ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÕES (COPEL) DO BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO EXTREMO SUL BRDE

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1 ILUSTRÍSSIMO SENHOR PRESIDENTE DA COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÕES (COPEL) DO BANCO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO EXTREMO SUL BRDE Ref. CONCORRÊNCIA Nº. 2016/024 GOES, MONTEIRO E TOCANTINS ADVOGADOS ASSOCIADOS, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº / , com sede na Rua Dona Augusta, nº 34, em Porto Alegre/RS, por seu representante legal abaixo assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Senhoria, apresentar RECURSO ADMINISTRATIVO contra a decisão dessa Digna Comissão Permanente de Licitações (COPEL) que inabilitou a recorrente, com fundamento no item 12 e 11, g do Edital de Licitação Concorrência BRDE nº 2016/024, no art. 109 da Lei n /1993, no art. 56 da Lei n /1999 e no art. 5º, XXXIV, a, da Constituição Federal, pelas razões de fato e de direito abaixo expostas. I Da tempestividade Nos termos dos itens 12.2 e 11, h do Edital de Licitação, o prazo para interposição de recurso é de 5 (cinco) dias úteis contados da divulgação da decisão recorrida, a qual, no presente caso, foi disponibilizada no dia 08/06/2016 (quarta-feira), portanto o termo final para recorrer finda em 15/06/2016, data da apresentação deste inconformismo, estando cumprido o requisito objetivo da tempestividade.

2 II Das razões da recorrente Ao reunir-se para julgamento das habilitações da Concorrência n. 2016/024, a digna Comissão de Licitação entendeu por inabilitar o escritório ora recorrente, pois, no seu entendimento, a sociedade Goes, Monteiro e Tocantins Advogados Associados não teria cumprido com o disposto no item 1.1, b do anexo III do edital, pois a certidão não atesta a regularidade da sociedade ( a Certidão de Inteiro Teor de Sociedade da OAB/RS, apresentada por outras licitantes, atesta a regularidade, e não apenas o registro), conforme consignado na ata de julgamento. A fim de demonstrar o equívoco cometido pela Comissão de Licitação, vejamos a redação do item 1.1, b do Anexo II do Edital em questão: 1.1. Documentação relativa à habilitação jurídica: b) Certidão de regularidade da sociedade junto à Ordem dos Advogados do Brasil OAB, da seccional onde a licitante possui sede ou tem domicílio profissional; Primeiramente, cabe salientar que, segundo entendimento de Hely Lopes Meirelles, "a documentação é o conjunto de comprovantes da capacidade jurídica, da regularidade fiscal, da capacidade técnica e da idoneidade financeira que se exige dos interessados para habilitarem-se na licitação". (Licitação e Contrato Administrativo, RT, 8ª ed. p. 119). Desta forma, a Recorrente possui todos estes atributos legais, tendo preenchido os requisitos do edital, em especial quanto sua regularidade perante à Ordem dos Advogados do Brasil Conselho Seccional do Rio Grande do Sul, como restará demonstrado nas articuladas razões que seguem. No que se refere ao item 1.1, b do Anexo III do Edital, a Recorrente apresentou certidão fornecida pela Ordem dos Advogados do Brasil que traduz a regularidade da sociedade de advogados Goes, Monteiro e Tocantins Advogados Associados, rechaçando assim sua inabilitação, pois o critério adotado pela I. Comissão se embasa em mera diversidade na denominação/nomenclatura atribuída às certidões acostadas pelas concorrentes. De fato, deve-se observar que a legislação aplicável à espécie evidencia que o ateste de registro da sociedade de advogados pela Seccional da Ordem dos Advogados denota, por consequência, sua regularidade junto ao referido órgão.

3 Isto porque, somente haverá manutenção de registro válido das sociedades de advogados perante a Ordem dos Advogados do Brasil enquanto persistir sua regularidade, uma vez que o registro depende de prévia aprovação pela Ordem, a qual exige o cumprimento de diversos requisitos, dentre eles a regularidade da sociedade. É o que se depreende das disposições contidas no artigo 15, 1º da Lei 8.906/94 (Estatuto da Advocacia) e no artigo 43 do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB, in litteris: Lei 8.906/94 Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade simples de prestação de serviços de advocacia ou constituir sociedade unipessoal de advocacia, na forma disciplinada nesta Lei e no regulamento geral. (Redação dada pela Lei nº , de 2016) 1o A sociedade de advogados e a sociedade unipessoal de advocacia adquirem personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede. Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB Art. 43. O registro da sociedade de advogados observa os requisitos e procedimentos previstos em Provimento do Conselho Federal. Nessa senda, cumpre ressaltar que atualmente vige o Provimento n. 112/2006 do Conselho Federal da OAB, o qual estabelece os requisitos e procedimentos para constituição e regulação das sociedades de advogados. Como se infere do disposto no art. 11 do Provimento n. 112/2006, os registros de atos societários somente são deferidos quando auferida regularidade da sociedade de advogados, senão vejamos: Art. 11. Os pedidos de registro de atos societários serão instruídos com as certidões de quitação de tributos e contribuições sociais e federais exigidas em lei, bem como de quitação junto à OAB. Ademais, sequer haveria ateste de registro da sociedade caso estivesse irregular perante à Ordem dos Advogados, pois, nesta situação, incumbiria ao Conselho Seccional o cancelamento do referido registro, ex officio, como determina o art. 10 do Provimento n. 112/2006, in verbis: Art. 10. O setor de registro das Sociedades de Advogados de cada Conselho Seccional da OAB deve manter um sistema de anotação de todos os atos relativos às Sociedades de Advogados que lhe incumba registrar, arquivar ou averbar, controlado por meio de livros, fichas ou outras modalidades análogas, que lhe permitam assegurar a veracidade dos lançamentos que efetuar, bem como a eficiência na prestação de informações e sua publicidade. 1º O cancelamento de qualquer registro, averbação ou arquivamento dos atos de que trata este artigo deve ocorrer em virtude de decisão do Conselho Seccional ou do órgão respectivo a que sejam cometidas as atribuições de registro, de ofício ou por provocação de quem demonstre interesse.

4 Neste mesmo alinhamento o artigo 11 do Estatuto da Advocacia, aplicado analogicamente às sociedades de advogados por ausência de previsão específica, o qual dispõe que deverá ser promovido, de ofício, o cancelamento do registro em caso de perda das condições para manter-se inscrito na OAB: Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que: V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição. 1º Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser promovido, de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por qualquer pessoa. Assim, resta claro que o entendimento exarado pela Comissão Permanente de Licitações (COPEL), que resultou na inabilitação da recorrente, merece reforma, uma vez que a sociedade de advogados Goes, Monteiro e Tocantins Advogados Associados preencheu o requisito expresso no item 1.1, b do Anexo III do Edital de Licitação Concorrência BRDE n. 2016/024, mediante a apresentação da certidão de registro equivalente à de regularidade da sociedade junto à Ordem dos Advogados do Brasil OAB. Ad cautelam, tem-se que o Edital em comento prevê, expressamente, a possibilidade de a Comissão de Licitações realizar diligências para verificar a veracidade das informações contidas na certidão em discussão, conforme itens 11, g e 16.4 do Edital, como segue: g) Em qualquer momento da realização desta licitação poderão ser efetuadas, pela Comissão de Licitações, diligências para verificar a veracidade das informações contidas nos atestados e/ou declarações apresentadas pelas licitantes. Caso seja constatada alguma irregularidade, a licitante estará sujeita às sanções previstas na Lei nº 8.666/93; É facultada à Comissão de Licitações, em qualquer fase do processo, a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a complementar a instrução do processo; Em função disso, na remota hipótese de persistirem dúvidas quanto à certidão que atesta a regularidade da sociedade de advogados recorrente, absolutamente viável e necessária a realização de diligências pela I. Comissão de Licitação, nos termos das previsões editalícias. Aliás, vale ressaltar que, segundo comando inserto no item 16.5 do Edital, o desatendimento de exigência formal não essencial, tal como mera diferença de denominação na certidão, não pode afastar a licitante da concorrência, senão vejamos: O desatendimento de exigências formais não essenciais não importará no afastamento da licitante, desde que sejam possíveis a aferição de sua qualificação e a

5 exata compreensão da sua proposta, durante a realização da audiência pública da licitação. As normas que disciplinam este certame serão sempre interpretadas em favor da ampliação da disputa entre os interessados, desde que a interpretação não viole princípio administrativo fundamental; Ainda, como se observa na segunda parte do item 16.5 ora transcrito, tem-se que as normas aplicáveis ao presente certame devem ser sempre interpretadas em favor da ampliação da disputa entre os interessados, primando assim pela competividade entre as licitantes, princípio que deve embasar a concorrência pública, de acordo com artigo 3º, 1º da Lei 8.666/99. Nesse diapasão, também por estas razões não há justificativa plausível para a inabilitação da recorrente, mormente ante a equivocada interpretação da certidão acostada pela licitante, a qual permite a aferição de sua regularidade, nos moldes do requisito insculpido no item 1.1, b do Anexo III do Edital de Licitação. III Dos Pedidos Diante do exposto, requer a recorrente o provimento do presente recurso, a fim de reconhecer-se o equívoco na decisão ora hostilizada e, reconsiderando-a, se admitir a participação da recorrente nas fases seguintes do certame em questão, uma vez que cumpridos todos os requisitos exigidos para sua habilitação. Na remota hipótese da não reconsideração, requer o encaminhamento à autoridade superior, em conformidade com o art. 109, 4, da Lei n 8666/93. Nestes termos, pede deferimento. Porto Alegre, 15 de junho de Gabriela Cardoso Carvalho OAB/RS Walter de Oliveira Monteiro OAB/RS A