LUCIANA SAPIA FRANCO

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1 LUCIANA SAPIA FRANCO OS DEZESSEIS ORIXÁS COMO IMAGEM NA PEDAGOGIA WALDORF Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para aprovação no Curso Normal do Centro de Formação de Professores Waldorf da Escola Waldorf Rudolf Steiner. ORIENTADORA: PROFª CHRISTA GLASS São Paulo 02/07/2013

2 Identidade Preciso ser um outro Para ser eu mesmo Sou grão de rocha Sou o vento que desgasta Sou pólen sem inseto Sou areia sustentando O sexo das árvores Existo onde me desconheço Aguardando pelo meu passado Ansiando a esperança do futuro No mundo que combato morro No mundo por que luto nasço. Mia Couto, no livro Raiz de Orvalho e Outros Poemas Com a benção de todas essas mãos, cabeças e corações: Crista Glass, Maria Morena Godoy, Luzius Zaeslin, Cristiane Marcondes, Antônio Kehl, Heloísa Borges e Daniel Augusto. Dedico esse trabalho aos meus filhos e à todas as crianças, grandes e pequeninas, que me fazem perceber o mundo cada dia mais e melhor. Com amor.

3 Lista de Siglas IBD Instituto Biodinâmico SECAD Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão USP Universidade de São Paulo

4 Sumário Lista de Siglas...3 Introdução (ou como este tema chegou até mim?)...5 1) Formação do povo brasileiro a herança negra como uma de nossas raízes mais profundas e a missão da alma dos povos Uma breve contribuição de Rudolf Steiner sobre a Missão da alma dos povos ) A mitologia dos Orixás...30 Cosmogonia...32 Apresentação dos dezesseis Orixás o processo artístico como revelação do espiritual: as 16 aquarelas e pratos ) A quadrimembração como caminho para o entendimento dos 16 Orixás: ) A importância da imagem na pedagogia Waldorf ) Conclusão...55 Referências Bibliográficas...59 Apêndices...61

5 Introdução (ou como este tema chegou até mim?) Quando encontrei a Antroposofia, em 2002, me confrontei com um conhecimento que ressoou em mim, e ressoa, de maneira muito especial: era como se aquelas leituras (da Fisiologia Oculta, de Rudolf Steiner, meu primeiro livro antroposófico!) me levassem para um novo, porém, conhecido universo. Era como se a cada página eu pudesse reconhecer nos conceitos trazidos por Steiner algo que de alguma maneira eu já conhecia um saber profundo sobre a realidade do mundo espiritual. Saber esse, que eu poderia conhecer parcialmente se quisesse me aproximar dele com minha consciência somente através da leitura. Na época, 2002, eu ainda cursava a graduação do curso de ciências sociais da USP, com especial interesse pela área de antropologia, e fiquei realmente maravilhada com as conclusivas afirmações de Rudolf Steiner acerca da existência da vida espiritual, não de maneira superficial, ou exotérica, já que não me contentaria, nem me daria por satisfeita simplesmente porque ele fala um pouco de espírito, mas pela maneira como ele propõe e reinaugura a fenomenologia de Goethe, como essa arte de observar os fenômenos do mundo físico intensivamente nos revela os princípios espirituais a eles subjacentes, assim, com este método temos os passos a dar para que possamos enfim desencantar o mundo físico, materialista, entrando novamente em contato com o espiritual, e retornando a ele de maneira consciente. Rudolf Steiner ilumina a ideia da reencarnação do ponto de vista da fisiologia, e ele o faz a partir de observações objetivas acerca das características singulares de cada crânio, frisando a característica tão individual que cada estrutura craniana apresenta indicando a impossibilidade de qualquer tipo de generalização a respeito da estrutura craniana em termos de elevações ou depressões, acentuando assim a presença do eu atuante na formação craniana, apesar da pouquíssima influência do mesmo sobre o sistema ósseo: A característica do eu na encarnação precedente determina a forma craniana da encarnação atual. Desse modo, a expressão plástica exterior da estrutura craniana expressa a maneira como cada um de nós, como

6 individualidade, viveu e atuou na encarnação anterior... Devemos apreciar nossa estrutura craniana como uma obra de arte. Mas devemos ver na conformação craniana algo individual, que é a expressão da história do eu numa encarnação anterior...quem não admite, como conclusão rigorosamente lógica, que a configuração do eu de encarnações anteriores se expressa na forma craniana individual, não tem o direito de concluir, a partir da forma externa de uma concha vazia encontrada ao acaso, que esta tenha alguma vez abrigado um ser vivo... (STEINER, 2003, p.111) Dessa maneira através da própria observação científica, temos o caminho para descoberta do plano espiritual! R. Steiner ainda conclui seu pensamento desafiando a ciência materialista a re-significar-se: E se alguém quisesse negar que o conteúdo aqui exposto tenha lógica, deveria negar também toda a paleontologia, que se baseia nas mesmas conclusões. Vemos, assim, como através da investigação das formas do organismo humano podemos reconduzi-lo as suas bases espirituais. (STEINER, 2003, p.112) No estudo da antropologia acadêmica encontrei um oásis no meio do deserto (assim configuro o atual pensamento científico um pensamento morto, seco, completamente desnutrido de vitalidade, como um deserto, no qual pela escassez de água sentimentos, imaginações a vida não consegue desabrochar) Enquanto a sociologia me afundava no seu pessimismo histórico acerca da capacidade (ou incapacidade!) humana de organizar-se em sociedade apontando todos os fracassos civilizatórios, tendo por base metodológica a pesquisa estatística, a antropologia trazia uma redenção como ciência. A metodologia científica da pesquisa antropológica é o trabalho etnográfico, o campo, em que o cientista (antropólogo) sai da universidade e vai ao encontro de seu objeto de pesquisa : o ser humano nas suas mais diversas manifestações culturais. Aí estamos diante de um saber legitimado através de um verdadeiro deslocamento em direção ao outro. O olhar sem julgamentos, apenas aprender a olhar, observar o outro ser humano! Mas como lapidar o olhar para enxergar para além da lente que cobre nossos olhos que é a

7 nossa própria cultura?! Estar diante do outro nos traz uma consciência sobre nós mesmos! Nesse contexto, da pesquisa científica, da etnografia, que propõe ao antropólogo despir-se de conceitos e de seu próprio sistema simbólico de entendimento do mundo para poder alcançar o outro, seu objeto de pesquisa, e nesse sentido não cabem aqui julgamento de valores, e conceitos de evolução cultural ou social no sentido determinista de conceituar certas culturas como primitivas e outras como modernas ou atuais, gostaria de pontuar o surgimento dentro das ciências sociais do conceito de alteridade ou outridade, que é a concepção que parte do pressuposto básico de que todo o homem social interage e interdepende do outro. Assim, como muitos antropólogos e cientistas sociais afirmam, que a existência do "eu-individual" só é permitida mediante um contato com o outro (que em uma visão expandida se torna o Outro - a própria sociedade diferente do indivíduo). O homem imanta o mundo. Por ele e para ele, todos os seres e objetos que o rodeiam se impregnam de sentido: tem um nome. Tudo aponta para o homem. Mas, o homem para onde aponta? Ele não tem certeza. Quer ser outro, seu ser sempre o leva para além de si. E o homem perde o pé a cada instante, tomba a cada passo, e esbarra nesse outro que imagina ser e que lhe escapa entre as mãos. Empédocles dizia que tinha sido rapaz e donzela, arbusto, peassaro e ardente peixe do mar. Ele não é o único Todos os dias ouvidmos frases desse teor: quando fulano se exalta fica irreconhecível, vira outra pessoa. O nosso nome também abriga um estranho, do qual nada sabemos, exceto que é nós mesmos. O homem é temporalidade e mudança, e a outridade constitui sua maneira própria de ser. O homem se realiza, ou se cumpre quando se torna outro. Ao tornar-se outro se recupera, Reconquista o se user original, anterior a queda ou tombo no mundo, anterior a cisão entre eu e outro. (PAZ, 2012, p.187). Durante a graduação, escolhi como tema de pesquisa científica as diversas manifestações religiosas afro-brasileiras. Nesse tempo pude visitar diversos terreiros de umbanda e de candomblé no Estado de São Paulo, observando rituais de saída de Santo (saída pública do iniciado, em que após passar por diversos preceitos e rituais, o iniciado dança cada Orixá tem gestos, danças e toques ritmo dado pelo atabaques tambor utilizado ritualisticamente, autuado,

8 influenciado, incorporado por seu Orixá), o ritmo das festas anuais, giras, banhos de folhas (amacis), rituais na natureza, etc.; bem como me aprofundar nas pesquisas a respeito da história do negro no Brasil, a questão da oralidade como traço inerente dessa cultura (o que mais adiante vamos reconhecer como presença de um etérico dominante), e a presença da mesma nas raízes culturais do povo brasileiro. Ao mesmo tempo que me encantei com a beleza contida nas danças, nos toques dos tambores, nos rituais, nas palavras pronunciadas em dialeto africano, fui estudando os arquétipos humanos contidos em cada um dos Orixás e suas diferentes manifestações na natureza. Sabemos o quão importante e revelador são os estudos das mitologias. Muitos autores da antropologia, da psicologia, das artes dramáticas e da antroposofia reconhecem aí um importante conteúdo imagético, repleto de símbolos e pistas para compreensão do ser humano. A força dos arquétipos não está na lógica da razão que dominamos, e sim pelo colorido e riqueza da própria imagem, em sua energia, dramaticidade, versatilidade, capacidade de envolvimento e em seu poder de mobilizar nossa própria energia interior. A imagem é a linguagem universal que une os povos, não por intermédio da fria razão, mas pelo elo do coração, pelo laço dos grandiosos sentimentos de fraternidade contidos, por exemplo, nas cenas imagéticas dos contos e mitos que pertencem ao amanhecer da história humana. Tais cenas, podem explicitar, quando nos deixamos viver e sonhar com elas, nosso leitmoiv pessoal, orientando-nos em nossas vidas pessoais assim como orientaram a evolução da humanidade. A vivencia imaginativa dos sábios conteúdos narrados nos tempos mais remotos espelham, fortalecem e protegem o próprio mundo interno do ser em desenvolvimento a criança favorecendo a formação de sua identidade. (PASSERINI, 1998, p. 96) Em 2004, ingressei no Seminário de Formação de Professores Waldorf, na escola Rudolf Steiner. Em meados de 2005, me mudei para Botucatu, no interior de São Paulo, mais precisamente para o bairro Demétria, onde pude vivenciar o Ciclo da Terra, dos plantios e colheitas, das estações do ano bem como aprofundar meus conhecimentos e experimentos antroposóficos. Na fazenda Demétria, pioneira em

9 agricultura Biodinâmica na América Latina, são realizados os preparados biodinâmicos, então, tanto os solstícios como os equinócios, são marcados por atividades comunitárias de dinamização, e preparação dessas fórmulas para serem aspergidas sobre a terra, ou sob plantação (ao leigo, que não conhece a antroposofia, certamente soariam como magia, ou até mesmo macumba!) Esses preparados são cientificamente comprovados pelo IBD Instituto Biodinâmico, (encontramos orientações claras de Rudolf Steiner sobre seus efeitos materiais e pistas a respeito de sua atuação suprassensível e até mesmo nas universidades já se fazem estudos das diferenças entre alimentos comuns, orgânicos, biodinâmicos e também transgênicos, no sentido de pontuar materialmente suas diferenças 1. O preparado de reis, realizado no dia seis de janeiro, onde se dinamizam ouro, incenso e mirra, numa ação comunitária de bem querer a terra, foi uma vivência especialmente emocionante! Podemos observar na agricultura biodinâmica como se produz o conhecimento antroposófico. Tanto um conhecimento profundo da terra, como o conhecimento dos princípios cósmicos que atuam sobre ela geram uma direção de ação, uma atitude de trabalho para o ser-humano. Todo o princípio da agricultura biodinâmica é no fundo comunitário, no sentido de agregar tanto as gentes que vivem naquela terra para dinamização dos preparados e distribuição pela terra, como no sentido agregador e harmonizador em todas as esferas que o trabalho é feito. Assim consiste a antroposofia, num moderno método científico, que representa uma continuação da Ciência Natural no campo do mundo espiritual, onde se encontra a origem da verdadeira essência do ser humano. Rudolf Steiner descreve em sua obra, com o cuidado e rigor de um cientista, as mais diversas esferas suprasensíveis, tomando por base sua própria investigação espiritual, as primeiras obras filosóficas, o conhecimento oculto da Antiguidade e os estudos fenomenológicos da natureza. Destes estudos resultam uma série de práticas como a agricultura biodinâmica, a pedagogia waldorf e a medicina antroposófica. (PROKOFIEFF, 2006). Poderíamos representar o que acabamos de dizer da seguinte maneira: 1 Como o estudo apresentado por Jovchelevich em 2007, na UNESP.

10 1 - As sabedorias da antiguidade. As primeiras obras filosóficas 2 - Antroposofia como moderna ciência do espírito 3 - Aplicações práticas de seus resultados nos mais diversos âmbitos da vida A antroposofia está longe de ser uma escola exotérica. Toda a proposta de desenvolvimento de conceitos a partir da antroposofia está galgada em seus próprios métodos, que podem ser comprovados por qualquer ser humano, desde que este esteja disponível a trilhar através da consciência os caminhos do coração. Sobre a antroposofia, como ciência oculta e o ocultismo, nos diz Steiner: Este nos mostra que o cosmo visto de forma correta sempre nos oferece indícios para aquilo que fala aos nossos corações. Aprendendo a escrita que se estende pelo cosmo, pelas estrelas, sua disposição e seus movimentos, recebemos dele a mensagem que permeia nossos corações com a verdade, com o amor, e com aquela devoção que, de época em época, conduz a evolução da humanidade (STEINER, 1912) O conhecimento mais profundo do curriculum pedagógico e do próprio desenvolvimento do ser humano me levaram de volta a realidade dos Orixás. Sabendo da dificuldade que o tema apresenta e devido ao grande preconceito frente as religiões afro-brasileiras, me senti fortemente imbuída a compartilhar essas imagens mitológicas, mitos, e saberes ancestrais do nosso povo, no sentido de tirálas dos porões de nossos navios negreiros, e ao nomeá-las, reconhecê-las como potentes imagens reveladoras de um conteúdo ancestral que precisam ser olhadas com muito cuidado para que possam ser reveladas corretamente.

11 Para tanto me vali do conhecimento da antropologia (os relatos etnográficos e conteúdos desenvolvidos sobre o tema) e da antroposofia, no sentido de desenvolver uma pesquisa interior e exterior a respeito de um tema que julgo por sentimento ser um dos mais belos pertencentes ao imaginário brasileiro: o mito dos Orixás. Quem é o valente Ogun que abre os caminhos a minha frente quando estou na estrada? E a bela Oxum, que no balanço de suas águas doces traz beleza e proteção? Quem sabe conhecemos um pouco de Exu, o mensageiro? Iemanjá a rainha do mar, das águas salgadas e mãe de todos os filhos, deusa da maternidade universal, para quem ofertamos flores e entregamos nossas lágrimas quando queremos chorar? Vocês já ouviram falar? Quem sabe nas músicas sobre mãe menininha, Oxum e Iemanjá! Caetano Veloso, Maria Bethania, Gilberto Gil, nos sambas das escolas de samba, ouvindo Clara Nunes, Vinícius de Moraes, Martinho da Vila, Jorge Ben Jor, Vanessa da Mata, Kiko Dinnucci, Dorival Caymmi ou nos coros de São Benedito, em procissão popular. São muitos os poetas que cantam os mistérios dos Orixás, a lavagem das escadarias do Bonfim, simbolizando a abertura do ano com as e águas de Oxalá. Essas imagens sem dúvida habitam meu coração, e envolvem o imaginário do nosso povo. Não me parece justo guardá-las para mim, escondê-las, preciso lustrálas, preciso lapidá-las: no rastro de suas formas posso perceber o fluxo das águas que as esculpiram!! Talvez eu tenha caído num pote de dendê antes de nascer, quem sabe? O fato é que essas histórias são bonitas demais para continuarem veladas, restritas aos meios religiosos, guardadas nos búzios de Ifá! São as histórias negras que vieram de além mar! São histórias reveladas nos ritmos das nossas cantigas de ninar, nas brincadeiras de roda, nas palavras que escaparam vindas de lá! Essas imagens tão profundas podem enriquecer muito a vivencia das crianças! pensava eu, e outros tantos me encorajavam, e me indagavam sobre os mitos querendo saber mais! Bem, se estamos ligados espiritualmente á essas forças que se expressam, e atuam na matéria, de tal maneira que as nomeamos e

12 reconhecemos, então me parece realmente muito importante estudá-las e reconhecê-las- é preciso enalma-las (Beshlung!) 2 No presente momento existe uma forte tendência mundial a valorizar as expressões culturais locais. nos grandes congressos de pedagogia antroposofica, cada vez mais temos a presença de escolas da África, da China, do Japão. Na Europa o conceito de escola Waldorf intercultural esta brotando! Incentivada por essa corrente atual que procura estudar, escutar e afirmar o som das diferentes vozes que ecoam através da antroposofia pelo mundo, trago aos senhores as seguintes questões: Será que o conhecimento desses mitos podem servir para ao professor? Como a pedagogia Waldorf está aberta para diferentes culturas, crenças e sabedorias ancestrais? Como os elementos culturais podem permear, influenciar a pedagogia Waldorf? Diante deste grande desafio de apresentar o mito dos Orixás organizei meu trabalho da seguinte maneira: - primeiro vamos reconhecer através da história nossas raízes culturais negras. Vamos avaliar do ponto de vista antroposófico aspectos sobre a África, o negro e trazer algumas imagens, contos e passagens para criar a paisagem para os dois próximos passos: - O caminho da quadrimenbração pra compreensão dos 16 arquétipos e apresentação do mito dos Orixás (suas qualidades, expressões naturais, cores, gestos e metais). - o trabalho artístico como processo intrínseco para compreensão dos mitos as 16 aquarelas e os dezesseis pratos de cerâmica. Técnicas e percepções. - Anexo um caderno com as paletas de cores para ser observado sem texto! (o rastro do processo!) 4 Rudolf Steiner usa essa palavra muitas vezes porque o propósito do processo do ser humano é de enalmar o mundo, alma do mundo e a minha alma precisam ser levadas a se encontrar. Isso acontece naturalmente no processo sensorial, mas nós temos que nos tornar conscientes disso.

13 - caminharemos pela importância da imagem dentro da pedagogia Waldorf

14 1) Formação do povo brasileiro a herança negra como uma de nossas raízes mais profundas e a missão da alma dos povos. Sobre o quilombo do Leblon no Rio de Janeiro, as notícias são ainda mais surpreendentes. A começar por seu idealizador, ou chefe, que era o português José de Seixas Magalhães. Os quilombolas não demonstravam qualquer indício de preconceito racial. Também o Seixas, positivamente, era um homem de idéias avançadas, dedicado à fabricação e comércio de malas e sacos de viagem na Rua Gonçalves Dias, no Centro, onde já utilizava os mais modernos recursos tecnológicos. Suas malas feitas com máquina a vapor, eram reconhecidas pelo mundo afora, e mereceram prêmios tanto na Exposição do Rio de Janeiro, quanto na Exposição de Viena a Áustria Além de sua fábrica a vapor, o Seixas possuía uma chácara no Leblon, onde cultivava flores com o auxílio de escravos fugidos. Seixas ajudava os fugitivos e os escondia na chácara do Leblon com a cumplicidade dos principais abolicionistas da capital do Império, muitos deles membros proeminentes da Confederação Abolicionista. A chácara de flores, a floricultura do Seixas, era conhecida mais ou menos abertamente como o quilombo Leblond, ou quilombo Le Bloon, então um remoto e ortograficamente ainda incerto subúrbio å beira-mar. Era, digamos, um quilombo simbólico, feito para produzir objetos simbólicos. Era lá, exatamente, que o Seixas cultivava as suas famosas camélias, o símbolo por excelência do movimento abolicionista. Naquela época, como infelizmente ainda hoje, a caméllia japônica era uma planta relativamente rara no Brasil, introduzida no Rio de Janeiro há uns 60 anos, se tanto. Exatamente como a Liberdade que se pretendia conquistar, a camélia não era uma flor dessas comuns, naturais da terra e encontradiças solta na natureza. Era uma flor especial, estrangeira, cheia de melindres com o sol e queria know-how, ambiente, mão-de-obra, relações de produção, técnicas de cultivo e cuidados muitíssimo especiais. Ainda em 1897, quase dez anos depois da Abolição, Olavo Bilac ainda contrapunha as flores da mata, a nossa natureza comum daqui mesmo, com as sofisticadas camélias, símbolo de refinamento e civilização. Aí tens tu, leitor amigo, as flores da mata... Se não as queres, aqui tens as camélias formosíssimas, filhas da civilização, primores nascidos e criados á custa de cuidados sem conta

15 O quilombo do Leblon era ícone do movimento abolicionista, uma de suas melhores bases simbólicas e um dos seus trunfos para a negociação política. Por isso, na verdade, ninguém parecia muito interessado em dissimular ou esconder a existência do quilombo do Leblon, nem mesmo o Seixas ou qualquer de seus amigos abolicionistas. Estes, pelo contrário, lá promoviam ótimas festas de confraternização, batucadas animadíssimas, como aquela que aconteceu, por exemplo, no dia 13 de março de 1886, aniversário do Seixas. A turma abolicionista passou a noite toda na farra do Leblon e só lembrou de voltar altas horas da madrugadas. E vinham eles e a animada cantoria pelo caminho, os quilombolas na maior folga do mundo tocando suas violas, e os abolicionistas aos gritos sediciosos de vivam os escravos fugidos!. Isso durante todo o percurso a pé, do quilombo até chegar no Largo das Três Vendas, na Gávea, onde ficava o ponto final do bondinho puxado a burro que os traria de volta a civilização. Na verdade, a hoje aparentemente insuspeita camélia, fosse natural ou artificial, era um dos símbolos mais poderosos do movimento abolicionista. A flor servia, inclusive, como uma espécie de código através do qual os abolicionistas podiam ser identificados, principalmente quando empenhados em ações mais perigosas, ou ilegais, como o apoiamento de fugas e a obtenção de esconderijo para os fugitivos. Um escravo de São Paulo, por exemplo, que desce ás de vila-diogo e viesse parar no Rio de Janeiro, podia identificar imediatamente os seus possíveis aliados, já na plataforma de desembarque da Estação D.Pedro II, simplesmente pelo uso de uma dessas flores ao peito, do lado do coração (SEIXAS, s/d) Essa história de 1886, nos relata um episódio próximo da abolição da escravatura. A lei Áurea foi assinada pela princesa Isabel em 13 de maio de (Vale dizer, que ela recebia semanalmente os ramalhetes da camélia subversiva em seu gabinete e as usava na lapela!) Escravos africanos, ainda em pequeno número, já viviam no Brasil em meados do século XVI. A combinação açúcar, mão de obra escrava africana e grandes lucros já era conhecida desde o século anterior, quando foi testada nas ilhas atlânticas, sobretudo na Madeira. O tráfico transatlântico de pessoas logo se tornaria um dos mais lucrativos ramos do comércio colonial. Estima-se que cerca de 10 milhões de africanos chegaram vivos na América durante o tempo em que o tráfico

16 transatlântico fez circular os navios negreiros, também conhecidos como tumbeiros pelo grande número de mortes que a viagem causava. Este tráfico acabou em Cuba foi a última área escravista a receber africanos escravizados. Destes 10 milhões de indivíduos, cerca de foram trazidos para o Brasil. Pelas estimativas mais recentes, 50 mil até 1600, 560 mil no século XVII, no século XVIII e no século XIX. Darcy Ribeiro fala de 12 milhões de negros trazidos para o Brasil durante a colônia. Antes dos africanos, quando os portugueses chegaram ao Brasil, foram os índios, nativos das matas brasileiras que serviram de mão de obra escrava. Por quase quatro séculos, o sucesso do tipo de sociedade criada no Brasil dependeu da escravização de grande parte da força de trabalho. No século XVI, prevaleceu a escravidão dos indígenas. As primeiras caixas de açúcar que chegaram à Europa, do Brasil, eram fruto do trabalho forçado de índios. Em 1658, já não haviam mais escravos indígenas no Brasil (não formalmente). A empresa escravista, fundada na apropriação de sereshumanos através da violência mais crua e da coersão permanente, exercida através dos castigos mais atrozes, atua como uma mó desumanizadora e deculturadora de eficácia incomparável. Submetido a essa compreensão, qualquer povo é desapropriado de si, deixando de ser ele próprio, primeiro para ser ninguém, ao ver-se reduzido a uma condição de bem semovente, como um animal de carga; depois, para ser o outro, quando transfigurado etnicamente na linha consentida pelo senhor, que é a mais compatível com a preservação dos seus interesses. O espantoso, é que os índios como os pretos, postos nesse engenho deculturativo, consigam permanecer humanos. Só o conseguem, porém, mediante um esforço inaudito de auto-reconstrução no fluxo de seu processo de desfazimento. Não têm outra saída, entretanto, uma vez que da condição de escravo só se sai pela porta da morte ou da fuga. (RIBEIRO, 1995, p.118). É importante ressaltar aqui que a formação do povo brasileiro se dá mediante a mistura dessas três raças: o branco, o negro e o índio. Os africanos negros e os índios foram os primeiros povos a expressarem a língua portuguesa, tal qual ela é concebida hoje em dia aqui no Brasil (diferentemente do português falado em Portugal!) Posteriormente, no início do século XX, houve uma grande migração de outros povos pra o Brasil, os imigrantes japoneses, italianos, alemães, bolivianos, coreanos que vieram (e continuam chegando!) nos imprimindo com seus hábitos

17 costumes e linguagem. Porém esses imigrantes não participaram do que chamamos a formação do povo brasileiro. A origem do nosso povo, se é que assim podemos dizer, esta nessas três grandes matrizes étnicas: o índio, o africano e o português. Mas o que é queremos dizer com africano? Africano é a palavra que usualmente se aplica a uma grande variedade de povos e tradições culturais diversas. O historiador Robert Slenes observou, de maneira bastante perspicaz, que o africano foi uma criação americana, pois era em cidades como o Rio de Janeiro que tradições distintas podiam se mesclar e se fundir numa nova identidade, que não era mais propriamente mina, rebolo, angola etc. Mesmo essas designações ainda são muito imprecisas, pois geralmente nomeavam portos ou lugares de embarque no continente africano. Os historiadores costumam discernir três grandes macro-regiões provedoras de escravos. A situada na África Ocidental subsaariana, em torno do Golfo Guiné, a região congo-angolana e o litoral moçambicano. Algumas sociedades localizadas na primeira área já estavam islamizadas, ou em processo de islamização, quando os portugueses apareceram na costa. Nas demais áreas, habitavam povos falantes de línguas bantos, com certas tradições comuns (o tipo de prática religiosa, por exemplo) e as desavenças costumeiras. A sociedade escravista brasileira dependia largamente do tráfico transatlântico, pois, ao contrário do que ocorreria nos Estados Unidos, cujo tráfico com a África foi proibido em 1807, a população escrava tendia ao decréscimo. Maiores índices de mortalidade e uma maior recorrência na concessão de cartas de alforrias, no Brasil, são geralmente apontados para explicar a diferença. A contínua compra de africanos produzia efeitos no perfil demográfico da população escrava, pois era sexual e etariamente seletiva: privilegiava os homens jovens, prontos para pegar no pesado. Em épocas de grande demanda por escravos, os navios chegavam a trazer 6, 7 homens para cada 4 ou 3 mulheres. A demanda da América por escravos aliou-se à oferta de escravos por parte de dirigentes e comerciantes africanos, ligados ao próspero mercado de escravos. O tráfico, como observou o historiador Manolo Florentino, tornou-se um elemento estrutural tanto no Brasil como na África. No Brasil permitiu a continuidade e a expansão de uma sociedade baseada na exploração do trabalho escravo. Na África, passou a desempenhar um crescente papel no destino de Estados e grupos sociais diversos. A captura de 10 milhões de pessoas, embarcadas em tumbeiros e levadas como escravos para o

18 outro lado do Atlântico, ao longo de quase quatro séculos, não seria possível sem que sólidos interesses ligados ao tráfico transatlântico existissem em ambas as margens do Oceano. Mas quem eram esses homens africanos que vinham de além mar? Geralmente eram crianças, jovens, capturados em sua terra natal, feito presas, caças, por volta dos 15 anos de idade. Eram arrastados até a praia pelo pombeiro(mercador africano de escravos) e trocados por tabaco, aguardente e outras buchigangas mais. Dali partiam em comboios, pescoço atado á pescoço com outros negros, numa corda puxada até o porto e o tumbeiro. Metido no navio, era deitado, no meio de cem outros para ocupar, por meios e meio, o exíguo espaço do seu tamanho (...)Escapando vivo á travessia, caía no outro mercado, no lado de cá, onde era examinado como um cavalo magro. Avaliado pelos dentes, pela grossura dos membros e dos punhos, era arrematado. Outro comboio, agora de correntes, o levava A terra adentro, ao senhor das minas ou dos açucares, para viver o destino que lhe havia prescrito a civilização: trabalhar dezoito horas por dia, todos os dias do ano. (RIBEIRO, 1995, 119). Vou lhes contar uma pequena história sobre alguém que veio do outro lado do Atlântico, mais ou menos por volta de 1747: Era uma vez, um rei africano. Um rei sem coroa, sem espada, sem terra. Trazia no coração todo o seu povo, Vinha acorrentado no porão de um navio negreiro trazido do outro lado do mar. Seu nome e título de nobreza ele perdera no cativeiro, numa guerra capturado, feito escravo foi vendido e trazido pelo mar. Aqui foi chamado Francisco, logo reconhecido pelas autoridades pela influência e liderança que tinha entre os homens da senzala. Muito forte, de porte ereto e justo, assim era Chico, que logo ganhou a alcunha de chico-rei. Era chamado por todos para dar conselhos, remediar intrigas, ajudava em tudo que podia e estava sempre disposto a trabalhar. Quando aqui aportaram, uma grande serra do Rio de Janeiro em direção de Vila Rica, em Minas Gerais, tiveram que atravessar. Mata densa, subida íngreme, Chico-Rei subia e descia com crianças a carregar. Zelava do povo que com ele aqui

19 estava. Vila Rica era uma vila belíssima, com Igrejas, casas assobradadas, praças magníficas, mulheres bem vestidas, cobertas de ouro e pedras preciosas. As minas de ouro e diamante viviam seu apogeu! Certa noite depois de muito sofrer com a vida escrava de seus povo, Chico rei chamou a todos e envolta da fogueira falou: - Muito bem, eu prometi lutar pela libertação do nosso povo! Tenho escutado. Existem dois caminhos a seguir. Nós teremos que juntos escolher. O primeiro é a rebelião. Podemos roubar armas, somos em maior número e há quilombos espalhados por toda mata para nos refugiarmos. Mas colocaremos nossas crianças e mulheres em perigo! Ou então podemos trabalhar pela nossa libertação. Nos é permitido, todos os domingos e feriados exercer o seu ofício, que você executava no seu país de origem, ou trabalhar nas minas por conta própria. Podemos assim juntar dinheiro obtido pelo nosso trabalho para comprar nossa liberdade. Escolheram pelo trabalho. E foi então que fizeram um pacto: Ninguém roubaria nem sequer uma pepita de ouro, trabalhariam de sol a sol até a liberdade de todos. Chico rei ensinou aos homens a deixarem seus cabelos grandes, e esconderem o pó do ouro por debaixo dos cabelos, assim quando chegavam do trabalho se banhavam no chafariz, deixando todo o ouro depositado no fundo da fonte. E em seguida, vinham as mulheres encherem seus cântaros de água a recolherem o ouro do fundo da fonte. Ao final de um ano de trabalho, com o ouro que tinham juntado, sortearam o primeiro casal que seria alforriado! O casal liberto continuou trabalhando para que os demais também fossem libertos. Quanto mais se passava o tempo, os cabelos cresciam, e mais ouro, com mais fluidez eram libertos. As crianças crescidas trabalhavam até que o último cativo fosse liberto. Depois continuaram trabalhando para conquistar um lugar que pudessem se reunir livremente, realizar seus festejos, serem donos dessa terra! Tempos depois Chico rei, conseguiu comprar uma Mina, que estava desativada, mas que em suas mãos virou uma fonte de riqueza. Foi assim que Chico Rei mandou construir no alto de uma colina uma Igreja no alto da Cruz! No dia que a Igreja ficou pronta, Chico Rei desfilou pela cidade usando

20 um pano vermelho, uma coroa na cabeça, foi o primeiro a entrar e seu povo vinha gingando atrás, cantando suas congadas, que até hoje lá nas Minais Gerais podemos escutar. 3 Essa foi a primeira congada de que temos notícia. Chico Rei era o rei do Congo, que após ser feito cativo durante uma guerra local, foi vendido como escravo nos portos africanos. Essa tradição da congada é muito comum no interior do Brasil, nas pequenas cidades, no meio rural. Anualmente, durante os festejos de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, na folia de reis, e na festa do Divino Espírito Santo, a comunidade se reúne remonta a corte com um rei uma rainha, crianças, e de casa em casa vão chamando os moradores a seguir o cortejo real até a Igreja. O cortejo é seguido pela dança e pelo ritmo da congada. Esse catolicismo popular intenso, os festejos de rua, com música, tambores, danças e personagens sacras é marca da fisionomia cultural brasileira, que é a herança africana e indígena. Podemos observar, que os negros, cativos tiveram que se adaptar a cultura católica portuguesa. Se num primeiro momento a diversidade linguística e cultural dos contingentes negros introduzidos no Brasil, somada as hostilidades recíprocas que eles traziam da África e a política de evitar a concentração de escravos oriundos da mesma etnia, nas mesmas propriedades ou mesmo nos navios negreiros, impediu a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano (Ribeiro, 1996), ao incorporar a língua portuguesa como única possibilidade de comunicação, eles começam não só a se comunicarem entre si, contribuindo para um abrasileiramento da língua portuguesa, como a reorganizarem sua cultura e seus saberes tradicionais. Seus costumes, mitos e religiosidades eram mantidos em segredo dentro de seus corações. Vieram para o Brasil negros das mais diferentes etnias: os nagô (Yorubas), os gegês (do Dahomey), os minas (Fanti-Ashanti) e os Bantu (de Angola, Moçambique e do Congo). Cada povo tinha seu culto a determinados Orixás (deuses encantados na forma de um rio, ou de uma Pedreira, ou de uma palmeira), aqui no Brasil esses cultos se mesclaram, dando origem a um novo Panteão formado por 16 Orixás. Alguns relatos antigos nos contam que para poderem celebrar e realizar o culto aos 3 História baseada na obra de Beatrice Tanaka a história de Chico Rei

21 Orixás, os negros enterravam, durante a construção das igrejas, suas oferendas, seus potes recheados de sementes e axés, embaixo dos Santos Católicos de acordo com características semelhantes entre um e outro, (principalmente na Bahia, e nas Minas Gerais.) Assim se deu o sincretismo dos Santos Católicos com os Deuses Africanos. Os costumes negros se mantiveram até os dias de hoje nos terreiros de candomblé, capoeira, jongos e maracatus, e outros centros de resistência cultural. Mesmo depois da abolição da escravatura, a situação de perseguição a cultura negra ainda persistiu. O próprio negro alforriado caiu numa situação de miséria e marginalidade social. Em 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, durante toda a era Vargas os terreiros tiveram que fechar suas portas, foram proibidos de funcionar, a capoeiras eram proibidas nas ruas, assim nessa época surgiram novas expressões culturais dos Orixás, (é o nascimento da umbanda uma religião cristã, cardecista e africana). Nesse panorama de exclusão, até o diabo é colocado pela sociedade dentro das manifestações religiosas africanas. A palavra africana macumba, que é o nome de um instrumento musical, parecido com um reco-reco, tomou ares pejorativos, e passou a designar coisa ruim, magia negra e cultos diabólicos. (PRANDI, 2001). 4 A partir de 1950, alguns autores da antropologia começam a interessar-se pelo tema das manifestações religiosas, danças e mitos africanos. Durante a década de 70, Pierre Verger, se destacou com seu trabalho etnográfico entre o Brasil e a África, um verdadeiro mensageiro dos dois mundos! Fotógrafo e bem relacionado com a academia francesa, Verger começa a exaltar a cultura africana, os candomblés e coloca no mundo de maneira a tira-la do mundo marginal e do esquecimento., com um belíssimo trabalho de imagens, fotografias e diários de viagem. Ele foi o primeiro a reconhecer e avaliar com exatidão, através do seu olhar interessado, uma de nossas raízes culturais mais profundas: a herança negra recebida dos escravos que vieram da África. 4 Ver Prandi, Reginaldo Exú, de Mensageiro a Diabo - Sincretismo Católico e Demonização do Orixá Exu.

22 Quando alguém se aproxima, e se propõe a estudar a história do negro no Brasil, inexoravelmente se verá diante de uma grande e secular injustiça humana, não só devido ao seu passado de escravidão, mas também pelo presente momento em que vivemos, como existe uma repugnância social a respeito de suas manifestações culturais e religiosas! O que se sabe sobre as religiões afro-brasileiras, negras, senão de seus despachos e macumbas e trabalhos de feitiçaria que encontramos nas esquinas? Além dos cabelos pixaim, da pele escura, das mãos trabalhadeiras, do nariz apertado contra a maça do rosto, somos muito mais negros do que sabemos, e por incrível que pareça, sabemos muito mais do que imaginamos. Desde nossas cantigas de ninar, o inhame, a capoeira, o samba, os tambores, agogôs, caxixis, até mesmo esse potente volitivo que carregamos e que ainda não penetramos com a luz da consciência, nosso etérico disponível para a destreza na realização dos mais diversos trabalhos manuais, a cadência, o ritmo, a ginga... Na cultura negra o corpo é fundamental. Sobre o corpo se assenta toda uma rede de sentido e significações. Esse não é apartado do todo, pertence ao cosmos, faz parte do ecossistema: o corpo integra-se como simbolismo coletivo na forma de gestos, posturas, direções do olhar, mas também de signos e inflexões microcorporais, que apontam para outras formas perceptivas) Sodré, 1996, p.31) (...) O corpo é a representação do território em movimento. Ao contrário de uma percepção de mundo na qual a alma é onde reside a força e a possibilidade de continuidade, para uma cultura negra a força está no corpo, não existe essa idéia de uma força interior alavancada pela ação da fé. Toda possibilidade encontra-se no corpo potente que procura suas imediações nas relações que constitui no cosmos, daí o compartilhamento como práxis ser uma questão fundamental para entender a dinâmica de uma cultura negra no Ocidente (SECAD, 2006) 5 Essa corporalidade é traço inerente da nossa cultura, que toca, pega, abraça, beija, vai de corpo ao encontro com o outro. A roda é também um traço inerente da cultura negra, que tem uma matriz circular. 5 Texto extraído das Orientações e ações para a educação das relações étnico-raciais, do SECAD/ MEC, 2006.

23 E aqui vale uma pequena abordagem relativa a circularidade. Para a cultura negra(no singular e no plural), o círculo, a roda, a circularidade é fundamento, a exemplo das rodas de capoeira, de sambas, de giras, e de outras manifestações culturais afro-brasileiras. Em roda pressupõe-se que os saberes circulam, que a hierarquia transita e que a visibilidade não se cristaliza. O fluxo, o movimento é invocado e assim saberes compartilhados podem constituir novos sentidos e significados, e pertencem a todos e a todas. (IDEM, p. 61). Essa corporalidade una ao Cosmos, se torna consciente no compartilhar da roda. Assim, ao mesmo tempo que mergulhamos e somos penetrados pelo Cosmos, temos que fazer o caminho da consciência (no caso a roda, o círculo de saberes) para ativar nossa entidade Espiritual, refazendo esse reintegrar-se ao Todo através da consciência, sem deixar de perceber sua sensibilidade corporal) Outro traço circular da cultura negra é sua oralidade, seu ritmo. O tempo circular daquilo que já se foi e que torna a se repetir, o tempo intrínseco ao ritmo. O ritmo do trabalho, as lavadeiras lavando roupas nos rios, a forja do ferro, o pilar da mandioca, cortar a lenha, mexer o angu na panela, o toque do tambor. A transmissão dos valores sagrados se dá de geração em geração, é contada de pai para filho, cantada de mãe para filha. Temos que estar preparados para ouvir. A oralidade é motivadora, estimuladora e transformadora do Cosmo, do Universo. Ao falar, o africano projeta e constrói cenários. Uma das maiores dificuldades do africano em relação ao Ocidente, é entender essa dissociação que o ocidental fez entre a palavra e o gesto. Existe uma passagem belíssima de Leopoldo Sengor que foi presidente do Senegal e um grande poeta, que falava sobre sua presença na Europa. Quando uma pessoa ao se despedir dele, dizia "um abraço" e saía, ele ia atrás da pessoa e a abraçava. Ele não conseguia entender essa dissociação entre gestos e palavras que é tão comum no nosso cotidiano. Ele não entendia isso. O africano quando fala, reproduz a palavra sagrada e constrói o cenário. Quando nasce uma criança de tradição ioruba, o nome dela só pode ser pronunciado pela primeira vez em um local sagrado porque o nome dela é a sua vocação. Por exemplo, a minha filha chama-se Boladi, que é alguma coisa parecida com "aquela que despertou com o ovo e trouxe alegria, felicidade, honradez e bençãos ao lar dos pais". Para o Ioruba, quando você pronuncia isso, o Cosmo começa a conspirar para que se

24 realize o desejo implícito no nome. A palavra tem poder. O africano não mente, o Ioruba não pode mentir. Existe outra passagem que eu sempre conto e que é muito engraçada a respeito do choque cultural. Um indivíduo foi inocentado de roubo por um tribunal de toga, peruca, essas coisas, nos moldes ingleses, por causa da colonização. Quando ele saiu do tribunal um sacerdote bloqueou a saída dele com um ferro e disse: beije esse ferro e olhe para mim e diga se você realmente cometeu esse crime. O homem beijou o ferro e disse: "eu cometi esse crime". Disse isso porque não se pode mentir diante do sagrado. É fundamental entender essas coisas sobre a oralidade africana. Quando se vai a uma escola de samba, a uma roda de capoeira, a uma casa de candomblé, canta-se a noite inteira, porque é preciso falar, temos que falar. (XAVIER, s/d) 6 Muitos desses saberes já se perderam, se adaptaram, mas com um movimento mundial que tenta uma volta as origens, quase como uma necessidade de busca de uma pureza, de uma verdadeira frente a todo materialismo vigente, as histórias africanas, seus mitos, seus gestos começam a despertar interesse. Os terreiros de candomblé e umbanda ganham cada vez mais adeptos (como pode ser visto na obra de Reginaldo Prandi) Começa a haver uma desmistificação a respeito da cultura negra, e um despertar das civilizações a esse respeito. Existem pesquisas históricas que apontam uma intrínseca relação do negro com a pobreza, e a miséria no Brasil, como a divulgada pela UNESCO em 1950, sobre democracia racial. Diante disso foram tomadas uma série de ações afirmativas por parte do poder público, em caráter de medidas emergenciais, afim de atenuar essa grande injustiça social-racial, são elas: - a politica de cotas e - a obrigatoriedade do ensino de historia e geografia da África no Ensino Fundamental. A política de cotas para negros na universidade, no mercado de trabalho, nos meios de comunicação, é sem dúvida uma política que visa obter resultados a muito curto prazo, e simplesmente por isso deve ser vista como uma ação afirmativa, porém é inegável o seu caráter controverso, tanto do ponto de vista da implantação 6 Extraido de palestra proferida por Juarez Tadeu de Paula Xavier disponível no site do Grupo de Estudos Pindorama

25 dessa ação, já que é muito difícil determinar o teor de negritude de uma pessoa (basta olhar o censo de 2010, sobre isso observar o trabalho da artista plástica Adriana Varejão que pintou um painel com diferentes tons de terra reproduzindo todas as matizes do negro ao branco determinadas pelo censo, chegando a mais de 100 classificações raciais entre o negro e o branco: pardo, café com leite, mulatinho, crioulo...). Mas além dessa dificuldade de determinar quem é negro e quem não é temos ainda uma questão um tanto paternalista por parte do Estado que se propõe a reconhecer a fragilidade do povo negro se colocando no papel do bom-pai que vai doar e acudir os seus filhos necessitados e desprovidos gerando uma posição de força que pode se transformar em ameaças e continua dominação. Sabemos que o verdadeiro interesse pelo outro é na verdade um compartilhar, uma inquietação, uma disponibilidade para enxergar as próprias fraquezas e vulnerabilidades. Quando estamos dispostos a compartilhar nossa vulnerabilidade com o outro, estamos começando a trilhar o caminho do Cristo: A verdadeira preocupação do coração é o intercâmbio de vulnerabilidades, de fraquezas e a única segurança é a confiança. Ser conhecedor da fraqueza humana é a preparação para a compreensão das palavras de Cristo, "Se duas pessoas se reunirem em Meu nome Eu estarei entre elas", E esta consciência da fraqueza que cria o espaço para que a força do Cristo possa trabalhar através das ações dos homens. "Não a Minha, mas a Tua força; não a Minha, mas a Tua vontade fluirá no nosso encontro". Talvez esta seja a essência da preocupação do Cristão (ADLER, s/d) 7 Outra ação afirmativa é a lei que torna obrigatório o ensino de história da África no ensino fundamental e aí sim estamos diante de uma ação corajosa (corajosa porque vem do coração) já que nem sequer temos bibliografia suficiente para que o próprio professor seja um conhecedor dessa tão imensa África. Será que se nos interessarmos verdadeiramente pela nossa cultura, não encontraremos pistas para fazer essa ponte do Brasil para África? 7 Africa o coração do mundo J. Lawrence V. Adler Disponível no site do grupo de estudos Pindorama.

26 Sabemos bem que o professor é responsável por apresentar o mundo a criança, preparando-a através de imagens e vivencias dos conteúdos, para que ela possa a partir desses conteúdos apresentados, fazer a sua formação de valores (a formação do juízo) Desde a educação infantil, é através do educador que a criança se relaciona com o mundo, seja o imitando, contemplando ou questionando. Seus conceitos e valores sobre a vida, o bem, o belo, o mal, o feio, entre outras coisas, são formados assim. Se o educador, independente de ser negro, ou ter alunos negros em sua sala de aula, de antemão sabe que há uma desigualdade racial no seu país, ele deve compensar essa desigualdade, trazendo imagens sanadoras para a alma dos seus alunos. Contar histórias sobre longos cabelos crespos, que escondem o ouro que é a chave da liberdade, sobre deuses negros que encarnam arquétipos das mais elevadas qualidades humanas como o amor, a justiça, a paz, usar uma camélia branca ao lado do coração! Essa atitude pedagógica de reconhecimento da história de um povo através do curriculum permite ao educador, ao gerar material pedagógico sobre o tema, contribuir para uma verdadeira democracia racial. Imbuídos deste impulso em nossos corações somos o nosso próprio tempo. O tempo não esta fora de nós, nem é algo que passa diante dos nossos olhos como ponteiros do relógio: nós somos o tempo, não são os anos que passam, mas nós que passamos. O tempo possui uma direção, um sentido, porque ele é nós mesmos. O ritmo realiza uma operação contrária a de relógios e calendários, o tempo deixa de ser medida abstrata e volta a ser o que é: algo concreto dotado de uma direção. Contínuo emanar, perpetuo ir além, o tempo é um permanente trancender-se. (PAZ, 2012, p. 64).

27 Uma breve contribuição de Rudolf Steiner sobre a Missão da alma dos povos Nenhum povo que passasse por isso (a escravidão) como sua rotina de vida através de séculos, sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual, a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos. Descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da malignidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria. A mais terrível de nossas heranças é esta de levar sempre conosco a cicatriz de torturador impressa na alma e pronta a explodir na brutalidade racista e classista. Ela é que incandesce, ainda hoje, em tanta autoridade brasileira predisposta a torturar, seviciar e machucar os pobres que lhes caem nas mãos. Ela, porém provocando crescente indignação nos dará forças, amanhã, para conter os possessos e criar aqui uma sociedade solidária (RIBEIRO, 1995, p.120). Segundo Steiner, ao redor da Terra, vivem entidades que zelam dos seres humanos, existem arcanjos, que são ligados etericamente aos indivíduos que lhes tornam parte de um determinado povo. Esses arcanjos são os espíritos dos povos dirigentes da terra. Assim a história de cada povo é inspirada pela missão do seu arcanjo, expressando-se através dos hábitos característicos, sua linguagem, numa pluralidade de formas arquitetônicas, qualidades peculiares. É o espírito dos povos que deve acolher e distribuir o que trazem os espírito das épocas. Em cada região da terra atuam auras etéricas, que produzem vegetações, constituem o solo, as pedras, toda emanação são essas forças etéricas. Cada povo escolhe a terra que lhe seja mais apropriada. Cada raça tem a influência de um planeta. Steiner traz o negro como ser mercurial. O que quer dizer que enquanto as outras raças humanas se desenvolveram a partir de um sistema (glandular nos asiáticos, no sistema sanguíneo entre os judeus, sistema neuro sensório nos caucasianos), o individuo

28 negro fora originalmente designado para expressar a totalidade do ser humano, não se desenvolveu a partir de um sistema do corpo, mas de todo o ser humano (vejam que recentes pesquisas apontam para o surgimento do primeiro ser humano na Africa). Nessa grande ciranda cósmica, cada povo tem a tarefa de analisar o fundo universal, e com isso criar conteúdo bastante para as várias partes desse fundo universal, imbuídos de um rico material representativo (os mitos, lendas) que lhes sirva a apreender os fenômenos de maneira afetuosa. Assim como um grande vitral iluminando, cada povo contribui (com suas cores, cheiros, histórias) com um pedaço desse mosaico. O que importa é chegar-se a conhecer, de certo modo, a partir de diferenciações dos Espíritos dos povos, o modo como este ou aquele povo, alcançou por exemplo, sua mitologia, sua religião e até sua filosofia. (STEINER, 1986) Steiner nos diz que o estudo aprofundado das mitologias pode nos revelar através de suas imagens os elementos de que são constituídos cada missão, cada povo. Da mesma maneira que nos debruçamos sobre a natureza, as estações do ano, o ciclo das águas, o dia e a noite, as frutas de cada época, e daí apreendemos sobre essa grande respiração da erra, devemos também estar atentos para os presentes mais sutis que recebemos nas imagens que permeiam nossas histórias, sobre quais seres elementares, quais forças espirituais atuam em nós, se quisermos compreender realmente o ser-humano em seus aspectos mais profundos. Contei um pouco sobre a influência do negro no povo brasileiro, para que possamos avaliar e reconhecer, com os pés fincados na história, a importância de sua mitologia, para compreensão mais profunda dos impulsos que carregamos nas nossas almas como povo brasileiro. A partir das indicações de Steiner devemos também, numa incansável pesquisa e observação da nossa natureza (humana e natural) intuir e reconhecer os éteres vitais que atuam nos nossos trópicos, bem como as diferentes forças espirituais que nomeamos através de nossas mitologias locais. Conhecendo a missão dessas entidades inspiradoras dos povos sabemos o que é povo. Povo são as pessoas pertencentes a um mesmo grupo e dirigidas por um Arcanjo. Os membros de um povo recebem do Arcanjo a inspiração para o que são e realizam como membros do povo. Imaginando que esses espíritos dos povos possuem individualidade peculiar análoga a dos seres humanos na Terra, acharemos compreensível, que os

29 diversos grupos dos povos representam a missão individual desses Arcanjos. Visualizando espiritualmente na história do mundo como um povo se segue a outro e também como um povo perdura ao lado de outro, seremos capazes de imaginar, ao menos abstratamente (no decorrer das conferências, a forma tornar-se a cada vez mais concreta como tudo isso que ocorre no plano histórico é inspirado por essas entidades espirituais. Todavia, ao lado do rastro que deixara a atuação de um povo após o outro na evolução da humanidade, nossas almas facilmente perceberão mais um outro elemento. Observando a era posterior a grande catástrofe atlântica, que transformou a superfície da Terra, fazendo desaparecer o continente que existia entre a África, a América e a Europa, como as conhecemos hoje, podemos distinguir as épocas em que atuavam os grandes povos que engendraram as culturas pós-atlânticas: a Velha Índia, a velha Pérsia, a cultura egipto-caldaica, tal qual como a cultura grega continuava atuando após o advento da cultura romana (IDEM) Conceituando o espírito das épocas, como superior as almas dos povos, sendo este capaz de uní-las por toda parte, Steiner ilumina assim a evolução histórica da humanidade, através dos diferentes impulsos presentes nas grandes civilizações.

30 2) A mitologia dos Orixás Imaginem os senhores, que dentro daqueles navios negreiros, que transportavam os escravos negros vindos da África,, vieram também dezesseis Orixás. Dezesseis Deuses do destino, com suas riquezas, espadas, espelhos, missangas, tronos, coroas, grandes saias e muito ritmo para dançar. As histórias dos Orixás chegaram até nós, através de seus mitos, passados de boca em boca pelos filhos de santo (adeptos das religiões afro-brasileiras) Nessas religiões as histórias, as indumentárias, as danças, os ritmos, a comida, de cada orixá são vividos e aprendidos através de rituais de transe e ritos de passagem, em que os filhos de santo dançam com seus Orixás em seu próprio corpo. É difícil explicar o que é Orixá. Cada Orixá, tem suas cores, seus gestos, danças, comidas, folhas para banho, e carregam qualidades humanas- espirituais - arquétipos. Muitos dizem que os Orixás são Deuses (dentro das religiões iorubas acredita-se que cada Orixá é responsável por um aspecto da vida aqui na Terra, assim para os assunto de doenças, Obaluaê, Iemanja tem o mar e também cuida da fertilidade, Ogun tem o ferro e as estradas, cuida dos assuntos de guerra, Oxossi é o dono das matas e é caçador, Oxum tem as águas doces, as riquezas e o amor, e assim por diante. assim por diante; Acredita-se te também que cada pessoa é filho de um Orixá: cada pessoa tem os 16 Orixas, mas sua essência é mais de um) O que quer dizer que temos uma essência vinculada mais fortemente com uma dessas forças manifestas no mundo da natureza. Alguns dizem que os Orixás são forcas da natureza, das quais também somos feito, por isso iemanjá é o mar, Oxum os rios, xangô as pedras e assim por diante. Um aspecto muito interessante dessa mitologia é justamente observar como essas forças da natureza estão sincretizadas com aspectos da índole humana, Dessa maneira se diz que geralmente os filhos de Ogun são pessoas esquentadas e impulsivas, que as filhas de Oxum são vaidosas e dóceis, que as filhas de Iansã são bravas guerreiras e apimentadas. Cada um é então impresso por esse elemento que carrega um pouco mais. Os Orixás estão divididos em quatro elementos: fogo, terra, água e ar. Alguns estudiosos dizem que existem mais de 400 Orixás divididos em 100 do fogo, 100, da terra, 100 da água e 100 do ar. Existem muitas fontes de pesquisa sobre os mitos

31 dos Orixás, e muitas variantes narrativas sobre os mitos, Não existe um conceito de certo e errado. Como se trata de uma tradição oral, não se expressa de maneira una, mas ainda ouve-se muitos ecos diluídos, fragmentados, sendo necessário ativar suas imagens através da narração. Contar essas histórias também é uma maneira de ativarmos em nossa oralidade, o fluxo etérico, que nos permite acessar nossa memória mais longínqua, nossas raízes. O tempo em que se passam as histórias dos Orixás é o tempo mítico, circular, sendo a vida uma repetição contínua do que aconteceu num passado remoto, vivido pelo mito. Antes da introdução dessas sociedades africanas na escrita, eles viviam um tempo cíclico. Antes da imposição do calendário europeu, os iorubás, que são a fonte principal da matriz cultural do candomblé brasileiro (Prandi, 2000b), e portanto fonte da mitologia dos Orixás, organizavam o presente numa semana de quatro dias. O ano era demarcado pela repetição das estações e eles não conheciam sua divisão em meses. A duração de cada período de tempo era marcada por eventos experimentados e reconhecidos por toda a comunidade. Assim, um dia começava com o nascer do sol, não importando se às cinco ou às sete horas, em nossa contagem ocidental, e terminava quando as pessoas se recolhiam para dormir, o que podia ser às oito da noite ou à meia-noite em nosso horário. Essas variações, importantes para nós, com nosso relógio que controla o dia, não o eram para eles. Cada um dos quatro dias da semana iorubá tradicional, chamada ossé, é dedicado a uma divindade (Ojô Awô, Ojô Ogum, Ojô Xangô, Ojô Obatalá, respectivamente, dia do segredo ou de Ifá, dia de Ogum etc.), regulando uma atividade essencial para a vida de todos os iorubás tradicionais: o mercado. O mercado ou feira funciona em cada aldeia e cidade num dos dias da semana, todas as semanas ou a cada duas, três ou quatro semanas. Até hoje, as mulheres vão vender seus produtos nos mercados de diferentes cidades, fazendo dessa atividade uma instituição fundamental para a sociabilidade iorubá e a regulação do cotidiano. Os iorubás tradicionais reconheciam a existência do mês lunar, mas lhe davam pouca importância, sendo muito mais importantes as épocas de realização das grandes festas religiosas, marcadas pelas estações e fases agrícolas do ano, que eles chamavam de odum. O dia era dividido não em horas, mas em períodos, que

32 poderíamos traduzir por expressões como "de manhã cedo", "antes do sol a pino", "com o sol na vertical", "de tardinha" etc. A noite era marcada pelo cantar do galo. A contagem dos dias e das semanas era praticada em função de cada evento, de modo que a mulher era capaz de controlar a duração de sua gestação, assim como o homem contava o desenrolar dos seus cultivos, mas sem datação (Ellis, 1974, pp ). Os iorubás tradicionais consideravam duas grandes estações, uma chuvosa e outra seca, separadas por uma estação de fortes ventos, de modo que cada ano podia durar alguns dias a mais ou a menos, dependendo do atraso ou adiantamento das estações, mas isso não importava, uma vez que os dias não eram contados. Os anos passavam como passavam as semanas e os dias, num fruir repetitivo, não se computando aritmeticamente cada repetição. Nas cortes dos reis iorubás havia funcionários encarregados de manter viva a memória dos reis, e eles eram treinados para recitar os eventos importantes que marcaram o reinado de cada soberano, mas os episódios não eram datados, fazendo com que a reconstrução recente da história dos povos iorubás não comportasse uma cronologia para os tempos anteriores à chegada dos europeus, vendo-se obrigada a operar com mitos e memórias lançados num passado sem datas (Johnson, 1921). (PRANDI, 2001b). Essas histórias dos Orixás são histórias de um tempo fora do tempo, do alvorecer da humanidade, histórias que são contadas por Ifá, o oráculo! Histórias que de boca em boca Exu, o mensageiro foi levar! Histórias daqui e de além mar! Histórias que agora eu vou contar. Cosmogonia No princípio não havia a Terra. Olorun, o deus supremo, vivia em meio ao caos. Tendo uma cabaça nas mãos, Olorun arremessou-a no meio do caos, gritando: Ayê! A cabaça se dividiu ao meio, gerando Obatalá, Orum, o céu, e Ilu Ayê, Odudua a Terra. Do casamento de Orum com Ayê, nasceu Olocum, os mares e Aganju, a terra firme debaixo dos oceanos e as grandes montanhas. Foi quando Olorum chamou

33 Oxalá Obatalá, o mais velho de todos os Orixás, e deu a ele o Apô Iwá, o saco da criação com todas as instruções de tudo que deveria ser feito, junto com uma galinha d angola. Oxalá, desceu até a Terra, e muito cansado parou para descansar, adormecendo no caminho, Odudua, que encontrou a galinha e o Apô Iwá. Espalhou o pó da criação sobre os oceanos, e lá deixou a galinha preta, que foi ciscando todo o pó da criação fazendo surgir os grandes continentes. Foi quando um grande dendezeiro subiu em direção a Olorun, convidando os dezesseis Orixás a descerem, e encontrarem lá sua morada: assim p primeiro que desceu foi Exu, o que vem sempre na frente, o mensageiro, aquele que leva e traz. Que escolheu não ter casa, vagar pelas ruas, portas, esquinas e encruzilhadas Laroyê Exu; depois vem Ogum, o guerreiro, coberto com uma couraça de metal brilhante no peito, e algumas palmeiras na cintura veio, abrindo caminho para os demais, Ogum fez morada nos caminhos, nas estradas. Ogunhê! Quem vem depois é Oxumarê, coberto com as sete cores do arco-íris escorrega pelo céu e vira serpente, Arroboboi! E Xangô, trazendo seu Oxé (machado da justiça que tem lâmina dos dois lados como a balança), de coroa na cabeça, era um verdadeiro e generoso rei, vestido de trovão, sentou nos topos das montanhas, nas cavernas rochosas e em toda pedra que houvesse em qualquer lugar. Kao Kabiesilê! Veio também Obaluaê, todo coberto de palhas, e pérolas, fez-se nas folhas secas e na areia do chão. Atotô Babá! Oxóssi veio ligeiro pras matas, coberto de peles, de folhas, veio com seu Ofá (arco e flecha) na mão, Okê Arô! Atrás de Oxóssi veio Ossãe, cheia de mistérios, com o corpo coberto por um manto de folhas perfumadas, nas folhas encantou-se e só por ela se podem revelar, Eweô! Obá, chegou de mansinho, coberta de lama, com seu escudo de cobre e punhal na mão, deitou-se no chão, terra molhada, terra devota aos céus, recebe as águas. Obá Xirê! E devagar, trazendo os búzios, de um tempo muito longe, vem a velha Nanã, na sabedoria das fontes de água pura ele se fez. Saluba! Oxum cobriu-se de ouro, trazendo seu abebê (espelho) caminhou pelos seixos dos rios até arredonda-los e depois deitou-se sobre suas águas. Ora Ieie ô! Iemanjá cobriu-se de espuma, adornou seus braços com madrepérolas e as mais lindas conchas do mar, nas águas salgadas ela está! Odoiá! Ewá, menina guerreira, alcançou as nuvens do céu e as brumas da manhã. Rirrô! Iansã encantada com o

34 vento, vestida de raio, como tempestade também veio para cá. Eparrei! Iroco, o tempo em árvore, de branco aqui está. Eroco Essó! Ifá, o adivinho é quem vem pra nos contar. Ireoia! Oxalá onde houver calmaria está, iluminando feito sol o mundo de Odudua! Epa Babá! Apresentação dos dezesseis Orixás o processo artístico como revelação do espiritual: as 16 aquarelas e pratos Sequência de 16 aquarelas fazendo uma paleta para cada Orixá, e 16 pratos feitos em torno, buscando o gesto de cada Orixá, com breve texto e símbolo de cada Orixá. (anexo) O que tem na água doce como atributo de beleza e princípio maternal? Qual a relação do reino mineral, das pedras, com a justiça dos homens? Foi essa misteriosa metamorfose dos elementos naturais em atributos humanos que me despertou o desejo dessa pesquisa. Notem que o ponto de partida desse trabalho é a investigação prática dos quatro elementos através da pintura, da modelagem e da dança. Durante um ano, semanalmente, me propus a estudá-los a partir da dança, para então com o impulso do gesto e do ritmo de cada um, pintar uma paleta de cores, e compreender seus arquétipos. Agradeço minha querida professora e amiga de jornada, Cristiane Marcondes, que se dispôs a entrar comigo nesse caminho, onde hora andamos sobre as folhas, hora sobre as águas do mar, caminhamos sobre a terra seca e dura e deslizamos sobre cachoeiras, ventamos como o ar e sobre as ondas, fomos no centro da terra encontrar a força primordial da vida e movidas pelo desejo de saber, e não apenas sentir, mas entender cada um desses Orixás nos propusemos a estudar. Posso dizer que o processo se deu em quatro passos: - pesquisa teórica sobre os Orixás, seus mitos, arquétipos, manifestações - pesquisa no corpo através da dança, vivenciando os gestos e ritmos de cada um dos dezesseis

35 - pesquisa minuciosa do gesto através da modelagem em argila. Com orientação da ceramista e Morena Godoy, me propus a buscar no torno o gesto de cada Orixá - produzi 16 pratos no torno açoriano, com acabamento indígena (brunido com seixo de rio) e símbolos africanos. Cada prato foi feito com a mesma quantidade de argila, e não era minha intenção que cada um tivesse uma forma diferente, justamente por ser a primeira vez que eu estava lidando com o torno, não me preocupei em fazê-los iguais (o que seria um grande desafio técnico para mim, uma pequena aprendiz!) porém ao colocálos todos juntos em roda, pude observar no processo, como cada um revela em sua forma o gesto de cada Orixá. - Pesquisa da paleta de cores de cada Orixá através da aquarela (à partir dos passos anteriores) com orientação do professor Luzius Zaesli. Busquei em diferentes técnicas de pintura expressar os princípios relativos à cada um dos Orixás ( nos Orixás de Terra, pintei com Terra, na água, o papel bem molhado, e o uso de diferentes fontes de água, no ar e assim por diante) Agradeço imensamente minhas duas companheiras de pesquisa: Morena Godoy e Cristiane Marcondes, que passaram por todo esse processo junto comigo. Agradeço ao professor Luzius, que além de seu talento artístico me inspira profundamente como futura professora que desejo ser! Agradeço a todas as danças e conversas no meio do caminho, que sempre me elevaram uma oitava acima nesse grande xirê dos Orixás. O caderno anexo, O caminho dos Orixás através dos quatro elementos é o resultado dessa pesquisa, o intuito desse trabalho não é artístico, e sim pedagógico, ele é um rastro do processo, um primeiro passo no sentido de iluminar em cores e formas essa mitologia dos Orixás. Ainda não surgiram as palavras em mim para traduzir os mitos dos Orixás, aqui ainda temos só um cheiro de céu e terra, de fogo e de mar! As palavras ainda estão para chegar. O estudo deve continuar! Pude vivenciar através do trabalho prático os princípios pedagógicos da antroposofia o fazer consciente, imbuído de sentimento que faz gerar um

36 pensar vivo e autêntico! Termino essa etapa da pesquisa com um sentimento de gratidão profunda.

37 3) A quadrimembração como caminho para o entendimento dos 16 Orixás: O ser humano e os reinos da natureza. 8 Natureza... De tal maneira nos envolve e abraça que é impossível deixa-la, ou não penetrar mais em suas profundezas! Sem nos convidar, ou ao menos, avisar, ela nos arrasta ao redemoinho de sua dança, até cairmos fatigados em seus braços. Cria novas formas eternamente: o que surge jamais existiu e o que foi não voltará, mas o que é velho sempre surge como novo. Vivemos em seu seio e, no entanto, somos estranhos. Ela nos fala constantemente sem, no entanto, revelar seus segredos. Manisfesta-se mediante seus filhos, mas, e a mãe, onde estará? Goethe No verso acima, Goethe se refere a natureza de forma tão viva que é possível capturar nele a intrínseca e misteriosa relação estabelecida com o mundo espiritual, no gesto das plantas, nos movimentos rítmicos de seu crescimento, de maneira mágica a natureza nos é reveladora. Portadora de saberes que só a observação mais preciosa consegue abarcar. Os Orixás se apresentam aos seres humanos como arquétipos, portadores de elevadas qualidades espirituais-humanas e também como forças da natureza. Essa relação entre a manifestação de cada arquétipo em uma parte da natureza exterior do mundo é o que me interessa como fio condutor para investigação dessa realidade. Iremos analisar aqui a mitologia dos Orixás, não sob seu ponto de vista religioso, mas a partir do conhecimento dos mitos que envolvem cada Orixá, sua 8 Goethe, citado por Reinhold Gabert

38 cores, instrumentos e relação intrínseca com os quatro elementos primordiais ; fogo, terra, água e ar. O conhecimento dessa mitologia, nos foi transmitido através de centros religiosos (o candomblé, a umbanda, o tambor de mina) 9, tradições remontadas pelo diário do etnógrafo. Imbuídos do sentido da alteridade, vinculados a corrente da veneração espiritual, através da qual recebemos essas imagens, conseguiremos afastar eventuais preconceitos e desenvolver a gratidão necessária para o reconhecimento do presente conteúdo. Assim também guiados pelo impulso da corrente que vem do futuro, estaremos fazendo sempre uma análise consciente dos aspectos apresentados. (...) atrás do nosso mundo dos sentidos, atrás do mundo que vivenciamos inicialmente como homens, situa-se um mundo espiritual. E, assim como penetramos no mundo físico quando não o contemplamos apenas como uma grande unidade, mas quando o observamos especificamente em cada planta, animal, mineral, povo ou em cada homem, assim também existe um mundo espiritual diferenciado em certas categorias e seres individuais. Dessa forma, na Ciência spiritual não falamos apenas de um mundo espiritual em geral, mas sim de determinados seres e forças que existem atrás do mundo físico (STEINER, 1912) 10 Através do conceito da quadrimembração em R. Steiner vamos nos aproximar dos dezesseis Orixás, relacionando-os com seus quatro elementos. Ao desenvolver a teoria dos quatro elementos, na Grécia Antiga, Empédocles nos diz: A partir da água e terra, ar e fogo misturados surgiram formas e cores de todas as coisas mortais, relacionados as quatro qualidades (a terra é fria, o ar é seco, a água é úmida e o fogo é quente). Em seu livro Sobre a natureza do Homem, Hipócrates elabora a teoria dos quatro temperamentos a partir da teoria dos quatro elementos de Empédocles. 11 Assim se deu sua teoria dos humores : O sangue que é quente e úmido pode ser associado ao ar A fleuma que é fria e úmida pode ser associada a água 9 Sobre estes estudos olhar Prandi, Reginaldo Segredos guardados: Orixás na alma brasileira cia das letras, Steiner, Rudolf, As entidades espirituais nos corpos celestes e nos reinos da natureza. Primeira Conferencia. p5 11 Empédocles, Frag. Poema sobre a Natureza (ver G S Kik, J.E Raven & M Schofiel, The presocratic Philosophers. A critical History with a selection of texts, p285)

39 A bílis-negra que é fria pode ser associada a terra A bílis-amarela que é ardente poderia ser associada ao fogo Sendo a água nossa fleuma, a terra nossa bílis-negra, o fogo, nossa bílis amarela, e o ar nosso sangue. Desta forma o conceito de saúde e doença eram explicados através das combinações dos humores. Sendo que posteriormente surgiu o termo humor negro, referindo-se ao temperamento propriamente dito. Rudolf Steiner, retoma o termo dos temperamentos, em seu livro O mistério dos temperamentos. Neste ciclo de palestras Steiner aborda o ser-humano como um enigma a ser decifrado, e que portanto não pode ser visto em seu aspecto mais geral. Apesar de que também não devemos observá-lo em seu aspecto mais individual. Daí decorrem as duas grandes correntes as quais todo ser-humano esta ligado em sua essência mais profunda; a corrente hereditária, o que ele traz de sua família e o impulso novo que traz de suas encarnações passadas (Steiner ilumina a ideia de reencarnação na qual o indivíduo, ao entrar na vida física, já havia passado por uma sucessão de vidas anteriores). A intermediação entre o impulso que o indivíduo traz e seu corpo físico, herança de seus antepassados, é o que Steiner chama de temperamentos. O temperamento estabelece a relação entre todas as qualidades interiores, que o homem trouxe de suas vidas passadas e o que a linha hereditária, suas características herdadas lhe traz. O fato é que a única forma de decifra-lo é no encontro com outro homem, na sensação e no sentimento que se tem a cada encontro com outra pessoa. Pois cada ser-humano é um enigma para si e para o outro. O temperamento, ou a natureza peculiar de cada ser humano, é, portanto uma coloração fundamental da personalidade humana que atua em todas as manifestações individuais na vida de cada homem. (STEINER, 1996, p.27). Steiner nos diz que pela confluência destas duas correntes, o Homem, quando penetra o mundo físico, tem uma tendência a estar mais ligado a um dos quatro corpos: o corpo físico, o corpo etérico, o corpo astral e o eu, obtendo um deles o domínio sobre o outro e imprimindo nele seu matiz. Assim ele também nos diz que o corpo físico e corpo etérico fazem parte da corrente hereditária. Pertencem a Terra, estão ligados a Terra, enquanto o corpo astral esta mais ligado a corrente das vidas passadas, ao núcleo essencial do homem, e o eu é o corpo que paira acima de

40 todos. Dessa ação recíproca dos quatro membros é que se dá a força dos temperamentos. Desta maneira quando o eu predomina em relação aos outros temperamentos da natureza humana, surge o colérico, quando o corpo astral predomina, atribui-se ao homem o temperamento sanguíneo, quando o corpo etérico atua excessivamente sobre os demais surge o fleumático, e quando o corpo físico predomina temos o melancólico. Os temperamentos são visíveis no ser humano, por suas características básicas, é possível reconhece-las no encontro com o outro. Cada indivíduo tem um temperamento predominante, sobre isso, nos diz Steiner: Cada pessoa tem como tônica apenas um dos temperamentos e, além desse, possui um pouco dos outros. Napoleão por exemplo, tinha muito de fleumático, embora fosse um colérico. Quando dominamos a vida em seu lado prático, é importante que possamos deixar atuar em nossa alma aquilo que se expressa fisicamente (IDEM, p35). Se pensarmos na teoria dos temperamentos segundo Steiner e também segundo Hipócrates, veremos que não existe temperamento puro. Quando Hipócrates estabeleceu a teoria dos humores, previu que havia não apenas o quente e úmido, mas também o quente e seco, o frio e seco, assim também é quando Steiner nos apresenta o tema dos temperamentos. Se pensarmos nos quatro elementos fica fácil perceber quantas nuances existem entre cada um deles. ÁGUA TERRA AR FOGO Assim uma pessoa de terra, pode ser uma terra mais seca, ou uma terra mais molhada, mais quente ou mais fria.

41 O conceito da quadrimembração também pode ser observado no ritmo do ano, através das quatro estações, nos quatro éteres vitais que estão relacionados aos quatro órgãos, nos quatro membros da constituição humana e nos quatro reinos da natureza. E aqui gostaria de fazer uma breve brincadeira com os elementos tentando inter-relaciona-los: Fogo: Eu espiritual éter calor coração verão colérico ser humano Terra: Corpo físico éter vital pulmão - outono melancólico reino mineral descendentes dos Arqueus (seres elementares) Água: Corpo etérico éter químico-sonoro fígado - inverno fleumático reino vegetal desecendentes dos arcanjos(seres elementares) Ar: Corpo Astral éter luminoso rim primavera sanguíneo descendentes dos anjos(seres elementares) Se ainda caminharmos no sentido de apontarmos uma atitude, em cada um dos elementos teríamos: O princípio do fogo que dissolve e queima ao lado do éter do calor que funde e aquece a formação do juízo, a conclusão, a atitude de registrar. Meditação O princípio da terra, que contrai e expande, as leis físicas, nas quais encontramos a tensão necessária para a futura expansão o olhar, a Observação como atitude pedagógica. O princípio da água, que vitaliza e umedece, frente ao eter químico sonoro que faz germinar e brotar a capacidade de Representar (consciência do fluxo) O princípio do ar, que esta em movimento, que flui, organizado pelo eter da luz, que tece, organiza. Como atitude primordial, o Silenciar. Vejam que possibilidade essa de analisarmos as estações do ano de acordo com os elementos, até mesmo para compreensão do ritmo das festas anuais. Verão - fogo

42 Outono terra Inverno água Primavera ar Nessa imaginação das estações do ano de acordo com o ritmo da Terra, levando em conta seus éteres vitais, temos um potente indicação a respeito do trabalho pedagógico: Vejam: No verão, onde atua o éter do calor, temos como antídoto, como elemento diluidor e que permite o fluxo, a água (é uma estação do ano muito quente, em que nossos corpos pedem um refresco, um molhado) Nessa época são festejadas as águas de Oxalá, (rituais de lavagens com águas que acalmam e trazem a paz) No inverno, onde atua o éter químico sonoro temos uma atitude mais interiorizada, estamos mais ligados as forças etéricas da Terra, nesse momento acendemos as fogueiras (para São joão e também para Xangô que é visto como um dos aspectos de São João no Brasil) Antes de prosseguirmos com nossa quadrimembração, vamos nos debruçar sobre os quatro elementos: Fogo peço que por um instante, aquietemos nossos corações, e façamos surgir dentro de nós, uma potente imagem de fogo. Quente, muito pulsante. As chamas ardentes. Labaredas incandescentes. O processo do calor, como qualidade: o entusiasmo. É no calor do fogo que está abrigado o nosso espírito. O nosso eu. Terra superfície concreta, substância, o físico, palpável, todos os oligoelementos presentes na natureza. Nosso corpo físico, a forma. Água a água! Quando nos deparamos com a água, encontramos toda a possibilidade da vida surgir. A personificação do feminino, da purificação e da fertilidade. É a água que sustenta nossas vidas frágeis no ventre de nossas mães antes de chegarmos em cada encarnação. A água é o agente pelo qual nos

43 purificamos, o corpo e a alma. É a água que nos limpa de dentro e de fora. Em muita culturas é captada no arquétipo de uma divindade feminina, como é o caso da mitologia dos Orixás. Ar elemento sutil que nos permeia, permite com sua transparência a passagem, da luz, fluxo e movimentos. Sopro divino de Deus. Elemento portador das nossas palavras. Penetrando nos desdobramentos desses quatro elementos facilmente chegaremos em dezesseis, trinta e dois, e assim por diante! Sendo que aí são identificadas quatro qualidades de fogo, quatro de água, quatro de ar e quatro de terra. Segundo nos conta a gênesis na Bíblia, e também R. Steiner, na Ciência Oculta, a ordem dos elementos, a sequência, é a mesma, o que muda é a direção: Poderíamos dizer então: Segundo Steiner: fogo ar água terra Mitologia dos Orixás: fogo terra água ar Se pensarmos nas características do homem do hemisfério norte, o homem nórdico, facilmente veremos que suas grandes civilizações se desenvolvem á partir do sistema neuro sensório. Toda a história da filosofia é escrita em alemão e grego! A própria história da arte! Já o homem do hemisfério sul esta mais intimamente ligado ás forças da terra, ao mundo do fazer, volitivo por exelência. Essa mitologia nos ensina que à partir das forças etéricas que atuam na nossa terra, plasmando toda a nossa mata atlântica, nossas serras, nosso mar, nossa floresta Amazônica e todo o manto vegetal que cresce em direção ao céu, se desenvolveram imagens do mundo espiritual que num passado longínguo, eram a própria vivencia do fogo plasmador da terra, que em seu ventre abrigava água, e essa água encantada pela luz se elevava aos céus, fazendo ar. Nosso ponto de partida é o mesmo: fogo! Porém enquanto aqui (no hemisfério sul) lidamos com a matéria mais densa, que é a própria terra, nosso corpo, lá (hemisfério norte) o ser humano se desenvolve á partir do elemento aéreo. Daí advém nossa grande capacidade de fazer, somos um povo volitivo por natureza, até a nossa melancolia é transformada em samba, mão que bate no coro ritmando o pé que sapeca no chão. Somos ritmo e cadência. Nosso desafio é permear esse fazer de consciência.

44 Sendo os Orixás forças e energias básicas responsáveis pela composição da vida e sua dinâmica no mundo das formas, tomaremos o estudo dos dezesseis Orixás a partir dos quatro elementos. Podemos aprender muito sobre os Orixás, se observarmos seus diferentes aspectos na natureza: o Exu fogo primordial do centro da Terra o Ogun o movimento que leva esse fogo adiante, os metais, o ferro o Oxumare o arco-íris e a serpente o Xango a cristalização, o reino mineral, a pedra o Obaluaê a terra seca o Oxossi A mata, a floresta, o reino vegetal o Ossãe a folha o Obá a terra molhada, a lama o Nanã a fonte água pura o Oxum as águas doces, os rios, cachoeiras o Iemanjá o mar o Ewá as aguas ascendentes, a bruma o Iansã os ventos e os raios o Iroco a árvore antiga, o tempo o Ifá a síntese o Oxalá a luz Essa sabedoria dos dezesseis Orixas, se organiza em círculo, formando assim o que chamamos de Xirê. Existem várias maneiras de organizar o Xirê dos Orixás (qual a ordem de cada um dentro do círculo, ou quem vem primeiro!) Isso muda de acordo com o critério de cada casa de Santo, de acordo com suas tradições. O critério que adotei aqui no trabalho para a sequência do Xirê, foi o aspecto de cada Orixá na natureza 12, assim podemos perceber que estamos diante de quatro elementos: 12 usei como referencia a divisão do xirê do Templo Guaracy.

45 Fogo Terra Água Ar Exu Obaluae Nanã Iansã Ogun Oxossi Oxum Iroco Oxumare Ossãe Iemanjá Ifá Xango Obá Ewá Oxalá Podemos observar também que através da movimentação do xirê na direção horária, iniciando pelo fogo, ao sul, com o Orixá Exu, podemos desenvolver uma breve imagem do desenvolvimento da natureza: (xirê utilizado no Templo Guaracy do Brasil)

46 N Obá Nanã Oxum Ossãe Iemanjá O Oxossi Ewá L Obaluaê Iansã Xango Iroco Oxumar e Ifá Ogun Exu Oxalá S

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