O sistema jurídico e as relações de poder com relações às mulheres, em Perúgia, no século XIII Maria Valdiza Rogério da Silva 1

Tamanho: px
Começar a partir da página:

Download "O sistema jurídico e as relações de poder com relações às mulheres, em Perúgia, no século XIII Maria Valdiza Rogério da Silva 1"

Transcrição

1 O sistema jurídico e as relações de poder com relações às mulheres, em Perúgia, no século XIII Maria Valdiza Rogério da Silva 1 Resumo: Esta comunicação visa a apresentar uma reflexão sobre como a legislação da cidade de Perúgia, elaborada no século XIII, abordava a questão do direito das mulheres sobre seus bens. De maneira lenta e parcial, com o objetivo de frear a fragmentação dos poderes senhoriais, a divisão sucessória desenvolveu-se pouco a pouco sob diferentes formas. O direito de primogenitura foi o mais utilizado para manter a concentração do poder. A transmissão de bens como privilegiada herança criou vários grupos de excluídos entre os descendentes: as filhas, os cadetes e os filhos ilegítimos. Em relação aos direito de herança das mulheres, pode-se ressaltar que, ao receberem o dote, as filhas eram excluídas do direito de herança, pois ao obtê-lo estavam recebendo sua participação antecipada no patrimônio do pai. Tal fato contribuiu para concentrar a parte principal dos bens nas mãos de um só herdeiro. Assim, com o objetivo de detectar como as relações de poder eram estabelecidas para as mulheres, no tocante à herança e ao controle de seus bens, analisou-se a norma vigente: o Statuto del Comuna di Perugia del Palavras-chave: Direito; relações de poder; dote; herança Introdução: O objetivo deste trabalho é apresentar uma reflexão sobre como a legislação da cidade de Perúgia, elaborada no século XIII, abordava a questão do direito das mulheres sobre seus bens. Utilizei como corpus documental o Statuto del Comuna di Perugia de 1279, que foi escrito para regular a vida social na comuna. O Statuto del Comuna di Perúgia de 1279 foi relevante para o nosso trabalho, pois os registros das leis fundamentais da Comuna de Perúgia e que regulavam o funcionamento do sistema judicial daquela cidade foram nele conservados. Neste sentido, dentre os vários documentos existentes no arquivo da cidade de Perúgia relativos ao século XIII, o estatuto ressalta, ainda que aproximadamente, os limites e os espaços da condição jurídica de homens e de mulheres em relação 1 Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada PPGHC da Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ. Endereço eletrônico: valdizarogério@gmail.com 1

2 à cidade. Em outras palavras, o estatuto era um ato normativo que disciplinava a organização e o funcionamento das cidades. O Statuto del Comuna di Perugia de 1279 é composto de 509 capítulos, ou melhor, 509 normas jurídicas elaboradas pelas autoridades competentes para regular a conduta social e impor sanções a quem não as cumprisse. Na minha pesquisa utilizei a edição de Severino Caprioli, com a colaboração de Attilio Bartoli Langeli, Cinzia Cardinali, Andrea Maiarelli e Sônia Merli, que se encontra em italiano e em latim, publicada no ano de O dote constituíra, na Idade Média, uma forma crucial de transmissão dos bens. Sua importância, sobretudo nos séculos finais do medievo, reside no fato de que o matrimônio significava o começo de uma nova célula familiar. Esta deveria contar com um suporte econômico que permitisse ao novo casal começar sua jornada. Assim, quando optei por trabalhar com tais transmissões de bens vi que, na Comuna de Perúgia tal bem recebia o nome de dote, e que não era algo regional, e sim jurídico. Desta maneira, as doações que as respectivas famílias, do noivo e da noiva, realizavam materializavam-se em doações esponsalícias, diferenciadas em dois tipos de contratos. Neste sentido, o dote, segundo as Siete Partidas, códice jurídico do século XIII, é a doação de bens que a mulher faz ao marido: É algo que a mulher da ao marido por razão do casamento, é chamado dote: e é como uma forma de doação, encerra com acordo de manter e juntar em matrimônio com ela. (SIETE PARTIDAS, Livro IV, Titulo XI, Lei I). Juridicamente, o dote eram os bens que pertenciam à mulher e deveriam retornar a ela no caso de falecimento do marido, ou à sua família, no caso de sua morte, se ela não houvesse tido filhos. No caso de haver filhos, o viúvo passava a ser o administrador desses bens. É importante destacar que o esposo, contudo, era o proprietário das rendas geradas por esse patrimônio, já que uma de suas funções como o cabeça da família era a de manter o sustento para a mesma. Mas notemos que, na origem, o dote eram bens que pertenciam à mulher, contudo, como já assinalado, quem os administrava era o homem. O sistema de dotes Por meio dos contratos matrimoniais, alianças eram firmadas, herdeiros legítimos eram gerados, riquezas e heranças eram preservadas. Daí ele ser uma forma de controle para manter a riqueza entre as famílias. Atrelado a esses contratos, estava o sistema de dotes. 2

3 O costume do dote, o conjunto de bens que a mulher levava para o marido, no tempo de casar-se, para sustentar o ônus do matrimônio tem suas origens em Roma, em que foi usado junto à donatio propter nuptias, ou seja, a promessa de doação que o homem fazia à mulher antes ou durante o casamento, em que os bens não eram propriamente entregues a ela, ficando retido durante o casamento com a cláusula de inalienabilidade, se se tratasse de imóvel. (MARKY,1995, p.167). Esse procedimento visava a garantir a subsistência da mulher, notoriamente prejudicada nas relações sucessórias, caso o casamento viesse a se dissolver, desde que não fosse por sua culpa. A palavra dote vem de dote, caso ablativo singular do substantivo latino dõs. Segundo o autor Ebert Chamoun, dote é o complexo de bens que a mulher, ou alguém em seu lugar, entregava ao marido para fazer face às despesas do matrimônio e, sobretudo, às da alimentação e educação dos filhos(chamoun,1977, p ). O dote seria entregue ao marido para que ele o administrasse. O autor Thomas Marky ressalta que o dote caracterizou o regime patrimonial da sociedade conjugal no direito romano. Sua origem remonta, principalmente, à época do casamento cum manu. Neste tipo de matrimônio a mulher saia da sua família, da tutela do seu pai, para entrar na família do marido e ficar sob sua guarda. Esta transferência recebeu o nome de conventio in manu ou aquisição da manus, do poder do marido sobre a mulher. Ela perdia, assim, os laços de parentesco agnatício com a família de origem. Decorria disto a perda de seus direitos hereditários na sucessão do pai. Para remediar tal situação, costumava-se dar à filha, ao se casar cum manu, o equivalente de sua parte hereditária, que, pelas regras desse tipo de matrimônio, passava a pertencer ao marido dela (MARKY,1995, p.164). O autor Ebert Chamoun salienta que, no casamento acompanhado de conventio in manu, o dote chamado dos profecticia, era proveniente de um ascendente da mulher se ela fosse alieni iuris, isto é, sujeita ao poder do pater famílias. 2 Ele era restituído ao pai na hipótese de morte da filha durante o casamento. Havia, também, o dos adventicia, quando constituído pela própria mulher ou um terceiro, se ela fosse sui iuris, ou seja, não estava subordinada ao poder do pater famílias. O dote dado pela mulher passava à propriedade perpétua do marido (dotis causa perpetua est) e a 2 Pater famílias, figura jurídica romana ainda presente no medievo. O pater famílias deveria ser um cidadão romano sem ascendentes na linha masculina ou cujos ascendentes houvessem renunciado a potestas, ou seja, ao seu pátrio poder. A patria potestas foi um poder jurídico pessoal, próprio e exclusivo dos cidadãos romanos livres. Esta figura jurídica era ocupada pelo homem mais velho do grupo familiar. Este grupo era, frequentemente, constituído por várias gerações de uma mesma família residindo em uma mesma propriedade. O termo português mais próximo seria o patriarcado. Thomas Marky salienta que o poder do pater familias era absoluto, possuindo, inclusive, o direito de vida e de morte sobre os seus descendentes. Do ponto de vista patrimonial, o pátrio poder implicava a centralização de todos os direitos na pessoa do pater familias. Ele era a única pessoa com competência jurídica para ter direitos e obrigações. 3

4 mulher só podia recuperá-lo na sucessão do marido, juntamente com os seus filhos. Se constituído por terceiros, podia também ficar sujeito à restituição por parte dos recepticia, dote prometido pelo marido, na hipótese de dissolução do casamento (CHAMOUN, 1977, p.190). Segundo o autor Thomas Marky, foi essa praxe, provavelmente, a origem do instituto do dote que persistiu e ganhou regulamentação própria no sistema do casamento sine manu. Nesse tipo de casamento, conservou-se a independência patrimonial dos cônjuges. Cabia ao marido o ônus de sustentar a família e a mulher contribuía para isso. Essa contribuição consistia em bens patrimoniais, destinados a reforçar as bases econômicas da família: ad sustinenda onera matrimonii (MARKY, 1995, p ). Essa contribuição podia ser dada ou prometida, tanto pelo pater familias da mulher ou por ela mesma, se sui iuris, como também por parte de terceiros. O dote constituído desse modo passava a pertencer ao marido e se distinguia dos outros bens integrantes do seu patrimônio, pois os bens dotais tinham uma finalidade especial: destinavam-se à família toda. O dote era constituído mediante a dotis datio, efetiva entrega de bens ao marido; a dotis dictio, promessa de entrega feita pela própria mulher, seu ascendente masculino ou um devedor por ordem dela, e a dotis promissio, uma stipulatio, em virtude da qual o constituinte do dote se obrigava a transferir os bens. À semelhança do que aconteceu na antiguidade romana, a mulher continuou sendo tutelada na Idade Média. Em relação ao sistema dotal, algumas modificações foram introduzidas ao longo do século XIII. Na Península Itálica, a linhagem beneficiou os componentes do sexo masculino na sucessão e na partilha das heranças. O filho primogênito passou a herdar a maior parte das posses, tornandose o caput mansi, ou seja, o cabeça da casa, o chefe da família. Os irmãos mais novos ficavam privados de quase todos os bens. Até o momento do casamento viveriam como domésticos do mais velho, motivo pelo qual muitos partiam em busca de sua própria fortuna. As filhas eram totalmente excluídas do direito de herança, ou seja, quando contraíssem matrimônio receberiam uma carta de sponsalicium, um dote constituído de bens a serem administrados pelo marido. O estatuto de Perúgia de 1279 ressalta: Deste modo as mulheres dotadas, sobrevivendo aos filhos masculinos, não podem reverter a herança ou a sucessão. O mesmo dizemos se for dotada em relação ao irmão ou irmãos e um deles morra sem deixar filhos; os outros irmãos masculinos sucedam ou os sobrinhos; e as mulheres mencionadas estarão excluídas da hereditariedade ou da sucessão (Tradução da autora. Cf. CAPRIOLI, 1996, p. 359). 4

5 Segundo o estatuto, verifica-se que a modificação na forma de transmissão dos bens tinha por fim evitar a divisão do patrimônio, o que colocaria em risco a riqueza da família paterna. Por esse motivo, a mulher era excluída da sucessão de bens. Na nova família, quando viúva, também não teria direito à herança. Nesse caso, apenas manteria a posse dos bens doados por seu pai, no caso o dote (BASCHET, 2006, p. 454). O cerco se fechava cada vez mais entre os limites do universo masculino. Mas a mulher poderia retornar ao direito de herdar, como especifica o estatuto perugino: 1 - Salvo testamento e última vontade pronunciada. E se alguma declaração foi deixada para a mulher (Tradução da autora. Cf. CAPRIOLI, 1996, p. 359). 2 - Em momentos de necessidade, que as mulheres possam ter meios de subsistência e roupas em herança, segundo o patrimônio dos homens (Tradução da autora. Cf. CAPRIOLI, 1996, p. 359). 3 - Se os herdeiros masculinos não sobreviverem, os seus dotes são remetidos em herança (Tradução da autora. Cf. CAPRIOLI, 1996, p. 361). 4 - E se as mulheres não são dotadas, devem seguir uma das sucessões mencionadas. (Tradução da autora. Cf. CAPRIOLI, 1996, p. 361). Segundo a lei, a mulher, mesmo sendo excluída da partilha dos bens, não poderia ficar de todo desamparada. Sua volta ao direito de herança vai lhe assegurar meios para a sua subsistência. No Medievo, o sistema de dotes fornecia a estrutura para o casamento de todas as camadas da sociedade. Como já salientado, as filhas eram privadas da herança devido à imposição da primogenitura masculina. Os pais eram obrigados, por lei, a considerar as filhas como um dote e, portanto, como parte do patrimônio da família. Desta maneira, cada filha recebia uma quantia em dinheiro para ser usada no casamento, enquanto os filhos herdavam o resto da propriedade do pai. O dote era mais do que uma quantia em dinheiro, era o símbolo que valorizava a noiva, a família e o novo casal. Esse dote era conhecido publicamente, registrado com o escrivão e divulgado entre os vizinhos (MONTALVO, 1998, p. 133; YALOM, 2002, p. 109). Administrado pelo marido, o dote tinha o objetivo de cobrir as necessidades da família e, se o mesmo morresse primeiro, sustentar a viúva. Em toda a Europa, principalmente na Península Itálica, a condição geral era de que a viúva recebesse um terço do total dos bens do falecido, o restante seria repassado para os descendentes da união ( YALOM, 2002, p. 109). O dote era determinado no momento do noivado, sendo geralmente pago em prestações, e cada uma delas devidamente registrada por um tabelião. O primeiro pagamento era feito antes de a 5

6 noiva mudar-se para a casa do marido, e os outros ao longo dos anos. Essas prestações podem ter sido fonte de muitos conflitos no casamento, quando a família da esposa não podia ou se negava a pagá-las. Nos anos finais do século XIII e início do XIV, o dote figurou como parte importante das contribuições dada pela família da mulher. Ele se converteu em uma espécie de substituição da herança, uma antecipação sobre os direitos sucessórios das filhas. Na Península Itálica, as contribuições materiais do marido para a nova família, além da casa, vinham na forma de presentes. Ele geralmente pagava as roupas usadas pela noiva no dia do casamento. Essa prática do dote não era exclusividade da nobreza e se estendeu entre os camponeses. Os filhos destes ofereciam presentes em forma de vestidos de noiva, pagos com a primeira parcela do dote. As filhas das famílias pobres, para arranjarem o dote ou o enxoval, serviam a outras famílias. Neste sentido, verificou-se a distinção da doação da mulher que vivia na cidade e a que vivia no campo. Ou seja, a quantia era superior para a primeira que para a segunda, por causa do desenvolvimento urbano (KLAPISCH-ZUBER, 1989, p. 110.) Ao final do século XIII e ao longo XIV as quantias destinadas aos dotes, presentes e casamento aumentaram consideravelmente em toda a Península Itálica, resultado da demora das famílias em pagarem os dotes de todas as suas filhas. Então, eles começaram a ser pagos tardiamente, obrigando os seus responsáveis a converter o dote em dívida, transferi-la a seus herdeiros, efetuar pagamentos parciais e, por último, ter que ir à justiça em mais de uma ocasião para obrigar o encarregado de fazê-lo a satisfazer efetivamente o dote ( YALOM, 2002, p. 111). Em suma, nas regiões em que foram restaurados os princípios do Direito Romano, como as Penínsulas Itálica e Ibérica, o dote constituía-se na prestação essencial das trocas, presente no direito relacionado às relações patrimoniais entre os cônjuges até finais da Idade Média. A mulher casada, no sul da França, nas Penínsulas Itálica e Ibérica, era classificada pelo dote dado pela sua família, mas a norte, a doação feita pelo marido manteve-se até a época moderna. Em ambos os casos, a mulher perdeu o direito de dispor livremente dos bens que levava consigo ou dos que lhe eram dados pelo marido (KLAPISCH-ZUBER, 1989, p.196). Ou seja, primeiramente os bens eram dados pelo marido, ou pela sua família, à família da esposa, como uma espécie de "compensação" pelo prejuízo que essa família sofria ao ceder uma de suas filhas. Depois, os bens passaram a ser dados à esposa, que continuava a levar para a casa do marido bens imóveis e quantias em dinheiro que "dava" ao mesmo, cabendo a ele a função de administrá-los. 6

7 Restituição e perda do dote Na Península Itálica, no século XIII, a restituição do dote era compreendida como a devolução do mesmo. Em Perúgia, o marido costumava escrever em seu testamento exatamente aquilo a que a esposa teria direito caso ele morresse e, especialmente, se ela resolvesse se casar novamente. O marido retinha o direito de propriedade legal dos presentes dados por ele à noiva. Se o casamento fosse anulado, eles lhe seriam devolvidos ((MONTALVO, 1998, p. 143). No estatuto perugino de 1279 está previsto o pedido de restituição do dote no caso de matrimônio dissoluto: Da mesma forma se qualquer pessoa dotar uma mulher no todo ou em parte de seus próprios bens ou dar dinheiro ou outras coisas, constitua instrumento público ou tenha testemunhas confiáveis. Se o matrimônio entre aquela mulher dotada e aquele que lhe deu o dote, recebido ou por receber, for dissolvido sem filhos ou descendentes, quem deu o dote pode exigir receber e ser restituído (Tradução da autora. Cf. CAPRIOLI, 1996, p. 360). Segundo a lei, na dissolução do casamento, se a mulher não tivesse filhos, ela poderia perder o dote. Isso ocorria nos casos em que a mulher fosse contemplada por terceiros com um dote ou com outros presentes. Inferimos que tal fato ocorria por ela não ter condições financeiras para ter um dote. Neste contexto, permanecer com o dote depois de um casamento desfeito e sem filhos era complicado para a mulher, pois na maioria dos casos as leis estatutárias previam a devolução do mesmo. No Estatuto de Perúgia de 1279: Se o homem abandonar sua esposa e ter uma amante, o potestá e o capitão auferiram as penas de 10 denariorum para o homem e a amante 100 xelins. Se a amante não pude pagar a pena, ela em pé diante do sino de São Lourenço ou qualquer outro lugar, como no fórum e se faz o castigo (suplicio- castigo aplicado com um bastão). E se ao mesmo tempo o homem mantiver sua esposa e a amante, ele deve perder 10 denariorum que o potestá e o capitão o concedem a pagar e a amante concede 100 xelins ((Tradução da autora. Cf. CAPRIOLI, 1996, p. 360). O casamento significava fidelidade dos cônjuges e, portanto, o adultério era um ato imoral perante as normativas. Se a mulher o cometeu e tal ato foi comprovado, a decisão da perda do dote caberá a seu marido. Neste caso, podemos induzir que o marido poderia perdoá-la. O Estatuto perugino ao falar da questão do adultério tanto do homem quanto da mulher não deixa claro nas penas, que eram quase sempre pecuniárias, se o dote era envolvido nas negociações. 7

8 De qualquer forma, a mulher tinha o seu valor monetário a pagar maior do que o do homem, e no caso do não pagamento, ela era castigada em praça pública. Essa postura condiz com o quadro patriarcal em que as mulheres tinham papéis subalternos e se sujeitavam às vontades dos homens. Sendo assim, na comuna de Perúgia, à medida que a mulher era tutelada pelo pai ou pelos irmãos ela era desprovida de sua independência legal. Sua capacidade jurídica ocorrerá entre os vinte anos, em Perúgia. Contudo, essa capacidade será moderada, pois nem todas as mulheres conseguiam chegar a tal idade devido aos acordos matrimoniais das suas famílias. No tocante à administração dos seus bens, no caso o dote, a mulher continuava não tendo o poder de gerenciálos. Quando ela saía da tutela do pai, caía na proteção do marido, com isso seus bens, passavam a ser administrados por ele. O direito de dispor livremente dos bens que a mulher levava consigo ou dos que lhe foram dados pelo marido foram, ao longo dos séculos, se restringindo cada vez mais. Klapisch-Zuber ressalta que os motivos da expropriação em prejuízo das mulheres são complexos. Ela aponta que a feudalização das relações com a terra excluiu a mulher da transmissão dos bens, castelos e feudos. Na cidade, as corporações de ofício reservaram as atividades e as responsabilidades para o sexo masculino (KLAPISCH-ZUBER, 1989, p ). Desta forma, os ritos do casamento foram instituídos para garantir e preservar o patrimônio. Fundamentados na noção de herança, os homens estabeleciam alianças matrimoniais endogâmicas e reproduziam as relações de poder e riquezas no seu meio. Assim, as estratégias matrimoniais organizavam e sustentavam as relações sociais. O casamento era um pacto entre as famílias; a mulher deveria ser submissa e obediente ao marido. Portanto, a conclusão a que chegamos é que, mesmo recebendo vantagens econômicas e ganhando maior autonomia com a idade, nas leis analisadas as mulheres não são tratadas de forma igual aos homens, pois a mesma proporciona privilégios a eles limitando direitos às mulheres. A mulher estará sempre submetida a uma tutela permanente do varão, apresentando também uma inferioridade dentro do âmbito jurídico. Assim, a normativa perugina deu ao homem e a mulher um tratamento diferenciado no tocante aos direitos dos bens vinculados ao matrimônio Ela sempre será tutelada por ser considerada frágil, suas penas terão força maior que a do homem, devido aos danos causados por ela à honra deste e a da família. 8

9 Referências ALFONSO X. Siete Partidas. Versão facsímile da edição feita por José Berní y Catalá em Disponível em: < EB00559F18?OpenDocument>. Acesso: 08 abr CAPRIOLI, Severino. Statuto del Comune di Perugia del Perúgia: Deputazione di Storia Patria per l'umbria, v. CHAMOUN, Ebert. Instituições do Direito Romano. Rio de Janeiro: Rio, BASCHET, Jérôme. A civilização feudal: Do ano mil à colonização da América. São Paulo: Globo, MARKY, Thomas. Curso Elementar de Direito Romano. São Paulo: Saraiva, MONTALVO, Maria Francisca Gámez. Régimen jurídico de la mujer en la familia castellana medieval. Granada: Comares, KLAPISCH-ZUBER, Christiane. A mulher e a família. In: LE GOFF, Jacques. O homem medieval. Lisboa: Presença, p YALOM, Marilyn. A História da esposa: da Virgem Maria a Madonna: o papel da mulher casada dos tempos bíblicos até hoje. Rio de Janeiro: Ediouro, Title: The legal system and power relations with women in Perugia in the 13 th century Abstract: This communication aims to present a reflection on how the legislation of the city of Perugia, elaborated in the thirteenth century, addressed the issue of women's right to their property. In a slow and partial manner, aiming to brake down the fragmentation of the lord's powers, the succession division was developed, little by little and in different forms and the birthright was the most used. The privileged transfer of inheritance goods created several groups of the excluded among descendants such as: daughters, cadets and illegitimate sons. Regarding the inheritance rights of women, it can be emphasized that on receiving the dowry the daughters were excluded from the inheritance right, because in obtaining it they were receiving their early participation in the heritage. This fact contributed to concentrate the main part of the assets in the hands of a single heir. 9

10 Thus, in order to detect how power relations were established for women, in regard of inheritance and control of their goods, the current rule was analyzed: the Statuto del Comuna di Perugia del Keywords: Rights; power relations; dowry; heritage 10

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 25/02/2019. Ordem vocacional hereditária.

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 25/02/2019. Ordem vocacional hereditária. Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 25/02/2019. Ordem vocacional hereditária. Com o falecimento do autor da herança sem testamento ab intestado segue

Leia mais

Professora: Vera Linda Lemos Disciplina: Direito das Sucessões 7º Período

Professora: Vera Linda Lemos Disciplina: Direito das Sucessões 7º Período Professora: Vera Linda Lemos Disciplina: Direito das Sucessões 7º Período Toda a sucessão legítima observará uma ordem de vocação hereditária que, no Código Civil, está prevista no artigo 1.829. Art. 1.829.

Leia mais

1 Conceito de Sucessão:

1 Conceito de Sucessão: DIREITO DAS SUCESSÕES: INTRODUÇÃO Profa. Dra. Cíntia Rosa Pereira de Lima 1 Conceito de Sucessão: Origem latim succedere = vir ao lugar de alguém Senso comum continuar, substituir Sucessão inter vivos

Leia mais

NOÇÕES HISTÓRICAS DO INSTITUTO DA SUCESSÃO

NOÇÕES HISTÓRICAS DO INSTITUTO DA SUCESSÃO NOÇÕES HISTÓRICAS DO INSTITUTO DA SUCESSÃO Bruno Sitta Giacomini (1) RESUMO: O presente estudo buscou demonstrar, de forma breve, como a evolução social influência concomitantemente a evolução do direito,

Leia mais

Instituições de Direito Profª Mestre Ideli Raimundo Di Tizio p 31

Instituições de Direito Profª Mestre Ideli Raimundo Di Tizio p 31 Instituições de Direito Profª Mestre Ideli Raimundo Di Tizio p 31 DIREITO DE FAMÍLIA Conceito é o conjunto de normas jurídicas que disciplina a entidade familiar, ou seja, a comunidade formada por qualquer

Leia mais

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões.

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 02/10/2017. Variedade do regime de bens. Comunhão parcial de bens. Bens que não se comunicam na comunhão

Leia mais

I. SUCESSÃO POR CAUSA DA MORTE E PLANEAMENTO SUCESSÓRIO

I. SUCESSÃO POR CAUSA DA MORTE E PLANEAMENTO SUCESSÓRIO Índice 167 Abreviaturas e siglas 9 Introdução 11 I. SUCESSÃO POR CAUSA DA MORTE E PLANEAMENTO SUCESSÓRIO 17 1. O património e a sua transmissão por causa da morte 18 1.1. O problema sucessório 18 1.2 O

Leia mais

O PAPEL DO DOTE/ARRAS NAS RELAÇÕES SOCIAIS ENTRE HOMENS E MULHERES, NO REINO DE CASTELA-LEÃO E NA COMUNA DE PERÚGIA, SÉCULO XIII

O PAPEL DO DOTE/ARRAS NAS RELAÇÕES SOCIAIS ENTRE HOMENS E MULHERES, NO REINO DE CASTELA-LEÃO E NA COMUNA DE PERÚGIA, SÉCULO XIII O PAPEL DO DOTE/ARRAS NAS RELAÇÕES SOCIAIS ENTRE HOMENS E MULHERES, NO REINO DE CASTELA-LEÃO E NA COMUNA DE PERÚGIA, SÉCULO XIII Maria Valdiza Rogério da Silva 1 Resumo: Até o século XI, o casamento da

Leia mais

Direito Civil. Direito das Sucessões. Prof. Marcio Pereira

Direito Civil. Direito das Sucessões. Prof. Marcio Pereira Direito Civil Direito das Sucessões Prof. Marcio Pereira Sucessões (art. 1.784 do CC) É a transmissão de bens, direitos e obrigações de uma pessoa para outra que se dá em razão de sua morte. Aberta a successão,

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO IMOBILIÁRIO. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Jr. Posse O contrato pode ser elaborado pelo advogado, em observância ao art. 104 do C.C. D. Reais O contrato pode

Leia mais

AVALIAÇÃO 2 1 LEIA COM ATENÇÃO:

AVALIAÇÃO 2 1 LEIA COM ATENÇÃO: Universidade do Sul de Santa Catarina Campus Norte Curso: Direito Disciplina: Direito das Sucessões Professor: MSc. Patrícia Fontanella Acadêmico (a): AVALIAÇÃO 2 1 LEIA COM ATENÇÃO: 1. A PROVA É INDIVIDUAL

Leia mais

Direito Civil. Direito de Família. Prof. Marcio Pereira

Direito Civil. Direito de Família. Prof. Marcio Pereira Direito Civil Direito de Família Prof. Marcio Pereira Direito de Família O Direito de Família divide-se em quatro espécies: direito pessoal, direito patrimonial, união estável, tutela e curatela. Casamento

Leia mais

Direito das Sucessões

Direito das Sucessões Direito das Sucessões OBJETIVO Conhecer o instituto da Sucessão legítima. ROTEIRO! Introdução! Ordem de vocação hereditária! Herdeiros necessários! Sucessão por cabeça e por estirpe! Direito de transmissão

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

BuscaLegis.ccj.ufsc.br BuscaLegis.ccj.ufsc.br Ordem De Vocação Hereditária Gustavo Rene Nicolau[1] 1. INTRODUÇÃO A sucessão legítima foi um aspecto que realmente sofreu alterações com a entrada em vigor do Código Civil (CC)

Leia mais

5 Celebração e Prova do Casamento, Ritos matrimoniais, Cerimônia do casamento, Suspensão da cerimônia, 85

5 Celebração e Prova do Casamento, Ritos matrimoniais, Cerimônia do casamento, Suspensão da cerimônia, 85 Sumário Nota do Autor à lfi edição, xiii 1 Introdução ao Direito de Família, 1 1.1 Compreensão, 1 1.2 Lineamentos históricos, 2 1.3 Família moderna. Novos fenômenos sociais, 5 1.4 Natureza jurídica da

Leia mais

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br BuscaLegis.ccj.ufsc.Br Os direitos dos companheiros na união estável. Sandra Ressel * A União estável é um instituto que consiste na união respeitável, a convivência contínua, duradoura e pública, entre

Leia mais

Nucleo de Aposentados e Pensionistas APRESENTAÇÃO - JURÍDICO

Nucleo de Aposentados e Pensionistas APRESENTAÇÃO - JURÍDICO Nucleo de Aposentados e Pensionistas APRESENTAÇÃO - JURÍDICO Herança O artigo 1784 do Código Civil dispõe: Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.

Leia mais

Introdução ao Direito de Família Casamento e União Estável Formalidades Preliminares. Habilitação para o Casamento

Introdução ao Direito de Família Casamento e União Estável Formalidades Preliminares. Habilitação para o Casamento Sumário 1 Introdução ao Direito de Família 1.1 Compreensão 1.2 Lineamentos Históricos 1.3 Família Moderna. Novos Fenômenos Sociais 1.4 Natureza Jurídica da Família 1.5 Direito de família 1.5.1 Características

Leia mais

DIREITO CIVIL VI AULA 1: Introdução ao Direito das Sucessões

DIREITO CIVIL VI AULA 1: Introdução ao Direito das Sucessões DIREITO CIVIL VI AULA 1: Introdução ao Direito das Sucessões Teoria do Direito das Sucessões Sucessão, do latim, succedere, significa vir no lugar de alguém. Ensina Carlos Roberto Gonçalves (2011, p. 19)

Leia mais

Sucessão que segue as regras da lei quando: DIREITO DAS SUCESSÕES

Sucessão que segue as regras da lei quando: DIREITO DAS SUCESSÕES DIREITO DAS SUCESSÕES I. SUCESSÃO EM GERAL II. SUCESSÃO LEGÍTIMA III. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA IV. INVENTÁRIO E PARTILHA SUCESSÃO LEGÍTIMA 1. Conceito 2. Parentesco 3. Sucessão por direito próprio e por

Leia mais

SEPARAÇÃO E SUCESSÃO NO CASAMENTO E NA UNIÃO ESTÁVEL. Aspectos Relevantes

SEPARAÇÃO E SUCESSÃO NO CASAMENTO E NA UNIÃO ESTÁVEL. Aspectos Relevantes SEPARAÇÃO E SUCESSÃO NO CASAMENTO E NA UNIÃO ESTÁVEL Aspectos Relevantes 1 2 Introdução O presente trabalho não tem o intuito de exaurir o tema, haja vista sua extensão e as particularidades de cada caso,

Leia mais

DIREITO DAS SUCESSÕES. CONCEITOS FUNDAMENTAIS E REGRAS GERAIS

DIREITO DAS SUCESSÕES. CONCEITOS FUNDAMENTAIS E REGRAS GERAIS SUMÁRIO 1. DIREITO DAS SUCESSÕES. CONCEITOS FUNDAMENTAIS E REGRAS GERAIS... 1 1.1 Introdução. O direito das sucessões e seus fundamentos. A função social das heranças... 1 1.2 Das modalidades gerais de

Leia mais

ESCRAVO: comparado a coisa. Não é sujeito de direitos. HOMEM: tem forma humana e não é escravo; PESSOA: homem acompanhado de certos atributos.

ESCRAVO: comparado a coisa. Não é sujeito de direitos. HOMEM: tem forma humana e não é escravo; PESSOA: homem acompanhado de certos atributos. PESSOAS FÍSICAS SER HUMANO + STATUS PESSOAS JURÍDICAS CONJUNTO DE PESSOAS (universitas personarum) CONJUNTO DE COISAS (universitas rerum) ESCRAVO: comparado a coisa. Não é sujeito de direitos. HOMEM: tem

Leia mais

UNIVERSIDADE DE MACAU FACULDADE DE DIREITO

UNIVERSIDADE DE MACAU FACULDADE DE DIREITO UNIVERSIDADE DE MACAU FACULDADE DE DIREITO DIREITO PATRIMONIAL DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES DISCIPLINA DO 4 ANO DA LICENCIATURA EM DIREITO EM LÍNGUA PORTUGUESA PLANO DE CURSO ANO LECTIVO DE 2017/2018 Professor:

Leia mais

Direito Romano - Esponsais e Matrimônio

Direito Romano - Esponsais e Matrimônio Direito Romano - Esponsais e Matrimônio Esponsais - contrato de promessa de casamento (noivado). Cerimônia realizada entre os nubentes ou entre os paterfamilias. Palavra derivada do verbo latino spondeo

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Jr. 1-) Doação: a) Conceito: Neste contrato alguém, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens

Leia mais

Compra e Venda Artigo 481 a 504 do Código de Processo Civil

Compra e Venda Artigo 481 a 504 do Código de Processo Civil Compra e Venda Artigo 481 a 504 do Código de Processo Civil Um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro. Compra e venda pura As partes

Leia mais

O casamento é a união plena entre duas pessoas, na qual ambos têm os MESMOS direitos e deveres.

O casamento é a união plena entre duas pessoas, na qual ambos têm os MESMOS direitos e deveres. Casamento O casamento é a união plena entre duas pessoas, na qual ambos têm os MESMOS direitos e deveres. PRAZO PARA DAR ENTRADA No mínimo 40 (quarenta) dias antes da data prevista para celebração do casamento.

Leia mais

Conceito de família. João Benício Aguiar. João Benício Aguiar

Conceito de família. João Benício Aguiar. João Benício Aguiar Conceito de família O que é família? Arranjos familiares: Família tradicional: pai, mãe e um ou mais filhos. Monoparental: composta por apenas um dos progenitores: pai ou mãe. Os motivos que possibilitam

Leia mais

A mulher casada antes e depois do 25 de Abril:

A mulher casada antes e depois do 25 de Abril: A mulher casada antes e depois do 25 de Abril: A evolução da sua situação jurídica em Alexandra Teixeira de Sousa Maio de 2011. A mulher casada antes e depois do 25 de Abril: evolução da situação jurídica

Leia mais

SUCESSÃO DOS ASCENDENTES - REGRAS DE CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE

SUCESSÃO DOS ASCENDENTES - REGRAS DE CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE SUCESSÃO DOS ASCENDENTES - REGRAS DE CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE Christina Gouvêa Pereira MENDINA Elisangela Samila BATISTA Juliene Barbosa MENDES Rayana Camille LOURENÇO SUCESSÃO DOS ASCENDENTES - REGRAS

Leia mais

ALGUNS ASPECTOS QUE DIFERENCIAM A UNIÃO ESTÁVEL DO CASAMENTO

ALGUNS ASPECTOS QUE DIFERENCIAM A UNIÃO ESTÁVEL DO CASAMENTO ALGUNS ASPECTOS QUE DIFERENCIAM A UNIÃO ESTÁVEL DO CASAMENTO José Ricardo Afonso Mota: Titular do Ofício do Registro Civil e Tabelionato de Notas da cidade de Bom Jesus do Amparo (MG) A união estável,

Leia mais

Aula 42 DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

Aula 42 DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS Página1 Curso/Disciplina: Direito Civil Família e Sucessões Aula: Disposições Testamentárias Professor (a): Aurélio Bouret Monitor (a): Lívia Cardoso Leite Aula 42 DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS Tem de se

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima 1-) Prática de família e sucessões: A-) Casamento: a) Impedimentos matrimoniais: Previsto perante

Leia mais

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos LEI N o 4.121, DE 27 DE AGOSTO DE 1962. Dispõe sôbre a situação jurídica da mulher casada. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que

Leia mais

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Ordem vocacional hereditária.

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Ordem vocacional hereditária. Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 12/03/2018. (Aula 05 de sucessão). Ordem vocacional hereditária. Descendentes; Ascendentes (pais, avós,

Leia mais

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 17/04/2019. Testamentos

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 17/04/2019. Testamentos Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 17/04/2019. Testamentos Observe as teses tratadas nos testamentos explanados pelo professor!!! Afastou a concorrência

Leia mais

DIREITO CIVIL. Direito das Sucessões. Sucessão Legítima Ordem de Vocação Hereditária Parte 1. Prof ª. Taíse Sossai

DIREITO CIVIL. Direito das Sucessões. Sucessão Legítima Ordem de Vocação Hereditária Parte 1. Prof ª. Taíse Sossai DIREITO CIVIL Direito das Sucessões Sucessão Legítima Ordem de Vocação Hereditária Parte 1 Prof ª. Taíse Sossai - Sucessão legítima: opera por força da lei (arts. 1.829 e 1.790) - Impositiva: Havendo herdeiros

Leia mais

O novo papel da família

O novo papel da família conceito O termo família é derivado do latim famulus, que significa escravo doméstico. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem

Leia mais

Direito Civil. Doação. Professora Tatiana Marcello.

Direito Civil. Doação. Professora Tatiana Marcello. Direito Civil Doação Professora Tatiana Marcello www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Civil LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código Civil. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que

Leia mais

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Testamentos.

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Testamentos. Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 18/04/2018. (Aula 16 de sucessão). Testamentos. Observe as teses tratadas nos testamentos explanados pelo

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Joseval Martins Viana (Aula 26/10/2017). Contrato de Doação. Doação. Fundamentação legal: Artigos 538 a 554 do Código Civil. Conceito:

Leia mais

DIREITO CIVIL. Direito de Família. Casamento Parte 05. Prof. Cláudio Santos

DIREITO CIVIL. Direito de Família. Casamento Parte 05. Prof. Cláudio Santos DIREITO CIVIL Direito de Família Casamento Parte 05 Prof. Cláudio Santos 1. Causas suspensivas matrimoniais 1.1 Conceito - Caio Mário da Silva Pereira: Cogita-se, assim, das causas suspensivas, que não

Leia mais

Procedimento A partir do artigo 693, NCPC Petição inicial Audiência de Conciliação e Mediação Contestação Réplica

Procedimento A partir do artigo 693, NCPC Petição inicial Audiência de Conciliação e Mediação Contestação Réplica Aula 1 Concubinato Artigo 1.727, CC Esforço Comum E.C. 45/04 União Estável CF/88 art. 226, 3º - jurisprudência - 5 anos sob o mesmo teto Lei n. 8.971/94 2 anos sob o mesmo teto Lei n. 9.278/96 duradouro

Leia mais

Inventário extrajudicial costuma ser mais rápido e menos custoso que o judicial

Inventário extrajudicial costuma ser mais rápido e menos custoso que o judicial Inventário extrajudicial costuma ser mais rápido e menos custoso que o judicial O inventário é o processo que sucede a morte, no qual se apuram os bens, os direitos e as dívidas do falecido para chegar

Leia mais

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. DOAÇÃO Artigos 538 a 554 do Código Civil

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. DOAÇÃO Artigos 538 a 554 do Código Civil DOAÇÃO Artigos 538 a 554 do Código Civil 1 1. Conceito Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 2 2.

Leia mais

Sucessão dos ascendentes Sucessão do cônjuge Sucessão dos colaterais

Sucessão dos ascendentes Sucessão do cônjuge Sucessão dos colaterais Sucessão dos ascendentes Sucessão do cônjuge Sucessão dos colaterais Da sucessão dos ascendentes Herdam somente se não houver descendente. São herdeiros necessários: 1.845, CC. Chamadosasucederpordireitopróprioeemsegundo

Leia mais

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/09/2018. Parentesco.

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/09/2018. Parentesco. Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 19/09/2018. Parentesco. Espécies de parentesco. Sogro / Sogra Genro / Nora 3- Afinidade Enteado / Enteada Madrasta

Leia mais

Paula Farias PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO CONHEÇA A IMPORTÂNCIA. Advocacia. Edifício Office Green Rua da Praça 241 Sala 615 Pedra Branca Palhoça/SC

Paula Farias PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO CONHEÇA A IMPORTÂNCIA. Advocacia. Edifício Office Green Rua da Praça 241 Sala 615 Pedra Branca Palhoça/SC Advocacia PLANEJAMENTO SUCESSÓRIO CONHEÇA A IMPORTÂNCIA Edifício Office Green Rua da Praça 241 Sala 615 Pedra Branca Palhoça/SC contato@paulafariasadvocacia.com CEO Advogada Especialista em Direito Imobiliário

Leia mais

Direito Civil. Sucessão em Geral. Professora Alessandra Vieira.

Direito Civil. Sucessão em Geral. Professora Alessandra Vieira. Direito Civil Sucessão em Geral Professora Alessandra Vieira www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Aula Civil XX DO DIREITO SUCESSÓRIO Considerações Gerais: A abertura da sucessão se dá no exato instante

Leia mais

DIREITO DAS SUCESSÕES. (Colação Arts /2118 ) SECÇÃO III Colação Artigo 2104.º (Noção)

DIREITO DAS SUCESSÕES. (Colação Arts /2118 ) SECÇÃO III Colação Artigo 2104.º (Noção) DIREITO DAS SUCESSÕES (Colação Arts. 2104 /2118 ) Profa. Dra. Zamira de Assis SECÇÃO III Colação Artigo 2104.º (Noção) 1. Os descendentes que pretendam entrar na sucessão do ascendente devem restituir

Leia mais

Continuando o estudo de sucessão legítima

Continuando o estudo de sucessão legítima Curso/Disciplina: Direito Civil (Família e Sucessões) Aula: 37 Professor(a): Aurélio Bouret Monitor(a): Vanessa Souza Aula nº. 37 Continuando o estudo de sucessão legítima Continuando o estudo de sucessão

Leia mais

Direito Civil Prof. Conrado Paulino Rosa

Direito Civil Prof. Conrado Paulino Rosa DIREITO DE REPRESENTAÇÃO 1. Direito de representação: Por direito próprio: o Herdeiros descendentes recebem de forma direta, sucedendo por cabeça ou por direito próprio, sem nenhuma representação entre

Leia mais

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Nome.

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Nome. Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 05/03/2018. (Aula 03 de sucessão). Nome. Alteração do nome. Existem algumas hipóteses de alteração do nome,

Leia mais

Direito Civil VII. Direito das Sucessões

Direito Civil VII. Direito das Sucessões Direito Civil VII Direito das Sucessões ROTEIRO Introdução Sucessão Hereditária Princípio de Saizine Comoriência Espólio Inventariante Abertura da sucessão ROTEIRO Introdução Sucessão Hereditária Princípio

Leia mais

Direito Civil. Doação. Professor Fidel Ribeiro.

Direito Civil. Doação. Professor Fidel Ribeiro. Direito Civil Doação Professor Fidel Ribeiro www.acasadoconcurseiro.com.br Direito Civil DOAÇÃO Natureza Jurídica contrato (negócio jurídico) CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO DE DOAÇÃO 1. Unilateral; (quanto

Leia mais

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 09

MATERIAL DE LEITURA OBRIGATÓRIA AULA 09 PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO DE FAMÍLIA E SUCESSÕES. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima 1-) Casamento Efeitos Patrimoniais Conti.: a) Princípios: Variedade do regime de Bens: - Comunhão Parcial

Leia mais

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Civil. Obrigações. Magistratura Estadual 11ª fase. Período

CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER. Direito Civil. Obrigações. Magistratura Estadual 11ª fase. Período CEM CADERNO DE EXERCÍCIOS MASTER Direito Civil Obrigações 11ª fase Período 2007-2016 1) VUNESP - JE TJPA - 2014 Considerando unidade autônoma alienada fiduciariamente e havendo despesas de condomínio,

Leia mais

Direito Civil III Contratos

Direito Civil III Contratos Direito Civil III Contratos Troca ou Permuta Art. 533 Prof. Andrei Brettas Grunwald 2011.1 1 Conceito É o contrato pelo meio do qual uma parte se obriga a entregar uma coisa diversa de dinheiro a outra,

Leia mais

UNIÃO ESTÁVEL. 1 Introdução: 1 Introdução: 28/09/2014. União Estável vs. Família Matrimonializada. CC/16: omisso. CF/88: art.

UNIÃO ESTÁVEL. 1 Introdução: 1 Introdução: 28/09/2014. União Estável vs. Família Matrimonializada. CC/16: omisso. CF/88: art. UNIÃO ESTÁVEL Prof.a Dra Cíntia Rosa Pereira de Lima União Estável vs. Família Matrimonializada CC/16: omisso CF/88: art. 226, 3º Hoje: CC/02 (arts. 1.723 a 1.726) Concubinato. Já está superada a divergência

Leia mais

juiz de paz ministro religiosa

juiz de paz ministro religiosa juiz de paz ministro confissão religiosa Impedimentos matrimoniais Causas de anulabilidade Causas suspensivas Art. 1.521, CC Casamento nulo (art. 1.548, CC) Art. 1.550, CC Casamento anulável Art. 1.523,

Leia mais

SUMÁRIO PREFÁCIO... 9 PARTE I O PANORAMA DO DIREITO PATRIMONIAL DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES NO DIREITO BRASILEIRO

SUMÁRIO PREFÁCIO... 9 PARTE I O PANORAMA DO DIREITO PATRIMONIAL DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES NO DIREITO BRASILEIRO SUMÁRIO PREFÁCIO... 9 PARTE I O PANORAMA DO DIREITO PATRIMONIAL DA FAMÍLIA E DAS SUCESSÕES NO DIREITO BRASILEIRO A O PANORAMA DO DIREITO PATRIMONIAL NO ÂMBITO DO DIREITO DE FA- MÍLIA... 23 1. AS DIVERSAS

Leia mais

COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA Pelo presente instrumento particular de compromisso de compra venda, de um lado... (nome completo e por extenso de quem está vendendo), nacionalidade..., estado civil...,

Leia mais

Conceito: é a relação afetiva ou amorosa entre homem e mulher, não adulterina ou incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo ou não sob o

Conceito: é a relação afetiva ou amorosa entre homem e mulher, não adulterina ou incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo ou não sob o União Estável Conceito: é a relação afetiva ou amorosa entre homem e mulher, não adulterina ou incestuosa, com estabilidade e durabilidade, vivendo ou não sob o mesmo teto, com o objetivo de constituir

Leia mais

Família e o mundo jurídico: repercussão do Código Civil de 2002 nas relações familiares.

Família e o mundo jurídico: repercussão do Código Civil de 2002 nas relações familiares. BuscaLegis.ccj.ufsc.br Família e o mundo jurídico: repercussão do Código Civil de 2002 nas relações familiares. Rebeca Ferreira Brasil Bacharela em Direito pela Universidade de Fortaleza -Unifor Os direitos

Leia mais

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 02/05/2018. (Aula 19 de sucessão).

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 02/05/2018. (Aula 19 de sucessão). Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula ministrada dia 02/05/2018. (Aula 19 de sucessão). Observe o decreto estadual 56.693/11, que trata de Imposto sobre Transmissão

Leia mais

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu. (20/08/2018) Execução de alimentos.

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu. (20/08/2018) Execução de alimentos. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL E PROCESSO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu. (20/08/2018) Execução de alimentos. A pessoa que tem patrimônio, tem emprego fixo, tem dinheiro, não

Leia mais

3 Objeto do Direito: bens; divisão e espécie de bens. 4 Fatos jurídicos. 5 Negócios jurídicos. 6 Validade e defeitos. 7 Nulidade. 8 Atos jurídicos.

3 Objeto do Direito: bens; divisão e espécie de bens. 4 Fatos jurídicos. 5 Negócios jurídicos. 6 Validade e defeitos. 7 Nulidade. 8 Atos jurídicos. 3 Objeto do Direito: bens; divisão e espécie de bens. 4 Fatos jurídicos. 5 Negócios jurídicos. 6 Validade e defeitos. 7 Nulidade. 8 Atos jurídicos. 9 Atos ilícitos, exclusão da ilicitude, abuso do direito.

Leia mais

1 - DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

1 - DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO 1 - DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO XX EXAME: Bernardo, nascido e criado no interior da Bahia, decide mudar-se para o Rio de Janeiro. Ao chegar ao Rio, procurou um local para morar. José, percebendo o desconhecimento

Leia mais

TESTAMENTO QUESTÕES ATUAIS E LIMITES À LIBERDADE DE TESTAR

TESTAMENTO QUESTÕES ATUAIS E LIMITES À LIBERDADE DE TESTAR TESTAMENTO QUESTÕES ATUAIS E LIMITES À LIBERDADE DE TESTAR JOÃO RICARDO BRANDÃO AGUIRRE O DIREITO DAS SUCESSÕES NÃO SE ENCONTRA INFENSO À ORDEM DE VALORES DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, COMO UMA ILHA EM QUE

Leia mais

A situação das filhas na transmissão do patrimônio na agricultura familiar

A situação das filhas na transmissão do patrimônio na agricultura familiar Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder Florianópolis, de 25 a 28 de agosto de 2008 A situação das filhas na transmissão do patrimônio na agricultura familiar Rosani Marisa Spanevello (UFRGS) 1 Transmissão

Leia mais

DIREITO FISCAL - ESTÁGIO 2011/ 2012 JULHO 2012

DIREITO FISCAL - ESTÁGIO 2011/ 2012 JULHO 2012 DIREITO FISCAL - ESTÁGIO 2011/ 2012 JULHO 2012 António faleceu, no estado de viúvo, em 01 de Janeiro de 2012. Deixou como herdeiros dois filhos. Fez um testamento a favor de seu irmão Carlos, com quem

Leia mais

DIREITO CIVIL VI AULA 5: Petição de Herança e Ordem de Vocação

DIREITO CIVIL VI AULA 5: Petição de Herança e Ordem de Vocação DIREITO CIVIL VI 1. AÇÃO DE PETIÇÃO DE HERANÇA É novidade no Código Civil/02 - arts. 1.824 a 1.828, CC Pode ser proposta pelo herdeiro preterido ou desconhecido É proposta após a finalização do inventário

Leia mais

IGUALDADES E DESIGTUALDADES ENTRE COMPANHEIRO E CÔNJUGE NO PLANO SUCESSÓRIO.

IGUALDADES E DESIGTUALDADES ENTRE COMPANHEIRO E CÔNJUGE NO PLANO SUCESSÓRIO. IGUALDADES E DESIGTUALDADES ENTRE COMPANHEIRO E CÔNJUGE NO PLANO SUCESSÓRIO. OAB SANTOS 23.5.2018 Euclides de Oliveira www.familiaesucessoes.com.br PRINCÍPIO DA IGUALDADE NA PROTEÇÃO À FAMÍLIA ART. 226

Leia mais

COMPRA E VENDA E SUAS CLÁUSULAS

COMPRA E VENDA E SUAS CLÁUSULAS COMPRA E VENDA E SUAS CLÁUSULAS Curso de Pós-Graduação em Direito do Consumidor - Módulo II - Contratos em Espécie - Aula n. 41 Contrato A compra e venda é um contrato sinalagmático, em que uma pessoa

Leia mais

Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima, (14/08/2017) Continuação de execução de alimentos, e ordem hereditária.

Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima, (14/08/2017) Continuação de execução de alimentos, e ordem hereditária. CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Nelson Sussumu Shikicima, (14/08/2017) Continuação de execução de alimentos, e ordem hereditária. Execução alimentos Artigo 523 do CPC

Leia mais

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. 5ª aula de laboratório de sucessões ministrada dia 25/06/2018.

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. 5ª aula de laboratório de sucessões ministrada dia 25/06/2018. Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. 5ª aula de laboratório de sucessões ministrada dia 25/06/2018. Processo de Inventário. Competência artigo 48 do CPC. Prazo.

Leia mais

Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 1 / 5 DO PACTO ANTENUPCIAL

Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 1 / 5 DO PACTO ANTENUPCIAL Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 1 / 5 DO PACTO ANTENUPCIAL P A R T E E S P E C I A L LIVRO IV DO DIREITO DE FAMÍLIA TÍTULO

Leia mais

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO CIVIL: FAMÍLIA E SUCESSÕES PROF.ª CARLA CARVALHO

XXII EXAME DE ORDEM DIREITO CIVIL: FAMÍLIA E SUCESSÕES PROF.ª CARLA CARVALHO XXII EXAME DE ORDEM DIREITO CIVIL: FAMÍLIA E SUCESSÕES PROF.ª CARLA CARVALHO XXII EXAME DE ORDEM DIREITO DE FAMÍLIA Temas recorrentes FAMÍLIA casamento; regime de bens partilha Alteração SUCESSÕES vocação

Leia mais

Sexta da Família: planejamento sucessório

Sexta da Família: planejamento sucessório Sexta da Família: planejamento sucessório LUIZ KIGNEL Advogado militante; Especialista em Direito Privado pela USP; Membro do IBDFam e do IBGC. Planejamento Sucessório Luiz Kignel kignel@plkc.com.br www.plkc.com.br

Leia mais

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 27/02/2019. Ordem vocacional hereditária.

Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 27/02/2019. Ordem vocacional hereditária. Pós Graduação em Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. Aula dia 27/02/2019. Ordem vocacional hereditária. Quando o cônjuge ou convivente sobrevivente concorre com os descendentes

Leia mais

Responsabilidade Tributária. Prof. Ramiru Louzada

Responsabilidade Tributária. Prof. Ramiru Louzada Responsabilidade Tributária Prof. Ramiru Louzada Responsabilidade Tributária Conceito Art. 121, CTN. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.

Leia mais

SUMÁRIO. Parte I TEORIA 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES... 21

SUMÁRIO. Parte I TEORIA 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES... 21 SUMÁRIO Parte I TEORIA 1. INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS SUCESSÕES... 21 1.1. Conceituação e o objeto da sucessão hereditária... 21 1.2. Da abertura da sucessão... 23 1.3. A morte no ordenamento jurídico brasileiro...

Leia mais

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. 4ª aula de laboratório de sucessões ministrada dia 20/06/2018.

Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. 4ª aula de laboratório de sucessões ministrada dia 20/06/2018. Pós Graduação Direito de Família e Sucessões. Prof. Nelson Sussumu Shikicima. 4ª aula de laboratório de sucessões ministrada dia 20/06/2018. Ordem vocacional hereditária. Sucessão pura do cônjuge sobrevivente.

Leia mais

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº A DE O CONGRESSO NACIONAL decreta:

REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº A DE O CONGRESSO NACIONAL decreta: REDAÇÃO FINAL PROJETO DE LEI Nº 1.220-A DE 2015 Altera as Leis nºs 4.591, de 16 de dezembro de 1964, e 6.766, de 19 de dezembro de 1979, para disciplinar a resolução do contrato por inadimplemento do adquirente

Leia mais

I-Análise crítica e breves considerações

I-Análise crítica e breves considerações REFLEXÕES ACERCA DO REGIME DE SEPARAÇÃO DE BENS Luiz Felipe Cordeiro Cozzi Sumário: I-Análise crítica e breves considerações - II- As peculiaridades do regime - III- Considerações finais I-Análise crítica

Leia mais

Idade Média (século V ao XV)

Idade Média (século V ao XV) Idade Média (século V ao XV) Alta Idade Média (séculos V ao X): formação e consolidação do feudalismo Baixa Idade Média (séculos XI ao XV): apogeu e crise do sistema feudal. 1 Povos Romanos e germanos,

Leia mais

CAPÍTULO III Associações sem personalidade jurídica e comissões especiais

CAPÍTULO III Associações sem personalidade jurídica e comissões especiais CÓDIGO CIVIL Ficha Técnica Decreto-Lei n.º 47 344/66, de 25 de Novembro LIVRO I PARTE GERAL TÍTULO I Das leis, sua interpretação e aplicação CAPÍTULO I Fontes do direito CAPÍTULO II Vigência, interpretação

Leia mais

REVISÃO DA LEI DA FAMÍLIA LEI Nº 10/2004, DE 25 DE AGOSTO

REVISÃO DA LEI DA FAMÍLIA LEI Nº 10/2004, DE 25 DE AGOSTO REVISÃO DA LEI DA FAMÍLIA LEI Nº 10/2004, DE 25 DE AGOSTO Índice O que é Lei da Família 1 Porquê rever a Lei da Família.. 2 Em que consiste a revisão da Lei da Família.. 3 O que rever?...4 - Idade para

Leia mais

CARTILHA INFORMATIVA SOBRE:

CARTILHA INFORMATIVA SOBRE: CARTILHA INFORMATIVA SOBRE: As consequências patrimoniais dos principais regimes de bens quando da morte de um dos cônjuges. Material produzido por Felipe Pereira Maciel, advogado inscrito na OAB/RJ sob

Leia mais

Regime de comunhão universal, cláusula de incomunicabilidade, fideicomisso

Regime de comunhão universal, cláusula de incomunicabilidade, fideicomisso Curso de Direito - Parte Especial - Livro IV - Do Direito de Família - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 1 / 5 DO REGIME DE COMUNHÃO UNIVERSAL P A R T E E S P E C I A L LIVRO IV DO DIREITO DE

Leia mais

Direito das Sucessões

Direito das Sucessões Direito das Sucessões 1. Apresentação geral 2. Objetivo geral 3. Programa resumido 4. Bibliografia principal 1. Curso: Solicitadoria Área/ Subárea: Direito / Direito Comum Semestre: 4º Semestre Carga horária:

Leia mais

CONCURSO PÚBLICO, DE PROVAS E TÍTULOS, PARA A OUTORGA DE DELEGAÇÕES DE NOTAS E DE REGISTRO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Edital n.

CONCURSO PÚBLICO, DE PROVAS E TÍTULOS, PARA A OUTORGA DE DELEGAÇÕES DE NOTAS E DE REGISTRO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Edital n. CONCURSO PÚBLICO, DE PROVAS E TÍTULOS, PARA A OUTORGA DE DELEGAÇÕES DE NOTAS E DE REGISTRO DO ESTADO DE MINAS GERAIS Edital n. 01/2011 CADERNO 1 PROVA ESCRITA E PRÁTICA PROVIMENTO ATENÇÃO Leia as instruções

Leia mais

Instituições de Direito Público e Privado. Parte VII Casamento

Instituições de Direito Público e Privado. Parte VII Casamento Instituições de Direito Público e Privado Parte VII Casamento 1. Casamento Conceito Casamento é Instituição Antiquíssima, Já Registrado no Antigo Egito e Babilônia Casamento é o vínculo jurídico entre

Leia mais

CONVENÇÃO SOBRE A NACIONALIDADE DAS MULHERES CASADAS

CONVENÇÃO SOBRE A NACIONALIDADE DAS MULHERES CASADAS CONVENÇÃO SOBRE A NACIONALIDADE DAS MULHERES CASADAS Adotada em Nova Iorque a 20 de fevereiro de 1957 e aberta à assinatura em conformidade com a resolução 1040 (XI), adotada pela Assembleia Geral das

Leia mais

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. DOAÇÃO Artigos 538 a 554 do Código Civil

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA. DOAÇÃO Artigos 538 a 554 do Código Civil DOAÇÃO Artigos 538 a 554 do Código Civil 1. Conceito Art. 538. Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de outra. 2. Elementos

Leia mais

DIREITOS PATRIMONIAIS: CASO DE MORTE X CASO DE DIVÓRCIO

DIREITOS PATRIMONIAIS: CASO DE MORTE X CASO DE DIVÓRCIO DIREITOS PATRIMONIAIS: CASO DE MORTE X CASO DE DIVÓRCIO (O Estado de S.Paulo 21/12/2016) Regina Beatriz Tavares da Silva Neste artigo explicarei como o patrimônio é partilhado em caso de divórcio e em

Leia mais

DIREITO CIVIL VI AULA 2: Sucessão e Herança

DIREITO CIVIL VI AULA 2: Sucessão e Herança DIREITO CIVIL VI AULA 2: Sucessão e Herança Teoria do Direito das Sucessões O momento da abertura da herança e transferência abstrata do acervo, Imediata e automática transmissão das relações jurídicas

Leia mais