Governo pede mais 4,9 mil milhões para equilibrar contas

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1 PUB SEXTA-FEIRA, 20 DE NOVEMBRO 2009 Nº 4763 PREÇO (IVA INCLUÍDO): CONTINENTE 1,60 EUROS Toda a actualidade em DIRECTOR ANTÓNIO COSTA DIRECTOR EXECUTIVO BRUNO PROENÇA DIRECTORA-ADJUNTA CATARINA CARVALHO SUBDIRECTORES FRANCISCO FERREIRA DA SILVA E PEDRO SOUSA CARVALHO Surpresa Estes são a mulher e o homem que vão dar a cara pela União Europeia. P18 Gripe Organização Mundial de Saúde diz que vacinas são todas seguras. P23 Mundial Patrocinadores só agora estão a delinear estratégias para a África do Sul. P54 Saiba quais são as acções favoritas para os gurus da bolsa No suplemento de Finanças Pessoais conheça os títulos WalMart e os investimentos em ouro que são as recentes apostas de investidores como Warren Buffett ou George Soros. Fazer compras online custa-lhe menos do que em lojas tradicionais. Conheça os 10 fundos de investimento com os ganhos mais elevados no ano. Governo pede mais 4,9 mil milhões para equilibrar contas O ministro das Finanças justificou a necessidade de um orçamento rectificativo com a quebra das receitas fiscais. P4A9 Défice deve ser divulgado hoje. Privatização do BPN avança até fimdoano. Se o Parlamento não aprovar as alterações, as medidas anti-crise estão postas em causa TEIXEIRA DOS SANTOS AO DIÁRIO ECONÓMICO Volkswagen quer semana de seis dias na Autoeuropa PUB CONSULTÓRIO FISCAL Paulo Figueiredo Coloque as suas questões em As respostas aos leitores na página 16 Em Março, a fábrica de Palmela anunciou um lay off. Agora, o aumento das encomendas obriga a fábrica a trabalhar ao sábado. Os trabalhadores rejeitam. P24 Brisa e Soares da Costa ganham primeiro concurso do TGV Consórcio de Vasco Mello e Pedro Gonçalves ganhou o concurso para o troço nacional de TGV entre Caia e Poceirão, apurou o Diário Económico. P26 Carlos Barria / Reuters As acções onde Warren Buffett mais investe são as da Coca-Cola. ERC nega auditoria à Ongoing Entidade está só a avaliar pluralismo de mercado na OPA à TVI. P55 PSI 20 IBEX 35 FTSE 100 Dow Jones Euro Brent -1,13% -1,56% -1,39% -0,91% -0,43% -2,08% 8448, , , ,69 1, ,80

2 2 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 A NÃO PERDER SOCIEDADE ABERTA Marta Rebelo Jurista Carlos Marques de Almeida Senior associate do St. Antony s College Oxford OCDE prevê que Portugal cresça abaixo da média da zona euro até 2017 Portugal cresce a uma taxa média anual de 1,4% entre 2012 e 2017, menos 0,7 pontos percentuais do que o conjunto da zona euro, prevê a OCDE. Dos trinta países analisados, só o Japão faz pior, com uma expansão de 1,2% por ano. DESTAQUE - P8 ACT obrigou a regularizar contratos a prazo Num total de reintegrações de trabalhadores ilegais impostas este ano pela Autoridade para as Condições de Trabalho, respeitam a contratos a termo irregulares. Houve ainda 833 casos de trabalhadores não declarados. ECONOMIA - P12 Cavaco visita quatro PME de Aveiro que são exemplos de inovação O Presidente da República, que visita o distrito de Aveiro entre hoje e sábado, desloca-se especialmente às empresas Flex2000, Cork Supply, Aquacria Piscícolas e Tensai Portugal, consideradas exemplos de inovação. EMPRESAS - P32 Banco Africano de Investimentos compra BPN Brasil O BPN Brasil vai ser comprado pelo Banco Africano de Desenvolvimento. Esta instituição angolana, que detém já 20% da participada brasileira do BPN, deverá concretizar a compra do restante capital até ao final do ano. FINANÇAS - P40 Sagres foi a primeira marca a felicitar a selecção nacional Entre os principais patrocinadores da selecção nacional, a Sagres foi a primeira marca a felicitar a equipa portuguesa, segundos depois do apito final no jogo contra a Bósnia. PT, BES, Galp e Coca-Cola também já mexem. PUBLICIDADE & MEDIA - P54/55 Uns toques de bola É difícil passar em revista a semana que termina sem regressarmos ao caso Face Oculta. Aliás, julgo que pouco posso descrever e menos ainda opinar sobre aquilo que se passa em torno de mais um mediático processo judicial. Mas desde os idos anos trinta do século passado, já doutrinava Salazar que o povo se contenta com pouco. E adaptando esse pouco ao correr dos tempos, pão e futebol parece ocupar quase dez milhões de pessoas, sobretudo quando é a doer. Ou no mata-mata, como dizia Scolari. O processo Face Oculta parece estar longe de ser uma situação de mata-mata para José Sócrates. Mas o abalo que trouxe às instituições ao Supremo Tribunal de Justiça e à Procuradoria-Geral da República, desde logo, e vai sendo alimentado dia sim, dia sim, deixará muita pedra solta quando tudo isto terminar. Tratando-se do nosso sistema judicial, pode bem ser para lá do próximo mundial de futebol. Não o da África do Sul, o seguinte. Apanhada no meio de uma quarta-feira de inquirição a Armando Vara e sofrimento pré-qualificação da selecção nacional, como jurista, dirigente socialista, ferrenha benfiquista e sofredora amante de futebol, e ainda por cima cronista deste ilustre jornal, dei por mim a relembrar factos à luz de um belíssimo livro de Franklin Foer, How Soccer Explains the World. Muito se passa na vida política nacional de forma discreta, quando os dez milhões de nós se ocupam a olhar para o rectângulo verde. Senão vejamos. O processo Face Oculta parece estar longe de ser uma situação de mata-mata para José Sócrates. Foi no momento alto da glória nacional, após um jogo impróprio para cardíacos, como dizem os radialistas comentadores de futebol, quando no Euro 2004 Portugal venceu a Inglaterra nas grandes penalidades que Ricardo marcou e defendeu, que Durão Barroso rumou a Bruxelas para presidir à Comissão Europeia. No dia que se seguiu a uma noite de aperto e felicidade nacional, andávamos todos de cachecol e ego cheio, chegou a notícia da partida de José Manuel Barroso para a União Europeia e a ascensão régia de Santana Lopes a primeiro-ministro. Quando o país deu conta de si, já tudo estava oficializado. Há pouco mais de um mês, quando nas redacções se ansiava por novidades relativas à formação do novo Governo de José Sócrates, os faxes e s receberam a lista de novos ministros poucos minutos antes das seis da tarde. Hora a que pontualmente começava um jogo do Benfica para a Liga Europa, e o país corria para casa para ver a bola. E ontem também foi um pouco assim. Armando Vara deslocou-se a Aveiro para ser inquirido e consultar o processo do mais elementar fair-play, para que se possa defender, mas os portugueses estavam de olhos e coração na Bósnia, a sofrer desgraçadamente pela confirmação do apuramento para o mundial de 2010, na África do Sul. E só nos noticiários da meia-noite alguém parou para ver a reportagem sobre a ida de Vara a Aveiro, porque queríamos todos era ouvir Carlos Queiroz, Raul Meireles e o rescaldo do jogo. A selecção vai à África do Sul. O processo Face Oculta, veremos onde irá. Em quarta-feira de qualificação, é assim em Portugal. AFRASE Encaramos com uma atitude atenta a proposta do PSD. Jorge Lacão, ministro dos Assuntos Parlamentares Assim o Governo mostrou, no Parlamento, a sua preferência pelo projecto do PSD sobre a revisão do modelo de avaliação dos professores e do Estatuto da Carreira Docente. Além do mais, Lacão criticou duramente as posições dos demais partidos da oposição. POLÍTICA - P22 Centro de emprego Um estranho e natural fenómeno ataca o PS. Quando se esperava um partido dialogante apostado no apoio à governação, eis que surge a versão de um partido blindado em forma de escudo. O PS está dominado por uma mentalidade de cerco, entrincheirado em torno do primeiro-ministro. Com a rosa na mão e uma arma na outra, o PS defende e protege o secretário-geral contra ventos e marés. Enquanto esgota as energias nesta desgastante tarefa, o PS não debate nem discute as doenças do corpo político da nação. Virado para a comunidade interna, o PS deixa o país ao abandono e intoxicado por um clima doentio e insalubre. Quando Portugal precisa de alma e de ambição, a face oculta do PS revela um partido cercado, receoso e refém. No que respeita à oposição, e em particular ao PSD, depois de um esboço de politização das escutas, o partido regressou ao desvelo monótono do silêncio. Para o PSD, nada se passa, nada acontece que justifique uma acção política decisiva e esclarecedora. Se Portugal passar pela contingência de uma crise, com o PSD o país enfrenta um autêntico vazio político e institucional. O PSD é um partido cercado que encontrou um lugar vago no salão de honra de um pântano político. Os portugueses cuspidos para o desemprego estão cercados num país sem perspectivas ou oportunidades. Com um dos piores ministros das Finanças da União Europeia, com as guerras de zelo entre o poder judicial e o poder executivo, com a superior inflação das suspeitas, com uma longa temporada eleitoral que brindou o país com um magnífico monumento à impotência política, o regresso à realidade promete ser doloroso. E a realidade são desempregados ou 9.8% da população activa. Os portugueses cuspidos para o desemprego estão cercados num país sem perspectivas ou oportunidades. O imaginário político democrático entrou em profunda e acelerada degradação. O regime em vez de sofrer uma metamorfose no sentido do progresso, sofre as metástases silenciosas da cupidez e da incompetência. O desemprego pode ser justificado de muitas formas e artifícios. Os desempregados tanto podem ser as vítimas do processo de modernização como os infelizes no centro de uma crise que tudo cobre e que tudo explica sem nada resolver. Sobra sempre o argumento triunfante de que os outros estão piores do que nós. Portugal atravessa uma fase típica de um país sem projecto. Entre o deserto e a ilha, o país existe no espaçoquesobraentreassuspeitaseaameaçadeescândalos. Portugal é hoje um país cercado por dentro e cercado por fora. Cercado pela falta de um rumo, de uma orientação; cercado outra vez pela ausência de uma ideia de futuro. Portugal subsiste entre a vaga conspiração de uma espionagem política e o real desespero numa sala esquecida de um centro de emprego. NaturezaDasCoisas@gmail.com O NÚMERO 65 milhões Tantas foram as pessoas que, em todo o mundo, foram vacinadas até à data contra o vírus H1N1. E, segundo a OMS, os resultados dos testes sobre a sua segurança são animadores. Os dados foram reportados por 16 dos 40 países que já iniciaram as campanhas de vacinação da gripe A. POLÍTICA - P23

3 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 3 EDITORIAL OS FACTOS Daniel Amaral Economista A queda do dólar Quando o euro nasceu, em Janeiro de 1999, cada unidade valia 1,16 dólares. Depois disso, teve altos e baixos, ganhou e perdeu, e as últimas cotações têm andado próximas de 1,5. Ou, visto do lado americano, cada dólar vale apenas 0,666 euros. Aqui entram em cena os fantasistas: 666 é o nome da besta negra, símbolo satânico do Apocalipse; estará a Europa às portas do inferno? O desempenho económico depende de múltiplos factores, e tentar medir um qualquer efeito isolado seria uma perda de tempo. Mas é hoje consensual que, perante crises semelhantes, os americanos têm sido muito mais eficazes do que os europeus. Factos são factos: o PIB americano está a cair menos e vai recuperar mais depressa; a taxa de desemprego é idêntica; e a balança corrente, que piorou na Europa, está nos EUA com um défice igual a metade do que tinha antes. Mas nem tudo são rosas. É verdade que o dólar continua a ter um peso invejável nas reservas dos bancos centrais, com 65% do conjunto. Mas a sua queda está a provocar um movimento em cadeia, liderado pela China, para alterar este equilíbrio de forças. E não me surpreenderia se, a um prazo curto, o dólar viesse a ser substituído por um qualquer instrumento que reflicta o peso das quatro principais economias do mundo: os EUA, a Zona euro, a China e o Japão. Questão em aberto: a queda do dólar aconteceu ou foi programada para ser assim? Eu creio que foi programada. As taxas de juro na vizinhança de zero são da responsabilidade da Reserva Federal. E os enormes défices orçamentais, da ordem dos 12% do PIB, foram uma opção assumida pela administração Obama. A partir daqui, funciona aquilo a que poderemos chamar o círculo vicioso da desvalorização: o dólar cai porque as pessoas acham que vai cair. A queda do dólar, ao valorizar o euro, travou as exportações desta zona para os países que usam o dólar como moeda de troca, que são mais de metade da economia mundial. E a economia europeia ressentiu-se disso, ao cair 4% em 2009: cá está o inferno! O ricochete chegou a Portugal em dose dupla: exportamos menos em dólares, porque subimos os preços; e exportamos menos em euros, porque não temos mercado. Porca miséria: o inferno maior é português Cruzes, Satanás. d.amaral@netcabo.pt AMÉRICA VERSUS EUROPA * Controlar a crise PIB, variação (%) 4 Estados Unidos Zona euro * Os números dos três últimos anos são previsões do Outono B.Corrente, % PIB aliviar a dívida Estados Unidos Zona euro Os Estados Unidos cairam menos e vão recuperar mais depressa do que a Europa, fruto de um maior esforço nos estímulos à economia. E a desvalorização do dólar face ao euro também jogou a favor: a balança corrente passou de positiva a negativa na Europa, ao mesmo tempo que os Estados Unidos reduziram para metadeo défice que tinham antes. Fonte: Comissão Europeia. PUB Quanto custou a nacionalização do BPN? O Governo aprovou, em Conselho de Ministros, a reprivatização do Banco Português de Negócios. A nacionalização do BPN foi decidida, também em Conselho de Ministros, a2denovembrode2008. Os argumentos invocados foram a descoberta de imparidades no valor de700milhõesdeeuros e o risco de incumprimento das obrigações do banco para com os depositantes. O mundo estava a mergulhar numa crise financeira grave e vários bancos tinham sido nacionalizados pelo mundo fora. Depois de a Caixa Geral de Depósitos ter assumido a gestão do banco nacionalizado começaram a conhecer-se os problemas que encerrava e, com o tempo, depois de várias injecções de liquidez por parte do banco público, chegou-se à conclusão que a situação líquida do BPN é negativa em cerca de 1,8 mil milhões de euros. Até à privatização do banco deverão ser vendidos diversos activos, entre os quais se contam BPN Brasil e o BPN França, cuja receita contribuirá para diminuir aquele buraco. Resta saber até onde poderá ser reduzido o défice de capitais próprios do BPN. Da situação em que estiverem as contas do banco quando ocorrer a operação de reprivatização vai, naturalmente, depender a dimensão de eventuais ofertasdecompra.eé do deve e haver entre o que o Estado acabar por aplicar no BPN, deduzidas as receitas de vendas de activos, e o que o eventual comprador vier a pagar, que vai resultar o custo real para o País da nacionalização do BPN. Um número que promete vir a fazer correr muita tinta. IEFP regista novo aumento do desemprego O IEFP voltou a divulgar os números referentes à oferta de trabalho nos centros de emprego que voltaram a aumentar, desta feita para 29,1% quando comparados com o mês anterior. Uma percentagem que vai de encontro às últimas estatísticas do INE que apontam para uma taxa de desemprego muito próxima dos dois dígitos. Isto se não tivermos em atenção a informalidade no mercado de trabalho. Independentemente da existência de alguma sazonalidade nos meses de Verão, os números são muito expressivos e o presidente do IEFP considerou-os como muito preocupantes. Para contrabalançar, o mesmo responsável chamou a atenção para o crescimento de 21,8% das ofertas de emprego. E aqui é que vai residir o maior desafio político: como munir de novas qualificações os desempregados para aquilo que são as exigências das empresas. Portugal corre o risco de ficar com uma taxa natural de desemprego muito elevada. ANTÓNIO DE ALBUQUERQUE LEIA A NOTÍCIA P10 A 11 Volkswagem quer Autoeuropa a trabalhar seis dias por semana A crise financeira e económica empurrou inúmeras indústrias para a solução do lay-off, a redução ou suspensão temporária do horário de trabalho. Uma medida que visa controlar os gastos para fazer face à brutal quebra da procura. E um dos sectores mais atingidos com a crise económica é precisamente o automóvel que obrigou, no início do ano, a Autoeuropa a anunciar também o lay-off. Agora, a empresa-mãe quer que a fábrica de Palmela volte a trabalhar seis dias por semana para fazer face à procura. Contudo, vários analistas estão preocupados com o aumento da procura de novos veículos porque pode não ser um crescimento sustentado. Relembram que são os fabricantes que estão a ter ajudas do Estado por duas vias. Uma directa, com injecções financeiras, e apoios que estão a ser dados às famílias para a troca de carro. Por esta última razão,asvendastotaisdecarrosna Alemanha e na França dispararam e de imediato foram anunciados lucros trimestrais inesperados. Mas também é sabido que os apoios às famílias e às empresas têm os dias contados. A.A. LEIA A NOTÍCIA P28 A 29 OFERTA DE TRABALHO 21,8% Esta foi o acréscimo de ofertas de emprego no mês de Outubro, segundo o IEFP. PROCURA Preços de commodities voltam a subir 24% As vendas totais de carros na Alemanha e na França em Outubro, foram, respectivamente, 20% e 24%. Tal como os aparelhos sopradores de folhas, os analistas de commodities parecem inúteis e cheios de ar. Os investidores esperariam pelo menos uma folga quando a bolha de recursos rebentou em Maio deste ano. Apesar das recomendações generalizadas de compra (se todas as pessoas na China comprassem um frigorífico, etc), o preço do petróleo, do cobre e do algodão caíram para metade. Mas demorou menos de um ano para que o ruído em torno das commodities voltasse a estar no máximo. E mais, a pior recessão económica em gerações nada fez mudar nos argumentos antigos no sentido de subidas. Os preços das commodities, aparentemente, continuarão a aumentar para todo o sempre, suportados no rápido crescimento dos mercados emergentes. A escalada actual pode bem ter pernas para andar. Mas, tal como da última vez, os fundamentos económicos não o sustentam. Assuma-se, como ilustração do argumento, que a oferta de longo prazo de recursos é mais ou menos a mesma que antes da crise. Isso parece sensato, dado o desfasamento temporal significativo da maioria dos projectos. A produção industrial mundial, no entanto, caiu 14% no último ano um proxy razoável da procura. Ao longo dos mesmos doze meses, o preço do níquel subiu mais de 50% e o cobre duplicou. Os outros metais também subiram, talcomoaenergiaeospreçosnaagricultura. FINANCIAL TIMES

4 4 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 DESTAQUE DESTAQUE CONTAS PÚBLICAS Crise obriga Governo a novo OE rectificativo Economistas e políticos querem explicações adicionais que justifiquem o pedido de mais 4,9 mil milhões de euros. Margarida Peixoto margarida.peixoto@economico.pt O Governo vai apresentar um novo Orçamento rectificativo à Assembleia da República para fazer face ao aumento do défice orçamental, anunciou ontem o ministro das Finanças. Teixeira dos Santos usou ontem o valor de referência que a União Europeia deu para o défice, 8%, preparando o terreno para a revisão em alta que deve anunciada hoje. Oministrogarantiuquearazão paraorectiticativoéaquebradas receitas. Mas, de acordo com as estimativas do Governo, o montantedareceitaemfaltanãoexplica a totalidade dos 4,9 mil milhões de endividamento adicional prevista neste rectificativo. AocontráriodoqueTeixeira dos Santos sempre disse, o Governo teve mesmo necessidade de fazer aprovar uma segunda alteração orçamental. Caso contrário, fica paralisada a acção do Estado, frisou o ministro, colocando pressão sobre a oposição, que deverá ter sentido de responsabilidade, acrescentou. Teixeira dos Santos explicou que a razão desta alteração não é uma derrapagem na despesa, mas antes uma queda mais acentuada do que o previsto nas receitas. Em Maio, o défice foi revisto para 5,9% e há um diferencial que poderíamos gerir sem necessidade de alteração, caso a receita se mantivesse, explicou Teixeira dos Santos. Mas constatámos que no mês de Outubro, e também já em Novembro, não chegaremos a atingir a previsão de receita, conclui, especificando que a quebraesperadaéde13,2%. Oproblemaéqueadiminuição da entrada de dinheiro nos cofres do Estado fruto de menos receitas de IVA, IRC, IRS e de contribuições para a Segurança Social (ver pág. 6) não permite explicar o valor que o ministro diz estar em falta. Comparando as estimativas de receita que estiveram na base do défice de 5,9% com a nova queda, a diferença são milhões de euros. E não os 4,9 mil milhões pedidos. Isso mesmo apontou Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, sugerindo que a discrepância por PALAVRA-CHAVE Redistributivo Se são precisos mais 4,9 mil milhões, não pode ser só por quebra da receita, diz Manuela Arcanjo, sublinhando a legitimidade da AR para pedir explicações. Esteéotempo de o Parlamento exercer a sua nobre função de fiscalização do Governo, defende o Presidente da República, Cavaco Silva. Já foi suplementar, agora é Orçamento redistributivo. A diferença, em termos legais, não é nenhuma, já que nenhum dos termos existe na legislação. Contudo, o Executivo explica que a diferença é que desta vez o Governo quer alterar a distribuição das despesas pelas várias rubricas. Por exemplo, da despesa com juros vão sair 600 milhões de euros que não terão sido necessários para distribuir pelas parcelas de gastos com a Caixa Geral de Aposentações, comavacinadagripeaeparaa dotação provisional, que serve para qualquer gasto extra que seja necessário. explicar se deve à necessidade de cobrir o buraco de 1,8 mil milhões do BPN. Há esclarecimentos que são imperativos. Se são necessários mais 4,9 mil milhões, não pode ser só por quebra da receita, concorda Manuela Arcanjo, ex-secretária de Estado do Orçamento. A Assembleia da República tem toda a legitimidade para pedir explicações. OParlamentotemqueperceber para que quer o Governo este montante adicional, frisa a economista. EsteéotempodeoParlamento exercer a sua nobre função de fiscalização do Governo e de aprovação desse documento tão importante, neste caso rectificativo, que é o Orçamento do Estado, remata Cavaco Silva, Presidente da República. Endividamento não aumenta Teixeira dos Santos explicou ontem que o limite total do endividamento autorizado pela Assembleia da República será o mesmo, já que os 4,9 mil milhões a mais para efeitos de défice, serão retirados do lado das garantias à banca. Mas na prática não é completamente indiferente, explicam os economistas. Neste momento, a lei do Orçamento do Estado permite que o Estado se endivide em 10,1 mil milhões de euros para efeitos de execução do Orçamento ou seja, para cobrir o défice e em 20 mil milhões no âmbito das garantias dadas ao sistema financeiro. A alteração que o Governo quer aprovar transforma os 10,1 mil milhões em 15 mil milhões e reduz as garantias à banca na mesma proporção ou seja, passam para 15,1 mil milhões. A diferença é que a autorização de financiamento para a banca só corresponde a dívida contraída se os bancos aderirem às garantias. Até lá, é virtual. Já a autorização para efeitos de cobertura do défice traduzir-se-á, a julgar pelas palavras do ministro, em efectivo endividamento. Contudo, é este detalhe que permite que Teixeira dos Santos defenda a alteração como sendo apenas um Orçamento redistributivo porque redistribui os limites de endividamentoealgunstectosdedespesa, sem ultrapassar os montantes totaisjáautorizados. com D.F. A cábula de Teixeira dos Santos De uma assentada só. Na mesma conferência de imprensa em que anunciou a apresentação dentro de dias de um segundo Orçamento rectificatvo, o ministro das Finanças pôs o BPN à venda. A densidade da informação levou Teixeira dos Santos a fazer-se acompanhar de notas, que usou como auxiliar de memória, sempre que precisou. No meio de tantos números e com temas tão importantes na agenda, os cálculos não podiam falhar. ENTREVISTA TEIXEIRA DOS SANTOS Ministro das Finanças Estão em causa tod Margarida Peixoto e Catarina Carvalho margarida.peixoto@economico.pt Teixeira dos Santos espera entregar nos próximos dias a proposta de alteração da lei Orçamental que permitirá financiar o agravamento do défice. Enquanto não for aprovada, estão em causa todos os estímulos à economia, sublinha. Disse que sem esta alteração fica paralisada a acção do Governo. Que áreas ficam mais prejudicadas? O Estado precisa de meios de financiamento para assegurar o funcionamento dos seus variados serviços e para financiar as políticas sociais e económicas que promove. A insuficiência da receita ocasionada pela crise obriga ao recurso a outras fontes de financiamento, mas para que isso seja possível a Assembleia da República tem que autorizar

5 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 5 PONTOS-CHAVE O Governo vai apresentar um novo Orçamento rectificativo à Assembleia da República para fazer face ao aumento do défice orçamental para perto de 8%. A oposição não está disposta a deixar passar o Orçamento rectificativo sem esclarecimentos adicionais, sobre o aumento da estimativa do défice. As Finanças vão divulgar hoje a execução orçamental de Outubro. Estes são os dados que Teixeira dos Santos aguardava para rever em alta o défice para Paulo Figueiredo Oposição quer mais explicações para viabilizar novo Orçamento Partidos exigem mais esclarecimentos para autorizar o aumento do défice para 8%. Catarina Madeira catarina.madeira@economico.pt O Governo decidiu iniciar a caminhada pela estrada mais tortuosa. O último Conselho de Ministros mostrou que o Executivo vai aproveitar o início da legislatura para tomar as decisões mais difíceis e menos populares. Para começar assumiu o aumento do défice, anunciou um Orçamento rectificativoeareprivatizaçãodo BPN. No mesmo dia, no Parlamento, assumiu o recuo na avaliação de professores. O timing não foi escolhido ao acaso. A agenda difícil surge num momento em que o Governo não pode ser destituído, o maior partido da oposição anda à procura de um líder e Cavaco Silva está mais contido a braços com o mais baixo nível de popularidade de sempre de um Presidente da República. Mas, no Parlamento, o Governo não tem a vida facilitada. A oposição não está disposta a deixar passar um novo Orçamento rectificativo sem esclarecimentos adicionais, sobre o aumento da estimativa do défice que poderá chegar aos 8% de acordo com as previsões da Comissão Europeia. As exigências de informação mais transparente ouviram-se logo depois das declarações de Teixeira dos Santos e foram transversais aos partidos da oposição, que não se mostram surpreendidos com o anúncio. Paulo Portas foi o primeiro a reagir: O Governo reconhece finalmente que o défice para este ano é aquele que terá sido estimado pela Comissão Europeia, Uma proposta destas não pode aparecer na Assembleia sem a respectiva justificação e base de análise, disse Ferreira Leite de 8%, disse o líder do CDS-PP, acusando o Executivo de não ter feito uma consolidação estrutural do défice na legislatura anterior. Ainda à direita, Ferreira Leite declarou-se espantada pelo facto do Governo justificar esta alteração ao Orçamento com a quebra da receita e que não com o aumento da despesa, depois de ter anunciado apoios e aumentos de apoios e aumentos de subsídios e bonificações a futuras linhas de crédito. Uma proposta destas não pode aparecer na Assembleia da República apenas como uma alteração do nível de endividamento, tem de ter a respectiva justificação e a respectiva base de análise, disse a presidente do PSD, para quem, o Executivo tem de esclarecer a aplicação dos recursos que foi anunciando. Já o PCP, pela voz do deputado Honório Novo, criticou o Governo por, depois de se recusar a apresentar um Orçamento rectificativo, acabar por bater um recorde apresentando dois no mesmo ano. Oposição liga aumento do défice ao buraco no BPN Aos pedidos de explicações, o Bloco de Esquerda juntou mais um ponto de interrogação: qual a relação entre a decisão do Governo e o buraco no BPN? Há uma relação óbvia entre aquilo que o Governo espera, mas não quer dizer porque sabe que o Estado vai perder e os contribuintes é que estão a pagar o buraco do BPN, e a diferença do valor que aparece nesta autorização para o aumento do endividamento, concluiu o líder do Bloco de Esquerda. Para Francisco Louçã existem quase quatro mil milhões de euros de aumento da dívida por justificar. E explicou as contas: O Governo diz que quer um aumento da dívida de 4,9 mil milhões euros, ou seja, 3% do produto, mas a diminuição das receitas a que o Governo se refere entre os dados da queda de impostos de Maio deste ano e oqueagoraseverificanãosãode 4,9 mil milhões, mas de cerca de mil milhões. Paulo Portas também quer que o Governo explique quanto custou a nacionalização do BPN, para que os contribuintes possam avaliar se foi uma decisão certa ou errada. Por isso, o CDS vai pedir ao ministro das Finanças que vá ao Parlamento prestar esclarecimentos. os os estímulos à economia o Governo a fazê-lo. Se não autorizar todas as áreas de acção ficam prejudicadas. A alteração orçamental é indispensável para concretizar os pacotes de ajuda anunciados? Exactamente. Como acabei de referir é preciso financiar todas as áreas incluindo as que têm a ver com o combate à crise. Que estímulos estão em causa? Todos. Como é que se justifica que embora a economia tenha tido um comportamento menos negativo do que o inicialmente esperado, a receita não chegue? A receita fiscal depende da evolução da base de tributação e existem impostos cuja base de incidência tem quebra mais acentuada que o conjunto da economia. Veja-se por exemplo o IRC que incide sobre os resultados das empresas e os impostos que incidem sobre o consumo de combustíveis. Não só os lucros das empresas caíram acentuadamente como a procura de combustíveis se retraiu e o seu preço baixou muito significativamente perante Para além disto, recorde-se que o IVA foi baixado em 1 ponto percentual e descemos o valor do Pagamento Especial por Conta, o que reduz a cobrança de impostosem2009. Onde foi a maior falha da receita? Foi fiscal ou contributiva? Ambas foram afectadas pela crise. Mas a alteração orçamental aprovada tem só a ver com a quebra da receita fiscal poiséumaalteraçãoaoorçamento de Estado, que não integra o orçamento da Segurança Social. Esta rectificação vai condicionar o orçamento do próximo anonaquestãodadívida? Se o défice em 2009 é superior ao esperado por insuficiência da receita fiscal, a dívida no fim de 2009 será também mais alta. Quando prevê entregar o documento no parlamento? Nos próximos dias. O que espera para 2010? Espero que 2010 seja claramente melhor que Com o esforço orçamental que tem sido feito espero que o crescimento da economia melhore e se situe em terreno positivo. Porém, subsistirá um nível de desemprego elevado e por isso, para os afectados, 2010 será um ano de dificuldades.

6 6 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 DESTAQUE CONTAS PÚBLICAS PAINEL DE BORDO: FACTORES QUE PRESSIONAM O DÉFICE ORÇAMENTAL PORTUGUÊS -3,8 19,6 0,0 0,4 32,5 Juros Excedente FSA Salários Contribuições Investimentos As despesas com o serviço da dívida caíram bastante devido à baixa dos juros, um cenário que não se deverá alterar nos próximos tempos. Segundo o ministro, isto permitiu uma poupança de 600 milhões. Os Fundos e Serviços Autónomos - hospitais e universidades, basicamente - estão a ter um ano atípico, com um excedente que já ascende a 800 milhões de euros, mais 19,6% do que no ano anterior. As remunerações dos funcionários públicos não estão a pesar mais no Orçamento do Estado, apesar dos aumentos generosos de 2,9% concedidos no ano transacto. As contribuições da Segurança Social estão praticamente estagnadas face ao mesmo período do ano anterior. A situação não melhorou mas pelo menos não se registou qualquer rombo. Os gastos com investimento cresceram devido à crise económica, o que aumentou o défice. O Governo, contudo, tem uma desculpa: sem investimento, a economia poderia estar pior. Governo revê em alta défice pela ter Queda da receita fiscal e subida das prestações sociais não compensam descida dos juros e explicam Pedro Romano pedro.romano@economico.pt O Governo deve hoje apresentar uma projecção para o défice orçamental a rondar os 8% do Produto Interno Bruto (PIB). A revelação foi feita ontem pelo próprio ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, que anunciou que as contas públicas vão revelar um rombo próximo ao estimado pela Comissão Europeia nas últimas previsões de Outono. De acordo com as informações que o Diário Económico já publicou, o Governo está a concentrar todos os esforços para que o défice fique abaixo dos 8% estimados por Bruxelas. Se a previsão da Comissão se verificar, o défice vai atingir o valor mais alto dos últimos 24 anos, depois dos 8,6% registados em Ou seja, bastaram dois anos para transformar o menor défice da democracia portuguesa (2,6% em 2007) no buraco mais profundo das últimas duas décadas. A revisão em alta, contudo, só espanta os mais desatentos. De facto, vários organismos internacionais já tinham previsto défices superiores aos 5,9% do Governo. Para além da já referida Comissão Europeia, também o FMI tinha apontado para 6,9% e ontem foi a vez de a OCDE colocar a fasquia nos 6,7% (ver pág. 8). ParaoantigoministrodasFinanças Bagão Félix, era óbvio que o défice de 5,9% não iria ser cumprido. O economista lembra os números reveladores que foram sendo mensalmente publicados pela Direcção Geral Era óbvio que o déficede5,9% não iria ser cumprido. Os números mensais da DGO eram reveladores disso, diz o antigo ministro Bagão Félix. Temos de começar a pensar em reduzir o défice. O nosso compromisso é fazê-lo a partir do fimdacrise,ou seja, em 2011, disse Teixeira dos Santos. do Orçamento e defende a tese de que já se sabia há muito que a previsão do Executivo estava desactualizada. Controlar a situação, apontam várias instituições e economistas, terá de passar necessariamente por duas vias: cortar nas despesas ou incrementar o crescimento económico, já que a margem para aumentar impostos é curta. O antigo ministro das Finanças, Eduardo Catroga, por exemplo, defende a introdução de uma regra que limite a despesa nominal do Estado nos próximos anos. E o próprio Teixeira dos Santos já disse que temos de começar a pensar em reduzir o défice. Terceira revisão do défice A estimativa conhecida hoje, seja ela qual for, será, de resto, a terceira revisão em menos de um ano. No final de 2008, o Governo apontava, no Orçamento do Estado, para um défice de 2,2% um valor que saltou para 3,9% no Orçamento suplementar de Janeiro e que se alargou até 5,9% com a publicação do Relatório de Orientação da Política Orçamental (ROPO), em Maio. O ponto de maior tensão na execução orçamental deste ano está, sem dúvida, do lado da receita fiscal. Segundo os dados da DGO, conhecidos até Setembro, a receita arrecadada com impostos já recuou 13,4%, com destaque para o mau desempenho do IVA e do IRC (ver ilustração). Só por esta via, o Orçamento já perdeu 3,4 mil milhões de euros. Do lado da despesa, a pressão vem sobretudo da Segurança So-

7 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 7 Alex Grimm/Reuters -24,1-22,7 18, ,6 IRC As receitas com impostos sobreasempresasestãoacair a pique, devido à redução acentuada dos lucros das maiores companhias. A isto soma-se ainda a antecipação dos reembolsos este ano. IVA Oimpostosobreovalor acrescentado (IVA) foi reduzido em um ponto percentual, o que se traduziu numa diminuição da receita. Além disso, o consumo tem-se retraído com a crise económica. RSI É esta é outra prestação social queestáaacusaroimpacto da crise no mercado de trabalho e nas famílias mais desprotegidas. O Governo já gasta mais 18,6% do que há um ano. Activos A aquisição de activos financeiros aumentaram 340% até Setembro. Estas são despesas - como aumentos de capital, por exemplo - não entram nas contas do défice mas que obrigam à realização de despesas. Subsídios de desemprego O desemprego está actualmente nos 9,8%, o que tem pressionado os gastos com subsídios para combater a perda de postos de trabalho. Os gastos já avançaram 28,6%. ceira vez o maior défice público desde cial:odesempregojáatingiuos 9,8% e as prestações com subsídio de desemprego subiram em flecha, acompanhadas por outros apoios como o Rendimento Social de Inserção. Masnemtudoémau.Adescida dos juros, por exemplo tem dado margem ao Estado para poupar nas despesas com o serviço da dívida algo que já deverá permitir uma poupança na ordem dos 600 milhões de euros este ano (ver pág. 4). Os salários da Função Pública também têm sido contidos, apesar dos aumentos generosos (2,9%) negociados em E os Fundos e Serviços Autónomos (hospitais e Universidades, sobretudo) apresentam um excedente confortavelmente superior ao registado em DÉFICE EM PICO HISTÓRICO Défice orçamental vai voltar aos valores da década de Fonte: Comissão Europeia e Governo 2009 CINCO PERGUNTAS A... MANUEL BAGANHA Ex-secretário de Estado do Orçamento A retoma económica nãosereflectelogo nas contas Os organismos têm revisto em alta as previsões de crescimento, mas essas melhorias não chegam logo às contas do Estado. Ainda mais quando falta tão pouco tempoparaofimdoano. O que significa um orçamento rectificativo numa altura em que as previsões de crescimento estão a ser revistas em alta? Há uma quebra de receita, em grande parte no IVA, que está relacionado com a actividade económica. O facto de estarmos a recuperar não se reflecte imediatamente nas contas públicas. E além disso estamos no finaldoanoe,porisso,jáhá pouco tempo para arrecadar receita. Se estivéssemos no início do ano poderíamos pensar que se a actividade económica está a dar alguns sinais positivos a recuperação de receita poderia correr melhor. Não era expectável que houvesse um Rectificativo? Havendo um novo limite ao endividamento tem de haver necessidade de fazer uma alteração. Ser mais tarde ou mais cedo, do ponto de vista de gestão orçamental, tanto faz. Chamar a esta alteração orçamental um orçamento redistributivo é uma questão de semântica? Serve para frisar que não há aumento de despesas, mas sim uma reafectação das mesmas. O ministro disse que o chumbo poderia paralisar a acção do Governo. Que consequências teria? Ainda é difícil saber quais as consequências, porque não temos os dados da execução orçamental. Portanto não podemos ter uma ideia de quais seriam eventualmente as despesas que estivessem perto do limite e qual seria o nível de endividamento neste momento, e portanto, o que seria preciso cortar para conter esse mesmo limite. Com um Governo minoritário, que atitude deve ter a oposição? Aquilo que penso que será expectável é que não haja problemas com a viabilização destas alterações. Mas, não me compete a mim dar recomendações aos partidos. M.M.O.

8 8 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 DESTAQUE CONTAS PÚBLICAS OCDE alerta que défice vai continuar a subir até 2011 Paulo Alexandre Coelho Portugal diverge da Europa na próxima década, com crescimento médio anual de 1,4%. Pedro Romano pedro.romano@economico.pt Se as autoridades não implementarem um plano de consolidação orçamental credível, as condições de crédito para o Estado e privados podem deteriorar-se significativamente, diz OCDE. A recessão económica pode estar a chegar ao fim, mas o défice orçamental português vai continuar a escalar durante os próximos dois anos. No Outlook publicado ontem, a OCDE reviu em alta a evolução do Produto Interno Bruto (PIB) para 2009, que agora deverá registar uma contracção de 2,7%, mas chamou a atenção para o alargamento do buraco das contas públicas, vai rondar os 6,7% do PIB este ano e atingirá os 7,8% em O problema pode mesmo agravar-se: a OCDE fez as contas para um prazo mais extenso e descobriu que, a manter-se a actual trajectória, Portugal vai chegar a 2017 com um défice de 1,4%, numa alturaemqueazonaeurojádeverá registar um saldo excedentário em 0,2% do PIB. A acumulação de défices sucessivos terá como consequência inevitável o avolumar de dívida pública, que ascende a 97% da riqueza nacional em 2011 e atinge mesmo os 106% em Um fardo pesado não apenas por pressionar o Orçamento de Estado, que tem de pagar os juros da dívida, mas também por tornar a própria dívida menos atractiva aos investidores estrangeiros o que não deixará de ter efeitos no rating e, por consequência, nos spreads pagos nos mercados internacionais. A OCDE, de resto, partilha estas preocupações e lançou um alerta: Se as autoridades não conseguirem implementar um plano de consolidação orçamental credível, as condições de crédito para o Estado e para os privados podem deteriorarse significativamente. Portugal tem dos piores desempenhosdaocde A incapacidade de controlar as contas é em grande parte resultado da fraca performance da economia nacional. Apesar de a contracção de 2009 ser menor do que o anteriormente estimado (4%), a economia vai entrar em banho-maria a partir dessa altura, crescendo sempre abaixo dos restantes países da zona euro. Nas previsões de longo prazo, Portugal cresce a uma taxa médiaanualde1,4%entre2012e 2017, menos 0,7 pontos percentuais do que o conjunto da zona euro. Dos 30 países considerados, só o Japão, com uma expansão de 1,2% por ano, consegue fazer pior do que a economia portuguesa. O calcanhar de Aquiles é, como sempre, a produtividade, que tem um potencial de crescimento máximo de 1% ao longo do período considerado. O problema não será contrariado pelo aumento do factor trabalho, já que o desemprego vai permanecer bem acima da sua taxa natural (ver texto do lado). Para evitar este cenário negro, a OCDE repete os conselhos feitos em Junho: implementar planos de consolidação orçamental, promover reformas estruturais para aumentar a competitividade e melhorar o sistema educativo de forma a estimular o potencial de crescimento económico de longo prazo. A OCDE recomenda a implementação de reformas para promover a competitividade e fomentar o crescimento. Previsões das instituições PIB Angel Gurría Secretário geral da OCDE Joaquín Almunia Comissário europeu dos Assuntos Monetários Dominique Strauss Kahn Director-geral do FMI Victor Constâncio Governador do Banco de Portugal -2,8% -2,9% -3% -2,7% CONSUMO PRIVADO -1% -0,9% -0,9% CONSUMO PÚBLICO 1,4% 1,7% 2,1% PROCURA INTERNA -3,8% -3,5% -3% EXPORTAÇÕES -14,7% -14,0% -13,1% IMPORTAÇÕES -14,4% -13,7% -11,7% INFLAÇÃO -0,9% -1% -0,6% -0,9% INVESTIMENTO -13,6% -15,2% -13,1%

9 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 9 Desemprego vai chegar aos 10% Retoma global ainda é tímida para estancar crescimento do desemprego, alerta OCDE. Mónica Silvares monica.silvares@economico.pt O desemprego deverá registar um crescimento adicional em 2010, atingindo os dois dígitos (10,1%), de acordo com as previsões da OCDE ontem publicadas. Só depois começará a baixar marginalmente em A OCDE consegue ser menos pessimista do que o Fundo Monetário Internacional (FMI) que aponta para uma taxa de desemprego de 11%, no próximo ano, depois dos 9,5% que espera para este ano. A Comissão Europeia, por seu turno, aponta, no próximo ano, para uma taxa de 9%, um valor bastante mais modesto, mas que o executivo de Bruxelas explica com a esperada diminuição da população activa. Ocenário,deacordocomos últimos valores, publicados pelo INE,ataxadedesempregoem Portugal, no terceiro trimestre já vai nos 9,8% e se forem contabilizados os inactivos disponíveis - ou seja, pessoas que não têmemprego,masquenãotomaram as diligências necessárias para serem considerados nas estatísticas, a taxa de desemprego já estaria em 11,2% - o equivalente a 630,4 mil pessoas sem ocupação. O ministro das Economia, Vieira da Silva, no final do Conselho de Ministros de ontem considera que a estimativa da OCDE é falível, referindo que há outras entidades internacionais que apontam num sentido da estabilização da taxa de desemprego. Vieira da Silva considerou pessimista a previsão e referiu que a evolução da economia portuguesa apresenta indicadores menos negativos do que os inicialmente esperado. TambémopresidentedaAicep, Basílio Horta, reconheceu que o desemprego é o aspecto mais nocivo da crise. Creio que durante algum tempo teremos de nos habituar a taxas que não eram habituais até porque o crescimento económico tem um efeito desfasado no tempo em relação ao aumento do emprego, explicou o responsável à margem da conferência do Diário Económico. AOCDEesperaque ataxadedesemprego no quarto trimestre, desteano,chegue aos 9,5%. A ANÁLISE DA OCDE À ECONOMIA INTERNACIONAL EUA PIB recua 2,5% em 2009 A recuperação ganha força, mas há ventos em sentido contrário. Assim retrata a OCDE a retoma dos EUA, onde o desemprego vai atingir uns históricos 9,2%. O relatório lembra que o mercado imobiliário vai demorar a recompor-se do choque, mas afasta novas falências em grandes bancos. Zona euro Desemprego atinge 9,4% A forte contracção na zona euro parece ter chegado ao fim mais rápido que o previsto, pode ler-se no relatório. Mas isso não impede a economia da moeda única de contrair-se 4% no conjunto deste ano, bem mais que do outro lado do Atlântico. As condições de financiamento estão a melhorar, mas devagar. O desemprego, esse, vai continuar a subir durante o próximo ano e só vai parar no início de 2011, quando a taxa se situar perto de 11%. De resto, a recuperação vai fazer-se de forma tão gradual que, no conjunto do ano de 2011, a Europa a 16 vai crescer apenas 1,7%, bem menos que o crescimento dos EUA já no próximo ano. Ásia China lidera, Japão afunda Um enorme contraste, este continente asiático. A China lidera a retoma e vai crescer 8,3% este ano, à custa de fortes apoios estatais. Apoios que não ameaçaram a sustentabilidade das contas públicas. A economia vai retomar o rápido crescimento no próximo ano e desacelerar em 2011, quando os efeitos das medidas de apoio começarem a desaparecer. Ainda assim, nesse ano, Pequim deverá ver o PIB avançar cerca de 9,3%. No lado contrário da barricada está o Japão, que vai recuar 5,3% este ano e que se assume como forte candidato a um cenário de deflação, com os preços a recuarem até Preços Matérias-primas de novo em alta À medida que a procura externa recupera, acumulam-se as pressões inflacionistas sobre os preços das matérias-primas e da energia deverá ser um ano de nova alta nos preços energéticos. Mas os restantes produtos não acompanharão a tendência, diz a OCDE. A inflação subjacente, que exclui as matériasprimas, deve continuar a descer ainda mais. Banca A sinuosa estrada da retoma Preparar a saída da crise. É este o mote das Previsões da OCDE. Uma tarefa que não se avizinha nada fácil. Luís Reis Pires luís.pires@economico.pt Um cenário diferente, mas com os mesmos(oumais)riscos.éoqueficada comparação entre o novo Outlook da OCDE e o anterior. Afinal o mundo já não vai acabar este ano e as economias até vão contrair-se umas décimas a menos do que se pensava, fruto dos consideráveis apoios dos governos e do bancos centrais. Mas os riscos à saída da crise são tantos ou mais do que os riscos com que o mundo se habituou a conviver durante a recessão. O caminho da retoma não é fácil. Há que preparar as estratégias de saída, definir o momento de retirar os apoios, acordar a melhor forma de aumentar a regulação financeira e manter os bancos debaixo de olho, não vão eles esquecerse que os activos tóxicos são maus. Tudo isto enquanto se combate o dano colateral que a crise deixou de brinde para 2010: a escalada do desemprego. Não vá a tarefa tornar-se demasiado fácil, há toda uma série de riscos externos prontos a complicar ainda mais a coisa. Com a procura externa a aumentar, os preços das commodities - que estavam tão bemassimadarparaomoribundoameaçam nova escalada. O dólar também não ajuda e deve desvalorizar ainda mais, em prejuízo do comércio externo da Europa e do Japão. Preparar maior regulação A política de maior regulação financeira deve ser definida rapidamente, até para os próprios bancos começarem a adaptarse à nova realidade. Os bancos devem continuar a reduzir o valor dos activos tóxicos em balanço e utilizar as grandes margens de lucro que obtêm para aumentar os rácios de solvabilidade. Juros Retoma Manter os níveis mínimos Definir estratégias de saída É cedo para as implementar, mas não é cedo para as definir. A OCDE avisa os governos para começarem rapidamente a preparar os contornos das suas estratégias de saída da crise. Ou seja, a forma e o timing em que vão retirar os apoios à economia eàbanca. Em termos de política monetária, ela deve manter-se expansionista, com juros próximos de zero, pelo menos até meados do próximo ano. Quanto aos apoios estatais, devem ser retirados de forma coordenada e quando isso já não ameaçar a recuperação. O que deverá acontecer, diz a OCDE, no início de Riscos Queda do dólar preocupa São vários os riscos que pairam sob o actual cenário de recuperação. Desde os apoios poderem ser retirados demasiado cedo, a um forteaumentodaprocuraexterna,que impulsione os preços do petróleo. Mas uma das maiores preocupações é mesmo a desvalorização do dólar. Se a quebra da moeda norte-americana persistir durante o período da projecção da OCDE, os Estados Unidos até ganham com isso, mas o mesmo já não podem dizer a zona euro e o Japão, que vêm a competitividade das suas exportações ameaçadas, com fortes consequências no crescimento, Astaxasdejurodereferêncianãodevem voltarasubirantesdemeados oumesmo finais dopróximoano,sobpenadeo sistema financeiro e a economia se ressentirem. Antes ainda, devem retirar-se as medidas extraordinárias de política monetária. Há espaço para manter os juros em mínimos históricos, porque, com excepção dos preços energéticos, a inflação continua muito abaixo da meta definida pelos respectivos bancos centrais.

10 10 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 ECONOMIA Sindicatos querem medidas para o emprego O dirigente da CGTP, Arménio Carlos, defendeu ontem, citado pela agência Lusa, que antes da discussão genérica sobre um eventual pacto de emprego, que voltou a ser defendido ontem pela ministra do Trabalho, é necessário dar respostas imediatas e apresentar medidas concretas aos problemas actuais. Já a secretária-geral adjunta da UGT, Paula Bernardo, saudou a iniciativa do governo, mas alertou para a necessidade de este conter medidas e objectivos concretos. Portugal tem mais 116 mil desempregados doqueháumano Os dados do IEFP revelam novo máximo no número de desempregados inscritos nos centros de emprego. No entanto, volume de ofertas subiu. Paula Cravina de Sousa paula.cravina@economico.pt Algarve é o mais penalizado AregiãodoAlgarveéamais penalizada no que respeita ao aumento do número de desempregados. O total de pessoas inscritas nos centros de emprego aumentou 81,5% face a Outubro do ano passado, logo seguido pela Madeira, onde se registou um incremento de 51,5%. Em termos de novos desempregados, o sul do país foi de novo o mais castigado. O número de desempregados que se Francisco Madelino Presidente do IEFP Só quando o crescimento da economia for sustentado é que a situação do desemprego será invertida, afirmou à agência Lusa. Os dados do desemprego divulgados são preocupantes e significativos. inscreveu nos centros de emprego subiu 13,7%, seguindose Lisboa, com 4,9%. Foi também no Algarve que se registou o maior número de desempregados que procuraram emprego devido ao fim do contrato a prazo ou por estarem a recibos verdes. No total, o fim de trabalho não permanente, que é o principal motivo de inscrição dos desempregados, representou 40% das inscrições feitas em Outubro. O ligeiro reanimar da economia nos dois últimos trimestres ainda não se reflecte no mercado de trabalho. O número de desempregados medido pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) voltou a atingir um máximo histórico em Outubro, ultrapassando os 517 mil. O valor espelha a deterioração do mercado de trabalho, já que representa um aumento de 29,1% em termos homólogos - o que corresponde a mais pessoas no desemprego - e de 1,4% face a Setembro. A parte menos negativa dos dados do IEFP é que o crescimento do número de inscritos nos centros de emprego subiu de forma mais moderada em termos mensais. Em Setembro o aumento tinha sido mais expressivo, de 1,7%, face a Agosto. Outro indicador positivo é o número de novos desempregados que atingiu os , uma redução de 0,8% face ao número de novos desempregados registados um ano antes e de 9,8% face a Setembro. Os números surgiram na mesma semana em que o Instituto Nacional de Estatística revelou que a taxa de desemprego do terceiro trimestre se situou nos 9,8%, um máximo histórico desde Por outro lado, a OCDE divulgou ontem as previsões para o desemprego para 2010 que deverá superar os 10% (ver página 8). Epreocupanteéapalavra mais utilizada tanto pelo Governo como pela oposição para caracterizar a situação. Sabendo que o mercado de trabalho é o último a reanimar, o primeiro-ministro anunciou mais uma medida de apoio aos desempregados: o alargamento do subsídio de desemprego, facilitando o acesso à prestação. No entanto, aplica-se apenas àqueles que ficarem desempregados em O presidente do IEFP, Francisco Madelino, afirmou-se preocupado, mas ressalvou, citado pela Lusa, que o aumento das ofertas de emprego mostra que a economia está a recuperar. O instituto revela que a oferta de trabalho subiu 21,8%, para para as ofertas de emprego. Por sua vez, a CGTP, citada pela agência Lusa, considera que os dados divulgados pelo IEFP confirmam o agravamento do desemprego, contrariando as afirmações do Governo de que a situação já era de estagnação. Arménio Carlos da comissão executiva da CGTP afirmou ainda que as medidas avulsas do Governo mostram que não existe uma visão estratégica para dar resposta ao problema do desemprego. Mais homens e adultos no desemprego O desemprego afectou em Outubro, mais homens, onde houve um aumento de 44,6% e adultos, com uma subida de 29,6%. Por outro lado, o número de desempregados é mais elevado no sector dos serviços e comércio, com pessoas inscritas nos centros de emprego. Mas não foi neste sector que o desemprego mais cresceu. Os trabalhadores da construção civil, da metalurgia, mas também dirigentes de pequenas empresas foram os que mais recorreram aos centros de emprego para voltarem ao mercado de trabalho. Pela positiva houve mais professores do ensino secundário e superior empregados. NÚMERO DE DESEMPREGADOS O número de desempregados inscritosnoscentrosdeemprego tem vindo a subir. Em Outubro houve novo máximo Jan 09 Fonte: IEFP Out 09 A ministra do Trabalho, Helena André, tem de lidar com um alto nível de desemprego.

11 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 11 EURO face ao dólar 1,4913 PETRÓLEO valor em dólares 77,79 TAXA EURIBOR a seis meses 0,987 AGENDA DO DIA Publicada execução orçamental de Outubro. Banco de Portugal avança indicadores de conjuntura. INE revela índice de preços na produção industrial. Encerramento do XIII Congresso de Direito de Trabalho. Paula Nunes QUATRO PERGUNTAS A... JOÃO CEREJEIRA Professor de Economia da Universidade do Minho Devem concentrarse todos os esforços no apoio ao emprego O professor da Universidade do Minho considera que é necessário que a economia cresça mais, para que isso se reflicta no emprego e considera que devem ser canalizados todos os esforços no combate ao desemprego e que as exportações devem ser apoiadas. O aumento era esperado? Já era esperado. Enquanto a economia não crescer a uma taxa superior a 1,5%, 2% ao ano é natural que o desemprego continue a subir. Agora estamos num período mais complicado ainda, porque não só a população activa está a descer, com as PUB pessoas desencorajadas a procurar trabalho e, paralelamente a isso, estamos a perder empregos. O próprio potencial produtivo está a diminuir, que é um fenómeno que não aconteceu em São necessárias mais medidas de apoio ao emprego por parte do Governo? O Governo não tem muita margem de manobra dada a dimensão do défice. Na minha opinião devia concentrar todos apoios que houvesse em medidas activas de promoção do emprego. Como por exemplo? A diminuição dos custos de contratação, o adiamento Não seria de desconsiderar taxas de Segurança Social diferenciadas entre sectores de actividade. da entrada em vigor do Código de Trabalho no que se refere à penalização dos contratos a prazo. É necessário também reforçar as medidas na formação profissional. E depois teria que haver também uma alteração ao tipo de apoio que se dá ao sector transaccionável da economia. As exportações são as que mais sofrem com a apreciação do euro face ao dólar e estão a sofrer um choque externo mais negativo. Sendo assim, não seria de desconsiderar a possibilidade de existirem taxas diferenciadas para as contribuições da Segurança Social entre sectores de actividade, nomeadamente distinguindo os que são exportadores dos que não são. Houve um aumento do número de desempregados, não só na construção civil e metalurgia, mas também nos directores e gerentes de pequenas empresas. Espelha as dificuldades das PME? Espelha e de que maneira. E aí havia também que relançar os apoios às pequenas empresas como restaurantes e comércio e adiar a entrada do Código Contributivo, que vai ter um impacto forte nesse tipo de empresas.

12 12 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 ECONOMIA EMPREGO Número de trabalhadores portugueses em Espanha sobe ligeiramente O número de trabalhadores portugueses inscritos em Espanha aumentou ligeiramente entre Setembro e Outubro, de para , mas continua aquém dos valores de há dois anos, quando chegaram a estar inscritas pessoas. Dados do Ministério do Trabalho espanhol, citados pela agência Lusa, confirmam que o número de trabalhadores tem vindo a aumentar desde Agosto, quando se registou o total mais baixo desde Julho de 2006, apenas trabalhadores. O governo brasileiro admite crescimento sólido depois de BRASIL Economia pode crescer até 6,5% no próximo ano, diz ministro da Fazenda O ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, estimou que a economia do país pode crescer até aos 6,5% em 2010 e que esta taxa pode manterse até A partir de 2010, pode entrar-se num ciclo de crescimento equilibrado e sólido, afirmou. Mantega reiterou que o Brasil já saiu da crise e disse ainda que o ciclo de crescimento que o governo antecipa pode ser ainda mais forte. O ministro disse também que a base de crescimento será tanto em relação ao consumo como ao investimento. Paulo Alexandre Coelho MALPARADO DAS FAMÍLIAS VOLTA A DESCER QUASE UM ANO DEPOIS Não é o inverter de um ciclo, mas antes mais um sinal positivo a apontar no sentido da recuperação. Quase um ano depois, o crédito malparado das famílias voltou a diminuir. Em Setembro, o valor dos empréstimos (grande parte dos empréstimos é para habitação) que os portugueses não conseguem pagar à banca recuou quase 3% face a Agosto. Porém, o malparado das empresas tornou a subir para máximos de 10 anos. Autoridade já obrigou a integrar contratados a prazo até Novembro Autoridade para as Condições do Trabalho vai publicar lista de empresas infractoras online. Cristina Oliveira da Silva cristina.silva@economico.pt A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) já obrigou, este ano, à reintegração de trabalhadores ilegais. A esmagadora maioria (3.615) diz respeito a contratos a termo irregulares. Os restantes casos referem-se a falsos recibos verdes (293), trabalhadores não declarados (833) e trabalhadores temporários (120). Os números foram revelados ontem pelo Inspector-Geral da ACT, à margem do XIII Congresso Nacional de Direito do Trabalho. De acordo com Paulo Morgado de Carvalho, a ACT já detectou a existência de cerca de 16 mil trabalhadores com salários em atraso (ou abaixo do devido) ou com contribuições em Os salários em atraso detectados ascendema9,9 milhões de euros eafugaa contribuições chegaa2,84 milhões, revelou Paulo Morgado de Carvalho. falta. O montante de ordenados em falta ascende a 9,9 milhões de euros, um valor que supera o número registado no ano inteiro de 2008 ( 7 milhões de euros). A fuga às contribuições chega a 2,84 milhões de euros. ACT divulga lista de infractores em breve Paulo Morgado de Carvalho revelou ainda que a ACT vai publicar brevemente on-line uma lista com as principais empresas infractoras, cumprindo o previsto no Código do Trabalho. Está a ser ultimado e esperamos disponibilizar este registo até ao final do mês, referiu. A ACT já avançou com 87 participações criminais, 56 das quais por encerramento ilícito, númerosquesuperamosregistos no ano inteiro de 2008 (59participações,13porencerramento ilícito). No total das participações, o sector do vestuário e calçado ganha destaque (25), seguido pela construção civil (13). Em termos de dimensão, as empresas com até nove trabalhadores contam 22 participações. Seguem-se empresas com 10 a 19 trabalhadores (13) e com 20 a 49 funcionários (10). Quando a ACT detecta prática criminal participa ao Ministério Público para que este dê seguimento à investigação. Neste âmbito, já existem, pelo menos, dois processos-crime, salientou o inspector-geral. Actualmente, a Autoridade está a acompanhar empresas, onde já avançou com 697 contra-ordenações. Ministra apela a melhores salários para combater desigualdade Durante o Congresso, a ministra do Trabalho defendeu um Pacto para o Emprego como resposta à crise e salientou a necessidade de um novo equilíbrio da política de rendimentos, tanto ao nível do salário mínimo como da evolução dos salários contratados colectivamente que contribua para a redução de desigualdades. Grandes empresas limitadas no subsídio As grandes empresas recentemente constituídas são prejudicadas no acesso a subsídio de desemprego quando estão em causa despedimentos por mútuo acordo, conforme explicou ontem o especialista Luís Miguel Monteiro. Por exemplo, em empresas com até 250 trabalhadores a quota de acesso ao subsídio está limitada a três funcionários ou 25% do total de empregados. Mas se há três anos as empresas não exerciam actividade tinham zero trabalhadores pelo que não se podia aplicar a percentagem. Ou seja, o subsídio fica apenas limitado a três pessoas.

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14 18 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 POLÍTICA Alexander Zemlianichenko Jr/Bloomberg Catherine Ashton era até agora comissária do Comércio da equipa de Durão Barroso. PERFIL Catherine Ashton Alto representante para a política externa da UE Esta Baronesa de 53 anos tem um perfil muito parco em política externa: um ano como comissária de política do Comércio na equipa de Durão Barroso, onde o seu maior feito político foi um acordo com a Coreia do Sul. Formada em Economia, Lady Ashton foi líder da Câmara dos Lordes, representando o governo britânico naquela câmara, e fez carreira no New Labour de Tony Blair e Gordon Brown, especializando-se na política familiar e de educação. Foi vicepresidente do conselho nacional das famílias mono-parentais. Herman Van Rompuy Presidente do Conselho Europeu Este democrata-cristão flamengo de 62 anos é um experiente político belga, sem qualquer currículo internacional. Representa a velha guarda dos políticos belgas, discreto, modesto, inteligente e escritor de poemas Haiku. Foi ministro do Orçamento entre 1993/9, presidente da câmara de representantes em 2007 e ascendeu a chefe de Governo há um ano, sem ser eleito, como solução de recurso para pacificar os conflitos regionais que lançaram o país numa crise institucional. Teve êxito. É menos federalista do que os seus conterrâneos, defende um imposto europeu e opõe-se à adesão da Turquia. Van Rompuy será presidente da UE e opõe-se à entrada da Turquia na União Europeia. Cara da UE no mundo será a de uma Dois desconhecidos, sem experiência internacional ascendem ao topo das instituições europeias. Barro Luís Rego em Bruxelas Luis.rego@economico.pt É uma mulher, a trabalhista britânica Catherine Ashton, actual comissáriaparaocomérciointernacional, a escolhida para representar a União Europeia no mundo como Alto representante. O líder belga, Herman Van Rompuy, também foi ontem confirmado para presidente da UE, na reunião de líderes europeus em Bruxelas. Estes dois desconhecidos do público europeu, com quase nenhuma experiência internacional, foram ontem os vencedores, da nomeação para os dois novos cargos de topo na UE, com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa a 1 de Dezembro. A decisão acaba por sorrir - e muito - para Durão Barroso que garante não só um socialista, e ainda por cima uma mulher, a seu lado no topo da comissão, Barroso garante uma socialista a seu lado no topo da comissão, ampliando a sua base de apoio na votação doseucolégiono Parlamento Europeu. ampliando a sua base de apoio na votaçãodoseucolégionoparlamento Europeu. Barroso consegue que o alto representante seja um membro da CE, e não alguém com experiência das diplomacias nacionais como era esperado -, e portanto alguém mais influenciável no colégio. E além disso, vê alguém com um perfil modesto subir a presidente do Conselho, não lhe fazendo sombra. Com Ashton, de acordo com os últimos contactos feitos, Barroso contajácomcercadenovecomissárias na sua equipa, mais uma que na actual Comissão. Ainda segundo fontes próximas da negociação, Gordon Brown, o líder britânico só aceitouobelgavanrompuy que tem uma visão da Europa nos antípodas de um Tony Blair, depois de ter garantias sobre o perfil de candidatos que Barroso colocará nos principais portfolios económicos, nomeadamente nos serviços financeiros. Ou seja, será alguém market friendly. A decisão de ontem acaba por ser uma decisão tipicamente europeia, dando resposta aos principais requisitos fixados para os cargos. A escolha assegura um equilíbrio regional (um belga, um britânico e um português), político (Ashton é socialista, adepta do mercado livre enquanto Van Rompuy é federalista e conservador, Barroso fará a ponte), e também no que foi a grande surpresa da noite no género, colocando pela primeira vez uma mulher numlugardetopo.éashtonresulta assim na resposta europeia a Hillary Clinton nos Estados Unidos. É ela que de acordo com o Tratado presidiráaoconselho de assuntos gerais, será vice-presidente da Comissão, ao lado de Barroso, e comandará o serviço de acção externa europeu, um corpo com cerca de 5 mil diplomatas em mais de 134 delegações no mundo. Ao contrário do que se esperava, a escolha acabou por ser simples. Londres que estava a bloquear o consenso em torno de Van Rompuy com a sua insistência em Tony Blair, deixou cair numajogadademestre-acandidatura do ex-primeiro-ministro na reunião dos líderes socialistas que antecedeu a cimeira. Dessa forma, com esse capital de queixa, obteve o acordo unânime dos socialistas para Ashton, anulando os outros candidatos. Num sinal importante para o futuro da democracia europeia, foram os principais partidos que decidiram os cargos de maior destaque da UE, reflectindo o resultado eleitoral: os populares ficaram com o presidente da Comissão e Conselho, e os socialistas com o alto representante.

15 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 19 Corte orçamental na Ordem dos Advogados A proposta de orçamento da Ordem dos Advogados para 2010, divulgada ontem pela Lusa, apresenta receitas de 13,4 milhões de euros e para despesas correntes totais um valor aproximado de 14,3 milhões, sendo que as despesas de investimento previstas atingem mais de 961 mil euros. A proposta de Marinho Pinto é discutida em assembleia-geral no dia 30 de Novembro. Entretanto, o bastonário já disse que a OA só será financeiramente viável se as contas forem equilibradas. AGENDA DO DIA Debate sobre o estado da Justiça em Coimbra, com Marinho Pinto. Cavaco Silva encerra o XIII Congresso de Direito do Trabalho, em Lisboa. O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, visita comando operacional do Exército. Yves Herman / Reuters OPINIÃO Apelo à sobriedade mulher so sai por cima. ANOVAEQUIPADAUE Dois desconhecidos com quase nenhuma experiência internacional, sobem ao topo da hierarquia europeia. Durão emerge como rosto mais conhecido e experiente. Com Ashton, Barroso já conta com nove comissárias na sua equipa, mais uma que em Resultado das eleições europeias determina cores políticas nos cargos europeus. JACQUES DELORS Fundador do Grupo de Estudos e Pesquisa Notre Europe e ex-presidente da Comissão Europeia. Existe uma condição prévia para o bom funcionamento da UE, independentemente das diferenças entre os seus Estados-membros: é preciso que as suas organizações trabalhem bem em conjunto. É precisamente este o objectivo do chamado método comunitário de decisão que, em determinadas ocasiões, permitiu à UE avançar a passos rápidos. Tal como permite ao Conselho Europeu, que representa os governos dos Estadosmembros, concentrar-se naquilo que é verdadeiramente importante: decidir o rumo estratégico das políticas europeias. O Parlamento Europeu e a Comissão Europeia completam o triângulo institucional que intervém a montante e a jusante do Conselho Europeu. A montante, a Comissão focaliza-se nos interesses europeus, apresenta propostas e recomendações ao Conselho de Ministros e aceita que algumas delas sejam rejeitadas, a jusante, o Parlamento Europeu que viu os seus poderes ampliados pelo Tratado de Lisboa não só exerce a sua responsabilidade de co-legislador a par do Conselho Europeu como estabelece a ponte com os eleitores da União. Em causa está a influência da UE incluindo, como é óbvio, a defesa dos seus interesses num mundo globalizado e multipolar. É, pois, fundamental que a máquina europeia funcione bem mesmo quando os 27 Estados-membros debatem as posições e o rumo da União. É óbvio que temos de ser realistas. Está em curso uma batalha diplomática pelas duas iminentes nomeações: presidente permanente do Conselho Europeu e alto representante para os assuntos externos. Há semanas que os media acompanham de perto esta história, gerando curiosidade em torno das personalidades passíveis de ocuparem um e outro cargo, e empolando as expectativas referentes aos seus poderes. Apelo, assim, a uma maior sobriedade em todo este processo. É natural que estes cargos sejam alvo de discussão. O mesmo se passa em relação aos cargos disponíveis na futura Comissão Europeia e ao cargo de presidente do Banco Central Europeu, cuja nomeação terá lugar em Ora, o presidente permanentedauesópoderáserútilse o nomeado, ou nomeada, facilitar o debate ao mais alto nível sobreofuturodaeuropa.anomeação de um super-presidente não se coloca sequer, uma vez que seria contrária ao contrato elementar da UE. O novo presidente deve, pois, ser um europeu convicto oriundo de um país que subscreva todas as políticas da União. Se a pessoa escolhida se considerasse presidente da UE, estaríamos perante uma interpretação medíocre do Tratado de Lisboa. Seria também um convite aberto ao conflito no que às competências diz respeito e um desafio às susceptibilidades dos chefesdeestadoedegoverno. Além disso, assistiríamos a uma PUB tensão permanente entre duas instituições e respectivas administrações: Comissão e Conselho de Ministros. O Conselho Europeuprecisa,aoinvés,deumpresidente e mediador capaz de gerar consensos. Quem for nomeado alto representante para os assuntos externos terá não só de ponderar as tradições geopolíticas como tomaremconsideraçãoasdivergências entre os estados-membros. O êxito do seu mandato O presidente da UE só poderá ser útil se o nomeado, ou nomeada, facilitar o debate ao mais alto nível sobre ofuturodaeuropa. será medido em função do reforço da coesão da UE em certas áreas da política externa. Penso, em particular, na relação com a Rússia e na dimensão do abastecimento energético entre este país e a UE. Os nossos interesses económicos devem traduzir-se em posições comuns no âmbito da política externa. Este seria um grande passo em frente e um passo de extrema importância para a política europeia de vizinhança a Leste. Para atingir este objectivo, o alto representante poderá aprender com o trabalho discreto e construtivo levado a cabo pelo seu antecessor no cargo, Javier Solana. Éperigosoempregaraspalavras erradamente. Se não regressar ao modus operandi robusto já referido, a UE, além de paralisar, vai distanciar-se ainda mais dos seus cidadãos. Eis a declaração subscrita pelas figuras públicas que integram o think-tank Notre Europe. Exclusivo Financial Times Tradução de Ana Pina

16 20 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 POLÍTICA PSD Pacheco Pereira diz contratação da LPM pode significar conflito de interesses O deputado do PSD, Pacheco Pereira, discorda da contratação da agência LPM para assessorar a bancada do PSD. Durante a reunião de ontem do grupo parlamentar do PSD, Pacheco Pereira questionou o líder parlamentar, Aguiar Branco, sobre o propósito da contratação da LPM, a qual, no entender poderá traduzir-se num certo conflito de interesses, uma vez que a agência trabalha igualmente para o Governo e para o primeiro-ministro. Pacheco Pereira contesta a contratação da LPM pelo PSD. PARLAMENTO Nomes indicados pelo PS e PSD para o Conselho de Estado são votados hoje A lista do PS e do PSD para integrar o Conselho de Estado, votada hoje no Parlamento, propõe os nomes de Almeida Santos, Manuel Alegre, Gomes Canotilho, Francisco Balsemão e António Capucho. Os três primeiros nomes foram indicados pelo PS, enquanto Pinto Balsemão e António Capucho foram a escolha do PSD. Todos os cinco integram actualmente o Conselho de Estado, tendo sido eleitos pelo Parlamento na anterior legislatura, embora Gomes Canotilho e António Capucho fossem membros suplentes. Vara espera deixar de ser suspeito na próxima semana Armando Vara será novamente ouvido na próxima sexta-feira. Advogado espera que, no próximo dia 27, o ex-vice do BCP saia deste pesadelo. Lígia Simões ligia.simoes@economico.pt Armando Vara regressa a tribunal na próxima sexta- -feira. Anteontem, recusou contribuir para o espectáculo degradante que, entende, a justiça tem dado. DIVULGAÇÃO DO CASO 28 de Outubro Foi há 23 dias que, pela primeira vez, se ouviu falar do processo crime mais mediático do ano de 2009: Face Oculta. Desde 28 de Outubro que se conhece a alegada rede tentacular liderada pelo sucateiro, Manuel Godinho. Armando Vara espera que fique tudo esclarecido no próximo dia 27 de Novembro quando regressar ao juízo de instrução criminal de Aveiro para continuar a ser interrogado no processo Face Oculta. Demonstrar em tribunal que não há indícios que justifiquem a constituição dearguidoéoobjectivo da defesa, depois do ex-ministro socialista ter reafirmado a sua inocência na primeira audiência desta semana. Esperamos que fique tudo esclarecido no próximo dia 27 e que o meu constituinte saia deste pesadelo, afirmou ao Diário Económico o advogado de defesa, Tiago Rodrigues Bastos. O que significa, diz, que não venha a ser produzido qualquer despacho de acusação no âmbito do processo Face Oculta. Segundo este responsável, na quarta-feira passada, após cinco horas de consulta do processo, Armando Vara começou a prestar alguns esclarecimentos às dúvidas levantadas pelo juiz António Costa Gomes. Sobre a consulta do processo, Tiago Bastos recusa avançar que tipo de elementos foram analisados, não confirmando tratar-se dos apensos em que estão incluídas as transcrições telefónicas e conversas presenciais. Na véspera do interrogatório desta semana a Armando Vara, a defesa tinha sublinhado a intenção de esclarecer tudo o que diga respeito a questões concretas, em vez de ser confrontado com acusações genéricas. Após a consulta dos elementos probatórios, Tiago Freitas corrobora apenas a afirmaçãodearmandovaraàsaídado Tribunal de Aveiro, na madrugada de quarta-feira, onde este afirmou não ter cometido nenhum crime. Nunca pedi dinheiro a ninguém e nunca recebi dinheiro de ninguém, garantiu Vara nove horas depois de ter entrado no JIC de Aveiro, o vice-presidente do Millenium BCP, que suspendeu funções. Os elementos que foram apresentados permitem a afirmaçãodequenãopraticouos factos de que foi acusado, realçou enigmaticamente Tiago Bastos. O advogado recusase a comentar se constava dos elementos consultados o alegado pedido de 10 mil euros, apontado pela investigação como contrapartida da sua influência no sentido de garantir o favorecimento das empresas de Manuel Godinho nos concursos para tratamento de resíduos em empresas do Estado ou de participação maioritariamente pública. Tiago Bastos destaca aqui, apenas,quejádepoisdaconsulta do processo no Tribunal de Aveiro, Armando Vara mantém que não praticou os factos de que foi acusado. No processo Face Oculta, as suspeitas que recaem sobre este ex-governante são as de tráfico de influência no âmbito da rede tentacular criada pelo empresário de Ovar. Manuel Godinho é o principal arguido do processo para privilegiar as suas empresas nos contratos de recolha e tratamento de resíduos industriais. Reforço pedido de alteração de medida de coacção a Godinho Entretanto, os advogados do principal arguido no processo Face Oculta defenderam ontem, num aditamento ao um requerimento levado na última semana ao juiz de instrução do caso Face Oculta, que Manuel Godinho tem condições para estabilizar a sua saúde em prisão domiciliária. Num requerimento apresentado na última semana, os advogados do empresário pediam ao juiz de instrução do processo que ajustasse as medidas de coacção a que o seu cliente está sujeitodevidoaoseuestadode saúde, mas não sugeriam qualquer alternativa. O sucateiro, Manuel Godinho, que está em prisão preventiva desde 30 de Outubro, tem um quadro cardiovascular complicado e problemas graves de diabetes, segundo Pedro Teixeira, um dos seus advogados, que cita relatórios médicos. VITALEAFACEOCULTA Vital Moreira Eurodeputado do PS Não vejo porque é que um partido há de ser imediatamente responsável pelas prevaricações ou ilícitos cometidos por alguns dos seus militantes, mesmo que sejam qualificados como alguns que estão a ser investigados neste momento. AfrasedeVitalMoreira,em entrevista ao DE, reflecte o que pensa sobre o envolvimento de vários militantes do PS (Armando Vara, José Penedos, Paulo Penedos, entre outros) no caso Face Oculta. Contudo, no caso do BPN, em plena campanha para as europeias, Vital foi criticado por estabelecer uma relação directa entre gradas figuras do PSD e a roubalheira nesse banco (até hoje não há nenhum acusado). Sobre a investigação Face Oculta, Vital diz que é bem-vinda porque mostra maior eficiência na descoberta da corrupção e deixa dois desejos: Que os culpados sejam responsabilizados e que, se as escutas entre Sócrates e Vara não têm relevância criminal e forem sobre questões íntimas, que sejam destruídas. Não percebo porque é que o primeiroministro não teria tratamento idêntico ao de um cidadão, acrescenta. L.R. José Penedos, rodeado pelos seus advogados: Rui Patrício à esquerda, e José Manuel Galvão Teles, à direita. COLUNA VERTEBRAL Espiões JOÃO PAULO GUERRA O telefone não pára de tocar. Devo ter caído no mailing de alguma central de contra-informaçãoeatodaahorarecebo alertas angustiados sobre o caso das escutas por dentro do caso

17 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 21 SURTO PANDÉMICO Pulido Valente abre mais uma unidade de internamento para doentes com gripe A O Hospital Pulido Valente, em Lisboa, inaugurou ontem mais uma unidade de internamento da gripe A, com 47 camas, para responder à evolução do surto pandémico. De acordo com a directora do Serviço de Pneumologia II do Centro Hospitalar Lisboa Norte, Cristina Bárbara, a primeira unidade, criada a 28 de Agosto, registou 216 internamentos, dos quais 90% eram doentes infectados com H1N1. Numa primeira fase, o hospital adaptou um piso de camas para o internamento para 24 doentes com gripe A. A gripe A e as suas consequências estão a preocupar os portugueses. ESTUDO Maioria dos portugueses estão muito preocupados com o vírus da gripe A Um questionário realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública, em colaboração com a Direcção-Geral de Saúde sobre a gripe pandémica mostrou que quase 80% dos inquiridos estão preocupados ou muito preocupados com o H1N1 e 83,3% consideram provável contrair o vírus nos próximos seis meses. Apenas 19,3% não se mostrou preocupado com o novo vírus da gripe, enquanto 2,3% dos inquiridos acham pouco provável virem a ser infectados nos próximos meses. Bruno Barbosa José Penedos será ouvido pela terceira vez Juiz diz que há muitas coisas poresclarecersobreo presidente da REN. Elisabete Soares e Lígia Simões elisabete.soares@economico.pt Comardescontraídoebemdisposto, José Penedos entrou ontem no DIAP de Aveiro para iniciar o interrogatório, depois do pedido da consulta do processo. O advogado José Manuel Galvão Teles confirmou que o presidente da REN foi inquirido pelo juíz António Costa Gomes, com as diligênciasaterminaremàs20h. O juiz presidente da Comarca do Baixo Vouga, Paulo Brandão esclareceu que a inquirição será retomada na segunda ou terçafeira porque há ainda muitas coisas para resolver sobre o envolvimento de José Penedos.O interrogatório ao presidente da REN começou na tarde de terça-feira, tendo sido interrompido ao final desse dia. Ontem foi retomado e novamente interrompido. Hoje à tarde, o filho do presidente da REN, Paulo Penedos - também arguido - regressa a tribunal para conhecer as medidas de coação. Está indiciado por dois crimes de tráfico de influências. Para hoje estão previstas novas diligências, desconhecendo-se o nome dos arguidos. Sobre José Penedos recaem, também, suspeitas de tráfico de influência no âmbito de uma rede tentacular montada pelo empresário Manuel Godinho que, mediante contrapartidas (presentes, alguns de valor avultado), terá obtido benefícios na adjudicação de concursos. contrar-se absolutamente tranquilo por não ter praticado qualquer acto ilícito ou meramente irregular no exercício das funções que desempenha na empresa participada pela Parpública. Em comunicado, após ter sido constituído arguido, José Penedos manifestou-se disponível para colaborar com as autoridades judiciárias e confiante no rápido apuramento da verdade. A 3 de Novembro, a REN acabaria mesmo por anunciar, por iniciativa de José Penedos, a realização de uma auditoria externa independente a todos os actos praticados no contexto das relações contratuais estabelecida com a O2, a empresa do grupo de Aveiro a que foram adjudicados os trabalhos de gestão de resíduos, sobre a qual as autoridades judiciárias solicitaram à REN a prestação de informações. A expectativa de José Penedos era a de contar com o relatório da Deloitte ainda antes de serouvidonotribunaldeaveiro. Mas as conclusões da auditoria externa são ainda aguardadas pelos accionistas da REN. Depois de duas audições esta semana, José Penedos regressa a tribunal na próxima semana. Face Oculta. Chegam sem remetente e interrogam-se em aflição: O que é que eles saberão mais?. Ou: Haverá mais alguém escutado?. O ambiente é de romance de espionagem. O jornal El País, que como se sabe é propriedade de um grupo editorial de uma família ideológica e política aparentada com o nosso PS, escreveu sobre o caso das escutas dentro do processo Face Oculta designando-o por um jogo de espiões. Mas quanto a jogos de espiões é francamente preferível o último romance de Robert Wilson, no cenário de corrupção transnacional entre Sevilha e Marbella, com ramificações para a Máfia russa e derivas para fundamentalistas do Magrebe. Por cá, como diz a reportagem de El País, o caso de corrupção subjacente a toda a embrulhada, ora, é mais um em Portugal, el enésimo. A grande questão é que o primeiroministro no salía bien parado de conversas com un ex político y banquero de dudosa integridad. Mas o jornal da Prisa grupo que, por sinal, também constará das conversas escutadas, gravadas e divulgadas arruma a questão como mais um duelo de suspeições transformadasem armasdearremesso. Mas de arremesso entre quem? El País escreve que os casos de escutas em Portugal salpican a Sócrates y Cavaco. Estava neste ponto da escrita do texto da coluna, a reflectir sobre salpicos, quando tocou mais uma vez o alerta de mensagens no telefone: Já existem cópias de conversas em poder da comunicação social. Há gente mergulhada num pânico de tal ordem que ainda começa a falar sem que alguém lhe faça perguntas. joaopaulo.guerra@economico.pt Escutas ao filho na base das suspeitas sobre Penedos Segundo os investigadores do processo são as escutas ao filho, Paulo, que justificam o eventual envolvimento do pai, José. O advogado Paulo Penedos também terá usufruído de contrapartidas financeiras para abrir portas ao empresário na REN, empresa da qual o seu pai é presidente. José Penedos terá recebido vários presentes (entre 2002 e 2007, com excepção do ano de 2005), alguns de valor considerável, aponta a investigação. ÀsemelhançadeVara,opresidente da REN tem declarado en- PUB Motorista Executivo Formação em Defesa Pessoal/ Anti-Carjacking/Anti-Rapto Inglês Francês Espanhol Italiano Contactos: Tlm: vipmotorista@gmail.com SEGURANÇA, ETIQUETA E CONFIDENCIALIDADE

18 22 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 POLÍTICA NUCLEAR Barack Obama estende a mão à Coreia do Norte e lança advertência ao Irão O presidente norte-americano reiterou ontem, em Seul, a sua vontade de diálogo quanto à questão nuclear norte-coreana e advertiu o Irão de que Washington e os seus aliados estão a discutir as consequências da recusa de Teerão em acabar com o programa nuclear. No último dia da sua viagem pela Ásia, Obama anunciou que os EUA vão enviar o embaixador Stephen Bosworth à Coreia do Norte em Dezembro, para iniciar conversações directas com os norte-coreanos. Barack Obama terminou ontem a sua viagem pela Ásia. AFEGANISTÃO Hillary Clinton elogiou discurso de posse do presidente afegão Hamid Karzai A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, elogiou ontem o discurso de posse do presidente afegão, Hamid Karzai, que prometeu combater a corrupção e assumir a segurança do país, em cinco anos. Promessas que vão ao encontro dos pedidos insistentes da comunidade internacional desde que a sua reeleição foi anunciada. O discurso inaugural do presidente Karzai constitui um novo ponto de partida importante e temos a intenção de construir com base nele, disse Hillary. PS e PSD alinhados na avaliação de professores João Paulo Dias Governo elogiou ontem a proposta do PSD. A oposição ataca o recuo dos social-democratas. Pedro Quedas pedro.quedas@economico.pt O Governo mostrou preferência pela proposta do PSD durante o primeiro dia de discussão dos projectos de revisão do modelo de avaliação dos professores e do Estatuto da Carreira Docente. Depois do primeiro dia que debate que ontem decorreu no ParlamentoéesperadoqueoPSvote, hoje, a favor do projecto de resolução dos social-democratas. Após ouvir as várias propostas por parte de todos os partidos da oposição, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, criticou duramente as posições de todos os partidos da oposição. Menos o PSD. Encaramos com uma atitude atenta a proposta do PSD, afirmou o ministro, destacando o facto da proposta socialdemocrata não interferir nas negociações com os sindicatos que decorrerão até ao final do ano. O projecto de resolução do PSD aponta um prazo de 30 dias paraachegadaaumconsenso PSD deixou de defender a suspensão da avaliação e passou a seroalvodascríticas de toda a oposição. quanto a um novo modelo de avaliação, o que choca com o prazo das negociações com os sindicatos, que estão marcadas até 30 de Dezembro. Questionadosobreseachapossívelrespeitar este prazo, Jorge Lacão respondeu que no campo das intenções políticas, estamos a trabalhar nesse sentido. Mas penso que a vossa proposta tem a sensibilidade de perceber que há um processo negocial em curso. Oposição arrasa PSD Mais duras ainda que as criticas ao Governo, foram os ataques das bancadas parlamentares da oposição ao PSD, que acusaram de terfeitoumacordocomogoverno para verem aprovada a sua proposta. Questiono-me se o acordo que fizeram com o PS os inviabiliza de votar nas propostas dos outros partidos da oposição, apontou Paulo Portas, do CDS. OGovernosabequeoPSvai aprovar a proposta do PSD e estão todos felicíssimos por isso. E essa proposta é um desastre, diz Louçã do Bloco que aproveitou também para mostrar o seu desagrado pela ausência de Isabel Alçada na sessão parlamentar. Nenhum dos projectos da oposição pode ser aprovado sem o voto a favor da bancada do PSD. No sentido inverso, a proposta do PSD não pode ser chumbada sem o voto contra do PS. Uma das críticas mais recorrentes foi a queda da palavra suspensão da avaliação, que tinha sido utilizada na campanha pelo PSD e, agora, foi mudada para substituição. Pedro Duarte,emresposta,ironizou que se tratava de ciúme parlamentar e disse que o PSD queria ir mais além, avançar para a revogação do modelo anterior. A suspensão imediata teria um impacto no 1º ciclo. Todasosoitodiplomasderevisão do Estatuto da Carreira Docente serão votados hoje, na Assembleia da República. Ontem foi o ministro dos Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão, que representou o Governo. PSD dividido na Educação e no enriquecimento ilícito José Luís Arnaut foi uma das vozes que ontem, na reunião dos deputados do PSD, criticou a agenda da bancada. Arnaut discordou que o partido tenha deixado cair a suspensão da avaliação (uma exigência do PSD até aqui) substituindo-a pela substituição do modelo actual. Ainda ontem, José Pedro Aguiar Branco, justificou a nova posição do PSD com a necessidade de desbloquear o impasse que existia e afirmou que este é um dia para abdicar de pequenas vitórias, pequenos preconceitos e grandes teimosias. Mas este não foi o único ponto de desacordo entre a bancada laranja. Arnaut pediu ainda que o PSD se foque na corrupção, liderando o debate Arnaut criticou o recuo da direcção do PSD em relação à avaliação dos professores, que Aguiar Branco justificou com a necessisdade de desbloquear o impasse. sobre o tema e lembrou que foi o BEenãoomaiorpartidoda oposição a agendar o primeiro debate. O ex-secretário-geral do partido afirmou ainda que o PSD não pode ter propostas avulsas sobre a corrupção tal e qual defendeu Aguiar Branco quando Rangel avançou com o pedido da criminalização do enriquecimento ilícito embora desta vez o líder parlamentar o tenha feito. Arnaut foi acompanhado por outros deputados como Jesus Correia e Mota Amaral. F.T. e C.M.

19 Sexta-feira 20 Novembro 2009 Diário Económico 23 RELATÓRIO Cuba rejeita criticas do relatório da Human Rights Watch sobre direitos humanos A imprensa oficial cubana rejeitou ontem o relatório divulgado pela organização norte-americana Human Rights Watch (HRW), considerando que se trata de uma tentativa de manchar a impecável obra da ilha a favor da dignidade e dos verdadeiros direitos humanos. Um artigo do jornal Granma, porta-voz do Partido Comunista de Cuba, acusa a HRW de manter uma repetição da mensagem anti-cubana, rejeitando assim o relatório que aponta casos de violação de direitos humanos em Cuba. O primeiro-ministro Zapatero pagou um resgate aos piratas somalis. SOMÁLIA Oito piratas casaram na vila de Haradhere com dinheiro pago pelo Governo espanhol O dinheiro do resgate pago pelo Governo espanhol aos piratas somalis que sequestraram um navio pesqueiro no dia 2 de Outubro está a ser usado para pagar casamentos e festas na localidade de Haradhere. De acordo com um repórter do diário El Mundo, oito dos piratas casaram nomesmodiaeaachamada cidade dos piratas foi dominada por orgias, drogas e álcool. O jornal espanhol acrescenta ainda que a inflação disparou nos últimos dias em Haradhere. OMS diz que vacina da gripe A é segura A vacina contra o H1N1 já chegou a 65 milhões de pessoas sem efeitos adversos graves. Catarina Duarte catarina.duarte@economico.pt A ministra da Saúde, Ana Jorge, tem reafirmado que a vacina é segura e deve continuar a ser administrada. A Organização Mundial de Saúde exclui uma relação directa entre as 30 mortes que lhe foram reportadas e a vacina da gripe A. Apesar de algumas investigações ainda estarem a decorrer, as que já estão concluídas ilibam a vacina pandémica da causa de morte, disse ontem Marie-Paule Kieny, responsável da OMS pela vacinação, acrescentando que todas as mortes foram devidamente investigadas. De acordo com a OMS, a vacina da gripe A já chegou a 65 milhões de pessoas em todo o mundo e os resultados dos testes sobre a sua segurança são animadores. Os dados foram reportados por 16 dos 40 países que já iniciaram as campanhas de vacinação. Porcada10mildosesdevacinas administradas foi reportado apenas um caso com efeitos secundários. Apenas cinco em cada 100 casos foram efeitos secundários graves, como situações de morte, acrescentou Kieny. Para já, os dados confirmam que a vacina da gripe pandémica é tão segura como a da gripe sazonal, afirmou a especialista da OMS. Em Portugal a gripe A é já responsável por sete mortes. Mas na última semana três fetos morreram depois das mães terem sido vacinadas. Os especialistas descartam uma relação entre as mortes e a vacina mas a Agência Europeia do Medicamento (EMEA), responsável pela aprovação das vacinas usadas na Europa, está a investigar dois dos casos. As mortes dos três fetos vieram agravar as dúvidas quanto à segurança da vacinação nas grávidas e nas crianças. Mas a OMS garantequeavacinaçãoétãosegura em crianças como em adultos. Não existe qualquer razão para que as crianças não sejam vacinadas, disse Kieny. Uma recomendação que deve ser seguida pelos médicos portugueses, defende o chefe de pediatria do Hospital de Santa Maria. Gomes Pedro diz que não existem evidências científicas queprovemqueavacinanãoé segura, pelo que tem aconselhado a sua toma a todas as crianças, aplicando o princípio fundamental da medicina preventiva. Eu não faria nenhuma criança correr riscos, disse ao Diário Económico. Apesar de esta ser uma doença ligeira, existem complicações e não quereria que uma família tivesse de encarar um problema grave quando existe uma vacina disponível para o prevenir, acrescentou Gomes Pedro. PUB

20 24 Diário Económico Sexta-feira 20 Novembro 2009 EMPRESAS PUB Volkswagen quer Autoeuropa a trabalhar seis dias por semana RENAULT MOSTRA CARRO ELÉ A casa-mãe do grupo quer aumentar os dias de trabalho, de forma a responder ao aumento das encomendas. Mas os trabalhadores recusam. Sara Piteira Mota sara.mota@economico.pt A maior fábrica de carros portuguesa volta a ser confrontada com uma tentativa da casa-mãe para alterar o ritmo de trabalho, devido à recuperação do mercado automóvel e ao aumento do volume de encomendas. A Volkswagen (VW) insiste que é preciso aumentar o número de dias de trabalho por semana, pois só dessa forma será possível a fábrica tornar-se competitiva. Cada colaborador deveria compreender que devido à procura anual, teríamos de adoptar umasemanaaseisdiasdemodoa compensar as semanas de trabalho mais curtas de Abril e Maio deste ano, diz a carta da administração da VW enviada à Comissão de Trabalhadores (CT) da Autoeuropa, a que o Diário Económicoteveacesso. Uma medida que a casa-mãe sugere que seja implementada pelo menos até Em resposta a esta carta, a CT diz que os trabalhadores decidiram e está decidido, referindo-se ao préacordo chumbado em Junho passado (ver texto ao lado). A comissão sabe que alguma coisa temqueserfeita,masostrabalhadores não podem ser prejudicados defendeu António Chora, coordenador da CT, em declarações ao Diário Económico. Contactada pelo Diário Económico, fonte oficial da Autoeuropa confirmou que a carta da VW foi enviada à CT e que a admnistração da empresa equaciona a introdução da semana de seis dias. Temos de considerar a flexibilidade adicional. É uma questão que está sempre em cimadamesa.estetemamantém-se até se chegar a um acordo, afirmou a mesma fonte. Na missiva, é ainda referido que devido ao enquadramento legal em Portugal, as alterações eram muito difíceis, mas com as mudanças na legislação laboral portuguesa isto agora deveria ser possível e implementado. PALAVRA-CHAVE Martin Winterkorn, presidenteexecutivo do grupo Volkswagen, pediu à fábrica de Palmela para aumentar o número de dias de trabalho por semana. António Chora, coordenador da CT da Autoeuropa, diz que existem outras ferramentas para enfrentar o efeito sazonal, mantendo o emprego e respeitando a lei. Incentivos às creche Partedopacotedemedidas governamentais de apoio à natalidade encontra-se no Orçamento de Estado de 2008 sob a forma de incentivos fiscais previstos para as empresas que criem creches ou que concedam donativos para a instalação de creches ou jardins de infância. Assim, as empresas nacionais podem deduzir até 140% do valor dessa doação, mas o benefício associado não poderá ultrapassar 0,6% da facturação anual. Foi também confiantes disso que investimos em Portugal. No final de 2007, a VW anunciou um investimento de 540 milhões de euros para a fábrica portuguesa, que se destinava a modernizar e a implementar uma linha de montagem única na unidade, para poder receber outros modelos. Em resposta a CT responde que agradece o investimento queavwtemfeitonestaempresa e que se deve sobretudo à flexibilidade que os trabalhadores têm demonstrado. Aumento de encomendas obriga a mais agilidade A fabricante alemã refere que devido ao acréscimo de encomendas do Sharan foi necessário aumentar a produção deste modelo. Esta é um das razões que leva a fábrica de Palmela a exigir mais agilidade nos tempos de trabalho. A Autoeuropa pretende ser uma fábrica multi-produto com uma elevada flexibilidade. ( ) Se olharmos para os anos 2011 e 2012, podemos verificar que irá estar sempre presente o efeito sazonal, adianta o documento. Além, disso esta é uma fábrica que produz modelos de nicho de mercado, tais como o desportivosciroccoeodescapotável Eos, o que provoca uma oscilação ainda maior na produção. No mesmo dia que os trabalhadores recebem esta carta, Andreans Hinrich, director-geral da Autoeuropa, publicou na intranet da AE uma entrevista sua à rádio TSF, em que alerta os trabalhadores que Portugal e a Autoeuropa têm que ultrapassar o problema da flexibilidade, com o risco de comprometer os postos de trabalho. O gestor disse ainda que a Autoeuropa está a estudar o investimento numa creche para apoiar as famílias cujos pais trabalhem na fábrica, de forma a que tenham onde deixar os filhos ao sábado. Actualmente, a empresa está a produzir uma média de 420 carros por dia e no inicío do ano a produção irá aumentar. com M.C. O ANO DIFÍCIL EM PALMELA Em Março, os trabalhadores da Autoeuropa ouviram falar pela primeira vez em lay-off (redução do tempo de trabalho e da produção) como uma possibilidade pra combater a queda de encomendas. No princípio de Junho, a administração da Autoeuropa e a Comissão de Trabalhadores (CT) chegaram a um consenso sobre a proposta de pré-acordo de empresa para a fábrica. Duas semanas depois, o préacordo foi a votação e foi chumbado pela maioria dos trabalhadores. Isto abriu caminho à aplicação de doze dias de layoff na empresa, previstos para os últimos meses do ano. Após a fim das férias na empresa, em Setembro, a empresa anuncia que graças aos sinais de retoma da economia, os dias de lay-off previstos para os últimos meses do ano seriam cancelados. Em Novembro, face à recuperação da economia, a empresa pede aos trabalhadores para trabalharem mais dias por semana, de forma a responder ao aumento das encomendas. TRÊS PERGUNTAS A... LUIS GONÇALVES DA SILVA Economista É essencial que percebam que estão em causa os seus postos de trabalho

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