de até 60 dias contados a partir do dia em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso registrada em prontuário único. A lei também garante aos pacientes com câncer acesso gratuito e privilegiado às prescrições e dispensação de analgésicos opiáceos ou correlatos para tratamento da dor (art. 3º). Outros pontos relevantes da Lei nº /12: a padronização de terapias do câncer, cirúrgicas e clínicas, deve ser revista e republicada, e atualizada sempre que se fizer necessário, para se adequar ao
2 2 conhecimento científico e à disponibilidade de novos tratamentos comprovados (art. 1º); o descumprimento da lei sujeita os gestores direta e indiretamente responsáveis às penalidades administrativas (art. 3º); os Estados que apresentam grandes espaços territoriais sem serviços especializados em oncologia devem produzir planos regionais de instalação deles, para superar essa situação (art. 4º). II - CONSIDERAÇÕES SOBRE A PORTARIA MS/GM Nº 876/13 A Portaria MS/GM nº 876, de 16/05/2013, regulamentou a Lei nº /12, definindo uma série de diretrizes e medidas para garantir que o paciente com câncer receba o primeiro tratamento no prazo de 60 dias. Para facilitar a abordagem, dividimos este breve arrazoado em 5 seções: (a) Data-base para contagem do prazo de 60 dias para início do tratamento; (b) tipos de tratamentos considerados para fins de cumprimento do prazo de 60 dias; (c) fluxo assistencial; (d) Sistema de Informação do Câncer; (e) competências gerenciais e pactuações interfederativas. (a) Data-base para contagem do prazo de 60 dias para início do tratamento Segundo o artigo 3º da Portaria, o prazo de 60 dias para fins do primeiro tratamento conta-se a partir do registro do diagnóstico no prontuário do paciente. Neste ponto, identificamos uma importante discrepância entre o que estabelece a Lei e o que prevê a Portaria. Pela Lei (art. 2º), a data-base para contagem do prazo de 60 dias inicia-se da data em que foi firmado (assinado) o laudo patológico com o respectivo diagnóstico da doença, e não do seu registro no prontuário (como prevê a Portaria). O registro do diagnóstico no prontuário do paciente, não raras vezes, ocorre dias ou mesmo semanas depois da assinatura do laudo. Via de regra esse registro ocorre na ocasião em que o laudo é recebido pela a unidade que presta atendimento ao paciente. Em razão disso, recomendamos às unidades habilitadas para prestação de serviços em oncologia pelo SUS que observem, para fins de cumprimento da Lei nº /12, a data em que foi assinado o laudo patológico com o diagnóstico da doença. Outro aspecto importante relacionado ao prazo: tanto a Lei como a Portaria permitem que o médico responsável pelo paciente estabeleça um prazo menor para início do tratamento, mediante registro em prontuário, e desde que as necessidades terapêuticas o justifiquem (art. 3º).
3 3 A Portaria dispensou da observância do prazo de 60 dias para o primeiro tratamento (art. 3º 2º), os casos de câncer não melanótico de pele dos tipos basocelular e espinocelular e o câncer de tireoide sem fatores clínicos pré-operatórios prognósticos de alto risco. Isso porque referidos tipos de neoplasia não se desenvolvem com a mesma agressividade dos demais. Nesses casos, devem ser observados os protocolos clínicos, diretrizes terapêuticas e notas técnicas justificativas publicadas pelo Ministério da Saúde e disponibilizadas por meio dos sítios eletrônicos gov.br e (b) Tipos de tratamentos considerados para fins de cumprimento do prazo de 60 dias Para fins de cumprimento da Lei nº /12, considera-se efetivamente iniciado o primeiro tratamento da neoplasia maligna com (a) a realização de terapia cirúrgica; (b) o início de radioterapia; ou (c) o início de quimioterapia (art. 2º). Há casos, contudo, em que não existe indicação clínica para realização das terapêuticas acima mencionadas. Nessas hipóteses, os pacientes devem ter acesso a cuidados paliativos, incluindo-se entre estes o controle da dor crônica, conforme protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas do Ministério da Saúde (art. 2º, parágrafo único). Vide Portaria MS/SAS nº 1.083, de 02/10/ (c) Fluxo assistencial Para efetivação do primeiro tratamento do paciente com neoplasia maligna comprovada, deve ser observado o seguinte fluxo: (a) atendimento do paciente no SUS; (b) registro do resultado do laudo patológico no prontuário do paciente no serviço do SUS; e (c) encaminhamento para unidade de referência para tratamento oncológico, incluindo-se a realização do plano terapêutico estabelecido entre o paciente com câncer, o médico responsável e a equipe de saúde (art. 4º). Cabe aos serviços de saúde dos diferentes níveis de atenção observar esse fluxo e prestar assistência adequada e oportuna aos usuários com diagnóstico comprovado de neoplasia maligna (art. 5º) de acordo com as responsabilidades descritas na Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer (vide Portaria nº 874, de 16/05/ ). A solicitação de exame citopatológico ou histopatológico conterá, obrigatoriamente, as seguintes informações (art. 13 e anexo da Portaria): I - da unidade de saúde requisitante: a) nome; e b) código do Sistema Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (SCNES). II - do paciente:
4 4 a) nome completo; b) data de nascimento; c) nome completo da mãe; e d) número do cartão SUS. III - dados do caso: a) tipo de exame solicitado; b) localização da lesão; c) acometimento de linfonodos; d) procedência do material enviado; e e) tipo de tratamento anterior, se realizado. IV - do médico requisitante: a) nome completo; b) número de inscrição no Conselho Regional de Medicina (CRM); e c) data da requisição do exame. Laboratórios públicos e conveniados ao SUS que realizam exame citopatológico ou histopatológico devem disponibilizar o laudo para o usuário ou seu representante legal; o médico responsável pela solicitação; e a unidade de saúde solicitante (art. 12). (d) Sistema de Informação do Câncer (SISCAN 5 ) O SISCAN - plataforma web - foi criado para auxiliar estados e municípios a gerenciar suas filas de espera e acelerar o atendimento, bem como aprimorar a base de dados epidemiológicos. O médico e/ou equipe de saúde registrará no SISCAN, além de outros dados, as seguintes datas (art. 6º): em que foi firmado o diagnóstico de neoplasia maligna em laudo patológico; de registro do exame no prontuário do paciente; e do primeiro tratamento (esta data deve ser registrada pelo serviço de saúde para o qual o paciente foi referenciado, após a efetiva realização do primeiro tratamento). (e) Competências gerenciais e pactuações interfederativas A Portaria prevê (arts. 7º ao 11) as competências de cada ente federativo no processo de consecução da Lei, incluindo critérios de pactuação e regulação da assistência (referência e contrarreferência do paciente). 5
5 5 Criou-se (art. 8º, 1º), no âmbito do Ministério da Saúde, a Comissão de Monitoramento e Avaliação do cumprimento da Lei nº , de 2012, de caráter permanente, composta por representantes da Secretaria de Atenção à Saúde, da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa, da Secretaria de Vigilância em Saúde e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. III - CONSIDERAÇÕES FINAIS Como visto, grande parte dos atendimentos oncológicos do SUS são realizados por Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Não há dúvidas, pois, que essas entidades possuem um papel protagonista na efetivação da Lei nº /12. Justamente por isso é que a FEHOSP, em defesa das entidades filiadas, envidará seus melhores esforços junto aos gestores federais e estaduais para que eles garantam o adequado e necessário suporte às organizações prestadoras de serviços oncológicos. Quanto à data-base para contagem do início do prazo de 60 dias para o primeiro tratamento, considerando a discrepância entre o que estabelece a Lei nº /12 e o que prevê a Portaria MS/GM 876/13, reiteramos a recomendação para que seja observada a data em que foi assinado o laudo patológico com o diagnóstico da doença (conforme estabelecido na Lei, norma de hierarquia superior), e não do seu registro no prontuário (como prevê a Portaria). No mais, recomendamos aos nossos filiados que fiquem atentos aos termos da contratualização do fluxo assistencial, de modo a tornar possível e oportuna a observância do prazo definido pela Lei nº /12. Importante também que sejam estabelecidos critérios adequados junto aos gestores e suas respectivas centrais de regulação no referenciamento do usuário do SUS, a fim de se evitar que o paciente seja encaminhado à unidade de saúde sem que haja tempo hábil para se iniciar o tratamento no tempo definido em lei. Manteremos nossos filiados informados sobre outros desdobramentos relacionados ao tema desta circular, e colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários. Atenciosamente, Departamento Jurídico FEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS E HOSPITAIS BENEFICENTES DO ESTADO DE SÃO PAULO FEHOSP
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