TESTE DE TETRAZÓLIO EM SEMENTES DE MAMONA

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1 TESTE DE TETRAZÓLIO EM SEMENTES DE MAMONA Luciana Magda de Oliveira, Maria Laene Moreira de Carvalho, Carla Massimo Caldeira, Cláudia Denise da Silva e Débora Gabriela Silva. Universidade Federal de Lavras - UFLA, lumagda@ufla.br RESUMO - A adequação de tecnologias que permitam rapidez e eficiência na tomada de decisões a respeito da qualidade dos lotes é fundamental na indústria sementeira. Para adequar a metodologia do teste de tetrazólio para avaliação da qualidade de sementes de mamona foram utilizados 5 lotes das cultivares IAC80 e Guarani. O perfil dos lotes foi determinado pelos testes de germinação, primeira contagem de germinação, emergência, índice de velocidade de emergência e estande inicial. Para o teste de tetrazólio, as sementes foram embebidas em água a 30 o C por 3 horas, submetidas a três metodologias de pré-condicionamento: 1) corte em bisel na região oposta à carúncula; 2) retirada dos tegumentos e corte em bisel na região oposta à carúncula; 3) retirada dos tegumentos e cortes nas laterais da semente; e foram imersas em 0,5% e 1% da solução de tetrazólio, a 30 o C por 6 horas. A embebição das sementes em água a 30 o C por 3 horas, seguida da retirada dos tegumentos e cortes nas laterais do embrião e a imersão dos embriões em 0,5% da solução de tetrazólio, a 30 o C por 6 horas é metodologia eficiente na avaliação da qualidade de sementes de mamona. INTRODUÇÃO Com o lançamento do programa PROBIODIESEL que prevê a substituição de 2% do diesel, proveniente do petróleo, pelo biodiesel proveniente de óleos vegetais, o Brasil iniciou uma retomada na produção de mamona em bagas, que além de trazer divisas para o país, tem um importante papel social no desenvolvimento da agricultura familiar (HOLANDA, 2004). Para suprir essa demanda, a semente se tornou um insumo escasso e caro, o que impulsiona o mercado de sementes piratas e de má qualidade, que associada à falta de cultivares melhoradas, se constitui em ameaça à produção dessa oleaginosa. De modo geral, as pesquisas com a mamona, principalmente na área de controle de qualidade de sementes, são essenciais para o estabelecimento da cultura e se justificam pela potencialidade da espécie e pela escassez de informações referentes à tecnologia de produção de sementes. Considerando a semente como um insumo primordial na produção agrícola e sendo a qualidade da semente o ponto de partida para o sucesso de qualquer cultura, torna-se necessário desenvolver tecnologias que permitam rapidez e eficiência na tomada de decisões a respeito de descarte, redirecionamento ou aproveitamento de lotes por parte das empresas produtoras. Assim, produtores de sementes devem estar cientes das técnicas disponíveis para avaliação da qualidade de

2 lotes a fim de se evitar prejuízos financeiros na formação de lavouras pelo uso de sementes de má qualidade. Entre os métodos disponíveis para avaliação da qualidade de sementes destaca-se o teste de tetrazólio, que permite a obtenção rápida de resultados de viabilidade e vigor. Além disso, o teste de tetrazólio pode suplementar resultados do teste de germinação de lotes com sementes dormentes ao final do teste e diagnosticar causas de deterioração (KRZYZANOWSKI et al., 1999). A eficiência do teste depende de metodologia adaptada para cada espécie em particular. Objetivou-se com esse trabalho adequar a metodologia do teste de tetrazólio para avaliação da qualidade de sementes de mamona (Ricinus communis L.). MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram realizados no Laboratório de Análises de Sementes da Universidade Federal de Lavras-UFLA, com 10 lotes de sementes de mamona das cultivares Guarani e IAC80. Para determinação do perfil dos lotes e comparação com os resultados do teste de tetrazólio foram realizados os testes de germinação (G), primeira contagem de germinação (PC), emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE) e estande inicial (EI). O teste de germinação foi conduzido segundo recomendações das Regras para Análises de Sementes (BRASIL, 1992), em substrato papel toalha tipo Germitest, na forma de rolo, umedecido com água destilada na proporção de 2,5 vezes o peso do papel. Os rolos foram mantidos em germinador a 20/30 o C e as contagens realizadas diariamente, a partir do 7 o dia após a montagem do teste (Primeira Contagem de Germinação) e finalizadas no 14 o dia. Foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes por lote. O teste de emergência em bandejas foi realizado com substrato terra e areia na proporção 1:1, em sala de crescimento a 25 o C, umidade relativa 50%, capacidade de campo de 60% e luz constante, com quatro repetições de 50 sementes, por lote. As avaliações de plântulas emersas foram feitas aos 15 dias (estande inicial) e 30 dias após a montagem do teste. O Índice de velocidade de emergência (IVE) foi calculado com os dados obtidos das contagens diárias do teste de emergência, segundo Maguire (1962). Para o teste de tetrazólio, as sementes dos diferentes lotes de mamona foram embebidas em água a 30 o C por 3 horas entre papel, e em seguida foram testadas três metodologias para o précondicionamento: a) sementes com tegumento e corte em bisel na região oposta à carúncula (com tegumento); b) retirada dos tegumentos e cortes nas laterais dos embriões (corte laterais) e c) retirada

3 dos tegumentos e corte em bisel na região oposta à carúncula (corte em bisel). As sementes/embriões foram imersos em 0,5% e 1% da solução de tetrazólio e mantidas no escuro em BOD a 30 o C, por 6 horas. Foram utilizadas quatro repetições de 25 sementes para cada tratamento, em delineamento inteiramente casualizado. Os dados foram transformados utilizando arco seno. x/100 e submetidos à análise de variância. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, usando o programa SANEST (ZONTA et al., 1985). RESULTADOS E DISCUSSÃO Entre os métodos de pré-condicionamento utilizados, foi observado que a presença dos tegumentos dificultou a penetração da solução de tetrazólio, independente da concentração utilizada, o que mascarou os resultados do teste pela porcentagem inferior de sementes viáveis em relação aos outros tratamentos. Além disso, a utilização desse método não possibilitou a diferenciação dos lotes, conforme os demais testes (Tab. 1). O pré-condicionamento visa, principalmente, facilitar a penetração da solução de tetrazólio através dos tegumentos, sendo que para algumas espécies apenas cortes ou punções são suficientes; entretanto, para sementes de mamona é necessária a retirada total do tegumento para coloração das estruturas viáveis. Resultados semelhantes foram obtidos por OLIVEIRA et al. (2005) em sementes de Tabebuia spp, que atribuíram a desuniformidade ou ausência de coloração à presença dos tegumentos. Os métodos de pré-condicionamento com retirada do tegumento e cortes laterais, com 0,5% e 1% da solução de tetrazólio, e corte em bisel, com 0,5% da solução, possibilitaram diferenciar os lotes de sementes de mamona de maneira correspondente aos resultados obtidos pelos testes de emergência, IVE, estande inicial, germinação e primeira contagem, tendo os lotes da cultivar Guarani demonstrado qualidade superior em relação aos da cultivar IAC80 (Tab. 1). Entre esses, o método de pré-condicionamento com retirada do tegumento e cortes laterais possibilitou uma coloração mais uniforme do eixo-embrionário das sementes. Quanto à coloração obtida nos embriões das sementes nas diferentes concentrações estudadas, foi observado que a solução de concentração de 0,5% possibilitou uma visualização mais nítida dos tecidos vivos dos embriões de todo os lotes, o que facilitou a análise da viabilidade. A concentração de 1% da solução de tetrazólio coloriu intensamente as estruturas e dificultou a diferenciação de tecidos mais vigorosos daqueles em processo de deterioração. As menores concentrações da solução de tetrazólio são mais indicadas por apresentarem menor custo e por

4 possibilitarem melhor visualização dos distúrbios de coloração e identificação de diferentes tipos de injúrias (FRANÇA NETO et al., 1998). CONCLUSÃO A embebição das sementes em água a 30 o C por 3 horas, seguida da retirada dos tegumentos e cortes nas laterais do embrião; e a imersão dos embriões em 0,5% da solução de tetrazólio, a 30 o C por 6 horas é metodologia eficiente na avaliação da qualidade de sementes de mamona. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura e Reforma Agrária. Regras para Análise de Sementes. Brasília: CLAV/DNDV; SNAD/MA, p. FRANÇA-NETO, J. B.; KRZYZANOWSKI, F. C.; COSTA, N. P. O teste de tetrazólio em sementes de soja. Londrina: EMBRAPA-CNPSo, p. HOLANDA, A. Biodiesel e inclusão social. Brasília: câmara dos deputados, coordenação de publicações, KRZYZANOWSKI, F.C.; VIEIRA, R.D.; FRANÇA NETO, J.B. Vigor de sementes: conceitos e testes. Londrina: ABRATES, p. OLIVEIRA, L.M.; CARVALHO, M.L.M.; NERY, M.C.Teste de tetrazólio em sementes de Tabebuia serratifolia Vahl Nich. e T. impetiginosa (Martius ex A. P. de Candolle) Standley Bignoniaceae. Revista Ciência Agronômica, Fortaleza, v.36, n.2, MAGUIRE, J.D. Speed of germination aid in selection and evaluation for emergence and vigour. Crop Science, v.2, n.2, p , ZONTA, E.F., MACHADO, A.A., SILVEIRA JUNIOR, P. Sistema de análise estatística (SANEST) para microcomputador (versão 1.0). IN: Simpósio de Estatística Aplicada à Experimentação Agronômica. Piracicaba. p

5 Tabela 1. Resultados médios (%) dos testes de emergência (E), índice de velocidade de emergência (IVE), estande inicial (EI), germinação (G), primeira contagem de germinação (PC) e sementes viáveis no teste de tetrazólio em mamona (TZ1 Com tegumento e 0,5% da solução de tetrazólio; TZ2 Corte laterais e 0,5% da solução de tetrazólio; TZ3 - Corte em bisel e 0,5% da solução de tetrazólio; TZ4 - Com tegumento e 1% da solução de tetrazólio; TZ5 Corte laterais e 1% da solução de tetrazólio e TZ6 Corte em bisel e 1% da solução de tetrazólio). LOTES E IVE EI G PC TZ1 TZ2 TZ3 TZ4 TZ5 TZ6 GUA1 83 A 43,63 A 17 AB 84 ABC 72 B 0,51 A 49 BC 60,28 AB 2,04 AB 51,08 BCDE 56,09 AB GUA2 86 A 44,80 A 15 AB 93 A 89 A 0,78 A 60,06 ABC 54,01 AB 2,26 AB 84,37 A 66,01 A GUA3 90 A 52,42 A 29 A 87 AB 81 AB 0,25 A 79,38 A 55,27 AB 0,78 B 71,16 ABC 67,14 A GUA4 91 A 53,43 A 32 A 90 A 81 AB 5,27 A 71,01 AB 55,17 AB 1,48 B 74,44 AB 67,69 A GUA5 89 A 53,91 A 30 A 96 A 87 AB 0,25 A 71,63 AB 69,25 A 0 B 62,03 ABCD 61,33 A IAC1 22 C 2,18 D 0 C 5 E 3 E 0,25 A 8,87 D 1,91 D 2,32 AB 3,53 F 6,64 C IAC2 51 B 17,36 C 0 C 54 D 9 E 1,91 A 36,95 C 38,97 BC 2,04 AB 35,85 DE 19,60 C IAC3 51 B 17,88 C 0 C 21 E 12 DE 10,93 A 44,95 BC 36,73 BC 17,42 A 30,51 E 27,85 BC IAC4 82 A 29,82 B 6 BC 59 BCD 26 CD 1,01 A 44,89 BC 36,86 BC 2,54 AB 44,99 CDE 17,54 C IAC5 58 B 19,54 BC 0 C 58 CD 30 C 1,01 A 35,74 C 20,67 C 2,94 AB 34,18 DE 20,55 C Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. CV = %

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