DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E A DECADÊNCIA DA REPRESENTATIVIDADE
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- Bruno Ribas Melgaço
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1 DEMOCRACIA PARTICIPATIVA E A DECADÊNCIA DA REPRESENTATIVIDADE Bruna Soares dos Santos 1 INTRODUÇÃO A democracia garante aos seus cidadãos uma série de direitos fundamentais que os sistemas não democráticos, não concedem e não podem conceder. Teve seu início na Antiga Grécia, mas acabou não evoluindo, pois a forma de escolha de seus governantes não era bem vista pela sociedade. Esta mesma forma de governo foi inserida também em Roma e Itália, mas conseguintemente teve sua decaída por tais motivos. Busca-se a solução para a democracia perfeita, sistemas como o representativo e participativo, são exemplos e formas de governo utilizadas para este fim. METODOLOGIA Foi utilizado para implementação do presente resumo, materializado por meio de revistas jurídicas, artigos científicos, internet e seus afins. Este trabalho tem como objetivo, comparar e buscar soluções democráticas, para o melhoramento e organização da sociedade. CONCEITO DE DEMOCRACIA A democracia tem o intuito de ser um governo do povo e para o povo. Mas observa-se que, historicamente, este sistema democrático tropeça por vezes em dificuldades. A falta da prática correta, certamente é um dos motivos que fazem com que a democracia, apesar de ser a melhor e mais sábia forma de organização, não seja aplicada de maneira sublime. Se houvesse um povo de deuses, esse povo se governaria democraticamente. A frase citada por Rousseau, expressa de maneira pessimista o seu pensamento para com a democracia. Relatando assim, de que duvidara ser possível que os homens servissem a essas conveniências. (ROUSSEAU, p. 128). 1 Graduanda do curso de Direito da UNIESP Ibaiti. 154
2 Semelhantemente, Duverger, também expressa seu pensamento sobre este assunto, nunca se viu e nunca se verá um povo governar-se por si mesmo. Concluindo, que jamais houve e jamais haverá a verdadeira democracia. (DUVERGER, 2002, p.464). Atualmente, a palavra democracia domina com tal força a linguagem política deste século, tornou se raro o governo, a sociedade ou o Estado que não se proclamem democráticos. (BONAVIDES, p. 267). Conclui-se que democracia é um dos poucos objetos políticos, das quais sofrem abusos, modificações e distorções a todo instante. Para Kelsen, a democracia é sobre tudo um caminho: o da progressão para liberdade. (KELSEN, p. 3-13). HISTÓRIA DA DEMOCRACIA Por volta de 500 a. C., a democracia teve seus primeiros passos na Grécia Clássica, na cidade de Atenas, em que o poder de tomar decisões políticas está nas mãos dos cidadãos, de uma forma direta ou indiretamente, por meio de seus representantes. Como seu governo não era unitário, mas sim compostos por várias cidades independentes, com muitas áreas rurais ao seu redor, este sistema de governo permitia a participação popular de certo número de cidadãos. Restrições que incluíam mulheres, crianças, escravos e estrangeiros. (DAHL, 2001, p.23) Foram os gregos que eventualmente usaram o termo demokratia, que significa governo do povo, demos, o povo, kratos, governar. Este termo curiosamente também era utilizado como povo comum ou pobre, e muitas das vezes também utilizada pelos críticos aristocráticos, como forma de desprezo as pessoas comuns que tiravam vantagem do controle que os aristocratas tinham sobre o governo. Em todos os casos a democracia era aplicada pelos atenienses e por outros gregos, não só com o governo de Atenas, como também de muitas outras cidades gregas, segundo Mogens Hermon Hosen, em seu livro The athenian democracy in the age of demosthenses, A democracia de Atenas destacava se pelo seu alto conhecimento e sua grande influência na filosofia política. Seu governo era considerado complexo, pois havia uma Assembléia, da qual quem somente tinha autorização poderia participar. Ali, eram selecionados os cidadãos e distribuídos cargos de forma aleatória, por meio de uma espécie de loteria. Com o passar do tempo, se tornou uma alternativa 155
3 não aceitável ao decorrer do desenvolvimento da democracia representativa, pela sua forma de escolha de seus representantes. Relativamente, na mesma época em que foi inserido na Grécia, os romanos também anexaram em seu governo o que eles preferiam chamar de república do latim republicus, res, que significa negócios ou coisa, e plubicus, pública. Interpretado assim como coisa pública. Semelhante a Grécia, o governo tinha suas limitações, era restrito aos patrícios, aristocratas. Somente os homens participavam, isso ocorreu até o século XX. A república se expandiu de maneira surpreendente, chegando assim a dominar toda a Itália e regiões mais distantes. Muitas das vezes a valorizadíssima cidadania romana aos povos conquistados, que assim se tornaram cidadãos no pleno gozo dos direitos e privilégios de um cidadão, e não mais simples súdito. (DAHL, 2001, p. 23) Porém, o que parecia magnânimo, conteria uma enorme falha em seu sistema, a falta de adaptação adequada, para o grande aumento de cidadãos. O distanciamento era visto como um empecilho, pois assim não poderiam assistir as assembléias e muito menos a participar. Apesar de sua durabilidade ser maior que a ateniense, a república romana teve seu enfraquecimento por conta de muitos fatores, sendo um deles a corrupção. Seu definhamento ocorreu depois da ditadura de Júlio César. Tornou se extinto, por cerca de mil anos. Logo após sua extinção, o governo do povo reapareceu em muitas cidades pequenas da Itália, por volta do ano de 1100 d.c. Neste governo, as restrições eram diferentes, apenas integrantes da classe superior poderiam participar. Com o passar do tempo, a classe média, também solicitou participação, e obteve o direto desejado.( DAHL, 2001, p. 24) Como já observado, ao longo da história, a democracia foi concebida de várias formas, de acordo com a cultura, crenças, entre outros fatores. Destas formas, destacam se duas, a representativa e participativa, que serão citadas a seguir. Conforme o mestre José Afonso da Silva (2006, p.137) relata que " todo poder emana do povo, que é exercido por meio de representantes eleitos ou diretamente". 156
4 DEMOCRACIA REPRESENTATIVA A expressão democracia representativa, genericamente tem por base a escolha de seus representantes através do sufrágio universal, o voto. Elegendo assim, os componentes para o conjunto de instituições políticas, o Poder Executivo e o Poder Legislativo, que tem por dever, estabelecer e executar as leis, visando melhoria e os interesses da população. A ideia de representar está etimologicamente ligada à de tomar presente algo que, na verdade, não está. Nesse sentido o ator representa o personagem, sem confundir com este. (BASTOS, 2004, p.133). As raízes do sistema representativo são liberais, após a revolução Francesa houve uma brecha, que anteriormente era absolutista, para uma forma de governo que da qual o povo pudesse intervir no funcionamento das instituições políticas. Segundo as palavras de Soares, representação democrática não é nada mais que uma autorização outorgada a um órgão soberano, institucionalmente legitimado pela Constituição, para agir autonomamente em nome do povo e dos interesses. (SOARES, 2001, p 130) Benjamin Constant foi grande protetor deste sistema, argumentando que a participação direta do povo nas decisões coletivas promoveria em submissão do indivíduo a autoridade do todo, que a liberdade política garantida se referia não ao direito de participar diretamente da vida pública e sim se constituía em um direito de não abominar o poder público, em breves palavras dizia que não podemos mais desfrutar da liberdade dos antigos, a qual se compunha da participação ativa e constante no poder coletivo. Nossa liberdade deve compor-se do exercício pacífico da independência privada. (CONSTANT,1895, p15). Atualmente, está representatividade vem encontrando variadas imperfeições do sistema de ensino, a ineficiência, descaso, entre outros fatores que transformam a representação em uma forma meramente artificial. DEMOCRACIA PARTICIPATIVA A democracia participativa, é vista como forma de governo semi-direta, pois procura conciliar a democracia representativa e ao mesmo tempo proporcionar aos cidadãos o direito decisório, estimulando assim, a maior participação na vida política. Pois entende se como democracia direta, aquela que ocorria em Atenas, praticadas 157
5 na Ágora, aonde realizava se reuniões de qualquer natureza, não havendo nenhuma influência política. Teve sua origem no século XIX, como já citado, consiste de uma forma semidireta do povo nas decisões governamentais, e tem em uma constante relação com a democracia deliberativa, sobre a crítica de que a segunda consiste na ideia de que a produção legítima de leis deriva da deliberação pública dos cidadãos, que atende se os princípios democráticos. (BARRETO, 2006, p 195). Esta forma de democracia, está basicamente voltada para os interesses dos cidadãos na autonomia política e na eliminação do domínio de homens sobre os homens, buscando a igualdade. Rousseau, foi um dos defensores do sistema participativo, acreditava se que não era possível agregar a soberania com representação política, considerando que para ele a soberania é inalienável e indivisível, pelo fato de não ser transmissível e por traduzir a vontade geral. (CANOTILHO,1998, p 278). Vontade geral, que está aparente, a busca pelos seus direitos e pela justiça é considerada uma das maiores vontades do povo. Já que, o intuito da democracia é este, fazer a vontade do povo. CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode se observar que a representatividade é uma forma que encontra se decadente. Considerada uma das maiores conquistas, comparado a com tempos passados. Isso fica claro perante a geral insatisfação da população para com seus representantes, agindo de formas totalmente contrárias, das em campanha. Já dizia Montesquieu, o povo é bom para escolher mais péssimo para governar. Portanto, considera-se a democracia participativa, como uma forma mais democrática, que vem se fortalecendo com o tempo. Neste sistema, os chefes do governo ficariam atados, refletindo somente os anseios da população, eliminando assim, decisões para o interesse próprio. Analisa se também, que a democracia participativa é muito mais benéfica e menos corruptiva. Se acaso houver mudanças no regime democrático, este fato implicaria num processo adequado, por isso, deve se, ser implementada aos poucos, para a melhor adaptação. 158
6 REFERÊNCIAS BASTOS,Celso Ribeiro, Teoria do Estado e ciência política. São Paulo: BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. São Paulo: BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política: a filosofia política e as lições dos clássicos. Trad. Daniela Beccaccia Versiani. Rio de Janeiro: Campus, Disponível em Acessado em 21/03/2015. CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, CONSTANT, Benjamin. Da liberdade dos antigos comparada à dos modernos. Trad. Silveira, Loura. Porto Alegre: L&PM, v.2, DALLARI, Dalmo de Abreu, Elementos de teoria geral do Estado. São Paulo: Saraiva, DAHL. Robert Alan. Sobre a democracia. Brasília: Editora da Universidade de Brasília, DUVERGER, Maurice. Les partis politiques. São Paulo: HOSEN, Mogens Hermon. The athenian democracy in the age of demosthenses. São Paulo,1991. KELSEN, Hans, Vomwesen und wert der demokratie. São Paulo, 2 ed., pp MOISÉS, José Álvaro. Cidadania e Participação: ensaio sobre o referendo, o plebiscito e a iniciativa popular legislativa na Nova Constituição. São Paulo: Marco Zero,1990. SOARES, Mário Lúcio Quintão.Teoria do Estado: o substrato clássico e os novos paradigmas.como pré-compreensão para o Direito Constitucional. Belo Horizonte: Del Rey, ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural,
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