Como os anfitriões de antigamente...

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Leandro Fontes Zagalo
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1 viagemespecial Como os anfitriões de antigamente... Suprassumos na arte de receber, dois dos hotéis mais concorridos da Riviera o Negresco, em Nice, e o Château de La Chèvre d Or, em Eze- Village, levam o luxo às últimas consequências sem ofuscar o melhor da festa: a vista deslumbrante da Costa Azul Por Allex Colontonio Fotos Alain Brugier No salão de bailes Le Royal, com domo monumental que filtra a luz natural, obras de arte como a divertida escultura de Niki de Saint Phalle recheiam o espaço 2 LE LIS BLANC LE LIS BLANC 3

em Eze- Village, levam o luxo às últimas consequências sem ofuscar o melhor da festa: a vista deslumbrante da Costa Azul Por Allex

2 Negresco Principal hotel do balneário azul, membro do The Leading Hotels of the World, o palácio da Promenade des Anglais que hospeda essa grife classuda condecorada com quatro estrelas foi construído praticamente cem anos atrás, em A alcunha não tem nada a ver com etnias tribais ou marcas de bolacha embora ele seja o último biscoito do pacote, numa analogia à sua exclusividade. A saga começou quando o milionário romeno Henri Negresco encomendou uma hospedaria top para atrair clientela abastada para o Cassino Municipal, que dirigia nas redondezas. O arquiteto Édouard-Jean Niermans caprichou ao traçar as linhas de inspiração clássico-holandesa no prédio voltado para a Baía dos Anjos, o pedaço de enseada mais disputado daquele balneário. Inaugurado em 1913, o Negresco cumpriu a profecia: tornou-se o anfitrião mais cobiçado da Riviera, acolheu reis, rainhas, duques, barões, artistas e gente endinheirada dos quatro cantos do mundo. Com a Primeira Guerra Mundial, o hotel foi obrigado a fazer as vezes de hospital. O casal Jeanne e Paul Augier comprou o casarão em 1957 e tratou de devolver-lhe o conforto das instalações, os serviços impecáveis e o glamour dos tempos áureos. Ao acervo de antiguidades foram acrescentadas as melhores coleções de mobiliário e arte, com peças tão inacreditáveis que fazem do lugar um museu vivo: Picasso, Dufy, Foujita, Cocteau, Renoir, Monet e outras lendas dividem espaço com mobiliário Luís XIV, XV e XVI, apliques imperiais, móveis originais de décadas distintas e garimpos espetaculares, como a lareira monumental do século 17 do salão Versalhes. Nos aposentos, vale tudo em nome do conforto e do estilo: até sedas pink e turquesa, dos lençóis às paredes. Na página ao lado, o acento clássico predomina, também no anexo à recepção, com décor que mistura mobiliário e acessórios Luís XV e XVI, períodos Império e Regência 4 LE LIS BLANC LE LIS BLANC 5

A saga começou quando o milionário romeno Henri Negresco encomendou uma hospedaria top para atrair clientela abastada para o Cassino Municipal, que dirigia nas redondezas.

3 Mirando a encosta, os jardins do Château de la Chèvre d Or estão entre os cantinhos mais disputados do hotel. Na página ao lado, detalhe do restaurante La Rotonde, do Negresco Mise-en-scène São 117 quartos e mais 24 suítes especiais, cada uma com uma decoração: tem a suíte Montserrat Caballé (além da diva da ópera que adora se hospedar ali, as dependências de look clássico francês agradaram outros guests ilustres, como Michael Jackson e Alain Delon); a Suíte Imperial (com ares reais, já privados por Anthony Quinn, Frank Sinatra, Marlene Dietrich e Elizabeth Taylor); e a Suíte Pompadour (visual Luís XV, onde os Beatles e Lady Di já pernoitaram). Tudo sem nenhuma sisudez. No grande salão de bailes, o Le Royal, com domo vertiginoso coroado por lustre Baccarat raro, uma escultura gorducha da divertidíssima Niki de Saint Phalle, contracena com esculturas renascentistas e tapetes de desenhos surreais, enchendo o ambiente de graça. Aliás, foi Salvador Dalí, mestre do surrealismo, quem melhor definiu a hospedaria: Coberto pelas luzes e esplendores da Baía dos Anjos, o Palácio Negresco traduz o luxo. Se sentir falta de alguma estrela (apostamos que não), abra a janela e contemple a melhor vista das suaves noites de Nice. Almoço com as estrelas Com uma estrela no Guia Michelin, o restô tocado pelo chef Jean-Denis Rieubland s tem ambiente refinado em estilo Regency. Não perca! Château de La Chèvre d Or Nem precisava tanto. Se fosse uma tenda espartana com uma cama de faquir, esse hotel já seria um sonho de consumo pelo view espetacular, que recorta os melhores ângulos do litoral turquesa. Mas ele é muito mais do que isso. Pendurado entre Mônaco e Nice, no topo de Eze-Village, o Château de La Chèvre d Or é tudo o que você sonhou para as suas férias de verão na Costa Azul. Primeiro porque, depois da natureza preservada, não existe luxo maior nem mais legítimo do que a história, a tal chancela do tempo. Depois, porque ser mimado com bons serviços, instalações confortáveis e gastronomia estrelada não faz mal a ninguém. 6 LE LIS BLANC LE LIS BLANC 7

ópera que adora se hospedar ali, as dependências de look clássico francês agradaram outros guests ilustres, como Michael Jackson e Alain Delon); a Suíte Imperial (com ares reais, já privados por

4 Recortes do charme medieval do Château, cuja piscina quase emenda no céu e parece que vai dar no mar lá embaixo. Todo e qualquer recanto da propriedade tem uma vista privilegiada para a natureza azul Símbolo de fertilidade no folclore provençal, a cabra de ouro (la chèvre d or) empresta muito mais do que seu nome para essa hospedaria de fino trato que integra o seletíssimo time do Relais et Châteaux Association. Conta a lenda que um trovador nórdico, de passagem pelo vilarejo de Eze, seguiu uma cabra com um manto dourado que subia pela encosta, em direção a um castelo perdido que teria pertencido a uma pastora que enriqueceu vendendo leite e queijo. Ela teria escondido toda a fortuna, em moedas de ouro, atrás das paredes de pedra. Quando o lugar foi restaurado e a parede descascada, estava armado o conto do caprino da sorte. Mitos de escanteio, o fato é que, em 1953, o empreendedor Robert Wolf caiu de amores pelo castelo e o transformou num restaurante. Com o sucesso, aos poucos foi comprando algumas casinhas geminadas pelas redondezas e começou a receber. Hoje, são 36 acomodações pra lá de disputadas, dispostas de um jeito diferente, com cara de aldeia medieval. Esqueça os elevadores, lobbies acarpetados, átrios com cortinas de veludo e que tais: o visual acompanha a pegada medieval do povoado, que se confunde com os domínios do hotel e é aí que está a graça da coisa, na rusticidade chic. Ao longo 8 LE LIS BLANC LE LIS BLANC 9

nome para essa hospedaria de fino trato que integra o seletíssimo time do Relais et Châteaux Association.

5 No bar do castelo, a melhor pedida é bebericar um conhaque e observar a vista. O restaurante com menu caprichado ganhou o reconhecimento do Guia Michelin dos anos, muita gente bacana assinou o seu guest book, entre eles Walt Disney, Lauren Bacall, Marlene Dietrich, Elizabeth Taylor, Clint Eastwood e Robert de Niro. Alguns artistas foram mais longe e deixaram suas marcas para sempre, como Jean Cocteau. Acostumado a rabiscar os guardanapos do almoço, ele acabou criando a identidade visual do hotel, hoje estampada na capa do menu o Chèvre d Or conta com um restaurante homônimo, superclassudo, certificado com duas estrelas no Michelin. Mas antes, para relaxar de vez, sugerimos um conhaque no charmosíssimo bar ambientado com móveis austeros que fazem a gente se sentir na corte do rei Arthur. Ou que você prove o drinque típico, o Piscine (vinho rosé com muito gelo), na borda do outro restô, o Éden. Só quando estiver lá é que dá para entender porque esse salão debruçado num deque sobre a paisagem mereceu o nome do mais absoluto dos paraísos. Agradecimentos: Atout France, French Riviera Tourism Board, Eze Tourist Office, Nice Tourist Office, Hotel Negresco, Château du La Chèvre d Or, Hotel Marignan Champs-Elysées, Queensberry Viagens, The Leading Hotels of the World, X-Mart, Swiss International Airlines 10 LE LIS BLANC LE LIS BLANC 11

Taylor, Clint Eastwood e Robert de Niro. Alguns artistas foram mais longe e deixaram suas marcas para sempre, como Jean Cocteau.

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