Intervenção de Encerramento da Vice-Presidente da CCDR-N, Ana Teresa Lehmann
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1 CONFERENCE REGIONAL POLICY AROUND THE WORLD 29 de Setembro de 2008, Porto, Alfândega Nova do Porto Intervenção de Encerramento da Vice-Presidente da CCDR-N, Ana Teresa Lehmann 1. Em tempos de incerteza e de enorme imprevisibilidade como parecem ser os nossos neste inicio do século XXI as tarefas, por um lado, de estudo e de avaliação das políticas públicas e, por outro, de observação dos comportamentos dos actores económicos adquirem uma reforçada pertinência e necessidade. Isto, apesar do risco e da precariedade intrínsecas aos seus próprios enunciados em matéria de previsão económica. É caso para dizer que os nossos tempos não estão para profecias e para profetas, mesmo para aqueles que utilizam as melhores ferramentas estatísticas! Parece evidente que, do ponto de vista das políticas públicas, é preciso dar maior importância às competências organizacionais e humanas e às questões institucionais. Se essa importância é inquestionável do ponto de vista das políticas públicas, também o não é menos ao nível das políticas das empresas e dos grandes grupos económicos como o demonstra, aliás, o recente colapso dos gigantes financeiros norte-americanos, que pôs em dramático sobressalto a sua Administração. Neste contexto político e económico, profundamente globalizado, não é demais destacar o papel fundamental da OCDE na observação rigorosa, atenta e participada das dinâmicas sociais e económicas do Mundo, da Europa e dos 1
2 seus Estados-membros. Ainda bem que assim é. Esta Conferência cuja oportunidade saudamos vivamente é disso um bom exemplo. 2. O Relatório da OCDE Territorial Reviews Portugal 2008 apresenta uma análise muito precisa e pormenorizada (i) sobre o problema das disparidades regionais em Portugal, (ii) sobre o modelo de governação territorial do país e (iii) sobre o contributo das políticas regionais para a melhoria da competitividade da economia portuguesa. Desse Relatório retive três mensagens centrais. A primeira mensagem assinala o facto de Portugal constituir um exemplo, entre os países da OCDE, no que respeita à alteração de paradigma no que respeita à política regional. Estamos em presença, hoje, de uma política regional menos assente em instrumentos de natureza redistributiva e mais centrada na promoção do investimento nos activos, tangíveis e intangíveis, dos diferentes territórios e regiões do país. Estamos em presença, também, de abordagens mais multissectoriais e menos verticalizadas, reconhecendo, desta forma, a importância das economias de aglomeração, das estratégias de eficiência colectiva e dos territórios e seus actores na concepção e desenvolvimento da política regional. A segunda mensagem refere-se à afirmação de que a política regional é, para Portugal, uma ferramenta-chave na implementação da Agenda da Competitividade e, em particular, da Estratégia de Lisboa renovada. A prossecução de objectivos orientados para a competitividade da economia e para o emprego exige políticas direccionadas para as diferentes realidades regionais e locais nos planos económico, ambiental, energético, social e humano. Sabemos que é assim e precisamos de agir em conformidade, 2
3 promovendo uma integração de programas e iniciativas numa base territorial. O desenvolvimento de Pólos de Competitividade e Tecnologia e de Outros Clusters e o Programa de Valorização de Recursos Endógenos (Provere) que constituem o essencial das Estratégias de Eficiência Colectiva previstas no QREN constituem, neste plano, um estimulante desafio. A terceira mensagem coloca-nos perante o facto de Portugal, apesar dos seus esforços de qualificação das políticas regionais, se situar como o segundo país mais centralizado dos 30 países que integram a OCDE. Este facto não tem contribuído para optimizar a aplicação das políticas públicas com maior pertinência nos domínios da competitividade e da coesão. Apesar disso, reconhecem-se os avanços em matéria de desconcentração e gestão regional de políticas públicas e o papel a desempenhar pelos diversos órgãos que suportam institucionalmente o diálogo das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional com os diversos actores regionais e locais relevantes, quer se tratem de representantes da Administração Central, da Administração Local ou de várias organizações da sociedade civil. São os casos dos Conselhos Regionais e das Comissões Intersectoriais, em termos da estrutura de organização das CCDR, e das Comissões de Aconselhamento Estratégico e dos Centros de Observação das Dinâmicas Regionais, no que respeita à arquitectura do sistema de acompanhamento e avaliação do QREN e, em especial, dos Programas Regionais. Como afirmou Francis Bacon, «o conhecimento é indispensável à acção». A OCDE tem realizado bem o seu papel de estudo e avaliação e o seu contributo é fundamental no conhecimento da evolução económica e social global e 3
4 regional, assim como também na avaliação das políticas e na sua reorientação ou reforma. 3. No caso da Região do Norte, permitam-me que também aqui afirme o nosso decidido empenhamento na criação de um sistema eficaz de observação das dinâmicas regionais, de índole conjuntural e estrutural, com relevância para a avaliação do impacto regional das políticas e dos seus instrumentos, como é o caso maior do Quadro de Referência Estratégico Nacional 2007/2013. A Região do Norte, na última década, divergiu acentuadamente em termos de rendimento per capita quer da média da União Europeia, quer, mesmo, da média nacional. Este processo de empobrecimento relativo da Região do Norte conduziu, pouco a pouco, a que se transformasse na NUTS II do País com menor nível de rendimento per capita. Este menor desempenho económico tem consequências sociais e territoriais importantes, o que torna, por sua vez, necessária a realização de esforços no sentido de efectuar o seu acompanhamento e análise permanentes. Esse acompanhamento é, antes de mais, fundamental para se encontrarem as melhores respostas, ao nível das políticas públicas, aos problemas que possam estar a bloquear o processo de desenvolvimento regional. Esta preocupação insere-se, ainda, no contexto de um novo período de programação ( ) em que a monitorização estratégica das políticas passou a ser a questão central da gestão dos fundos comunitários, sobrelevando, portanto, relativamente ao tradicional acompanhamento da execução física e, sobretudo, financeira das Intervenções Operacionais. Para dar resposta a esta necessidade de permanente acompanhamento da evolução económica, social e territorial da Região e de monitorização 4
5 estratégica das políticas públicas, a CCDR-N institui, na sua estrutura organizativa, o Centro de Avaliação de Políticas e Estudos Regionais, onde, de acordo com a sua lei-orgânica, será instalado o Centro de Observação das Dinâmicas Regionais do Norte, previsto, enquanto órgão do próprio modelo de governação do Programa Operacional Regional. Espera-se muito do trabalho a desenvolver por este Centro. Espera-se (i) que efectue o acompanhamento da execução das políticas públicas com incidência na Região, (ii) que avalie os efeitos das políticas financiadas pelo QREN e outros fundos comunitários na Região e, em particular, do Programa Operacional Regional do Norte; (iii) que produza recomendações de natureza estratégica e operacional que permitam melhor a eficácia e eficiência na gestão dos recursos disponibilizados pela União Europeia. Mas espera-se, sobretudo, que apoie o processo de prestação de contas sobre a aplicação dos Fundos Estruturais na Região e a proposição de políticas e instrumentos mais ajustados e pertinentes ao processo de desenvolvimento regional do Norte de Portugal. A OCDE tem prestado uma atenção muito particular a esta problemática e tem formulado boas expectativas nas respostas institucionais que têm sido formuladas ao nível da política regional e da sua avaliação em Portugal. O meu voto é de que sejamos capazes de corresponder positivamente a essas expectativas, com melhores resultados na avaliação de políticas e, sobretudo, no desempenho da nossa política regional à escala nacional e comunitária. Muito obrigada. Ana Teresa Lehmann Vice-Presidente da CCDR-N 5
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