Superior Tribunal de Justiça

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1 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº PR (2008/ ) RELATORA : MINISTRA LAURITA VAZ AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : NORMA SILVIA QUEIROZ DE PAULA E OUTRO(S) AGRAVADO : VILMAR SILVEIRA DE SOUZA EMENTA PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR COM ARRIMO NO ART. 557 DO CPC. MATÉRIA NOVA. DISCUSSÃO. NÃO-CABIMENTO. PRECLUSÃO. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS. NÃO-OBRIGATORIEDADE. 1. É permitido ao relator do recurso especial valer-se do art. 557 do Código de Processo Civil, quando o entendimento adotado na decisão monocrática encontra-se em consonância com a jurisprudência dominante desta Corte Superior de Justiça. 2. Fica superada eventual ofensa ao art. 557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental interposto contra a decisão singular do Relator. Precedentes. 3. Em sede de regimental, não é possível inovar na argumentação, no sentido de trazer à tona questões que sequer foram objeto das razões do recurso especial, em face da ocorrência da preclusão. 4. A renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo benefício, seja no mesmo regime ou em regime diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. Precedentes. 5. Agravo regimental desprovido. ACÓRDÃO Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da QUINTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo regimental. Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Felix Fischer votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília (DF), 29 de abril de 2009 (Data do Julgamento) MINISTRA LAURITA VAZ Relatora Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/05/2009 Página 1 de 7

2 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº PR (2008/ ) AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : NORMA SILVIA QUEIROZ DE PAULA E OUTRO(S) AGRAVADO : VILMAR SILVEIRA DE SOUZA RELATÓRIO A EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ: Trata-se de agravo regimental interposto pelo INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS em face de decisão de minha lavra, assim ementada: "PREVIDENCIÁRIO. RECURSO ESPECIAL. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS. NÃO-OBRIGATORIEDADE. PRECEDENTES. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO." Nas razões do regimental, alega o Agravante que a decisão não poderia ter sido tomada monocraticamente, pois a matéria não se encontra pacificada nesta Corte. Afirma, também que a "discussão diz respeito à possibilidade de renúncia ao benefício e à concessão, na seqüência, de nova aposentadoria dentro do próprio RGPS, sem a devolução dos valores regularmente recebidos" (fl. 101). Sendo assim, alega que o direito à renúncia para nova aposentação pelo RGPS somente será possível se reputado inconstitucional o 2º do art. 18 da Lei n.º 8.213/91. Aduz que, "se o eg. STJ pretende não aplicar o referido dispositivo legal, deve declará-lo inconstitucional na forma do art. 97 da CF." Por fim, sustenta que é imprescindível a devolução dos valores percebidos a título de aposentadoria pelo ora agravado. Assegura, ainda, que "o sistema previdenciário tem como um de seus mais importantes alicerces o princípio do equilíbrio atuarial e financeiro, previsto no artigo 201, caput, da Constituição Federal. Existe uma equação entre os benefícios a serem concedidos e as contribuições que devem ser vertidas para o pagamento de ditos benefícios." (fl. 103) É o relatório. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/05/2009 Página 2 de 7

3 AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº PR (2008/ ) EMENTA PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR COM ARRIMO NO ART. 557 DO CPC. MATÉRIA NOVA. DISCUSSÃO. NÃO-CABIMENTO. PRECLUSÃO. RENÚNCIA À APOSENTADORIA. DEVOLUÇÃO DOS VALORES RECEBIDOS. NÃO-OBRIGATORIEDADE. 1. É permitido ao relator do recurso especial valer-se do art. 557 do Código de Processo Civil, quando o entendimento adotado na decisão monocrática encontra-se em consonância com a jurisprudência dominante desta Corte Superior de Justiça. 2. Fica superada eventual ofensa ao art. 557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental interposto contra a decisão singular do Relator. Precedentes. 3. Em sede de regimental, não é possível inovar na argumentação, no sentido de trazer à tona questões que sequer foram objeto das razões do recurso especial, em face da ocorrência da preclusão. 4. A renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo benefício, seja no mesmo regime ou em regime diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. Precedentes. 5. Agravo regimental desprovido. VOTO A EXMA. SRA. MINISTRA LAURITA VAZ (RELATORA): De início, esclareço que o art. 557 do Código de Processo Civil, com a nova redação dada pela Lei n.º 9.756/98, conferiu ao relator o poder de negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com a jurisprudência do respectivo tribunal ou de tribunal superior, ainda que não sumulada. Essa nova sistemática tem como objetivo desafogar as pautas dos tribunais, possibilitando, assim, maior rapidez nos julgamentos que de fato necessitem de apreciação do órgão colegiado. Desse modo, não se verifica a nulidade do decisum quando o relator não submete o feito à apreciação do órgão colegiado, julgando monocraticamente o recurso. A propósito, confiram-se os seguintes precedentes: "PROCESSO CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. ART. 557, 1º-A, DO CPC. IMPERTINÊNCIA. ART. 557 DO CPC. CONSTITUCIONALIDADE. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. INVOCAÇÃO DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 282/STF. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/05/2009 Página 3 de 7

4 I - O agravo regimental não versa sobre a hipótese dos autos. Sustentou o agravante, colacionando manifestação deste Tribunal, que o artigo 557, 1º-A, do Código de Processo Civil é inconstitucional, por permitir o provimento monocrático do recurso. Todavia, seu pleito foi desprovido, e não provido, fundando-se no artigo 557 do CPC, dispositivo este inatacado. Por outro lado, é assente nesta Corte e no Supremo Tribunal Federal a constitucionalidade da apreciação singular de recurso, pois será possível sempre a interposição de agravo para o órgão colegiado. II - Nos embargos de declaração, opostos pelo recorrente à Corte a quo, invocou o recorrente apenas a apreciação dos artigos 6º e 30, V, VI, e VII, da Constituição Federal (fls. 215/6). No Recurso Especial, sustentou ele violação do artigo 535 do Código de Processo Civil pelo aresto estadual, por não ter examinado tais dispositivos (fls. 223 e segs.). Portanto, não há falta no aresto vergastado por não analisar as questões relativas ao ônus da prova e aos limites da cognição judicial. Se não houve provocação ao enfrentamento dessas matérias, não há omissão pela ausência de seu exame. Por outro lado, incide a súmula 282/STF, conforme exposto na decisão agravada, se o tema trazido à apreciação deste Tribunal não foi enfrentado pela Corte a quo. III - Agravo regimental improvido." (AgRg no REsp /RJ, 1.ª Turma, Rel. Min. FRANCISCO FALCÃO, DJ de 16/10/2006.) "PROCESSUAL CIVIL AGRAVO REGIMENTAL INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO ART. 535 DO CPC ACÓRDÃO SOB FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL - ART. 557 DO CPC. 1. Não há ofensa ao art. 535 do CPC, se o acórdão recorrido resolve satisfatoriamente a questão e adota fundamentação que lhe parece adequada, suficiente à solução da controvérsia. 2. É inadmissível o recurso especial aviado contra acórdão que decide sob fundamento constitucional. 3. Pelo art. 557 do CPC, com a redação dada pela Lei 9.756/88, é possível ao relator negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível. 4. Agravo regimental improvido" (AgRg no REsp /RS, 2.ª Turma, Rel. Min. ELIANA CALMON, DJ de 30/05/2006.) Ademais, é entendimento pacificado neste Superior Tribunal de Justiça que fica superada eventual ofensa ao art. 557 do Código de Processo Civil pelo julgamento colegiado do agravo regimental interposto contra a decisão singular do Relator. A propósito: "PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. OMISSÃO DO JULGADO. INOCORRÊNCIA. VIOLAÇÃO AO ART. 557 DO CPC. EVENTUAL NULIDADE SUPERADA COM A REAPRECIAÇÃO DO RECURSO PELO COLEGIADO NA VIA DE AGRAVO. REVISÃO DE HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. REVOLVIMENTO DE ASPECTOS FÁTICOS DA CAUSA. SÚMULA 7/STJ E 389/STF. CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. MAJORAÇÃO. MP 560/94. SERVIDORES DO DISTRITO FEDERAL. CONTROVÉRSIA DECIDIDA COM FUNDAMENTOS DE ÍNDOLE CONSTITUCIONAL. RECURSO ESPECIAL PARCIALMENTE CONHECIDO Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/05/2009 Página 4 de 7

5 E, NESSA PARTE, IMPROVIDO." (Resp /DF, 1.ª Turma, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe de 05/05/2008.) Outrossim, quanto à alegação do Agravante de que o direito à renúncia para nova aposentação pelo RGPS somente será possível se reputado inconstitucional o 2º do art. 18 da Lei n.º 8.213/91, assinalo que somente foi trazida à discussão nas razões do regimental. Logo, não tendo sido suscitada a referida questão nas contrarrazões ao recurso especial, que sequer foram apresentadas, momento oportuno para o seu debate, opera-se a preclusão, já que a análise de argumento novo é inviável em sede de agravo regimental. Vale ressaltar que a matéria acerca da possibilidade ou não de renúncia à aposentadoria sequer foi objeto do recurso especial interposto pelo ora Agravado, o qual trouxe à análise desta Corte apenas a questão acerca da devolução dos valores recebidos do benefício renunciado. Ilustrativamente: "ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENSIONISTAS. REAJUSTE DE 28,86%. LEIS 8.622/93 E 8.627/93. RECURSO QUE NÃO INFIRMA OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. SÚMULA 182/STJ. LIMITAÇÃO TEMPORAL DA CONDENAÇÃO E REDUÇÃO DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MATÉRIA NÃO ARGÜIDA NO RECURSO ESPECIAL. INOVAÇÃO RECURSAL. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULAS 282/STF E 211/STJ. AGRAVO REGIMENTAL NÃO CONHECIDO. 1. Compete à parte agravante, nas razões do agravo regimental, infirmar especificamente os fundamentos expostos na decisão agravada. Súmula 182/STJ. 2. É firme o entendimento do Superior Tribunal de Justiça concernente à impossibilidade de se argüir matéria nova em sede de agravo regimental. Precedentes. 3. Agravo regimental não conhecido." (AgRg no Ag /MG, 5.ª Turma, Rel. Min. ARNALDO ESTEVES LIMA, DJ de 18/12/2006.) No mais, melhor sorte não assiste ao INSS. Como já assinalado na decisão agravada, é firme no âmbito desta Corte Superior de Justiça o entendimento no sentido de que a renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo benefício, seja no mesmo regime ou em regime diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. Nesse sentido: "PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA NO REGIME GERAL DA PREVIDÊNCIA SOCIAL. DIREITO DE RENÚNCIA. CABIMENTO. Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/05/2009 Página 5 de 7

6 POSSIBILIDADE DE UTILIZAÇÃO DE CERTIDÃO DE TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO PARA NOVA APOSENTADORIA EM REGIME DIVERSO. NÃO-OBRIGATORIEDADE DE DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS. EFEITOS EX TUNC DA RENÚNCIA À APOSENTADORIA. JURISPRUDÊNCIA DO STJ. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. 1. A renúncia à aposentadoria é perfeitamente possível, por ser ela um direito patrimonial disponível. Sendo assim, se o segurado pode renunciar à aposentadoria, no caso de ser indevida a acumulação, inexiste fundamento jurídico para o indeferimento da renúncia quando ela constituir uma própria liberalidade do aposentado. Nesta hipótese, revela-se cabível a contagem do respectivo tempo de serviço para a obtenção de nova aposentadoria, ainda que por outro regime de previdência. Caso contrário, o tempo trabalhado não seria computado em nenhum dos regimes, o que constituiria uma flagrante injustiça aos direitos do trabalhador. 2. O ato de renunciar ao benefício, conforme também já decidido por esta Corte, tem efeitos ex tunc e não implica a obrigação de devolução das parcelas recebidas, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. Inexistindo a aludida inativação onerosa aos cofres públicos e estando a decisão monocrática devidamente fundamentada na jurisprudência desta Corte, o improvimento do recurso é de rigor. 3. Agravo regimental improvido." (AgRg no REsp /SC, 6.ª Turma, Rel.ª Min.ª MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, DJ de 20/10/2008.) Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo regimental. É como voto. MINISTRA LAURITA VAZ Relatora Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/05/2009 Página 6 de 7

7 CERTIDÃO DE JULGAMENTO QUINTA TURMA Número Registro: 2008/ AgRg no REsp / PR Número Origem: EM MESA JULGADO: 29/04/2009 Relatora Exma. Sra. Ministra LAURITA VAZ Presidente da Sessão Exmo. Sr. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO Subprocurador-Geral da República Exmo. Sr. Dr. HAROLDO FERRAZ DA NOBREGA Secretário Bel. LAURO ROCHA REIS AUTUAÇÃO RECORRENTE : VILMAR SILVEIRA DE SOUZA RECORRIDO : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : MILTON DRUMOND CARVALHO E OUTRO(S) ASSUNTO: Previdenciário - Benefícios - Aposentadoria - Tempo de serviço AGRAVO REGIMENTAL AGRAVANTE : INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS PROCURADOR : NORMA SILVIA QUEIROZ DE PAULA E OUTRO(S) AGRAVADO : VILMAR SILVEIRA DE SOUZA CERTIDÃO Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão: "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental." Os Srs. Ministros Arnaldo Esteves Lima, Napoleão Nunes Maia Filho, Jorge Mussi e Felix Fischer votaram com a Sra. Ministra Relatora. Brasília, 29 de abril de 2009 LAURO ROCHA REIS Secretário Documento: Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJ: 25/05/2009 Página 7 de 7