INTERAÇÃO COMUNITÁRIA PARA DEFESA DO CONSUMIDOR
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- Melissa Abreu da Fonseca
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1 INTERAÇÃO COMUNITÁRIA PARA DEFESA DO CONSUMIDOR 1. INTRODUÇÃO A defesa do consumidor é garantia insculpida na Constituição da República, que integra, juntamente com o Código de Defesa do Consumidor, um sistema de normas e princípios para assegurar e proteger esse direito, competindo, aos seus integrantes, o desencadeamento de ações que permitam a redução de práticas comerciais abusivas, a fim de garantir a eficácia de tão valioso direito fundamental. Em Mato Grosso, de forma superficial, notadamente nas regiões afastadas das cidades pólos, constata-se a presença de estruturas organizadas para assegurar que os direitos do consumidor sejam respeitados, todavia é comum a precariedade estrutural, resultando, por sua vez, em ações fragmentadas e falhas. Assim é que o Ministério Público do Estado de Mato Grosso, no Planejamento de Trabalho Anual PTA 2009/2011, elegeu, prioritariamente, para o núcleo de Defesa da Cidadania, a proteção dos grupos vulneráveis no campo da educação, saúde e consumidor, delimitada, neste último caso, à redução da comercialização de produtos impróprio para consumo ou em desacordo com as normas sanitárias. Com efeito, o Estado de Mato Grosso, face às suas pluralidades geográficas cerrado, amazônia e pantanal e à distância dos centros industriais, apresenta dificultadores para a introdução de práticas recomendadas à garantia da qualidade de produtos consumidos pela população. Some-se a isso as iniciativas locais, que disponibilizam ao consumo da população alimentos em total dissonância com os pressupostos de higiene sedimentados em normativos de vigência nacional, devido, acredita-se, ao método artesanal de produção, ainda bastante usual no Estado. De outro norte, percebe-se que a população não está suficientemente informada para a adoção de uma postura vigilante, visto que, em geral, os serviços de vigilância são voltados para o conhecimento dos fornecedores dos produtos, não chegando aos consumidores, que, diante disso, acabam por se conformar com a mera devolução do produto inadequado adquirido. Outro dado significativo é o relatado pelos órgãos de defesa do consumidor, apontando dificuldades na responsabilização dessas práticas criminais, quer pela descrença na judicialização das condutas danosas à sociedade, quer pela falta de estrutura dos órgãos públicos em promovê-las.
2 De acordo com esses relatos, há pouco ou nenhum registro de ocorrências nesse viés, e mesmo quando denunciados, via de regra não culminam na responsabilidade penal e/ou civil dos infratores. Dessa feita, a partir de diálogo com entidades de defesa do consumidor (PROCON Estadual e DECOM) e órgãos de fiscalização (VISA-MT, VISA Cuiabá, INDEA, IMEQ), decidiu-se pela elaboração de um projeto interinstitucional, edificado essencialmente na participação da comunidade, tendo como sustentáculo as atuais ocorrências que são registradas no âmbito das agências dos PROCONs, das Vigilâncias Sanitárias, das Delegacias de Defesa do Consumidor e, obviamente, aquelas analisadas pelo Poder Judiciário. 2. JUSTIFICATIVA A Constituição Federal incluiu explicitamente a defesa do consumidor no elenco dos direitos fundamentais (art. 5º, XXXII) e, por sua destacada importância, previu que é assegurado a todos o acesso à informação (art. 5º, XIV). Com efeito, o direito à informação adequada, suficiente e verdadeira é um dos pilares do direito do consumidor, garantido expressamente no art. 6º, III, do CDC, que assim dispõe: Art. 6º São direitos básicos do consumidor: ( ) III a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; (...) Mais: O direito a informação está diretamente ligado ao princípio da transparência (art. 4º, caput, e 6º, III, da Lei nº 8.078/90) e da boa fé, traduzindose na obrigação do fornecedor de dispor ao consumidor a oportunidade prévia de conhecer os produtos e serviços, gerando, outrossim, no momento de contratação, a ciência plena de seu conteúdo. No plano da proteção à saúde e segurança do consumidor, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor ainda estabelece: Art. 8 Os produtos e serviços colocados no mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as
3 informações necessárias e adequadas a seu respeito. (...) Art. 10. O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança. (...) A ANVISA, por sua vez, considerando que a participação dos consumidores na vigilância sanitária dos alimentos envolve um componente informativo e educativo fundamental, editou a Resolução nº 216/2004, com vistas a introduzir as questões da qualidade dos produtos para consumo, do direito do consumidor à informação e da atuação do poder público por meio dos serviços de vigilância sanitária. Por fim, no plano local, também regulamenta a matéria a LC nº 003/1992, que dispõe sobre o plano diretor de desenvolvimento urbano da capital. Assim, sob a coordenação da Procuradoria Especializada e em parceria com as entidades de defesa do consumidor e os órgãos de fiscalização, as Promotorias de Justiça desenvolverão, nas respectivas comarcas, ações concentradas visando, notadamente, a informação da população em relação aos direitos do consumidor relativos à proteção pessoal em face de riscos sanitários e sua respectiva reparação. 3. OBJETIVO Contribuir para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, mediante a adoção de práticas de segurança alimentar. Disseminar medidas que permitam maior segurança à saúde do consumidor, atuando junto ao setor empresarial e estudantil, bem como às donas de casa, para reduzir práticas comerciais abusivas. 4. INDICADORES O ponto de partida da intervenção pública é a análise realizada para a identificação do problema ou demanda. In Casu, propõe-se enfrentar as causas que levam a comercialização de produtos perecíveis sem as condições sanitárias adequadas para o consumo. Nessa perspectiva, opta-se por um indicador que pode ser definido como a medida do objetivo do Projeto sob duas frentes de atuação: Preventivo e Repressivo. A atuação preventiva compreende em promover orientação
4 Consumidor-Comerciante/ setor produtivo de alimento por meio de audiências públicas, campanhas educacionais, etc. Enquanto que a repressiva visa identificar e responsabilizar as condutas encetadas para exposição de produtos perecíveis apresentados ao consumo sem condições sanitárias. Nesse contexto, busca-se que as autuações efetuadas pelos órgãos de fiscalização, retratando irregularidades relacionadas aos direitos consumeristas açambarcados no presente projeto, resultem na proposição pelo MPE/MT de ações civis públicas, ajustamentos de condutas e notificações recomendatórias, com o escopo de corrigir as distorções verificadas. Por outro lado, necessário faz-se desenvolver indicador de resultado relacionado com o efeito direto e imediato sobre os beneficiários do projeto, ou seja, o consumidor. Assim, as informações sobre mudanças no comportamento do consumo de produtos perecíveis, levando o cidadão ao aprimoramento do senso crítico na escolha dos produtos para seu consumo, tornando-o parte no processo de fiscalização com denuncias de situações que põem em risco a saúde humana, é, ao final, o grande objetivo dessa iniciativa. Desta forma, visando a coleta de informações de outras fontes tendo em vista a compreensão e explicação dos efeitos da intervenção dos órgãos de fiscalização, pretende-se monitorar o número de irregularidades detectadas pelos agentes fiscalizadores solucionadas e não solucionadas Ministério Publico: nº de audiência pública realizada/município; nº de campanhas educacionais realizadas/município; nº de denúncias/fatos sobre irregularidade de produtos perecíveis expostos sem condições sanitárias aportadas no MPE; nº de ações Ministeriais( NR,TAC,ACP) proposta e solucionadas no exercício Órgãos Fiscalização: VISA, Procon, Indea, Imeq: nº de irregularidades detectas sobre produtos perecíveis expostos sem condições sanitárias. 5. META: Atuar em 70% dos municípios integrantes da área de atuação do Ministério Público, visando orientar acerca de práticas de segurança alimentar no consumo de produtos perecíveis, por meio de audiências públicas e campanhas educacionais.
5 6. DIAGNÓSTICO 6.1 Levantar as autuações relativas à comercialização de produtos perecíveis registradas nos órgãos públicos nos últimos 12 meses, selecionando, dentre elas, quais resultaram em instauração de inquéritos policiais, processos judiciais ou medidas administrativas intentadas pelo Ministério Público Levantar os pontos formais e informais de comercialização de produtos perecíveis sem as condições sanitárias nos municípios integrantes da área de atuação das Promotorias de Justiça; 6.3. Apurar o número de matadouros clandestinos que oferecem, ao consumidor, produtos de origem animal não-fiscalizados; 6.4. Identificar nos municípios os órgãos responsáveis pela fiscalização, a fim de exigir a implantação de cultura de controle de qualidade dos produtos perecíveis; 6.5. Definir os estabelecimentos comerciais que serão objeto de pesquisas sobre a existência de conservação e armazenamento de produtos perecíveis O INDEA e a Vigilância Sanitária serão responsáveis pela indicação dos estabelecimentos que devem ser investigados, bem como dos órgãos de controle existentes em cada município. 7. MEDIDAS: 7.1. Campanhas Educacionais nas escolas e universidades, existentes no município, para conscientizar a população por meio das crianças, sobre as estratégias criadas pelo comércio para gerar o consumo e suas implicações, premiando os melhores trabalhos: Para alunos do nível fundamental, será desenvolvido um trabalho lúdico (peça teatral), com o objetivo de despertar nas crianças e nos adolescentes o interesse pelos direitos do consumidor, possibilitando a formação de consumidores conscientes de seus direitos e deveres; Os alunos do nível médio e os universitários realizarão pesquisas de campo na área, fornecendo os dados coletados às instituições parceiras; Confecção de materiais de comunicação (cartilha, teatro e vídeo) visando a orientação quanto à conservação e segurança dos alimentos; 7.2. Audiência Pública com setor o empresarial e industrial, instituições públicas e privadas e a população para a conscientização acerca do consumo de produtos perecíveis, alimentos in natura, produtos semipreparados ou preparados para o consumo que, pela sua natureza ou composição, necessitam de condições especiais para sua conservação e armazenamento, bem como a orientação sobre
6 os danos à saúde que podem advir do consumo desses alimentos Treinamento com os responsáveis pelas atividades de manipulação dos alimentos, abordando, ao menos, os seguintes temas: Contaminantes alimentares; Doenças transmitidas por alimentos; Manipulação higiênica dos alimentos; Boas práticas; Qualidade das carnes, aves e pescados. 8. RECURSOS 8.1. Humanos: Os recursos humanos para execução deste projeto serão os já existentes no Ministério Público, Instituição e Órgãos envolvidos, os quais desenvolverão as atividades necessárias à obtenção das metas de resultado Físicos: Os recursos físicos a serem utilizados serão, dentro os já existentes, os necessários à execução do Projeto, canalizados para os objetivos delineado. 9. ANEXOS Cartilha Roteiro peça teatral Vídeo sobre orientação Modelo do Selo de Qualidade Inquérito Civil- PROCON Convênio Procon
7 10.CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO Etapas/Fases Meses/2009 Ano / Elaboração de Minuta Projeto 2.Revisão Final 3. Apresentação do Projeto ao Colégio de Procuradores de Justiça 4. Levantamento orçamentário do Projeto 5. Levantamento das denúncias apuradas nos órgãos competentes 6. Execução do cronograma físico/financeiro 7. Realização da 1ºAudiência Pública para lançamento do Projeto 8. Lançamento do Projeto nas escolas e Promotorias do interior 9. Mensuração e análise dos resultados Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Dez/2010
8 Promotorias de atuação do projeto: INTERAÇÃO COMUNITÁRIA PARA DEFESA DO CONSUMIDOR Pólo 01 Cuiabá: Chapada dos Guimarães Poconé Santo Antônio de Leverger Varzea Grande Pólo 02 Primavera do Leste: Campo Verde Poxoréo Paranatinga Pólo 03 Rondonópolis: Alto Araguaia Guiratinga Jaciara Pedra Preta Pólo 04 Barra do Garças: Água Boa Canarana Novo São Joaquim Nova Xavantina Pólo 05 Cáceres: Araputanga Comodoro Mirrasol D'oeste Jauru Rio Branco Pontes e Lacerda São José dos Quatros Marcos Vila Bela da Santíssima Trindade Pólo 06 Diamantino: Nobres Rosário Oeste São José do Rio Claro Pólo 07 Tangará da Serra: Campo Novo dos Parecis Barra do Bugres Sapezal Pólo 08 Juína: Aripuanã Brasnorte Colniza Juara Pólo 10 Alta Floresta: Colíder Guarantã do Norte Paranaíta Peixoto de Azevedo Matupá Nova Canaã do Norte Marcelândia Pólo 09 Sinop: Cláudia Lucas do Rio Verde Nova Mutum Nova Ubiratã Sorriso Tapurah Pólo 11 Porto Alegre do Norte: São Felix do Araguaia Vila Rica
Total de domicílios particulares não-ocupados de uso ocasional. Total de domicílios particulares não-ocupados vagos
com sem 5100102 Acorizal 1.742 0 355 350 2.447 1 0 1 5100201 Água Boa 6.202 242 478 728 7.650 32 9 23 5100250 Alta Floresta 14.951 252 604 1.568 17.375 44 23 21 5100300 Alto Araguaia 4.716 450 381 264
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