TE084-Antenas PROF. CÉSAR AUGUSTO DARTORA - UFPR CURITIBA-PR
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1 TE084-Antenas A RADIAÇÃO DO DIPOLO ELÉTRICO PROF. CÉSAR AUGUSTO DARTORA - UFPR CADARTORA@ELETRICA.UFPR.BR CURITIBA-PR
2 Roteiro da Aula: A antena dipolo elétrico e a aproximação do dipolo curto Cálculo dos potenciais e dos campos Campo Próximo e Campo de Radiação Potência e Densidade de Potência Eletromagnética Radiada Teoria Básica da Radiação Eletromagnética A Radiação do Dipolo Elétrico 2/24
3 O Dipolo Elétrico Antenas são elementos capazes de radiar energia na forma eletromagnética de forma eficiente. A antena mais simples é o chamado dipolo elétrico, ilustrado na figura abaixo: A Radiação do Dipolo Elétrico 3/24
4 quando d << λ há duas formas de aproximação da corrente I(z): Aproximação do Dipolo Ideal { I0 para d/2 z d/2 I(z) = 0 para z > d/2 (1) Aproximação do Dipolo Curto (a que usaremos aqui): Como os extremos são abertos, a corrente elétrica neles deve ser nula de tal modo que a distribuição de corrente no dipolo curto é aproximada por: I(z) = { I0 (1 2z/d) para z > 0 I 0 (1 + 2z/d) para z > 0 (2) sendo o vetor densidade de corrente da forma: onde δ(.) são as funções delta de Dirac. J(x) = I(z)δ(x)δ(y)â z (3) A Radiação do Dipolo Elétrico 4/24
5 Note que a área correspondente à integral d/2 d/2 I(z )dz será I 0 d para a aproximação Dipolo Ideal e no nosso caso, para o Dipolo Curto: d/2 d/2 I(z )dz = I 0d 2 A Radiação do Dipolo Elétrico 5/24
6 Determinação do Potencial A Na aproximação em que r << r temos: e i(ωt kr) A(x,t) = µ 0 J(r )e 4π r V Substituindo J(x ) na equação acima tem-se e i(ωt kr) ik ˆn r dv (4) A(x,t) = µ 0 I(z )δ(x )δ(y ik ˆn r )â z e dv (5) 4π r V Lembrando que dv = dx dy dz e os vetores cartesianos são uniformes no espaço, â z (x) = â z (x ) podemos sacá-lo da integral, e ainda das propriedades de funções delta de Dirac: δ(α β)dα = 1 obtem-se facilmente: δ(α β) f (α)dα = f (β) A(x,t) = µ 0 e i(ωt kr) d/2 I(z )e ik cosθ z dz â z (6) 4π r d/2 A Radiação do Dipolo Elétrico 6/24
7 Assumindo que d << λ, podemos aproximar a exponencial na integral: e ik cosθ z 1 + ik cosθ z Lembrando que: k = 2π λ na primeira aproximação podemos negligenciar o fator kz uma vez que max( z ) = d/2 e d << λ, portanto max(k cosθ z ) = kd 2 = πd λ << 1 e ik cosθ z 1 No caso do dipolo curto esta é uma boa aproximação. Há casos em que aproximar a exponencial pela unidade dá resultados nulos, devendo-se então ir para o termo seguinte da série. (Vide o caso do dipolo magnético). A Radiação do Dipolo Elétrico 7/24
8 Fazendo a aproximação mencionada anteriormente tem-se: A = µ 0e i(ωt kr) 4πr d/2 d/2 I(z )dz â z (7) Resolvendo a integral, basta lembrar que tem-se a área da figura de distribuição de corrente, conforme comentado anteriormente, ou seja d/2 d/2 I(z )dz = I 0d 2, ficamos com: A = µ 0I 0 d 8πr ei(ωt kr) â z (8) A Radiação do Dipolo Elétrico 8/24
9 É convencional trabalhar o potencial vetor e os campos em coordenadas esféricas. Lembre que: A = µ 0I 0 d 8πr ei(ωt kr) [ (â z â r )â r + (â z â θ )â θ + (â z â ϕ )â ϕ ] Do cálculo vetorial: (9) â z â r = cosθ â z â θ = sinθ â z â ϕ = 0 (Coordenadas esféricas são mais convenientes para tratar a radiação de uma antena). A = µ 0I 0 d 8πr ei(ωt kr) [cosθâ r sinθâ θ ] (10) A Radiação do Dipolo Elétrico 9/24
10 Cálculo dos campos E e B Lembremos que: B = A (11) E = φ iωa = c2 iω B (12) Para não ser necessário o cálculo de φ devemos determinar primeiramente o campo B e depois E. Calculando o campo magnético: B = A = 1 ( r sinθ θ (A ϕ sinθ) A ) θ â r + ϕ + 1 ( 1 A r r sinθ ϕ ) r (ra ϕ) â θ + 1 ( r r (ra θ) A ) r â ϕ θ sendo as componentes de A em coordenadas esféricas: A r = µ 0I 0 d 8πr ei(ωt kr) cosθ A θ = µ 0I 0 d 8πr ei(ωt kr) sinθ A ϕ = 0 A Radiação do Dipolo Elétrico 10/24
11 Uma vez que A ϕ = 0 e todas as derivadas em relação a ϕ também são nulas (observe que nesse caso A não varia com ϕ): B = 1 r ( r (ra θ) A ) r â ϕ (13) θ Agora calculando as derivadas: r (ra θ) = ikµ 0I 0 d 8π ei(ωt kr)sinθ A r θ = µ 0I 0 d 8πr ei(ωt kr) sinθ e substituindo em (13) nos dá: B = µ 0I 0 d 8π ( ik r + 1 ) e i(ωt kr) sinθâ r 2 ϕ (14) A Radiação do Dipolo Elétrico 11/24
12 Calculando o campo elétrico, também devemos avaliar um rotacional, de modo que E = i B ωµ 0 ε = c2 iω B + 1 r B = 1 ( r sinθ θ (B ϕ sinθ) B θ ϕ ( 1 B r sinθ ϕ ) r (rb ϕ) â θ + 1 r ) â r + ( r (rb θ) B r θ ) â ϕ Nesse caso só temos componente do campo B na direção ϕ simplificando o rotacional para: Temos então: B = 1 r sinθ θ (B ϕ sinθ)â r 1 r r (rb ϕ)â θ E = 1 iωµ 0 ε ( 1 r sinθ θ (B ϕ sinθ)â r 1 r ) r (rb ϕ)â θ A Radiação do Dipolo Elétrico 12/24
13 Exercício: Demonstre, calculando as derivadas e utilizando as relações: ω = ck Z 0 = µ0 ε 0 = cµ 0 que o campo elétrico resultante será dado por E = Z 0I 0 d [ 8π ei(ωt kr) +sinθ ( 1 2cosθ ( ik r + 1 r ikr 3 r ikr )â 3 ] θ ) â r + (15) A Radiação do Dipolo Elétrico 13/24
14 Vemos que o campo elétrico possui componentes E r e E θ. Somente E θ possui dependência do tipo 1/r, e que irá contribuir para o campo distante, conforme veremos adiante. É possível perceber também que os campos possuem termos variando com 1/r, 1/r 2 e 1/r 3. Em cada região do espaço algum desses termos é predominante, permitindo definir regiões de campo. Tomemos como referência a componente do campo elétrico E θ, que possui as três dependências: E θ (1/r) = Z 0I 0 d 8π ei(ωt kr)ik r sinθ E θ (1/r 2 ) = Z 0I 0 d 1 8π ei(ωt kr) r sinθ 2 E θ (1/r 3 ) = Z 0I 0 d 1 8π ei(ωt kr) ikr sinθ 3 Em módulo temos as seguintes relações entre as componentes: E θ (1/r 2 ) E θ (1/r) = 1 kr, E θ (1/r 3 ) E θ (1/r) = 1, (kr) 2 E θ (1/r 2 ) E θ (1/r 3 ) = 1 kr (16) A Radiação do Dipolo Elétrico 14/24
15 Região 1 Campo Próximo - A região mais próxima da fonte. Para este caso, o termo 1/r 3 é dominante. Para que isso aconteça devemos ter 1/(kr) >> 1 de tal forma que a condição obtida, fazendo uso de k = 2π/λ, onde λ é o comprimento de onda, é: r << λ 2π ou seja, a região de campo próximo é aquela em que o ponto de observação está a uma distância da fonte que é muito menor que o comprimento de onda. Neste caso a solução dos campos é aquela obtida através da eletrostática e magnetostática. No nosso caso, os campos são aqueles gerados por um dipolo elétrico(ver algum livro de eletromagnetismo, que o campo estático de um dipolo elétrico varia com 1/r 3 ). Os termos em 1/r 2 são menores também do que os termo em 1/r 3. O campo magnético nessa região tem um efeito muito menor. Podemos dizer que a contribuição fundamental é dos campos elétricos com dependência em 1/r 3. Outro ponto importante é que não há uma relação fixa entre campo elétrico e magnético nessa região. Região 2 Zona Intermediária - É uma região intermediária de distâncias, também dita zona de indução. Vale a relação 1/(kr) 1, ou seja as distâncias A Radiação do Dipolo Elétrico 15/24
16 são da ordem do comprimento de onda λ. r λ 2π Nessa região todas as componentes de campo tem uma contribuição não negligível para o campo total. Região 3 Campo Distante - A situação se inverte em relação ao campo próximo. Como veremos aqui sim há uma relação constante entre o campo elétrico e o campo magnético. É a região dominada pelos campos de radiação, conforme veremos. As distâncias são maiores que o comprimento de onda, e o termo de campos dominante é aquele que varia com 1/r. Temos: r >> λ 2π Região de Campo Próximo Conforme haviamos falado, o termo dominante é aquele que envolve a dependência 1/r 3. Na verdade o campo gerado na região próxima é predominantemente elétrico, sendo aquele gerado por um dipolo elétrico: I 0 d E [2cosθâ 8π(iωε)r 3ei(ωt kr) r + sinθâ θ ] A Radiação do Dipolo Elétrico 16/24
17 B µ 0I 0 d 8πr 2 ei(ωt kr) sinθâ ϕ sendo o campo magnético menor em importância do que o campo elétrico, e pode ser tranquilamente negligenciado. Verifique em livros de Teoria Eletromagnética, que definindo o momento de dipolo elétrico na forma p = I 0d 2iω Por este motivo esta antena é dita de dipolo. Como ela tem extremos em aberto, as cargas oscilam entre os dois extremos, formando um dipolo variante no tempo. O momento do dipolo formado é o que foi escrito acima. Calculando o Vetor de Poynting para os Campos Próximos, temos: S rms = 1 2 R{E H } E após a substituição dos campos, vemos que não há parte real, somente reativa, por isso os termos de campo próximo dão contribuição nula para a irradiação de energia eletromagnética. Alguém poderia pensar em tomar o termo em 1/r 2 do campo elétrico, aí resultando um vetor de Poynting não nulo. Mas o fato é que o fluxo de divergência do Poynting é nulo para termos que tem dependência em r na forma 1/r n e n > 2. No caso dos campos próximos sem levar em conta termos de 1/r 2 no campo elétrico A Radiação do Dipolo Elétrico 17/24
18 a dependência em r é 1/r 5 (levando 1/r 2 dá dependência 1/r 4 ). Quando fazemos a integral do fluxo temos a potência irradiada: P = S S rms ˆndS Não confundir ds que é superfície com S rms, que é o vetor de Poynting. O vetor ˆn aponta na direção da superfície. Se quisermos integrar em uma esfera de raio arbitrário, para ver qual o fluxo está saindo desta esfera, temos: P = π 0 dθ e para o termo em 1/r 5 tem-se: 2π 0 dϕ S rms â r r 2 sinθ P 2π 1 r 3 Fazendo r, ou seja, a superfície é fechada, arbitrária, mas de raio infinito, temos o valor nulo para a potência. A potência irradiada é aquela que vai para infinito, e nesse caso, a potência que vai para infinito é zero, portanto, os campos próximos, como dito anteriormente não contribuem para a energia irradiada. Campo Distante ou Campo de Radiação A Radiação do Dipolo Elétrico 18/24
19 Aqui iremos mostrar que os campos ditos campos na região distante são os que contribuem para a energia irradiada. Levando em conta nos campos somente os termos em 1/r temos: E = I ( ) 0d iωµ0 e i(ωt kr) sinθâ θ (17) 8π r B = µ ( ) 0I 0 d ik e i(ωt kr) sinθâ ϕ (18) 8π r Somente observando os campos dados por (17) e (18) podemos concluir de antemão que são ortogonais entre si e apresentam uma relação de proporção constante, sendo o campo elétrico na direção θ e o campo magnético na direção ϕ. Podemos observar que a relação entre as amplitudes de ambos é: E θ B ϕ = I 0 ( d iωµ0 8π r µ 0 I 0 ( d ik 8π r E θ ) sinθ ) = ω sinθ k = 1 B ϕ µ0 ε = c (19) onde c é a velocidade da luz no meio com permissividade ε. Estamos tratando meios não magnéticos, mas para que sejam, somente substibuimos A Radiação do Dipolo Elétrico 19/24
20 µ 0 por µ. A relação entre E θ e H ϕ é a impedância do meio, e podemos concluir da propria relação (19): E θ E θ = µ 0 = µ 0 H ϕ B ϕ µ0 ε = µ µ0 0c = ε = Z 0 (20) Sabemos então que E θ e B ϕ mantém uma relação constante na região de campo distante. Vamos mostrar agora, que esses campos são irradiados. Calculemos primeiramente o vetor de Poynting: S rms = 1 2 R{E H } = 1 R{E B } 2µ 0 S rms = 1 { ( ) ( ( )} I0 d iωµ0 R e i(ωt kr) µ0 I 0 d ik sinθâ θ )e i(ωt kr) sinθâ ϕ 2µ 0 8π r 8π r S rms = 1 { I0 d ( ωµ0 ) ( ( ) )} µ0 I 0 d k R sinθ sinθ â θ â ϕ 2µ 0 8π r 8π r S rms = 1 I 2 ( ) 0 d2 kωµ0 sin 2 θâ 2(8π) 2 r 2 r Agora fazemos uso de k = 2π/λ e ω = ck = 2πc/λ então temos kωµ 0 = (2π) 2 cµ 0 /λ 2, e ainda µ 0 c = Z 0, desse modo kωµ 0 = (2π)2 λ 2 Z 0 A Radiação do Dipolo Elétrico 20/24
21 e o resultado final para o Vetor de Poynting, que representa a densidade de potência que atravessa uma superfície: S rms = Z 0I0 2 ( ) 2 d 1 32 λ r 2 sin2 θâ r (21) Queremos saber agora qual a potência irradiada, para isso temos que integrar o vetor de Poynting: P = π 0 P = S 2π dθ dϕ Z 0I P = 2πZ 0I ( d λ ) 2 π P = 2πZ 0I0 2 ( d 32 λ Agora temos, de tabela de Integrais: π S rms ˆndS ( ) 2 d 1 λ r 2 sin2 θâ r â r r 2 sinθ 0 dθ 1 r 2 sin2 θr 2 sinθ = ) 2 π 0 dθsin 3 θ = 0 sin 3 θdθ = 4 3 A Radiação do Dipolo Elétrico 21/24
22 e obtemos o resultado final: P = πz 0I ( ) 2 d (22) λ Vemos que mesmo fazendo r, a potência não é anulada, ou seja, esta potência deixou a fonte emissora, foi radiada. Uma vez tendo sido radiada, essa energia é perdida pela fonte, e convertida em ondas eletromagnéticas que se propagam ao infinito, a menos que seja absorvida por outras cargas, meios materiais, etc. Uma vez radiada tem independência da fonte. Se a fonte for desligada os campos próximos deixam de existir, mas a energia que foi radiada pela fonte antes do desligamento segue viajando, já que a integral do fluxo do vetor de Poynting não se anula. Os campos radiados influenciam a grandes distâncias. São estes os desejados em sistemas de comunicações, mas são campos desse tipo que geram interferências a longas distâncias. Podemos definir ainda uma resistência de irradiação, já que a fonte perde energia na forma de ondas que se desprendem da fonte, e vão ao infinito na forma: P = 1 2 RI2 0 A Radiação do Dipolo Elétrico 22/24
23 ou R = 2P I0 2 e daqui tiramos, no caso do dipolo curto: R = πz 0 6 Se usarmos Z 0 = 120π Ω temos: ( ) 2 d (23) λ R = 20π 2 ( d λ) 2 Ω (24) Lembrando ainda que d é o tamanho total do dipolo. Se o dipolo tem tamanho igual a décima parte do comprimento de ondas, obtemos: R = π2 5 Ω o que significa dizer que a resistência de perdas por radiação é de aproximadamente 2Ω. Em geral essas perdas podem ser desprezadas em circuitos elétricos onde o tamanho do circuito é muito pequeno comparado ao comprimento de onda do sinal eletromagnético que percorre o circuito. Mas existem antenas com grandes resistências de radiação. O dipolo de meia onda chega A Radiação do Dipolo Elétrico 23/24
24 a mais de 50Ω. (Vale lembrar que existe ainda uma parte reativa e diz-se então impedância da antena, mas tal discussão foge ao escopo da disciplina). Uma vez que o campo é radiado, este se propaga pelo espaço até ser recebido por antenas receptoras para ser processado. A Radiação do Dipolo Elétrico 24/24
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