RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA

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1 Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: UNIÃO FEDERAL APELADO: ANTONIO AUGUSTO SANTOS ADVOGADO: KARINNA COELI DANTAS DE OLIVEIRA MARTINS (e outro) JUIZ FEDERAL: RONIVON DE ARAGÃO RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA RELATÓRIO Trata-se de apelação interposta contra sentença que julgou procedente o pedido de condenação da União a converter a aposentadoria por invalidez do autor com proventos proporcionais em aposentadoria por invalidez com proventos integrais, com base no art. 186, inciso I, da Lei 8.112/90 e do art. 40, 1º, I, da CF, bem como, por conseguinte, ao pagamento das diferenças entre os proventos integrais e os proporcionais ora recebidos pelo autor, referentes aos últimos 5 ( cinco) anos, de forma retroativa e atualizada, com juros e correção nos termos do Manual de Cálculos desta Justiça Federal. Em suas razões de recurso, requer a apelante a reforma da sentença, suscitando prejudicial de prescrição do fundo de direito e sustentando, em síntese, no tocante ao mérito, a inexistência de configuração dos requisitos legalmente instituídos para a revisão perseguida, já que a doença apresentada pelo autor não é decorrente da atividade desenvolvida enquanto auditor fiscal, não se enquadra como doença grave e não consiste em hipótese prevista no rol do art. 186, da Lei 8.112/90. Com esse argumento, pugna pela improcedência do pedido, requerendo, ainda, caso mantida a condenação: a) a observância do disposto no art. 1º-F da Lei nº 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº /09, quanto aos juros e correção monetária; b) que seja reconhecida a sucumbência recíproca, em vista da improcedência da pretensão indenizatória por danos morais, ou, ao menos, reduzida a verba honorária. Contrarrazões apresentadas. É o que havia de relevante para relatar. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: UNIÃO FEDERAL APELADO: ANTONIO AUGUSTO SANTOS ADVOGADO: KARINNA COELI DANTAS DE OLIVEIRA MARTINS (e outro) JUIZ FEDERAL: RONIVON DE ARAGÃO

2 RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA VOTO O Superior Tribunal de Justiça vem entendendo que a ação em que se discute o valor percebido pelo autor a título de proventos envolve relação de trato sucessivo, cuja prescrição se renova mês a mês, abrangendo apenas as parcelas vencidas há mais de cinco anos a partir do ajuizamento da demanda: "AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO APOSENTADO. INCLUSÃO NA APOSENTADORIA DE VANTAGENS RELATIVAS AOS DÉCIMOS CORRESPONDENTES AO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO DE CONFIANÇA. RELAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. 1. A ação em que se discute o valor percebido pelo autor a título de proventos, e não propriamente a revisão do ato de aposentadoria, envolve relação de trato sucessivo, cuja prescrição se renova mês a mês, abrangendo apenas as parcelas vencidas há mais de cinco anos a partir do ajuizamento da demanda. (Súmula 85/STJ) Precedente desta Corte. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (AgRg no REsp /SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2009, DJe 22/02/2010)" Destaco, especificamente quanto à revisão de aposentadoria por invalidez de servidor com proventos proporcionais, para aposentadoria com proventos integrais, a decisão proferida no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº MG (2013/ ), da relatoria do MINISTRO SÉRGIO KUKINA, datada de 20 de setembro de Nesse mesmo sentido também vem se posicionando este Tribunal: "ADMINISTRATIVO. PREVIDENCIÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. ART. 40, PARÁGRAFO 1º, DA CF. ART. 186 DA LEI 8.112/1990. CONVERSÃO DE PROPORCIONAL PARA INTEGRAL. CABIMENTO. 1. "São consideradas graves as cardiopatias agudas que, habitualmente rápidas em sua evolução, tornarem-se crônicas, bem como as crônicas, quando limitarem, progressivamente, a capacidade física, funcional do coração e profissional." (trecho da sentença). 2. Servidor que à época da aposentadoria foi submetido à cirurgia cardíaca para troca da valva mitral por bioprótese, em face de insuficiência mitral importante não reumática, conforme laudo do perito médico judicial, o qual não descartou a existência de cardiopatia grave naquele momento, mas apenas que atualmente está ela estabilizada com uso de medicação específica, pela ecocardiografia. 3. Sentença que determinou a conversão da aposentadoria com proventos proporcionais para proventos integrais e o pagamento dos valores atrasados, respeitada a prescrição quinquenal, que não merece censura. 4. Apelação não provida." (AC , Desembargador Federal Marcelo Navarro, TRF5 - Terceira Turma, DJE: 28/11/2013) Disso resulta que, na hipótese apresentada, apenas aquelas parcelas que dizem respeito ao período anterior aos cinco anos que antecedem o ingresso da ação estão suscetíveis de serem atingidas pela prescrição quinquenal. Passando-se à análise do mérito, a Lei 8.112/90, que rege a matéria, assim dispõe: "Art O servidor será aposentado:

3 I - por invalidez permanente, sendo os proventos integrais quando decorrente de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, especificada em lei [g. n.] e proporcionais nos demais casos; (...)". As doenças a que se refere o dispositivo constam do rol veiculado em seu parágrafo 1º: " 1 o Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa, alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avançados do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na medicina especializada". De acordo com as informações prestadas pelo perito do Juízo, o autor é portador de Esquizofrenia Paranóide (CID F20.0), doença grave e incurável, iniciada quando da primeira crise no ano de A rigor, trata-se de patologia não contemplada, na norma legal, dentre as doenças que autorizam a aposentadoria por invalidez com proventos integrais. Entretanto, este Tribunal vem se posicionando no sentido de enquadrar a Esquizofrenia Paranóide como espécie do gênero alienação mental, reconhecendo à servidor portador da reportada doença o direito à concessão de aposentadoria por invalidez com proventos integrais, nos termos do art. 186, 1º, da Lei n /90: "ADMINISTRATIVO. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. SERVIDOR PÚBLICO PORTADOR DE ALIENAÇÃO MENTAL. PROVENTOS INTEGRAIS. POSSIBILIDADE. ART. 186 DA LEI N /1990. SENTENÇA MANTIDA. 1. Hipótese em que os esclarecimentos prestados pelo perito judicial demonstram que a doença que acomete o autor (transtorno depressivo recorrente, episódio atual grave com sintomas psicóticos e esquizofrenia paranóide) é uma espécie do gênero alienação mental, prevista no art. 186, I, parágrafo 1º, da Lei nº 8.112/90 como doença grave hábil a ensejar a aposentadoria por invalidez do servidor com proventos integrais. 2. A jurisprudência pátria vem se inclinando no sentido de reconhecer que doenças como as de que é portador o apelado se enquadram como forma de alienação mental capaz de conferir ao servidor o direito de se aposentar por invalidez com proventos integrais. Precedentes: AC (Rel. Des. Federal Luiz Alberto Gurgel de Faria, TRF5, 3ª Turma, DJE 22/06/2011) e APELREEX10678 (Rel. Des. Federal Francisco Wildo, 2ª Turma, DJE 12/08/2011); 3. Manutenção da sentença que condenou a União a efetuar a revisão dos proventos do demandante para que estes passem a ser pagos de forma integral, de acordo com disposto no art. 40, partágrafo 1º, I, da CF/88, c/c art. 186, parágrafo 1º, da Lei 8.112/90 e art. 1º da Lei / Apelação e remessa oficial improvidas." (APELREEX , Desembargador Federal Francisco Wildo, TRF5 - Segunda Turma, DJE:21/06/2012) "Constitucional e Administrativo. Servidor público federal. Portador de Esquizofrenia Paranóide (CID F20.2). Alienação mental configurada. Obtenção, de forma administrativa, da aposentadoria por invalidez proporcional ao tempo de serviço. Pretensão da revisão do ato de aposentadoria para que seja garantida a aposentadoria com proventos integrais. Direito assegurado. Art. 40, parágrafo 1º, inc. I, da Constituição Federal, e art. 186, inc. I, parágrafos 1º e 3º, da Lei nº 8.112/90. Início do processo após a edição da MP nº /2001. Juros de mora de 0,5% (meio por cento) ao mês. Honorários advocatícios na ordem de 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação. Apelo e remessa oficial parcialmente providos." (AC , Desembargador Federal Lazaro Guimarães, TRF5 - Quarta Turma, DJ:18/08/2008) Ademais, a jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de considerar que o rol de doenças constantes do 1º do art. 186 da Lei n /90 não é taxativo, mas meramente exemplificativo, tendo em vista a impossibilidade de a

4 norma prever todas as doenças consideradas pela medicina como graves, contagiosas e incuráveis. Sendo assim, apresentando-se a Esquizofrenia Paranóide como doença grave e incurável, nos termos das informações prestadas pelo próprio perito do Juízo, é inquestionável que, na aposentadoria concedida ao autor, deve incidir os proventos integrais. Assim decidiu o STJ em caso semelhante: "ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. INVALIDEZ PERMANENTE. ART. 186, I, 1º, DA LEI 8.112/90. ROL NÃO TAXATIVO. 1. A questão no recurso especial cinge-se à possibilidade de o servidor inativo, aposentado por invalidez, em razão de doença grave e incurável (patologia classificada com o CID 10: F esquizofrenia residual), perceber proventos integrais, apesar de a referida enfermidade não estar prevista no rol legal. 2. O rol das doenças, para fins de aposentadoria integral, conforme assentada jurisprudência, não é taxativo, mas exemplificativo, tendo em vista a impossibilidade de a norma alcançar todas as doenças consideradas pela medicina como graves, contagiosas e incuráveis, sob pena de negar o conteúdo valorativo da norma inserta no inciso I do art. 40 da Constituição Federal (cf. AgRg no REsp /RS, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe de 28/06/2013). 3. Agravo regimental não provido." (AGRESP , MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE:10/02/2014) No que toca à matéria da atualização monetária, o Col. Supremo Tribunal Federal, no julgamento das ADINS 4357 E 4425, reconheceu, por arrastamento, a inconstitucionalidade do artigo 5º da Lei nº /09. Segundo restou decidido, "O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº /09, ao reproduzir as regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à fixação de juros moratórios de créditos inscritos em precatórios incorre nos mesmos vícios de juridicidade que inquinam o art. 100, 12, da CF, razão pela qual se revela inconstitucional por arrastamento, na mesma extensão dos itens 5 e 6 supra." (STF. Pleno. ADI 4425/DF. Rel. Min. AYRES BRITTO. Rel.p/acórdão Min. LUIZ FUX. Julg. 14/03/2013). Entende-se, portanto, que, sendo inconstitucional o art. 5º da Lei /09, na parte que determina que tanto os juros de mora quanto a correção monetária seriam englobados num mesmo sistema de remuneração, segundo os índices da caderneta de poupança, devem ser restaurados a forma de cômputo e os índices anteriormente praticados, a partir de , à exceção dos precatórios já expedidos e aos créditos de natureza tributária. Registre-se que a inconstitucionalidade do art. 5º da Lei /2009 que deu nova redação ao art. 1º-F da Lei 9.494/97, não alcança a parte que unificou os juros de mora e a atualização monetária a serem fixados nas condenações impostas à Fazenda Pública. A redação anterior do art. 1º-F da Lei 9.494/97 previa que os juros de mora, nas condenações impostas à Fazenda Pública para pagamento de verbas remuneratórias devidas a servidores e empregados públicos, não poderiam ultrapassar o percentual de seis por cento ao ano. Assim, após a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º, apenas na parte que determina que tanto os juros de mora quanto a correção monetária seriam englobados num mesmo sistema de remuneração, segundo os índices da caderneta de poupança, tem-se a ocorrência dos efeitos repristinatórios da declaração de inconstitucionalidade: mantém-se a unicidade dos critérios de atualização monetária e de juros de mora impostos à Fazenda Pública, fazendo incidir o percentual previsto anteriormente na redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/97. Ressalvo, contudo, o meu entendimento pessoal, em relação às condenações que não envolvem a Fazenda Pública, posto que, segundo penso, seria aplicável apenas a SELIC, englobando atualização e juros, pois "Atualmente, a taxa

5 dos juros moratórios a que se refere o referido dispositivo [art. 406 do CC/2002] é a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, por ser ela a que incide em relação aos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95, 84 da Lei 8.981/95, 39, 4º, da Lei 9.250/95, 61, 3º, da Lei 9.430/96 e 30 da Lei /02)' (EREsp , DJ de 20/11/08)" (REsp /CE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, sujeito ao regime do art. 543-C do CPC, Publ. DJe 06/04/2009)." (STJ. AgRg nos EREsp /MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/05/2012, DJe 25/05/2012). Entretanto, a orientação do eg. Plenário desta Corte firmou-se, no sentido de que a atualização e os juros de mora nas condenações impostas, tanto à Fazenda Pública quanto aos particulares, ainda que em matéria previdenciária, devem se dar mediante a aplicação do IPCA-E (ou outro índice que venha a ser recomendado pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal) acrescidos de 6% (seis por cento) ao ano, exceto nos créditos de natureza tributária, para os quais se mantêm os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários (SELIC). Ressalte-se que não há que se falar na aplicação da modulação dos efeitos determinada na questão de ordem nas referidas ADINS (que fixou como data inicial da eficácia prospectiva o dia ), porquanto o caso ora em julgamento não trata de precatório já expedido, visto que o feito encontra-se ainda em fase de conhecimento. Registre-se, por fim, que, diante da improcedência do pedido de indenização por danos morais, resta configurada hipótese de sucumbência recíproca, pelo que deve cada parte arcar com os honorários advocatícios de seus advogados, a teor do disposto no art. 21 do CPC. Ante o exposto, dou parcial provimento à apelação, reformando a sentença recorrida apenas para reconhecer a sucumbência recíproca, afastando a condenação da União ao pagamento da verba honorária. É como voto. Poder Judiciário Tribunal Regional Federal da 5ª Região Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira PROCESSO Nº: APELAÇÃO APELANTE: UNIÃO FEDERAL APELADO: ANTONIO AUGUSTO SANTOS ADVOGADO: KARINNA COELI DANTAS DE OLIVEIRA MARTINS (e outro) JUIZ FEDERAL: RONIVON DE ARAGÃO RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL ROGERIO DE MENESES FIALHO MOREIRA - 4ª TURMA EMENTA ADMINISTRATIVO. SERVIDOR. REVISÃO DE APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. CONVERSÃO DE PROPORCIONAL PARA INTEGRAL. PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO. INOCORRÊNCIA. ESQUIZOFRENIA PARANÓIDE. DOENÇA GRAVE E INCURÁVEL. ARTIGO 186, I E 1º, DA LEI N /90. ROL EXEMPLIFICATIVO.

6 APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. 1. Apelação interposta contra sentença que julgou procedente o pedido de condenação da União a converter a aposentadoria por invalidez do autor com proventos proporcionais em aposentadoria por invalidez com proventos integrais, com base no art. 186, inciso I, da Lei 8.112/90 e do art. 40, 1º, I, da CF, bem como, e por conseguinte, ao pagamento das diferenças devidas últimos 5 ( cinco) anos, de forma retroativa e atualizada, com juros e correção nos termos do Manual de Cálculos da Justiça Federal. 2. O STJ vem entendendo que a ação em que se discute o valor percebido pelo autor a título de proventos envolve relação de trato sucessivo, cuja prescrição se renova mês a mês, abrangendo apenas as parcelas vencidas há mais de cinco anos a partir do ajuizamento da demanda. Precedentes: AgRg no REsp /SP, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 17/12/2009, DJe 22/02/2010. e AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº MG (2013/ ) RELATOR: MINISTRO SÉRGIO KUKINA. Precedente desta Corte no mesmo sentido: AC , Desembargador Federal Marcelo Navarro, TRF5 - Terceira Turma, DJE - Data: 28/11/ Este Tribunal vem se posicionando no sentido de enquadrar a Esquizofrenia Paranóide como espécie do gênero alienação mental, reconhecendo à servidor portador da reportada doença o direito à concessão de aposentadoria por invalidez com proventos integrais, nos termos do art. 186, 1º, da Lei n /90 (APELREEX , Desembargador Federal Francisco Wildo, TRF5 - Segunda Turma, DJE:21/06/2012; AC , Desembargador Federal Lazaro Guimarães, TRF5 - Quarta Turma, DJ:18/08/2008). 4. A jurisprudência do STJ firmou entendimento no sentido de considerar que o rol de doenças constantes do 1º do art. 186 da Lei n /90 não é taxativo, mas meramente exemplificativo, tendo em vista a impossibilidade de a norma prever todas as doenças consideradas pela medicina como graves, contagiosas e incuráveis. 5. Apresentando-se a Esquizofrenia Paranóide como doença grave e incurável, nos termos das informações prestadas pelo próprio perito do Juízo, é inquestionável que, na aposentadoria concedida ao autor, deve incidir os proventos integrais. Precedente do STJ (AGRESP , MAURO CAMPBELL MARQUES, STJ - SEGUNDA TURMA, DJE:10/02/2014). 6. O STF, no julgamento das ADINS 4357 E 4425, reconheceu, por arrastamento, a inconstitucionalidade do artigo 5º da Lei nº /09. Segundo restou decidido, "O art. 1º-F da Lei 9.494/97, com a redação dada pela Lei nº /09, ao reproduzir as regras da EC nº 62/09 quanto à atualização monetária e à fixação de juros moratórios de créditos inscritos em precatórios incorre nos mesmos vícios de juridicidade que inquinam o art. 100, 12, da CF, razão pela qual se revela inconstitucional por arrastamento, na mesma extensão dos itens 5 e 6 supra." (STF. Pleno. ADI 4425/DF. Rel. Min. AYRES BRITTO. Rel.p/acórdão Min. LUIZ FUX. Julg. 14/03/2013). 7. Após a declaração de inconstitucionalidade do art. 5º, apenas na parte que determina que tanto os juros de mora quanto a correção monetária seriam englobados num mesmo sistema de remuneração, segundo os índices da caderneta de poupança, tem-se a ocorrência dos efeitos repristinatórios da declaração de inconstitucionalidade: mantém-se a unicidade dos critérios de atualização monetária e de juros de mora impostos à Fazenda Pública, fazendo incidir o percentual previsto anteriormente na redação original do art. 1º-F da Lei 9.494/ Ressalvado o entendimento do relator, em relação às condenações que não envolvem a Fazenda Pública, no sentido de que seria aplicável apenas a SELIC, englobando atualização e juros, pois "Atualmente, a taxa dos juros moratórios a que se refere o referido dispositivo [art. 406 do CC/2002] é a taxa referencial do Sistema Especial de Liquidação e Custódia - SELIC, por ser ela a que incide em relação aos tributos federais (arts. 13 da Lei 9.065/95, 84 da Lei 8.981/95, 39, 4º, da Lei 9.250/95, 61, 3º, da Lei 9.430/96 e 30 da Lei /02)' (EREsp , DJ de 20/11/08)" (REsp /CE, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, sujeito ao regime do art. 543-C do CPC, Publ. DJe 06/04/2009)." (STJ. AgRg nos EREsp /MG, Rel. Ministra LAURITA VAZ, CORTE ESPECIAL, julgado em 16/05/2012, DJe 25/05/2012). 9. Entendimento firmado pelo eg. Plenário desta Corte, no sentido de que a atualização e os juros de mora nas

7 condenações impostas, tanto à Fazenda Pública quanto aos particulares, ainda que em matéria previdenciária, devem se dar mediante a aplicação do IPCA-E (ou outro índice que venha a ser recomendado pelo Manual de Cálculos da Justiça Federal) acrescidos de 6% (seis por cento) ao ano, exceto nos créditos de natureza tributária, para os quais se mantêm os mesmos critérios pelos quais a Fazenda Pública corrige seus créditos tributários (SELIC). 10. Inaplicação da modulação dos efeitos determinada na questão de ordem nas referidas ADINS (que fixou como data inicial da eficácia prospectiva o dia ), porquanto o caso ora em julgamento não trata de precatório já expedido, visto que o feito encontra-se ainda na fase de conhecimento. 11. Diante da improcedência do pedido de indenização por danos morais, resta configurada hipótese de sucumbência recíproca, pelo que deve cada parte arcar com os honorários advocatícios de seus advogados, a teor do disposto no art. 21 do CPC. 12. Apelação parcialmente provida, apenas para reconhecer a sucumbência recíproca, afastando a condenação da União ao pagamento da verba honorária. ACÓRDÃO Vistos, etc. Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, à unanimidade, DAR PARCIAL PROVIMENTO à apelação, nos termos do voto do relator, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Recife, 18 de agosto de Des. Federal ROGÉRIO FIALHO MOREIRA Relator

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