DECISÃO MONOCRÁTICA. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Dt PARAÍBA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA

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1 TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO Dt PARAÍBA GAB. DES. ROMERO MARCELO DA FONSECA OLIVEIRA DECISÃO MONOCRÁTICA APELAÇÃO N." ORIGEM : I ia Vara Cível da Comarca da Capital. RELATOR : Des. Romero Marcelo da Fonseca Oliveira. APELANTE : Banco GMAC SIA. ADVOGADO : Milton Gomes Soares e outros. APELADO : Anne Mary Gadelha de Sá Fontes. ADVOGADO : Em causa própria. EMENTA: APELAÇÃO. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO. FINANCIAMENTO DE VEICULO. INSTITUIÇÃO FINANCEIRA. PROCEDÊNCIA PARCIAL DOS PEDIDOS. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. CUMULAÇÃO COM OUTROS ENCARGOS DE MORA. ABUSIVIDADE. PROVIMENTO NEGADO. A cobrança da comissão de permanência após o vencimento da divida é admissivel desde que prevista no contrato e não seja cumulada com juros remuneratórios, juros moratórios, correção monetária ou multa contratual. Se o Recurso está em confronto com Súmula ou com jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça. o Relator negará seguimento monocraticamente. Vistos etc. - Anne Mary Gadelha de Sá Fontes ajuizou Ação Revisional de Cláusula Contratual c/c Repetição de Indébito e Restituição de valores contra o Banco GMAC S/A. aduzindo que firmou com o Promovido contrato de financiamento para aquisição de um veiculo ASTRA HT 4P 2.0 ADVANTAGE, Placa MNJ 1405, no valor de R$ ,00, com R$ 2.000,00 de entrada, 48 parcelas de R$ que somadas totalizam R$ ,08, tendo quitado todas as prestações. Alegou que houve cobrança de Taxa Efetiva de Juros Remuneratórios de 2,04% ao mês e de 27.42% ao ano. Taxa/Tarifa de Abertura de Cadastro (TAC) no valor de R$ e IOF no total de R$ 636,28. Argumentou ser ilegal a incidência de juros moratórios superiores a 1% mês e 12% ao ano, e que nas parcelas pagas em atraso houve cobrança abusiva de juros e encargos. Requereu a anulação da cobrança abusiva, a limitação da taxa de juros a 12% ao ano e multa de 2% ao mês de atraso, a repetição em dobro, no total de R$ ,01, conforme planilha de cálculos apresentada, e a condenação ao pagamento de custas e honorários. Devidamente citado, f. 76/77, o Promovido apresentou Contestação f. 78/116, arguindo a litigância de má-fé da Promovente, por teç alegado que não teve oportunidade de.conhecer previamente as cláusulas contratua e pela cobrança de VGR acima da média de mercado. No mérito propriamente dito, aduziu que é incajti 'el i a revisão por ausência de fato superveniente ao contrato, os juros cobrados são lesais e a disposições do Decreto

2 22.626/33 não se aplicam às instituições financeiras, a vantagem obtida, por não ser manifestamente excessiva e a Tarifa de Cadastro. por haver autorização do Banco Central na Resolução não agridem a proteção dada no CDC, a cobrança da Comissão de Permanência só incide no caso de mora, a cobrança da tarifa de cadastramento é devida porque a Promovente procurou uma concessionária, na qual foram colhidos os dados para preenchimento de ficha para fins de avaliação. Requereu a improcedência dos pedidos. Na Sentença, f. 137/146: ci Juízo a quo julgou pi cedentes. em parte, os pedidos iniciais e declarou abusiva a cobrança da comissão de pennanència. determinando a restituição de indébito na forma simples, a ser calculada em liquidação de sentença. para compensação de eventuais créditos, condenando as partes ao pagamento das custas e honorários, estes arbitrados em R$ 800,00, compensados de forma recíproca. suspensa a exigibilidade dos créditos em relação à Promovente. O Banco GMAC S/A interpôs Apelação, f. 147/165. argumentando que o Magistrado declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do Art. 5 da Medida Provisória 2.170/01, que afastou a capitalização de juros e a cobrança da comissão de permanência. Defendeu a inexistência de onerosidade excessiva, porquanto os juros pactuado são de 2,04% ao mês. e o total do financiamento atingiu o valor indicado pela Apelada por causa da escolha dela em parcelar o financiamento em 48 prestações, o Art. 5 0 da MP é constitucional e não houve pronunciamento do STF na ADI que enfrenta a questão, o Código de Defesa do Consumidor foi observado no ajuste. a cobrança da comissão é legal porque tem previsão no Contrato e na Resolução do Banco Central, e o STJ, com a edição da Súmula 294, considerou legal a sua incidência pel taxa média de mercado. Pugnou pelo provimento do Recurso para reforma da Sentença, julgando improcedentes os pedidos, invertendo-se a sucumbência. Contrarrazões apresentadas, f. 171/177, arguindo onerosidade excessiva nas cobranças dos,encargos de atraso e das cobranças indevidas das taxas, tendo pugnado pelo improvimento do Recurso, requerendo, inclusive, a condenação da Instituição. Financeira para determinar a restituição em dobro, a realização de perícia contábil e o pagamento de honorários advocaticios em 20% do valor da condenação. Não é o caso de intervenção Ministerial É O RELATÓRIO. O Apelante traz alegação de constitucionalidade da Medida Provisória , aduzindo que o Juízo a quo declarou incidentalmente a inconstitucionalidade do Art. 5 para afastar a cobrança da capitalização de juros, matéria esta que não foi objeto da Sentença, muito menos impugnada na Inicial, e que não deve ser enfrentada por ausência de correlação com a Decisão recorrida. Na mesma linha deve ser o trato em relação à impugnação da cobrança de juros de 2.04% ao mês,.posto que, quanto a estes, não resultou sucumbência para o Banco GMAC S/A. No que se refere à cobrança da Comissão de Permanência, a Sentença determina a restituição na forma simples. A Cláusula Contratual n. 12 assim dispõe: Atraso de pagamento e multa Se houver atn o no pagamento ou vencimento \ antecipado, pagarei juros moratórios de 12% (doze i. o1 - cento) ao ano mais comissão de permanência à taxa de mercado do dia do paga lei to.\ nunca inferior à maior taxa de encargos cobrados na vigência desta Cédula de C i ita.. I

3 A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que é legal a cobrança da comissão de permanência, desde que não cumulada com juros remuneratórios, juros moratórios, correção monetária e ou multa contratual, conforme Informativo n 0313 daquela Corte: A Seção, por unanimidade, reiterou seu entendimento sobre a incidência de comissão de permanência após o vencimento da divida. Reafirmou a jurisprudência adotada desde o leading case (AgRg no REsp RS, DJ 818'2005), que em sua ementa dispõe: "É admitida a incidência de comissão de permanência após o vencimento da divida, desde que não cumulada com juros remuneratórios, juros moratórios, correção monetária e ou multa contratual". Assim, a Seção não conheceu do recurso especial. REsp SP, Rel. Min. Ari Pargendler, julgado em 14/3/2007. No mesmo sentido é o Informativo n 0244: A Seção, ao julgar o agravo regimental remetwo pela Terceira Turma, confirmou a jurisprudência deste Superior Tribunal que impede a cobrança da comissão de permanência juntamente com os juros moratórios e a multa contratual. Ressaltouse, também, a vedação de sua cumulação com a correção monetária e juros remuneratórios, entendimento já consolidado nas Súmulas ns. 30, 294 e 296 do STJ, AgRg no REsp RS, Rel. Min. Carlos Alberto Menezes Direito, julgado em 27/4/2005. Assim. demonstrada está a abusividade da cobrança da comissão de permanência cumulada com juros remuneratórios de doze por cento ao ano, e a Súmula 294 do ST." referida no Recurso, não ampara o pleito reclusa'. SÚMULA: 294 do STJ Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do contrato. O Tribunal de Justiça da- Paraíba já enfrentou a matéria em vários julgados,. sendo firme o entendimento: APELAÇÃO CÍVEL. Pelo promovente. Impossibilidade de cobrança de comissão de permanência cumulada com outros encargos. Reconhecimento de oficio. Condenação pro rata das despesas processuais e dos honorários advocaticios. Apelação. Razões. Nulidade de sentença. Extra petita. Inexistência. Matéria de ordem pública. Preliminar rejeitada. Sucumbência reciproca. Ausência. Despesas processuais e honorários advocaticio a serem arcados pela parte vencida. Quantum majorado. Provimento parcial. - Não há julgamento extra petita ao se reconhecer de oficio matéria de ordem pública. - O reconhecimento de matéria de ordem pública não enseja a procedência parcial do pedido. 2 APELAÇÃO CÍVEL. Pelo promovido. Revisão contratual Sentença prolatada. Comissão de permanência. Reconhecimento de oficio. Capitalização mensal de juros indevida. Recurso interposto. Decisum proferido corretamente. Existência de comissão de permanência. Fato incontroverso. Encargo inacumulável com juros e multa contratuais. Ilegalidade. Contrato firmado antes da Medida Provisória ti /2000, reeditada sob o n /2001. Impossibilidade de capitalização. Repetição de indébito. Valores pagos a maior indevidamente. Desprovimento. - Reconhecida a cobrança de comissão de permanência. e constatada a cumulação com juros e multa, deverá ser aquele ene go reconhecido como indevido. - Firmado contrato entre consumidor e administrador e cartão de crédito. antes da Medida Provisória n /2000, reeditada sob o n. 21 7Ç -36/2001. não há de falar em admissibilidade de capitalização mensal de juros, mesmo * previstos no pacto. TJPB - Acórdão do processo n Órgão a Cmkra Cível) - Relator

4 DR. MIGUEL DE BRITTO LYRA FILHO - JUIZ CONVOCADO - j. em 17'12/2009 Portanto. a cobrança da comissão de permanência está sendo considerada abusiva pela sua cumulatividade com outros encargos de mora. Quanto aos pedidos trazidos pela Apelada, estes são inadmissíveis porquanto requeridos em sede de Contrarrazões. Posto isto, considerando que a Sentença está em consonância com a orientação jurisprudencial do STJ e deste Tribunal de Justiça, com suporte no disposto nço-ar. 557 do CPC, nego provimento ao Apelo. Páliq e-se e Intime:-se./ /Ga i/nete no TJ/P 1 em/soão Pessoa-P, 27 ai de 011. omero Marcelo da Fonseca Oliveira Relator

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