Avaliação das Habilidades Sociais
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- Gabriella Castel-Branco Bento
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2 Avaliação das Habilidades Sociais Atualmente- espera-se que pessoas apresentem nos + variados contextos de interação humana desempenhos sociais aceitáveis e + elaborados. Habilidades sociais (HS) - essenciais para processos de ajustamento social dos indivíduos, portadores ou não de necessidades educativas especiais. Últimas décadas- HS têm obtido um importante papel no estudo de pessoas com distúrbios de aprendizagem e de desenvolvimento, a tal ponto que definição de distúrbios de aprendizagem inclui, além da inteligência prática e conceitual, as dificuldades nas interações sociais (Greenspan & Granfield, 1992). Dificuldades nos desempenhos sociais experimentadas por indivíduos com distúrbios de aprendizagem ou de desenvolvimento- geralmente associadas com déficits em HS.
3 Síndrome de Down Síndrome de Down - aberração cromossômica que constitui uma das principais causas da deficiência mental de origem pré-natal. Várias fontes expressam que indivíduos com síndrome de Down são: dóceis, alegres, bem humorados o que facilitaria o seu ajustamento ao lar (Glat & Kadlec, 1984; Kaplan et al., 1997) cooperativos, além de sociáveis, amistosos, simpáticos (Dykens, Hodapp & Finucane, 2000).
4 Síndrome de Down Outro estudo- crianças pré-escolares com síndrome de Down - descritas como sendo: birrentas, agitadas e também irritadas (Pereira-Silva, 2000). Desatenção, teimosia e desobediência - problemas de comportamento comuns em indivíduos com síndrome de Down (Cuskelly & Dadds, 1992; Dykens, Shah, Sagun, Beck & King, 2002). Na adolescência- indivíduos com síndrome de Down frequentemente experimentam dificuldades em estabelecer / manter relações com amigos na escola e figuras de autoridade (Soresi & Nota, 2000).
5 Avaliação das Habilidades Sociais de Adolescentes com Síndrome de Down Poder-se-ia pensar que suposta docilidade, afeição e cooperação interpessoal atribuídas aos portadores da síndrome, poderiam ser consideradas como respostas de concordância e submissão às exigências e solicitações do meio, moldadas por condições de aprendizagem específicas.
6 Avaliação das Habilidades Sociais de Adolescentes com Síndrome de Down Dessa perspectiva teórica, emerge uma questão importante: Supondo que indivíduos com síndrome de Down apresentem uma tendência à sociabilidade, com comportamentos prósociais bem consistentes, eles teriam igualmente respostas de enfrentamento para estabelecer interações de maior equilíbrio no cotidiano?
7 Participantes: 10 adolescentes com síndrome de Down, na faixa etária de 12 a 17 anos, com o intuito de tornar mais homogêneas as características de desenvolvimento dos integrantes, após consentimento obtido junto à direção de 3 instituições de ensino, na qual se encontravam regularmente matriculados, e aos pais dos mesmos, depois de serem apresentados os principais objetivos e procedimentos do estudo.
8 Participantes
9 Procedimento: Para levantamento das HS constantes no repertório de interação social dos sujeitos, foram efetuadas 07 sessões de filmagens para cada participante em diversas situações naturais e 02, em situações estruturadas. Observações diretas em situações naturais: (a) durante as atividades didáticas em sala de aula; (b) almoço ou lanche, dependendo da instituição em questão; (c) intervalo; (d) aula de educação física; (e) dança; (f) brinquedoteca.
10 Procedimento: 02 situações estruturadas: o reação à retirada provisória do almoço ou lanche do participante; o respostas ao não ser contemplado na distribuição de doces para todos os alunos. Essas situações foram usadas para verificar ocorrência de prováveis desempenhos sociais específicos, visando a caracterizar o estilo interpessoal dos participantes em assertivo, passivo ou agressivo.
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12 RESULTADOS Classes de Habilidades Sociais exibidas pelos Participantes Variabilidade das HS
13 Respostas pró-ativas x reativas
14 Habilidades pró-sociais x enfrentamento Verificou-se que existe relação forte (p < 0,01) entre respostas pró-ativas e de enfrentamento apresentadas pelos participantes, indicando que quanto + freqüente uso de respostas pró-ativas pelos indivíduos, + freqüente será uso de suas habilidades de enfrentamento.
15 Habilidades pró-sociais x enfrentamento
16 Habilidades pró-sociais x enfrentamento Não foi encontrada relação significativa (p = 0,564) entre comportamentos pró-sociais e respostas de enfrentamento demonstradas pelos participantes, apontando para independência funcional entre estas 2 classes de comportamentos em relação às demandas do ambiente.
17 Situações estruturadas 02 participantes (Larissa e Eduardo) - desempenho de enfrentamento para 02 situações, pedindo comestível para professora ou diretora (discordando das situações geradas e defendendo seus próprios direitos); 06 deles (Júlia, Rogério, Leandra, Bernardo, Luan e Gustavo) - resposta passiva para ambas (apresentando concordância às situações, e não defendendo seus direitos); 02 (Bruno e Patrícia, respectivamente) permutaram entre responder assertivo e passivo, variabilidade esta que pode ser explicada pela efetividade do reforço para desempenho de cada um deles.
18 Concordância entre perfil social dos participantes e relatos dos pais Perfil de Eduardo demonstrar um nº. de habilidades bem distribuído entre diversas classes observadas pode encontrar correspondência nos seguintes fatores ou ações presentes na sua educação em casa: a) imposição de limites pelos pais, prática essencial na educação de filhos; b) pais conversarem com ele, o que pode tanto oferecer modelos apropriados de conversação a ele, quanto favorecer a instalação de novos repertórios verbais; c) incentivo que recebeu, desde cedo, dos pais para iniciar contato com outras crianças, facilitando assim a sua sociabilidade; d) preservação e importância atribuída pelos pais à convivência familiar, que podem tanto favorecer quanto maximizar repertórios de interação social; e) passeios constantes que realizam com o filho; f) esforço dos pais para que ele se sinta bem e seja aceito pela sociedade.
19 Concordância entre perfil social dos participantes e relatos dos pais Patrícia demonstrou um bom nº. de habilidades empáticas, o que pode ser atribuído à prática dos pais de ensinarem os filhos a: tratar bem os outros, repartir as coisas, ajudar o próximo.
20 Concordância entre perfil social dos participantes e relatos dos pais Luan apresentou uma freqüência > de respostas reativas ao ambiente no seu repertório e a sua mãe o caracterizou como sendo muito tímido. Pode-se afirmar que estes dados encontram justificativa plausível na sua história e dinâmica familiar, apresentada a seguir: a) havia carência de um clima mais interativo entre Luan e mãe, que não conversava muito com ele e, portanto, não estimulava e tampouco lhe oferecia modelos apropriados de conversação; b) com 4 ou 5 anos, a mãe permitiu que brincasse com vizinhos que jogavam areia na sua cabeça, cuspiam, atiravam pedra nele e lhe puxavam os cabelos, tornando seu contato social com outras crianças como algo aversivo e favorecendo seu retraimento;
21 Concordância entre perfil social dos participantes e relatos dos pais (Luan) c) na sua infância, pais não incentivaram o contato dele com outras crianças; d) quando entrou na escola, meninos também o mordiam, arranhavam-no e rasgavam sua roupa; e) pais trabalhavam muito e não tinham tempo para brincar ou conversar com ele. Por causa do modo de vida que levavam, nem olhavam para ele; f) ao nascer, foi rejeitado pelo pai que dizia que iria jogá-lo no chão, que iria matá-lo; g) em casa, ficava muito assistindo televisão, não possuindo outra forma de lazer ( saindo da televisão, ele não tem mais o que fazer diz a mãe); h) o irmão de 23 anos sempre teve vergonha dele, não permitindo que o acompanhasse aos lugares que ia, e vivia querendo rebaixá-lo dizendo: Você é um bobão! ou Você é de nada!.
22 Concordância entre perfil social dos participantes e relatos dos pais Bruno - um dos participantes que apresentou uma freqüência > de hab. assertivas de enfrentamento em comparação com os demais e uma porcentagem > de respostas pró-ativas, o que encontra conformidade com as seguintes informações prestadas pelos pais: a) ele não precisou de incentivo para estabelecer contato com outras crianças, o que fazia espontaneamente desde os quatro anos de idade em função da abertura concedida por eles; b) os pais lhe ensinavam a se defender de acusações injustas quando as crianças faziam coisas erradas e o culpavam; c) sabia mediar conflitos em casa (quando as coisas não estão bem entre os pais, quer saber o por quê, perguntando O que foi pai? ou O que foi mãe?, e pedia para que eles não fiquem bravos um com o outro).
23 Conclusões Práticas educativas podem favorecer tanto desenvolvimento de comportamentos pró-sociais e/ou habilidades de enfrentamento, como de respostas pró-ativas e/ou reativas ao ambiente, dependendo da freqüência e intensidade que os pais utilizem determinadas estratégias educativas com seus filhos. Aprendizagem das HS depende muito do ambiente no qual indivíduos estão inseridos e, principalmente, do ambiente familiar e escolar, não existindo, portanto, um limite exato para o seu desenvolvimento social.
24 Conclusões Limitações existem em qualquer indivíduo, o que não significa que ele não possa ser um sujeito participativo e capaz de aprender. Todo indivíduo possui capacidades reais de desenvolver seu conhecimento, cabendo ao educador elaborar estratégias que viabilizem esse desenvolvimento (Santos, Souza, Alves & Gonzaga, 2002). Neste sentido, como defendido por Skinner (1953/2003), se soubermos que um indivíduo tem certas limitações inerentes a sua constituição genética, apenas poderemos usar + inteligentemente nossas técnicas de ensino em resposta a elas ao passo que não podemos alterar o fator genético.
25 Referências Cuskelly, M., & Dadds, M. (1992). Behavioural problems in children with Down s syndrome and their siblings. Journal of Child Psychology & Psychiatry & Allied Disciplines, 33(4), Dykens, E. M., Hodapp, R. M., & Finucane, B. M. (2000) Genetics and mental retardation syndromes: a new look at behavior and interventions. Paul H. Brookes, Baltimore, MD. Dykens, E. M., Shah, B., Sagun, J., Beck, T., & King, B. Y. (2002). Maladaptive behavior and psychiatric disorders in persons with Down s syndrome. Journal of Intellectual Disabilities Research, 46(6), Glat, R., & Kadlec, V. P. S. (1984). A criança e suas deficiências: Métodos e técnicas de atuação psicopedagógica. Rio de Janeiro: Agir. Greenspan, S. & Granfield, J.M. (1992). Reconsidering the construct of mental retardation: Implication of model of social competence. American Journal on Mental Retardation, 96,
26 Referências Kaplan, H. I., Sadock, B. J., & Grebb, J. A. (1997). Retardo mental. In Compêndio de psiquiatria: Ciências do comportamento e psiquiatria clínica. (pp ). 7a ed., Porto Alegre: Artes Médicas. Pereira-Silva, N. L. (2000). Crianças pré-escolares com síndrome de Down e suas interações familiares. Dissertação de Mestrado, Universidade de Brasília, Brasília. Santos, M. P., Souza, L. P. F., Alves, R. V., & Gonzaga, S. A. (2002). Educação especial: Redefinir ou Continuar Excluindo? Integração (pp ). Ministério da educação. Secretaria de Educação Especial, Ano 14, nº 24/2002. Skinner, B. F. (2003). Ciência e comportamento humano (J. C. Todorov & R. Azzi, trads.). 11a ed., São Paulo: Martins Fontes. (Original published in 1953). Soresi, S. & Nota, L. (2000). A Social Skill Training for Persons with Down s Syndrome. European Psychologist, 5(1),
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