GUIA DA COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA FRANCO-BRASILEIRA
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- Maria dos Santos Beltrão Figueira
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1 GUIA DA COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA FRANCO-BRASILEIRA ATUALIZAÇÃO 2009 Diretor de publicação Thierry Valentin Redator Vincent Brignol Tradutora Rosemary Costhek Abílio Revisão Final Neusa Watanabe Também participaram Carla Ferro, Jean-Claude Reith, Christophe de Beauvais, Jean-Pierre Courtiat, Eduardo Abramovici Copyright CampusFrance / CenDoTeC 2009
2 SUMÁRIO Introdução 07 CenDoTeC 08 CampusFrance 09 > Apresentação geral 09 > CampusFrance no Brasil 09 O ensino superior francês 11 > Panorama 11 O sistema LMD: licence, master, doutorado 12 > Universidades 13 > Grandes Ecoles 14 Escolas de engenharia 14 Outras grandes écoles 14 Escolas de comércio 14 Doutorado 15 > Quadro comparativo França Brasil 15 A pesquisa na França 16 > Unidades Mistas de Pesquisa UMR 16 > Financiamento da pesquisa na França 18 Alocações de pesquisa 18 Agência Nacional de Pesquisa ANR 18 Programa-Quadro Europeu de Pesquisa e Desenvolvimento PCRD 19 > Polos de Pesquisa e de Ensino Superior PRES 20 > Polos de competitividade (ver o capítulo sobre inovação) 21 > Avaliação das universidades francesas: o sistema AERES 21 Ligações entre universidade e empresa: pesquisa aplicada e inovação tecnológica na França 22 > Alocações CIFRE Convenções Industriais de Formação pela Pesquisa 22 > Lei da inovação de 1999 criação de incubadoras de empresas 22
3 > Mecanismos de financiamento da Pesquisa e Desenvolvimento 22 > Polos de competitividade 23 > Programa-Quadro Europeu de Competitividade e Inovação CIP 25 Instrumentos da cooperação universitária franco-brasileira 27 > Mecanismos bilaterais França-Brasil 27 Acordos interuniversitários 27 Duplo diploma 28 Cotutela de tese 28 Capes-Cofecub 29 Colégio Doutoral Franco-Brasileiro 30 Brafitec 32 Brafagri 33 Ciências humanas e sociais 33 > Instrumentos da cooperação europeia 34 Erasmus Mundus 34 Programa Alfa 35 > Programas de mobilidade franceses 36 Bolsas Eiffel 36 Algumas outras bolsas francesas 38 PREFALC Programa Regional França América Latina Caribe 38 Programa ARCUS Ação Regional de Cooperação Universitária e Científica 39 Levantamento dos programas de mobilidade: CampusBourse 39 Programas da cooperação regional francesa na América Latina para a pesquisa 44 AmSud Pasteur 44 STIC AmSud e MATH AmSud 44
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5 Introdução Este guia da cooperação universitária franco-brasileira, redigido em agosto de 2009, destina-se principalmente às instituições de ensino superior dos dois países; também poderá ser útil a instituições públicas, centros de pesquisa, estudantes, empresas que tiverem interesse em desenvolver ou incentivar parcerias universitárias franco-brasileiras. É realizado pelo CampusFrance, agência pública francesa de promoção dos estudos na França, e pelo CenDoTeC Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica. Procura apresentar de modo sintético e prático, fundamentando-se em dados de referência e em indicadores: - os sistemas de ensino superior e de pesquisa nos dois países, inserindo-se nos contextos europeu e latino-americano; - os programas de mobilidade universitária entre a França e o Brasil. Esperamos que este guia seja um instrumento de dinamização das cooperações universitárias franco-brasileiras. Nesse sentido, o CampusFrance, o CenDoTeC e os Serviços de Cooperação e de Ação Cultural da Embaixada da França no Brasil colocam-se à disposição das instituições interessadas, a fim de complementarem as informações aqui expostas e de apoiarem a concretização das intenções de cooperação.
6 CenDoTeC O Centro Franco-Brasileiro de Documentação Técnica e Científica CenDoTeC, localizado em São Paulo, tem duplo estatuto: estabelecimento com autonomia financeira ligado ao Ministério das Relações Exteriores MAE, de Ministère des Affaires Etrangères francês e associação brasileira sem fins lucrativos. Seus recursos provêm essencialmente do MAE. Sua função central é atuar como plataforma de documentação e de informação a serviço da cooperação acadêmica e científica entre a França e o Brasil. Essa missão geral especifica-se em vários eixos: Informação direcionada para brasileiros e franceses sobre as atualidades universitárias e da pesquisa do outro país, visando ao desenvolvimento e ao aprofundamento da cooperação bilateral e multilateral (particularmente no contexto Europa América Latina ). As principais ferramentas dessa difusão de informações são o Bulletin Electronique, destinado aos franceses, e o França Flash, para os brasileiros; ambos são enviados por , com uma apresentação particularmente eficiente. O BE é enviado a cerca de 20 mil destinatários e o FF, a 45 mil. Promoção dos estudos na França, de modo geral e num contexto de parceria franco-brasileira, pela gestão do espaço CampusFrance Brasil. Centro de recursos documentais sobre a ciência e a tecnologia na França, agora oferecidos de modo preferencial no site Internet. Acompanhamento das associações de ligação entre brasileiros e franceses principalmente da Comunidade França-Brasil, que já somava 9 mil membros em julho de 2009, bem como dos estagiários e diplomados de estabelecimentos superiores franceses.
7 CampusFrance Apresentação geral Criada em 1998, a agência CampusFrance (na época EduFrance ) dedica-se à mobilidade internacional, universitária e científica. É uma estrutura pública sob tutela dos Ministérios das Relações Exteriores e Europeias, da Educação Nacional e do Ensino Superior e da Pesquisa. Representantes dos estabelecimentos franceses também participam de seu conselho administrativo. CampusFrance tem como objetivo promover mundialmente as formações superiores francesas e oferecer aos estudantes estrangeiros um percurso de êxito no acesso aos estudos superiores na França, desde a primeira informação no país de origem até a estadia na França e o retorno ao seu país. Já implantou mais de 100 espaços em 75 países. Em cerca de 30 deles, entre os quais o Brasil, foi implementado um dispositivo de candidatura on line que proporciona aos estudantes um processo uniformizado, ao mesmo tempo em que possibilita um melhor acompanhamento dos dossiês pela agência. CampusFrance no Brasil O espaço CampusFrance Brasil localiza-se no CenDoTeC, em São Paulo; um posto opera no Consulado Geral da França no Rio de Janeiro. As missões do espaço são: Promoção dos estudos na França No território brasileiro, a agência CampusFrance organiza ações de promoção junto aos estudantes: conferências, salões, missões de estabelecimentos franceses etc, em parceria com as universidades brasileiras, os Serviços de Cooperação e de Ação Cultural SCAC da Embaixada da França e as Alianças Francesas. Orientação dos estudantes brasileiros e acompanhamento dos dossiês de candidatura Desde 2007, o trabalho de orientação dos estudantes é feito principalmente através do site Internet O espaço CampusFrance Brasil responde às solicitações dos estudantes unicamente por e telefone. O site é o principal recurso para os estudantes, uma verdadeira mina que agrupa todas as informações sobre os estudos na França, com notadamente um motor de busca preciso sobre as áreas universitárias e um outro sobre as oportunidades de bolsas. O processo de candidatura para um estudante brasileiro junto a um ou vários estabelecimentos franceses também pode ser feito on line, por meio de um único dossiê CampusFrance. Em seguida o espaço CampusFrance Brasil faz o acompanhamento dos dossiês de candidatura até a aceitação em uma formação solicitada e a obtenção dos vistos pelos estudantes. Promoção de parcerias universitárias A agência realiza também, em ligação com os SCACs, um trabalho de aproximação dos estabelecimentos de ensino superior franceses e brasileiros. O objetivo é favorecer o desenvolvimento dos acordos interuniversitários franco-brasileiros e sua eficiência, bem como divulgar para os parceiros as ferramentas da cooperação: financiamentos, bolsas, dispositivos de cooperação etc.
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9 Panorama No ano letivo de a França tinha 2,2 milhões de estudantes, divididos da seguinte maneira: > 1,3 milhão na universidade 724 mil em licence, 470 mil em master e 72 mil em doutorado, > em cursos de engenharia (fora da universidade), > em Institutos Universitários de Tecnologia IUT, de Institut Universitaire de Technologie, dois anos de estudos técnicos, > 238 mil em Seções de Técnico Superior (Sections de Technicien Supérieur), dois anos de estudos técnicos, > 79 mil em Classes Preparatórias para as Grandes Ecoles CPGE, de Classes Préparatoires aux Grandes Ecoles, dois anos de preparação para os concursos de ingresso nas grandes écoles (engenharia, comércio, administração e outras). Sobre um total de estabelecimentos de ensino superior, públicos ou privados, há na França: > 83 universidades e estabelecimentos semelhantes, > 224 escolas de engenharia, > 220 escolas de comércio, de gestão e de contabilidade, > 3 mil outros estabelecimentos, principalmente lycées [liceus] com Seções de Técnico Superior ou CPGEs. GUIA DA COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA FRANCO-BRASILEIRA
10 O sistema LMD: licence, master, doutorado Os diplomas do ensino superior francês estão estruturados em torno de uma arquitetura europeia conjunta. Esse sistema toma como referência os anos ou semestres de estudos validados desde o ingresso no ensino superior e sua correspondência em créditos, denominados ECTS European Credits Transfer System. A definição dos créditos baseia-se nos seguintes parâmetros: carga de trabalho do estudante, número de horas de curso e objetivos de formação. A unidade de tempo para a formação superior é o semestre. Para cada semestre são atribuídos 30 créditos. O princípio de reconhecimento mútuo dos créditos no espaço dos países que aderiram ao processo de Bolonha (mais de 40) permite as transferências de formação e a mobilidade dos estudantes. A licence (primeiro diploma) é obtida após seis semestres de estudos superiores completos (tempo integral). Corresponde a 180 créditos ECTS. O master (segundo diploma) é obtido no final de quatro semestres após a licence, ou seja, 10 semestres no total. Corresponde a 300 créditos ECTS. Há dois tipos de master: > Master profissional, destinado a validar as qualificações profissionais. Quase sempre um estudante que obtém um master profissional ingressa no mundo do trabalho, mas pode também prosseguir os estudos no doutorado. > Master pesquisa, destinado a validar qualificações acadêmicas e científicas (no sentido lato). Um master pesquisa geralmente é seguido de um doutorado. 12
11 Universidades As 83 universidades francesas, desde a tradicional Sorbonne, fundada em Paris em 1257, até os campi mais modernos, são públicas e multidisciplinares. Oferecem cursos em ciências (matemática, física, química, biologia), tecnologia (informática, engenharia, eletrotécnica, materiais), letras, línguas, artes, ciências humanas, direito, economia, gestão, saúde, esportes etc. Representam a via acadêmica clássica. As universidades estão espalhadas por todo o território francês. Embora algumas sejam mais renomadas que outras em certas disciplinas, frequentemente por motivo de antiguidade, todas oferecem o mesmo nível de excelência. Indo além da via acadêmica pura, a universidade conseguiu adaptar-se às exigências de seu meio econômico, desenvolvendo formações e segmentos tecnológicos e profissionais: > Institutos Universitários de Tecnologia IUT, que oferecem cursos tecnológicos de dois anos; > licences profissionais, obtidas acrescentando-se um ano a um primeiro ciclo de dois anos; > masters profissionais, que em certas especialidades são similares aos diplomas de engenharia obtidos em grandes écoles; > Institutos de Administração de Empresas IAE, de Institut d Administration des Entreprises, que propõem cursos de gestão; > Institutos de Estudos Políticos IEP, de Institut d Etudes Politiques, centros de referência em ciências políticas e economia; > alguns centros universitários propõem, além disso, cursos de jornalismo e comunicações. A pesquisa é um componente estrutural das universidades. 300 escolas doutorais, envolvendo 62 mil professores-pesquisadores, proporcionam formação para a pesquisa, em estreita ligação com mais de laboratórios. As escolas doutorais sempre se caracterizaram pela abertura internacional e esse estado de espírito é cada vez mais acentuado. Assim, hoje aproximadamente 1 em cada 3 doutorados é obtido por um estudante estrangeiro. Por fim, as universidades são o local exclusivo de cursos específicos: os de medicina, odontologia, farmácia, que requerem 5 a 11 anos de estudos. O governo está implementando desde 2007 uma lei sobre Liberdades e Responsabilidades das Universidades LRU, Loi de Libertés et Responsabilités des Universités. Assim, com as 18 primeiras universidades tornando-se autônomas no início de 2009, em 2010 haverá um total de 51 autônomas. A lei prevê a passagem para a autonomia das 83 universidades francesas até GUIA DA COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA FRANCO-BRASILEIRA
12 Grandes Ecoles Criadas paralelamente ao sistema universitário no início do século XIX, as grandes écoles constituem uma especificidade francesa. Dispensam a 100 mil estudantes um ensino profissionalizado de alto nível. Escolas de engenharia São 240 escolas, abrangendo todos os ramos dessa área. O diploma em engenharia é um diploma nacional, correspondente ao grau de master (5 anos completos de estudos superiores); portanto, permite a inscrição em doutorado. Dependendo da escola, esse diploma pode ser generalista ou mais especializado (química, biologia, agronomia, informática, mecânica, aviônica, artes e ofícios etc). Para ingressar numa école d ingénieurs o estudante presta um concurso, para o qual se prepara ou numa Classe Preparatória para as Grandes Ecoles (2 anos) ou pelo início de um curso universitário. O período na école é de três anos: o último ano de licence e depois o master em dois anos. O último semestre é constituído de um estágio em empresa (ou, mais raramente, em laboratório, para estudantes que pretendem fazer depois um doutorado), o que representa uma importante imersão no futuro trabalho como engenheiro. Outras grandes écoles Há também grandes écoles nos ramos da administração pública, da defesa, bem como do ensino superior e da pesquisa nas Escolas Normais Superiores ENS, de Ecole Normale Supérieure. Existem 4 ENS, em Paris, Cachan e Lyon (ciências e letras). Elas formam docentes e pesquisadores de alto nível, tanto nas disciplinas literárias como nas científicas. Para estudantes estrangeiros, a seleção é feita mediante dossiê e concurso de nível licence. Para estudantes europeus há um concurso específico ENS-Europe. Os Institutos de Estudos Políticos IEP são renomadas instituições públicas, assim como a Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais EHESS, de Ecole des Hautes Etudes en Sciences Sociales. A formação em arquitetura também passa por uma grande école específica. Há 20 escolas de arquitetura (mais 2 escolas de engenharia habilitadas para outorgar o diploma). Seguem o sistema LMD: primeiro diploma (licence) após 3 anos, master após 5 anos. Também para as formações artísticas há escolas públicas: as Escolas Superiores de Artes (Ecoles Supérieures d Arts) e as Escolas Superiores de Artes Aplicadas (Ecoles Supérieures d Arts Appliqués). Por fim, complementando a oferta de formação na França, há escolas especializadas, sobre temáticas específicas: moda, jornalismo, gastronomia, turismo etc. Escolas de comércio Todas as grandes écoles de comércio e de gestão cerca de 220 são reconhecidas pelo Estado e podem gozar também de outras formas de reconhecimento oficial: - visto concedido pelo Ministério da Educação Nacional; 14
13 - inscrição no Capítulo das Grandes Ecoles (Chapitre des Grandes Ecoles), outorgada pela Conferência das Grandes Ecoles (Conférence des Grandes Ecoles). As escolas de comércio e de gestão, muito numerosas e de níveis diversos, propõem segmentos e métodos pedagógicos adaptados à evolução do meio econômico e às novas práticas administrativas, frequentemente articulados em torno de estágios e de intercâmbios internacionais. Em sua grande maioria, são escolas privadas; as anuidades geralmente variam entre 3 mil e 10 mil euros. Os selos CGE, EQUIS, AACSB e AMBA das Escolas de Comércio e de Gestão, garantias de adequação aos padrões internacionais, são atribuídos às escolas ou aos diplomas outorgados; certificam o reconhecimento internacional. Doutorado Em 2008 havia na França cerca de 70 mil doutorandos e mais de 200 mil pesquisadores, dos quais cerca de 50% no setor público. São defendidas anualmente por volta de 10 mil teses. O doutorado é feito em uma equipe ou Unidade de Pesquisa UR, de Unité de Recherche ligada a uma escola doutoral ED, de Ecole Doctorale, sob supervisão e responsabilidade de um orientador de tese. Em 2007 havia na França 295 escolas doutorais. Situadas majoritariamente nas universidades, reúnem equipes de pesquisa em torno de temáticas científicas. Organizam e coordenam os doutorados e asseguram a execução de projetos científicos coerentes. Quadro comparativo França Brasil O quadro comparativo abaixo é simplesmente ilustrativo: é importante destacar que ele não representa uma correspondência exata. Acima de tudo, dificilmente se pode considerar que haja equivalência exata entre um diploma de graduação e uma licence ; isso porque, mesmo que o número de horas seja similar, a graduação Doutorado (3 anos; curso e tese) Mestrado (stricto sensu, de 500 a horas) Especialização (lato sensu, de 500 a horas) Graduação: Bacharelado ou Licenciatura 4 a 5 anos, de a horas Vestibular ou ENEM Brasil Master Professionnel 120 créditos horas Licence: 180 créditos 3 anos, horas Baccalauréat França Doctorat (3 anos; thèse) Master Recherche 120 créditos horas GUIA DA COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA FRANCO-BRASILEIRA
14 é feita num total de 4 a 5 anos em vez dos 3 anos da licence, uma vez que a carga horária semanal é diferente. Assim, um estudante brasileiro frequentemente terá uma experiência um pouco maior (estágio de longa duração, principalmente). Além disso, o conteúdo da licence é mais generalista que o da graduação, diploma já direcionado para uma profissão. A pesquisa na França A pesquisa científica é uma prioridade francesa; a ela foram destinados 25 bilhões de euros em 2008, e o objetivo é elevar esse valor a 3% do PIB em Unidades Mistas de Pesquisa UMR A maioria dos laboratórios franceses é constituída de equipes provenientes e que compartilham recursos de laboratórios de universidades e de institutos nacionais de pesquisa. Essas estruturas são as chamadas UMRs Unités Mixtes de Recherche. Os principais organismos de pesquisa são: CNRS Centre National de la Recherche Scientifique [Centro Nacional de Pesquisa Científica], principal centro de pesquisa francês, com 11 mil pesquisadores em todas as disciplinas científicas. INSERM Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale [Instituto Nacional de Saúde e de Pesquisa Médica], com 6 mil pesquisadores. INRIA Institut National de Recherche en Informatique et Automatique [Instituto Nacional de Pesquisa em Informática e Automação]. CNES Centre National d Etudes Spatiales [Centro Nacional de Estudos Espaciais]. CEA Commissariat à l Energie Atomique [Comissariado de Energia Atômica]. CIRAD Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement [Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento]. IRD Institut de Recherche pour le Développement [Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento]. IFP Institut Français du Pétrole [Instituto Francês do Petróleo]. IFREMER Institut Français d Etude de la Mer [Instituto Francês de Estudo do Mar]. Institut Pasteur pesquisa em ciências biomédicas (fundação privada sem fins lucrativos). ANRS Agence Nationale de Recherche sur le Sida et les Hépatites Virales [Agência Nacional de Pesquisa sobre a Aids e as Hepatites Virais]. CEMAGREF Centre National du Machinisme Agricole, du Génie Rural, des Eaux et des Forêts [Centro Nacional de Maquinismo Agrícola, Engenharia Rural, Águas e Florestas]. INRA Institut National de la Recherche Agronomique [Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica]. O CIRAD e o IRD têm implantação física no Brasil, com cerca de 50 pesquisadores franceses trabalhando aqui e vários estudantes fazendo estágio ou doutorado. Reciprocamente, cerca de 20 pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo projetos no CIRAD na França. Cada um desses organismos possui um representante em Brasília, assim como o INRA, representado pelo CIRAD. 16
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16 O CNRS possui no Brasil dois Laboratórios Internacionais Associados: um com a Fiocruz, no Rio de janeiro, e o outro com a Universidade Estadual de Santa Cruz, na Bahia. Também possui, no Rio de Janeiro, uma Unidade Mista Internacional com o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada IMPA, na área da matemática. O CNRS, o INSERM, o INRIA e o Institut Pasteur colaboram com instituições brasileiras de pesquisa graças a acordos que possibilitam a realização de projetos conjuntos e intercâmbios de pesquisadores, principalmente doutorandos. Para mais informações, consultar os sites web, contatar o CenDoTeC ou o Serviço de Cooperação e de Ação Cultural da Embaixada da França no Brasil. Financiamento da pesquisa na França Alocações de pesquisa Os doutorandos franceses podem receber uma alocação de pesquisa (equivalente a um contrato de trabalho) no valor bruto de 1.663,22 euros, ou de 2.000,00 euros se, além de suas pesquisas, realizarem atividades de ensino, de consultoria ou outras. Um estudante estrangeiro (brasileiro, por exemplo) pode receber essa alocação se fizer um doutorado diretamente junto a uma escola doutoral francesa. Para isso é preciso ser titular de um master validado num país do espaço europeu. Agência Nacional de Pesquisa ANR A ANR Agence Nationale de la Recherche é um estabelecimento público de caráter administrativo, criado em janeiro de 2007; trata-se de uma agência de financiamento de projetos de pesquisa. Tem como principais objetivos aumentar o número de projetos de pesquisa na França e facilitar as interações entre laboratórios públicos e laboratórios de empresas. Seus aportes financeiros complementam os financiamentos recorrentes das universidades e dos organismos de pesquisa; são concedidos, para um período de 4 anos, a projetos selecionados por meio de chamadas de propostas temáticas (procedimento novo na França). Em 2008 ela dispunha de uma capacidade de engajamento de 955 milhões de euros. Foram lançadas 50 chamadas de projetos (12 delas com abrangência internacional), que resultaram na submissão de 6 mil dossiês. O projeto padrão financiado pela ANR dura 37 meses, reúne 3 parceiros e recebe 483 mil euros. A Agência implementou com várias similares estrangeiras acordos transnacionais de cooperação específicos. Com o Brasil, em 2008 foi assinado com a FINEP Financiadora de Estudos e Projetos, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia um acordo sobre telecomunicações, biocombustíveis e nanotecnologias. Naquele ano, de 64,1 milhões de euros destinados aos projetos transnacionais, 1,8 milhões de euros tinham a ver com o Brasil. Em 18
17 2009 foi assinado um novo acordo, agora com a FACEPE e a FAPESP (fundações de amparo à pesquisa dos estados de Pernambuco e de São Paulo, respectivamente) e tendo como tema as mudanças climáticas. Programa-Quadro Europeu de Pesquisa e Desenvolvimento PCRD A pesquisa francesa integra-se no contexto europeu. O PCRD Programme Cadre Européen de Recherche et Développement é o principal instrumento de financiamento da pesquisa em escala europeia. Tem vigência de 7 anos ( ) e dispõe de uma verba total de mais de 50 bilhões de euros. Cinco programas específicos, todos de 7 anos, compõem o 7.º PCRD: Programa Coopération [Cooperação]: Representa 2/3 do orçamento total do PCRD. Favorece a pesquisa colaborativa na Europa e em outros países parceiros. Programa Idées [Idéias]: É coordenado pelo Conselho Europeu de Pesquisa ECR, que dispõe de uma verba total de 7,5 bilhões de euros. A abordagem do ECR permite que os pesquisadores identifiquem novas oportunidades e direções para a pesquisa, deixando de lado prioridades políticas. As bolsas do ECR são distribuídas por meio de concursos abertos a projetos em duas categorias: jovens pesquisadores e pesquisadores já estabelecidos. A nacionalidade das pessoas não importa, desde que trabalhem na Europa; o único critério de seleção é a excelência. Programa Personnes [Pessoas] Ações Marie Curie: Essas ações têm como objetivos estimular vocações para a profissão de pesquisador, incentivar os pesquisadores europeus a permanecerem na Europa e atrair para a Europa pesquisadores do mundo todo. Seu orçamento total é de 4,7 bilhões de euros. O componente internacional é aberto a pesquisadores não europeus que tenham, no mínimo, um doutorado ou 4 anos de atividade em pesquisa. Programa Capacités [Qualificações] Com orçamento total de 4,1 bilhões de euros, abrange as áreas de: infraestruturas de pesquisa; pesquisa em benefício das PME; regiões do conhecimento; potencial de pesquisa; a ciência na sociedade; e atividades específicas de cooperação internacional. Programa Recherche nucléaire [pesquisa nuclear]: a pesquisa nuclear é o quinto eixo do PCRD.
18 Polos de Pesquisa e de Ensino Superior PRES A constituição dos PRES Pôles de Recherche et d Enseignement Supérieur (lei de programa para a pesquisa, de 18 de abril de 2006) atende à necessidade de pôr fim à fragmentação territorial do mapa universitário e de pesquisa. Os PRES são ferramentas de mutualização das atividades e dos recursos dos estabelecimentos de ensino superior e de pesquisa, públicos ou privados, num determinado território. Podem coordenar as escolas doutorais, mutualizar as atividades transversais dentro de estruturas em comum, reforçar as parcerias e as atividades de valorização, em ligação com as empresas. Por fim, permitem que os estabelecimentos de ensino superior e de pesquisa adquiram dimensões que reforcem sua visibilidade e sua atratividade em nível internacional. Existem atualmente 10 PRES e mais 2 estão sendo criados.
19 Polos de competitividade (ver o capítulo sobre inovação) Avaliação das universidades francesas: o sistema AERES A lei de programa para a pesquisa, de 2006, confiou à Agência de Avaliação da Pesquisa e do Ensino Superior AERES, de Agence d Evaluation de la Recherche et de l Enseignement Supérieur uma missão global de avaliação do ensino superior e da pesquisa. Ela está encarregada de avaliar: > os estabelecimentos e organismos de ensino superior e de pesquisa, as fundações de cooperação científica e a Agência Nacional da Pesquisa ANR; > as atividades de pesquisa conduzidas por esses estabelecimentos e organismos; > as formações e diplomas dos estabelecimentos de ensino superior. Para isso, a Agência faz relatórios de avaliação, acompanhados de notas (A+, A, B, C) atribuídas às unidades de pesquisa e às formações. Esses resultados destinam-se a disponibilizar um auxílio às entidades avaliadas, a fim de melhorar-lhes a governança, a pesquisa, a produção e a oferta de formação. Fornecerão ao Estado uma ferramenta objetiva para suas decisões estratégicas. Por fim, oferecerão a toda a comunidade universitária informações úteis para as opções de percurso em matéria de formação e de pesquisa. Os estabelecimentos, as atividades de pesquisa e as formações são avaliados a cada 4 anos. O conselho da AERES é composto de 25 membros (franceses, europeus e internacionais). Os peritos que realizam as avaliações são escolhidos pela AERES de acordo com a adequação de seu perfil às características da entidade avaliada. O procedimento de avaliação baseia-se simultaneamente na análise de relatórios e de indicadores e na autoavaliação. Assim, procura favorecer principalmente a reflexão dentro das estruturas avaliadas. A Agência valoriza também: > a integração de cada estabelecimento com sua região (estruturas territoriais, estabelecimentos de ensino e de pesquisa, empresas, PRES, polos de competitividade); > a abertura para a Europa e o mundo: coordenação no espaço europeu, cooperações intercontinentais. Em 2009, realizou cerca de avaliações (62 estabelecimentos, 700 unidades de pesquisa, 371 masters, 341 licences e 74 escolas doutorais). Todos seus relatórios de avaliação são publicados na internet. GUIA DA COOPERAÇÃO UNIVERSITÁRIA FRANCO-BRASILEIRA
20 Ligações entre universidade e empresa: pesquisa aplicada e inovação tecnológica na França Alocações CIFRE Convenções Industriais de Formação pela Pesquisa As alocações CIFRE Conventions Industrielles de Formation par la Recherche foram criadas em 1981; oferecem uma remuneração semelhante à das alocações de pesquisa. Destinam-se a doutorados feitos em empresas, mas sob orientação de um laboratório de pesquisa. O tema do doutorado é desenvolvido segundo um acordo entre esses dois parceiros. O Estado subvenciona uma parte dos custos. Em 85% dos casos, os doutores permanecem na empresa que os recebeu como pesquisadores P&D e os parceiros (empresa e laboratório) mantêm essa ligação. Lei da inovação de 1999 criação de incubadoras de empresas As incubadoras de empresas foram criadas atendendo à lei da inovação de Sua função é favorecer a criação de empresas inovadoras, pela valorização dos resultados da pesquisa pública ou em cooperação com laboratórios públicos. Ao longo de um processo de 9 a 24 meses, os portadores de projetos desenvolvem simultaneamente os aspectos tecnológico e financeiro da criação de empresa. O financiamento das incubadoras provém do Ministério da Pesquisa e da Indústria (50%), das regiões (25%) e de outros financiadores, às vezes locais (25%). Elas abrigam durante 3 anos as empresas nascentes. Foi constatado que 70% dos projetos resultam em criação de empresa, e que 90% das empresas que passaram por uma incubadora são perenes (mais de 5 anos de existência). Mecanismos de financiamento da Pesquisa e Desenvolvimento O OSEO é um organismo público resultante da fusão da antiga ANVAR com dois outros organismos. Tem como objetivos: financiar a pesquisa e desenvolvimento P&D, por meio de programas de subvenção e de financiamentos reembolsáveis sem juros; financiar as PME como um banco; atuar como uma seguradora financeira. 22
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