Influência da Aplicação de Uréia no Teor de Clorofila das Folhas de Milho
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- Raphaella Prado Barroso
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1 Influência da Aplicação de Uréia no Teor de Clorofila das Folhas de Milho 2 Cândido F. Oliveira Neto, 2 Gustavo A. R. Alves, 2 Nazila N. S. Oliveira, 2 Jackeline A. M, 1 Davi G. C. Santos, 1 Ricardo S. Okumura e 1, 2 Allan K. S. Lobato, 2 Wilson J. M. e S. Maia. 1 Departamento de Agronomia, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, Brasil. 2 Laboratório de Fisiologia Vegetal Avançada, Universidade Federal Rural da Amazônia, Belém, Brasil (Candido.neto@ufra.edu.br). Palavras-chave: Zea mays, uréia, clorofila. INTRODUÇÃO A cultura do milho tem por característica a elevada extração de nutrientes do solo, conseqüentemente para que ela alcance todo o seu potencial produtivo é necessário que suas exigência nutricionais sejam totalmente supridas, especialmente pelo nitrogênio, pois ele é o nutriente requerido em maior quantidade por esta cultura, haja vista que ela influencia positivamente nos componentes de rendimento tais como na produtividade de grãos, altura de plantas, rendimento de biomassa, índice de colheita (BÜLL, 1993) e também eleva o índice de área foliar e, por conseguinte a taxa fotossintética das plantas, isto se deve ao fato do N participar da síntese da clorofila (MALAVOLTA et al., 1997). Sabendo da importância do N para a clorofila, pode-se avaliar o estado nutricional desse elemento na planta através do teor de clorofila, já que a concentração dela é diretamente correlacionada com a de nitrogênio na folha. Essa relação é atribuída, porque 50-70% do N total das folhas estão associados aos cloroplastos na forma de enzimas como a redutase do nitrato (CHAPMAN e BARRETO, 1997). A importância da avaliação do teor de clorofila é de não ser influenciada pelo consumo de luxo de N na forma de nitrato (BLACKMER e SCHEPERS, 1995), essa baixa sensibilidade é atribuída ao fato de ser acumulado na forma de nitrato pelas folhas (Argenta et al., 2001), e com isso ela não se associa à molécula de clorofila e, portanto, não pode ser detectado pelo medidor de clorofila. Por essa característica a medição da clorofila está sendo considerada um método melhor para avaliar o nível de nitrogênio na planta do que seu próprio teor no tecido vegetal (BLACKMER e SCHEPERS, 1995). O objetivo deste trabalho foi avaliar o uso do escaneamento das folhas do milho como instrumento indicador da resposta a diferentes doses e fontes de nitrogênio, em sistema de semeadura direta (SPD). MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido à campo em lavoura comercial, na safra de milho de 2007/2008, no município de Mauá da Serra - Pr. O clima é do tipo subtropical Cfb (segundo classificação de Köeppen), as coordenadas geográficas são 23 58' S e 51 19' W e a altitude média é de 847m, e o solo é classificado como Latossolo Vermelho distroférrico (EMBRAPA, 1999), cultivado por 30 anos sob SPD, cujas características químicas, na instalação do experimento, na camada de 0-20cm são apresentados na Tabela
2 Tabela 1. Resultado da análise química de solo da área experimental, camada 0-20cm, antes da implantação do experimento, no município de Mauá da Serra PR, 2007, realizada no laboratório de solos da Universidade Estadual de Londrina. ph** Ca +2 Mg +2 K + Al +3 CTC MOS*** V P**** cmol c dm g kg -1 % mg dm -3 4,6 3,3 1,3 0,4 0,5 11,9 40,7 41,4 30,5 * Bloco ** CaCl 2 ***Matéria orgânica do solo **** extrator Mehlich Os dados de precipitação pluviométrica, ocorridos durante a condução do experimento encontram-se na Figura 1. Figura 1. Precipitação pluviométrica durante o desenvolvimento da cultura do milho no município de Mauá da Serra/PR. As parcelas constituíram-se de 6 linhas de 0,70m de espaçamento e 8,0m de comprimento, considerando como área útil as 4 linhas centrais, desprezando 1,5m em cada extremidade. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados com 6 tratamentos sendo eles constituídos pelas 6 doses de N em cobertura (0, 40, 80, 120, 160 e 200kg ha -1 de N) e 5 repetições. O milho híbrido simples da Pioneer 30F53 foi semeado em 03/10/2007, no espaçamento de 0,70m entre linhas e plantas ha -1. A adubação de sulco foi com 40, 90 e 60kg ha -1 de N, P 2 O 5 e K 2 O, respectivamente. A emergência das plântulas ocorreu 7 dias após a semeadura, e o controle de plantas daninhas e insetos foram realizados conforme recomendação para a cultura. A aplicação em cobertura com uréia foi realizada manualmente 25 dias após emergência (DAE), no estádio fenológico V 4 (4 folhas desdobradas) da escala de Ritchie et al. (2003). 1973
3 As amostragens do tecido vegetal da planta foram realizadas em dois períodos, a primeira em 18/11/2007, coletando a folha V 6, quando o milho se encontrava com 9 folhas completamente abertas. Já a segunda amostragem foi feita no dia 18/12/2007, período em que a cultura se encontrava em pleno florescimento, coletando a folha abaixo e oposta à espiga principal. Estes materiais depois de coletados do campo foi encaminhado ao laboratório de imagem, onde se realizou o escaneamento das folhas para posterior análise no programa Photoshop, a fim de quantificar o total de pixels que cada folha possuía, sendo que os pixels variam de 0 à 255 e quanto menor os pixels mais escuro se encontra a imagem, conseqüentemente a folha apresenta maior quantidade de clorofila. Os dados obtidos foram submetidos à correlação simples entre a quantidade de pixels com o teor de N-total. RESULTADOS E DISCUSSÃO As leituras realizadas no scanner para evidenciar os teores de clorofila nas folhas estão apresentados na Figura 2, constatando pela análise de correlação simples que nos dois estádios avaliados, as leituras correlacionaram-se negativamente com os teores de N-total na planta, mostrando que o aumento dos teores de N-total no tecido proporciona uma diminuição nos valores de pixels, ou seja, conforme aumenta os teores de N-total no tecido aumenta-se à quantidade de verde na folha. O que é justificado pelo fato do N fazer parte da molécula de clorofila (MALAVOLTA, 2006), havendo assim correlação significativa entre a intensidade do verde e o teor de clorofila com a concentração de N-total na folha (GIL et al., 2002). Esses mesmos resultados foram obtidos por Argenta et al. (2001) utilizando o método do clorofilômetro, que observaram correlação positiva e significativa nos estádios de 6-7 folhas, folhas e no espigamento. Comparando as duas épocas de amostragem da folha para determinação do teor de clorofila no milho, verifica-se que a folha F.6 apresentou uma correlação entre o teor de N-total e a quantidade de pixel de r = -0,62, já a folha Índice o seu valor foi de r = -0,46, valor inferior ao obtido pela folha F.6, sugerindo que a melhor época para realizar esse procedimento foi na 1 amostragem. Essa informação é importante, pois a constatação de que o melhor tecido para realizar a análise nutricional da planta é a folha F.6, no período de 38DAE. Esse resultado é o oposto do observado por Argenta et al. (2001) que constatou que apesar do medidor portátil de clorofila SPAD correlacionar positivamente com o teor de N nas folhas, essa correlação foi menor no estádio de 6-7 folhas em relação aos outros dois estádios (10-11 folhas e espigamento), indicando que boa parte do N absorvido no estádio de 6-7 folhas é utilizado para produção de outras estruturas na planta e não para formação de clorofila. Segundo esses mesmos autores, as leituras efetuadas com medidor portátil de clorofila, com objetivo de verificar o nível de N na planta, não são muito precisas nos estádios iniciais de desenvolvimento do milho. A alta correlação entre o teor de N-total e de clorofila nas folhas do milho evidencia a possibilidade da utilização dessa metodologia para medição do teor relativo de clorofila, por meio do escaneamento das folhas com utilização de scanner, que é um equipamento muito barato. No entanto, na literatura, não foram encontrados trabalhos que tenham utilizado essa metodologia para predizer o estado nutricional quanto ao N na planta, havendo a necessidade de condução de mais trabalhos para a obtenção de parâmetro de valores críticos do teor relativo de clorofila e de um índice de suficiência do N, com intuito de aumentar a credibilidade da metodologia de escaneamento das folhas. 1974
4 45 40 Teor de N-Total (g kg -1 ) amostragem 2 amostragem r = - 0,62 r = - 0,46 2 amostragem 1 amostragem Leitura Scanner (Pixells) Figura 2. Relação entre o teor de N-total (g kg -1 ) e leitura realizada pelo scanner (pixels) na folha 6 (1 amostragem) e da folha índice (2 amostragem) do milho. CONCLUSÕES Os teores de clorofila nas folhas medidos pelo escaneamento das folhas mostram que os teores de N-Total nas folhas inteiras F.6 tem valores de correlação negativa maiores que os da folha Índice, indicando que a melhor época para realizar esse procedimento foi na F.6. Os valores de correlação entre os teores de N-Total e de clorofila nas folhas são de r = - 0,46 e r = -0,62 para a folha Índice e F.6, respectivamente, e essa alta correlação suporta a hipótese da possibilidade da utilização dessa metodologia para medição do teor relativo de clorofila, por meio do escaneamento das folhas com utilização de scanner. LITERATURA CITADA ARGENTA, G.; SILVA, P.R.F. da; BORTOLINI, C.G.; FORSTHOFER, E.L.; STRIEDER, M.L. Relação da leitura do clorofilômetro com os teores de clorofila extraível e de nitrogênio na folha de milho. R. Bras. Fisiol. Veg., v. 13, n. 2, p , BLACKMER, T.M.; SCHEPERS, J.S. Use of chorophyll meter to monitor nitrogen status and schedule fertigation for corn. Journal of Production Agriculture, v. 8, p , BÜLL, L.T. Nutrição mineral do milho. In: BÜLL, L.T. & CANTARELLA, H., eds, Cultura do milho: fatores que afetam a produtividade. Piracicaba, POTAFOS, p
5 CHAPMAN, S. C.; BARRETO, H. J. Using a chlorophyll meter to estimate specific leaf nitrogen of tropical maize during vegetative growth. Agronomy Journal, Madison, v. 89, n. 4, p , EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília, EMBRAPA, p. GIL, P.T.; FONTES, P.C.R.; CECON, P.R.; FERREIRA, F.A. Índice SPAD para o diagnóstico do estado de nitrogênio e para o prognóstico da produtividade da batata. Horticultura Brasileira, v. 20, p , MALAVOLTA, E.; VITTI, G.C.; OLIVEIRA, S.A. de. Avaliação do estado nutricional de plantas: princípios e aplicações. 2ª ed., ver. e atual. Piracicaba, Associação Brasileira para pesquisa da Potassa e do Fosfato, p. MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. Piracicaba: Editora Ceres, p. 1976
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