Condutas Vedadas no Ano Eleitoral e Final de Mandato
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- Maria Luiza Bandeira de Almada
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1 Condutas Vedadas no Ano Eleitoral e Final de Mandato
2 Final de Mandato Proibições
3 É vedado, a partir de 1º de maio de 2016, ao titular de Poder ou órgão, contrair obrigação de despesa que não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Na determinação da disponibilidade de caixa serão considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício. (Art. 42 e seu parágrafo único da Lei Complementar nº 101, de 2000 )
4 Aplicando o princípio contábil da competência da despesa, a obrigação de despesa de que trata o art. 42 da LRF, quando do final do exercício seria praticamente sinônimo de despesa liquidada ou em execução, que deve ter o seu pagamento efetuado dentro ainda do exercício financeiro ou, no mínimo, haver recursos em caixa disponíveis, neste mesmo exercício, para satisfação da obrigação, ainda que o pagamento ocorra no exercício seguinte.
5 As despesas compromissadas são aquelas que foram ou irão ultrapassar a fase da liquidação do empenho até o final do exercício, logo, do total da obrigação de despesa contraída nos dois últimos quadrimestres, que ultrapassassem aquele exercício, para fins da apuração das disponibilidades de caixa, somente seriam consideradas aquelas parcelas do compromisso assumido que fossem liquidadas até o final do exercício as demais, em obediência ao princípio da anualidade orçamentária, como fonte de financiamento nos orçamentos dos próximos exercícios.
6 0s contratos para a execução de obras ou prestação de serviços serão empenhados e liquidados no exercício, pelo valor das parcelas do cronograma físico-financeiro que correspondam ao executado no exercício financeiro. Uma obra para ser licitada deve atender o princípio constitucional do planejamento integrado (CF, art. 165), ou seja, deve haver previsão no Plano Plurianual (PPA), na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA ).
7 É necessário existir um projeto básico, projeto executivo e normas de execução da obra, que incluirão um cronograma de execução. A dotação orçamentária é necessária para a realização da licitação e deve ser conjugada com o planejamento da execução a ser realizada no exercício financeiro. (Art. 7º, 2º, III, da Lei n , de 1993)
8 A LRF obriga o titular do Poder ou órgão a garantir cobertura financeira das obrigações de despesa contraídas depois de 1º de maio do último ano de seu mandato. Se essas não forem pagas até 31 de dezembro, sua inscrição em Restos a Pagar deve contar com a existência dos equivalentes recursos em caixa. O objetivo é evitar que os atuais governos deixem dívidas para seus sucessores.
9 Não obstante a regra do Art. 42 da LRF aplicar-se apenas às despesas contraídas nos últimos oito meses do último ano de mandato, alertamos que não se deve dar prioridade à liquidação desses débitos em detrimento dos assumidos em meses anteriores.
10 0s Arts. 5º e 92 da Lei 8.666/93: Devendo cada unidade da Administração [...] obedecer, para cada fonte diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas exigibilidades, salvo quando relevantes razões de interesse público e mediante prévia justificativa da autoridade competente, devidamente publicada. (...) pagar fatura com preterição da ordem cronológica de sua exigibilidade - Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
11 A partir de 5 de julho de 2016 ( ) é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder.... (Parágrafo único do Art. 21 da Lei Complementar nº 101, de 2000)
12 A autorização legislativa não poderá ser utilizada no período proibido, já que configuraria aumento de despesa e acarretaria a nulidade do ato do administrador que lhe usasse como fundamento. Em segundo lugar, mesmo que a despesa não ocorra no período abrangido pelo Art. 21, e somente venha ser realizada na gestão futura, a prática do ato que a originou é que determinará o ilícito.
13 É proibida a realização de Operação de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária no último ano de mandato. (alínea b do inciso IV do Art. 38 da Lei Complementar n. 101, de 2000)
14 No Ano eleitoral Proibições
15 Lei nº , de 1997 Art. 73, VII, alterada pela Lei n , de 29/9/2015 Realizar, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que excedam a média dos gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito.
16 No que tange à definição - para fins eleitorais do que sejam despesas com publicidade - é no sentido de considerar o momento da liquidação, ou seja, do reconhecimento oficial de que o serviço foi prestado - independentemente de se verificar a data do respectivo empenho ou do pagamento, para fins de aferição dos limites indicados na referida disposição legal.
17 A adoção de tese contrária à esposada pelo acórdão regional geraria possibilidade inversa, essa, sim, perniciosa ao processo eleitoral, de se permitir que a publicidade realizada no ano da eleição não fosse considerada, caso a sua efetiva quitação fosse postergada para o ano seguinte ao da eleição, sob o título de restos a pagar, observados os limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. (RESPE Recurso Especial Eleitoral. Data do Julgamento: 24/10/2013)
18 No cálculo para verificação ou não de aumento de despesas com publicidade, deve ser considerado o gasto global, que abranja a publicidade da administração pública direta e indireta.
19 A distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa. (Art. 73, 10 da Lei nº 9.504, de 1997, incluído pela Lei nº 1.300, de 2006)
20 Aumento dos recursos para o transporte de alunos universitários; Doação de bem para entidade de bairro; Concessão de bolsas de estudos a servidores públicos (graduação, especialização);
21 O implemento de benefício fiscal referente à dívida ativa do município, bem como o encaminhamento de projeto de lei à câmara de vereadores, objetivando a previsão normativa voltada a favorecer inadimplentes; (Recomendação Promotoria Eleitoral)
22 Doação de gêneros alimentícios, medicamentos, materiais de construção, passagens rodoviárias, quitação de contas de fornecimento de água e/ou energia elétrica, salvo se enquadrar na exceção legal: calamidade, emergência e continuidade de programa social, mediante critérios objetivos.
23 A Justiça Eleitoral não tem mitigado a exigência desses dois requisitos legais: lei autorizando a criação do programa social e execução orçamentária anterior". Nesse mesmo julgamento ficou decidido que "a mera previsão legal na lei orçamentária anual dos recursos destinados a esses programas não tem o condão de legitimar sua criação". Assim sendo, por uma questão de cautela, aconselha-se a edição de lei específica. (Agravo de Instrumento nº /2011-TSE)
24 O bom senso aqui recomenda que, no último ano de mandato, inexista ampliação significativa dos benefícios distribuídos, restringindo-se o atendimento à media verificada nos anos anteriores.
25 No ano eleitoral, os programas sociais não poderão ser executados por entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse mantida. ( 11 do Art. 73 da Lei nº 9504, de 1.997, incluído pela Lei nº12.034, de 2009).
26 Condutas Vedadas aos Agentes Públicos em Campanhas Eleitorais São proibidas aos agentes públicos, servidores ou não, as seguintes condutas tendentes a afetar, a igualdade de oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais caput). (Lei nº 9.504, de 1997, Art. 73,
27 Agente Público Quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por meio de eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional. (Lei nº 9.504, de 1997, Art. 73, 1º)
28 Art. 73, IV Lei 9.504, de 1997 Fazer ou permitir o uso promocional em favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeado ou subvencionado pelo Poder Público.
29 Exemplos: Candidato à reeleição, que se vale de discurso em palanque, para mencionar programa de distribuição de cestas básicas custeado pelo Município. A vinculação expressa, ou mesmo velada, essa é proibida e acarreta as punições previstas na lei.
30 A partir de 02 de julho até a posse Vedações
31 Art. 73, V Lei 9.504, de 1997 Nomear, contratar ou de qualquer forma admitir, demitir sem justa causa, suprimir ou readaptar vantagens ou por outros meios dificultar ou impedir o exercício funcional e, ainda, ex officio, remover, transferir ou exonerar servidor público, na circunscrição do pleito, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvadas:
32 Nomeação ou exoneração de cargos em comissão e designação ou dispensa de funções de confiança Nomeação dos aprovados em concursos públicos homologados até 5 de julho de 2016
33 Nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo.
34 A partir de 2 de julho até a realização do pleito Vedações
35 Lei 9.504/97 Art. 73, VI Realizar transferência voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em andamento e com cronograma prefixado, e aos destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.
36 Autorizar publicidade institucional dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos, ou das respectivas entidades da administração indireta. Ficam fora da proibição, a propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, e a publicidade destinada a atender grave e urgente necessidade pública, assim reconhecida pela Justiça Eleitoral.
37 Fazer pronunciamento em cadeia de rádio e de televisão, fora do horário eleitoral gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das funções de governo.
38 A publicidade deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. (Art. 37, 1º, CF/88)
39 Lei nº 9.504, de 1997 Art. 73, VIII Fazer, na circunscrição do pleito, revisão geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do ano da eleição, a partir de 5 de abril de 2016 até a posse dos eleitos.
40 A partir de 2 de julho é vedado: A contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos na realização de inaugurações - caracteriza abuso do poder econômico. (Art. 75, da Lei nº 9504, de 1997; e Art. 22 da LCF nº 64, de 1990).
41 A partir de 2 de julho é vedado: A qualquer candidato, comparecer a inaugurações de obras públicas. (Lei nº 9.504, de 1997, art. 77, caput c/ redação da Lei nº , de 2009).
42 Importante destacar que o simples comparecimento implica descumprimento do comando normativo. Não se faz mais necessária a efetiva participação do candidato no evento. Vedada a participação de candidato como mero espectador desde que a sua presença seja notada. (RESPE nº , de TSE)
43 Alerta! Ato de campanha em evento oficial; Excesso em eventos comemorativos; Inaugurações não podem ser desvirtuadas em utilização em prol das campanhas.
44 Subvenções e a Lei do Marco Regulatório
45 Subvenções Transferências correntes destinadas a cobrir despesa de custeio (operação e manutenção) de instituições públicas ou privadas, não voltadas ao lucro. Quando têm caráter social, destinam-se à Assistência Social, Cultura, Saúde e Educação (Arts. 12, 3º, inc. I, e 16 da Lei nº 4.320, de 1964)
46 Transferência é a ausência de contraprestação direta em bens e serviços, ou seja, se houver recebimento de bens ou aproveitamento de serviços por parte do ente público em contrapartida ao valor entregue não há que se falar em transferência
47 A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. (art. 26, da Lei Complementar nº 101, de 2000)
48 Conceder auxílios e subvenções, nos limites das respectivas verbas orçamentárias e do plano de distribuição, prévia e anualmente aprovado pela Câmara Municipal. (Lei Orgânica Municipal)
49 LEI Nº , DE 31 DE JULHO DE 2014 Estabelece o regime jurídico das parcerias voluntárias, envolvendo ou não transferências de recursos financeiros, entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público; Define diretrizes para a política de fomento e de colaboração com organizações da sociedade civil; Institui o termo de colaboração e o termo de fomento; e altera as Leis n os 8.429, de 2 de junho de 1992, e 9.790, de 23 de março de 1999.
50 O Marco Regulatório das Organizações Sociais Civis estabelece diversas regras e profundas novidades procedimentais com vigência prevista a partir de 22 de janeiro de Vários questionamentos têm sido apresentados nas Consultas Públicas para edição de regulamento.
51 Regra de Transição As parcerias existentes no momento da entrada em vigor desta Lei permanecerão regidas pela legislação vigente ao tempo de sua celebração, sem prejuízo da aplicação subsidiária desta Lei, naquilo em que for cabível, desde que em benefício do alcance do objeto da parceria. (Art. 83, da Lei nº , de 2014)
52 Os convênios e acordos congêneres vigentes entre as organizações da sociedade civil e a administração pública na data de entrada em vigor desta Lei serão executados até o término de seu prazo de vigência, observado o disposto no art. 83. (Parágrafo único do Art. 84, da Lei nº13.019, de 2014)
53 Para qualquer parceria referida e eventualmente firmada por prazo indeterminado antes da entrada em vigor do Marco Regulatório, a administração pública promoverá, em prazo não superior a um ano, sob pena de responsabilização, a repactuação para adaptação de seus termos a nova lei ou a respectiva rescisão.
54 O convênio ficará adstrito a parcerias entre os entes federados, de modo que não mais subsistirão convênios entre o Poder Público e os particulares, restando válidos até o seu prazo final de vigência, observadas as diretrizes do Art. 83 da nova Lei.
55 A Lei nº , de 2014, em seu Art. 3º, dispõe que suas exigências não se aplicam: II às transferências voluntárias regidas por lei específica, naquilo em que houver disposição expressa em contrário.
56 Avaliando essa regra, podemos entender que poderá haver a edição de lei específica excepcionando a aplicação de determinados dispositivos da nova lei para as transferências voluntárias.
57 Quanto à expressão transferências voluntárias questiona-se se o legislador a utilizou para se referir a repasse de recursos públicos, como, por exemplo, auxílios, subvenções e contribuições previstos em lei municipal.
58 Esse questionamento está sendo feito nas consultas públicas e existem recorrentes preocupações e sugestões que apontam para a necessidade de o decreto regulamentar sobre quais são as transferências voluntárias regidas por lei específicas, sobre as quais não incidirão os dispositivos da Lei n , de 2014.
59 Há posições dispondo que essa regra deve harmonizar com a possibilidade de se editar regulamento, inclusive, prevendo ser desnecessário o chamamento público, conquanto tipificada a inexigibilidade do art. 31 e estabelecendo procedimentos mais simplificados para prestações de contas de repasses abaixo de R$ ,00, nos termos da lei.
60 Diante das profundas mudanças procedimentais trazidas pela Lei , de 2014, necessário que impere a razoabilidade, a fim de que a administração pública municipal e as organizações da sociedade civil se adequem às novas normativas, mas sem interromper os serviços prestados à população.
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