Issn ano 119 Nº 359 jul/ago/set 2011 brasil: independência na cibernética e na energia nuclear

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1 Issn ano 119 Nº 359 jul/ago/set 2011 brasil: independência na cibernética e na energia nuclear

2 Nesta edição: 4 editorial Comentário do V Alte Pimentel, Diretor Cultural 6 EM PAUTA Notas sobre acontecimentos no CN 8 sede social o entorno do clube naval Matéria elaborada pela Editoria a importância estratégica do ciberespaço Pág 18 Um alerta sobre a possibilidade de uma guerra cibernética CMG (Ref.) Fernando Malburg da Silveira 10 sete de setembro ecos do ipiranga Alocução do C Alte Domingos Sávio Almeida Nogueira 15 desenvolvimento visitando o programa nuclear brasileiro V Alte José Eduardo Pimentel de Oliveira 18 cibernética a importância estratégica do ciberespaço CMG (Ref.) Fernando Malburg da Silveira 22 tecnologia uma visão da evolução recente da tecnologia da informação e das comunicações (TIC) na marinha do brasil CF (EN) Leonardo da Silva Mattos 30 atualidade Líbia. Alguma luz no fim do túnel? Embaixador Luciano Ozório Rosa a reconquista Pág 50 A viagem do galeão português Príncipe Real ao Brasil, com uma importante missão C Alte Domingos Pacífico Castello Branco Ferreira 36 geopolítica o desafio brasileiro na primeira metade do século xxi Alte-de-Esq (Ref.) Hernani G. Fortuna 39 marinhagens respeito e cortesia navais CMG (Ref.) Gilberto Pereira 40 viagens um turbilhão de águas. CT Rosa Nair Medeiros 46 liderança o relacionamento do líder formado na escola naval com aquele formado no ciaw, tendo como referência o peamb Aspirante Escola Naval Gabriel Barros um turbilhão de águas Pág 40 Uma viagem pelas maravilhosas cataratas do Iguaçu Cap.-Ten. Rosa Nair Medeiros 50 Histórias navais A reconquista. ode a portugal (o galo e a barrica) C Alte (Ref.) Domingos Pacífico Castello Branco Ferreira 56 filosofia filosofia é ou não ciência? Walter Arnaud Mascarenhas 64 modernidade identifique-se! As novas carteiras de identidade: o registro de identidade civil (ric) e a carteira de identidade militar para as forças armadas CMG (IM RM1) André Victor Valavicius 72 exposições 42º salão de belas artes do clube naval: sucesso absoluto 74 última página aquele que realizou Homenagem saudosa ao Vice-Almirante Luiz Sanctos Döring, ex-diretor Cultural do CN líbia: alguma luz no fim do túnel? Pág 30 As possíveis consequências para o mundo, da recente queda de Gadáfi Embaixador Luciano Ozório Rosa

3 O Clube Naval teve um terceiro trimestre muito movimentado em suas atividades sociais e culturais, em decorrência de várias festividades e visitas ocorridas no período. Tivemos as comemorações da Semana da Pátria, a inauguração do 42º Salão de Belas Artes, a Noite Alemã, no dia 16 de setembro de 2011 e as excelentes visitas às instituições ligadas ao programa nuclear brasileiro. Ainda, neste número, como de costume, são apresentados vários artigos literários e políticocientíficos, onde destacamos dois, das áreas de informática e telecomunicações, que, juntamente com as visitas na área nuclear, demonstram o interesse do nosso corpo social na busca de nosso país por sua "independência" tecnológica. E, para concluir, são apresentados os costumeiros artigos e aspectos da vida social do Clube e da Marinha. Clube Naval Av. Rio Branco, 180 5º andar Centro Rio de Janeiro RJ Brasil Tel.: (21) Presidente V Alte Ricardo Antonio da Veiga Cabral Diretor do Departamento Cultural V Alte José Eduardo Pimentel de Oliveira Editoria VAlte José Eduardo Pimentel de Oliveira CMG Adão Chagas de Rezende Jornalista Responsável Antônio de Oliveira Pereira (DRT-MT. Reg ) Direção de Arte e Diagramação AG Rio - Comunicação Corporativa ag-rio@agcom.com.br (21) Produção José Carlos Medeiros Atendimento Comercial Tel.: (21) revista@clubenaval.org.br As informações e opiniões emitidas em entrevistas, matérias assinadas e cartas publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. Não exprimem, necessariamente, informações, opiniões ou pontos de vista oficiais da Marinha do Brasil, nem do Clube Naval, a menos que explicitamente declarado. A transcrição ou reprodução de matérias aqui publicadas, em todo ou em parte, necessita da autorização prévia da Revista do Clube Naval. Os artigos enviados estão sujeitos a cortes e modificações em sua forma, obedecendo a critérios de nosso estilo editorial. Também estão sujeitos às correções gramaticais, feitas pelo revisor da revista. As fotos enviadas através de devem medir o mínimo de 15cm, em jpg ou tif, com 300dpi. Errata da edição anterior (nº 358): Página 43: Editorial Na 2ª coluna, 3ª linha, leia-se: Vice-Almirante (FN-Ref) Paulo Frederico Soriano Dobbin 4 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval 359 5

4 eventos e comemorações na sede social CURSOS REALIZADOS PELA FE- MAR NO CLUBE NAVAL O Clube Naval, em parceria com a Fundação de Estudos do Mar (FEMAR), desde março de 2006 vem realizando, no auditório do 5 andar da sua Sede Social, cursos gratuitos para seus associados. O objetivo do Clube e da FE- MAR é, especialmente, contribuir na preparação do oficial de Marinha para o mercado de trabalho, por ocasião da sua transferência para a reserva. Nos dias, 12/7 e 31/8/2011 foram realizadas, respectivamente, as cerimônias de encerramento, com entrega dos certificados, dos cursos Aspectos Legais da Gestão Ambientale Transporte Marítimo. Na foto acima o Comte Chagas, Assessor Cultural do Clube Naval, Simone Nogueira Vieira da Silva, coordenadora de Ensino da FEMAR e os Professores Sergio Ricardo da Silveira Barros e Paschoal Prearo Junior, no encerramento do curso Aspectos Legais da Gestão Ambiental. Na foto ao lado o Comte Chagas, Assessor Cultural do Clube Naval, Comte De Paula, Gerente de Ensino da FEMAR, a professora Mariana Paes Figueiredo Costa com os alunos, no encerramento do curso de Transporte Marítimo. Divulgando o Clube Naval No dia 04/8/2011 o Presidente do Clube Naval, recebeu na sua sala o Sr. Luiz Carlos Pereira Coelho e o Prof. Edson Schettine de Aguiar, respectivamente, Editor e Relações Públicas do jornal Folha Militar, para uma entrevista, com o propósito de divulgar o Clube Naval e suas atividades aos leitores daquele periódico. lançamento de livro O livro "A Marinha Imperial na Guerra do Paraguai não foi só Riachuelo", de autoria do Vice-Almirante Luiz Edmundo Brígido Bittencourt, foi lançado no dia 9 de agosto, às 17 horas, no Salão de Encontros Sociais da Sede Social do Clube Naval, em tarde-noite de autógrafos organizada pelo Departamento Cultural. O livro, numa visão critica e ampla da Guerra do Paraguai, propõe destacar heróis, pouco citados por outras publicações que dissertam sobre a história do Brasil e, que se somam a Tamandaré, Barroso, Inhaúma, Maris e Barros, Marcílio Dias, Frontin, Soares Dutra, Ary Parreiras e demais. Na foto, o autor entregando ao Presidente e ao Diretor Cultural do Clube Naval um exemplar do livro, doado à biblioteca. eventos e comemorações na sede social Reunião de homenagem No dia 27 de julho, foi realizada a Reunião do Conselho Diretor, no Auditório do 5 andar. Essa reunião teve como objetivo principal homenagear a despedida do sócio Comte Raul Castro e Silva, que recebeu uma placa de agradecimento aos trabalhos realizados no Clube no período de junho 2005 a junho 2011, entregue pelo Presidente do Clube Naval, Vice Almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral, acompanhado do Presidente do Conselho Diretor, Capitão de Mare-Guerra Fernando Moraes Baptista da Costa. forças armadas A Comissão Interclubes, formada pelos presidentes e sócios dos Clubes Naval, Militar e da Aeronáutica, se reúne, mensalmente, para discutir, entre outros assuntos, a situação das Forças Armadas no cenário político do país. A reunião do dia 12/09/2011, realizada no Clube Naval, contou com a presença do Deputado Federal Alessandro Molon. 6 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval 359 7

5 sede social O Entorno do Clube Naval: Theatro Municipal Das janelas da Sede Social do Clube Naval, podemos observar parte importante do acervo imobiliário, cultural e artístico da cidade do Rio de Janeiro. São Paulo é considerada a capital comercial do país e o Rio de Janeiro pode ser considerada a sua capital cultural. No entorno do Clube, encontram-se prédios monumentais que compõem o Corredor Cultural Carioca. do Rio de Janeiro (Matéria elaborada pela Editoria da RCN) Assim como o Clube Naval propõe uma integração cultural e social entre seus sócios, dependentes e visitantes, sediando palestras, almoços culturais, exposições de obras de arte, solenidades e eventos em geral, cada um desses monumentos arquitetônicos, disponibiliza e propaga a cultura artística brasileira e internacional. Vale a pena levar a família a conhecer o que foi e é o nosso Brasil, a nossa história e se apaixonar culturalmente. Em sua próxima visita à já centenária Sede Social, inaugurada em 11 de junho de 1910, aproveite e conheça as maravilhas do seu entorno. Programe-se, fazendo da nossa Sede Social o seu ponto de apoio. Visite esses lugares maravilhosos e aproveite o que oferece o Corredor Cultural Carioca. Nesta edição vamos priorizar o Theatro Municipal do Rio de Janeiro, que se encontra localizado no traçado original da antiga Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, ao lado da nossa Sede. Em 1894 o autor teatral Arthur Azevedo lançou uma campanha, na imprensa, para que fosse construído um teatro como sede de uma Companhia Teatral Municipal no Rio de Janeiro, aos moldes da já existente Comédie-Française. Através de lei municipal de 1894, cuja finalidade era permitir a captação de recursos para a construção da obra, impostos municipais foram criados para tal fim e durante o quadriênio do governo do presidente Rodrigues Alves, no limiar do século XX, e sendo prefeito o engenheiro Pereira Passos, iniciou-se a construção desse majestoso e já centenário, Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Inaugurado no dia 14 de julho de 1909 por Nilo Peçanha, então presidente da República, sendo Serzedelo Correia o prefeito da cidade do Rio de Janeiro, este belíssimo teatro, por feliz coincidência estética, fica junto ao Clube Naval, formando um importante acervo imobiliário histórico cultural da cidade. A história registra que houve um empate técnico entre dois projectos concorrentes: Isadora e Aquilla. Coube ao arquiteto francês Albert Guilbert, a construção da parte exterior, e ao arquiteto brasileiro Francisco de Oliveira Passos, filho do ex-prefeito Pereira Passos, a execução da parte interna. Os artistas locais foram chamados a participar da decoração interna. As fundações da construção, em palafitas, são semelhantes às utilizadas no Clube Naval, e devem ser mantidas umedecidas com um controle rígido durante as 24 horas do dia, evitando seu ressecamento e possível desmoronamento. O sistema de abastecimento de água salgada para essas fundações é feito com a água captada na Baía da Guanabara. Os Irmãos Bernardelli, Rodolpho e Henrique, formados pela Escola Nacional de Belas Artes, tiveram importante participação na decoração interna do Theatro Municipal. Eliseu Visconti, pintor impressionista brasileiro, é autor dos principais painéis murais do foyer ao pano de boca de cena do Theatro e, inclusive, do friso do proscênio. Uma estátua de Carlos Gomes, com batuta folheada a ouro, encontra-se bem abaixo da rotunda que homenageia o maestro. Em 2008 o Theatro Municipal foi fechado para reformas que duraram dois anos. Durante este período foi amplamente veiculada uma campanha institucional conscientizando a população sobre a importância do teatro como obra arquitetônica e local de propagação de cultura nacional e internacional. Em 29 de maio de 2010 o teatro foi reinaugurado, comemorando os 100 anos de sua construção. Foram investidos R$70 milhões em sua restauração, com a utilização de 250 funcionários especializados, o acréscimo de cerca de novas luminárias, 5 mil lâmpadas, 57 toneladas de cobre e 219 mil folhas de ouro. A cerimônia de reinauguração foi um importante acontecimento cultural para a Cidade e para o país, com a presença do então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, do seu ministro da Cultura, Juca Ferreira, do governador Sérgio Cabral, do prefeito Eduardo Paes e de representantes das mais diferentes artes nacionais e internacionais. Com a montagem da ópera italiana Il Trovatore, sob a direção de Bia Lessa, deu-se início às atividades artísticas. O Theatro Municipal é considerado uma das 7 maravilhas da cidade do Rio de Janeiro, sendo a principal casa de espetáculos do Brasil e uma das mais importântes da América do Sul. A responsabilidade de sua gestão é da Fundação Theatro Municipal do Rio de Janeiro, vinculada à Secretaria de Estado de Cultura. A Marinha do Brasil, desde os tempos em que a direção artística do teatro era exercida pelo ex- Fuzileiro Naval e Maestro Eleazar de Carvalho, faz-se representar pela Orquestra Sinfônica do Corpo de Fuzileiros Navais que ali realiza grandioso espetáculo anual. Em cerimônia que se repete também a cada ano, aos 14 de julho, a Banda Marcial dos Fuzileiros Navais se apresenta na alvorada comemorativa do dia de sua fundação. Das janelas do Clube Naval podemos observar as laterais do admirável Theatro Municipal, ouvir o som dos ensaios de seu coro e orquestra e apreciar o movimento do seu corpo de baile. Você pode agendar uma visita guiada ao Theatro Municipal pelos telefones: (21) e (21) Ao telefonar aproveite e agende também uma visita guiada ao seu Clube Naval, pelos telefones: (21) Faça neste dia um programa cultural inesquecível. 8 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval 359 9

6 sete de setembro SESSÃO SOLENE EM HOMENAGEM À SEMANA DA PÁTRIA Ecos do Ipiranga Alocução do Contra-Almirante Domingos Sávio Almeida Nogueira a consolidação do Estado e o amadurecimento da Nação brasileira. Contribuições do Poder Naval Valho-me das palavras de meu nobre colega de turma, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Alves de Almeida, que certa feita afirmou:...em História não existe apenas uma verdade, mas sim diversas verdades. Apresentarei, pois, meu ponto de vista. O que seria um autêntico amor à pátria, senão a lembrança de lutas e epopéias vividas em comum? Daí a tarefa importantíssima de nossas instituições militares, patrimônios permanentes desta Terra de Santa Cruz, de manterem vivos e imaculados nosso passado glorioso e identidade cultural. E a história deste Brasil, independente das variadas interpretações, se necessariamente se deseja autêntica, sem distorções, por certo não se afastará dos anseios de amor à liberdade, à ética, ao progresso e aos valores cristãos, que emanam da maioria avassaladora desse ordeiro povo brasileiro. Para dar o tom correto da importância da interpretação honesta dos fatos históricos, recorro-me às palavras do Almirante Bittencourt, que já se pronunciou nesta casa, dizendo: A História serve para preservar memórias, permitindo que as pessoas se situem no presente, adquirindo a noção de que são responsáveis, com suas decisões, para a conformação do futuro. Essas sábias palavras nos levam a compreender que não existe futuro para uma nação que negligencia o seu passado. Remontando ao Sete de Setembro, é preciso discernir o momento histórico do surgimento do Estado brasileiro, emancipado politicamente, do momento do surgimento da nação, traduzido na sedimentação de nossa identidade cultural. Precisamos relembrar, então, alguns conceitos advindos dos compêndios de Ciência Política. O Estado, criado na Europa pós-medieval sob a forma de monarquias absolutistas, é conceito essencialmente jurídico, subentende a adição de três quesitos: um grupo social, ou população, que ocupa certa área geográfica, ou território, e que possui governo próprio. 10 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

7 No Brasil, nas primeiras décadas do século XIX, nossa terra era habitada por cerca de 4 milhões de pessoas, a grande maioria analfabetos, mais da metade de escravos. A colônia padecia, juntamente com o pacto colonial, com o sistema chamado de clausura intelectual, onde ficava proibido o estabelecimento de instituições de ensino superior. De fato, a melhor maneira de manter um povo subjugado e sem identidade, é condená-lo à ignorância. O segundo quesito, o território, tem seu processo de expansão e conquista iniciado no período da União Ibérica. Espanha e Portugal estavam reunidos sob uma única coroa. Desvaneciam, assim, as limitações impostas pelo Tratado de Tordesilhas. Mais tarde, desbravadores como o militar Pedro Teixeira, valendo-se da navegação fluvial no Amazonas e Solimões, expandem nossa fronteira para o oeste. A criação da Divisão Naval do Norte, em 1728, baseada na foz do delta amazônico, consolida a conquista da Amazônia Verde, garantida pela proteção de sua interface com a Amazônia Azul. Da mesma maneira, o reconhecimento da colônia portuguesa de Sacramento pela Espanha, permitiu o acesso à foz do rio da Prata, possibilitando a continuidade do avanço para o oeste, quase inexpugnável por terra, mas acessível pelos rios. Em suma, um misto de visão estratégica, capacidade de dissuasão e, principalmente, emprego de forças navais, consolidaram o território, que, com exceção da província Cisplatina, expressava-se em um único idioma, em O último quesito, o governo, teve seu grande ponto de inflexão na vinda da Família Real para o Brasil, em decorrência da invasão napoleônica em Portugal. Para muitos historiadores, a chegada dos Bragança, em 1808, assinala o término do período colonial, pela equiparação política e administrativa a Portugal, no esteio de providências como: a abertura dos portos às nações amigas, diga-se de passagem, à Inglaterra; a revogação do Alvará de 1785 de Dona Maria I, instituindo a liberdade econômica; a elevação do Brasil à condição de Reino Unido, já em 1815; e porque não mencionar, o início do fim da clausura intelectual, com o estabelecimento da Academia Real de Guardas-Marinha, que cruzara o Atlântico junto com a Família Real na nau Conde Dom Henrique, instalando-se no Mosteiro de São Bento, inaugurando assim o ensino superior no Brasil. Além dos três quesitos acima mencionados, a fundamentar a criação de um Estado, outros autores ainda acrescentam um quarto elemento: a soberania, que consiste, em suma, no exercício do poder sem limitações de origem externa. A soberania compreende a soma da independência com a autonomia. A independência é a capacidade de se fazer representar junto aos outros Estados. A autonomia encontra sua quintessência na capacidade de prover sua própria defesa, em síntese, possuir Forças Armadas. Vejamos então como, no caso brasileiro, se logrou alcançar independência e autonomia, em período tão conturbado, batizado apropriadamente por Eric Hobsbawm de A era das revoluções. As revoluções liberais, experiências práticas do Iluminismo, convulsionaram a Europa no início do século XIX, com reflexos percebidos no Novo Mundo. No plano interno, deflagrou-se, em Pernambuco, a Revolução de 1817, influenciada pela Revolução Francesa e de caráter separatista. Foi brutalmente reprimida pelo governo central, multiplicando ressentimentos e hostilidades. Em Portugal, já libertado do jugo francês, eclode a Revolução Liberal do Porto, de caráter antiabsolutista, o que obriga o retorno de D. João VI ao continente europeu, mantendo aqui, contudo, o príncipe regente D. Pedro de Bragança, e garantindo assim ao Brasil o status de reino. A Corte portuguesa insatisfeita com a situação reinante na antiga joia da coroa exige, também, o retorno de D. Pedro. Nos desdobramentos da situação política, o príncipe destituiu o antigo gabinete herdado de seu pai e empossa José Bonifácio de Andrada e Silva como ministro do Reino e de Estrangeiros, o equivalente ao posto de primeiro-ministro. Bonifácio fora o hábil estrategista que antes redigira o ofício que convencera o príncipe no episódio conhecido como o Dia do Fico. Ainda com o incentivo do Andrada, e da princesa Leopoldina, esposa de D. Pedro, o príncipe proclama, em ato simbólico, a Independência do Brasil de Portugal. Atende, assim, ao prudente conselho de seu pai, que vira a fragmentação do império espanhol em pequenas repúblicas e que o conclamara a agir antes que algum aventureiro o fizesse. Correspondia, ainda, aos anseios da aristocracia e da maçonaria da época, desejosas de preservar a monarquia implantada em A independência política de nosso país teve seu primeiro apoio advindo dos Estados Unidos da América, em maio de 1824, refletindo a Doutrina Monroe que objetivava uma menor ingerência europeia no continente. Com hábil intervenção de Bonifácio, o Reino Unido reconhece nossa independência em 1825, convencendo, em seguida, Portugal a fazer o mesmo. Logrou com isso privilégios nas transações comerciais e o pagamento, pelas arcas brasileiras, de uma dívida portuguesa de 2 milhões de libras. No balanço geral, a proteção do Poder Naval britânico concedida a Portugal e suas colônias, durante mais de dois séculos, gerou mais dividendos do que perdas, refletindo até na expansão territorial dos domínios ultramarinos lusitanos, a despeito das perenes acusações de imperialismo imputadas aos ingleses, sustentadas por respeitados autores. Curioso notar que a proteção concedida por um Poder Naval, no caso o britânico a Portugal e suas colônias, à época, arrefeceu a eventual cobiça de outras nações marítimas, ensinamento que permanece atualizado. Por fim, já em 1826, a França e a Santa Sé, fazendo-se acompanhar dos demais Estados europeus, ratificam de vez o reconhecimento à independência brasileira, que viria somente a ser consolidada em 1831, ao desfecho do primeiro reinado. Mesa de abertura da Sessão Solene A autonomia, segundo parâmetro a compor a soberania, foi obtida com aquilo que Von Clausewitz identificava como a continuidade da política por outros meios. O Brasil era um grande arquipélago. O acesso às províncias somente se dava pelo mar, pois as vias interiores eram precárias ou inexistiam. Havia o imperativo da criação de uma Marinha de Guerra. Um almirante escocês, convidado por Bonifácio, foi nosso primeiro Comandante-em-Chefe, Thomas Cochrane, futuro Marquês do Maranhão. Apelidado pelo próprio Napoleão de Lobo do Mar, era hábil em explorar a manobrabilidade das fragatas, as rápidas belonaves que infernizaram, com tática revolucionária, os grandes navios de linha franceses no Mediterrâneo. Essa experiência foi fundamental para formação de nossa Esquadra, formada por navios leves e com poucos canhões, rápidos e ágeis na manobra. Havia a disposição por parte de partidários das Cortes portuguesas, mormente nas províncias do Norte e Nordeste, em resistir às notícias que chegavam do Rio de Janeiro. Explica-se a influência maior dos lusos naquela região, posto que a navegação a vela para a Europa, a partir do saliente nordestino, apresentava ventos mais favoráveis do que os encontrados ao sul. É inegável para todos os presentes a importância das ações da nossa, então, nascente Marinha nos combates que se sucederam e no processo de pacificação das províncias que não aderiram celeremente ao imperativo da emancipação. Muito já foi falado nesta casa a respeito de tão relevantes fatos históricos. Mencionar as operações navais levadas a cabo à época é lembrar o Almirante Joaquim Marques Lisboa. Nosso patrono viveu por quase 90 anos, dos quais 68 a serviço da nação brasileira. Esteve presente na quase totalidade dos Almirante Sávio em sua alocução embates em que, no seu tempo, o Império brasileiro se envolveu. Desde adolescente, na condição de voluntário, a bordo da Fragata Niterói, comandada por John Taylor; participando da homérica perseguição a uma esquadra lusitana de 86 navios pelo Atlântico; até a maturidade, na Guerra do Paraguai, como Comandante-em-Chefe das Forças Navais brasileiras em operações no Rio da Prata. As ações de nossa Marinha, formada à época por marujos brasileiros, ingleses, portugueses, entre outras nacionalidades e, porque não dizer, fuzileiros navais, dado que havia tropas a bordo sendo transportadas para projetar poder sobre terra, foram fundamentais para a manutenção da autonomia do nascente Estado brasileiro. Legou-nos, com a força das ações militares, aliada às ações políticas, a totalidade do território unido pelo idioma comum, exceção feita à Cisplatina, de fala castelhana, que pelas ações diplomáticas, em 1828, formou o que Lorde Ponsonby, chanceler britânico, chamou de algodão entre os cristais, um Estado tampão a nos separar das Províncias Unidas do Prata. No início dos anos 30 do século XIX, acirravam-se as contradições entre a postura absolutista do imperador e a elite liberal. Já antes, em 1823, o jornal dos Andradas, O Tamoyo, povo índígena famoso por sua hostilidade aos portugueses, explorara o sentimento antilusitano, ligando D. Pedro à sua terra natal e, em 1824, a dura repressão engendrada contra a Confederação do Equador contribuíra sobremaneira para o gradual divórcio entre o imperador e seus súditos. Com a morte de D. João VI em Portugal e mais tarde a usurpação do trono, destinado à filha de D. Pedro I, por seu irmão D. Miguel, incrementa-se o temor entre os brasileiros de um retorno ao antigo status quo, somente desvanecido com a abdicação de D. Pedro em favor de seu filho. Assim, se despediu desta terra o homem polêmico e arrojado, que contribuiu para nos legar um Estado consolidado. Entretanto deixou, como maior herança ao nosso país, o pequeno Pedro de Alcântara, um menino de 5 anos, que teve por missão, como símbolo do poder Moderador, pairar acima de todas as quizílias políticas e manter incólume nossa extensão territorial. Se havia algo em comum que unia todos os brasileiros, uma unanimidade que lhes dava o sentido de nacionalidade, esse algo era o pequeno futuro imperador. Tínhamos pois, no período regencial, um Estado formado como entidade jurídica. A partir de então, caberia ao presidente de honra de nosso Clube, o Imperador D. Pedro II, a árdua missão de criar uma nação brasileira, entidade moral. Há muitas controvérsias a respeito desse assunto. Alguns estudiosos afirmam que, já no século XVIII, os movimentos nativistas ocorridos neste solo, destacando-se a Inconfidência Mineira, resultante da opressiva política fiscal da metrópole portuguesa, teriam sido os embriões de nossa nacionalidade e anseio de independência. Outros creem que essa nacionalidade surgiu nas agruras dos cruentos campos de batalha, terrestres e fluviais, da Guerra do Paraguai, onde civis, marinheiros e soldados alcançaram pela primeira vez um sentimento de unidade autoconsciente, preservando o território nacional da sanha de um inimigo externo. 12 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

8 O Estado necessita de uma população, a nação de um povo plenamente consciente e que exalte suas diferenças em relação aos demais. O Estado precisa de um território, a nação de uma pátria, que é a nossa terra natal, mesmo que esteja ocupada pelo inimigo. O Estado necessita de um governo, a nação de instituições de apreço nacional a amalgamar seus nativos, como por exemplo as Forças Armadas; os feitos históricos em comum; os costumes; a religião; uma moeda. Como afirma o Almirante Diégues, em seu livro A revolução brasílica: o projeto político e a estratégia da independência: O Brasil não fora criado para ser uma nação, não era essa, nem se poderia esperar que fosse, a intenção de seus descobridores. E completa: A Independência evoca a nação como conceito, mas não destrava as medidas necessárias, concretas, para o seu amadurecimento. Deixa de criar as condições, que só mais tarde vão emergir para uma maior igualdade de direitos, a progressiva sedimentação de interesses e aspirações comuns, que são a alma e os pressupostos pelos quais a grande maioria se reconhece e se comporta como nação. Penso que, mais tarde, com a sucessão dos fatos históricos, a queda do Império e o exílio do chefe de Estado que nos governou por quase meio século sob a égide de uma única constituição e que guiou a pátria no maior conflito bélico acontecido na América do Sul, perdia-se o elo comum entre todos os brasileiros naquela época o fato de serem todos súditos de D. Pedro II. Como aponta Leandro Narloch: O Brasil, sem a coroa, tinha ficado sem cara. A dívida contraída por ocasião da guerra fora um dos motivos. Ao abolir a escravidão, para formar em poucas gerações uma Nação homogênea como planejara antes José Bonifácio, o Império se encontrava sem recursos para indenizar os senhores de escravos. Cabe lembrar que nosso maior Marinheiro expôs toda sua admiração, lealdade e devoção ao Imperador, conforme deixou registrado em seu próprio testamento, ao declinar de homenagens post mortem, posto que as mesmas não foram dedicadas ao imperador, no trecho em que diz: [...] não havendo a nação brasileira prestado honras fúnebres de espécie alguma por ocasião do falecimento do Imperador, o senhor Pedro II, o mais distinto filho desta terra, tanto por sua moralidade, alta posição, virtudes, ilustração, como pela dedicação no constante empenho do serviço da pátria durante quase 50 anos que presidiu a direção do Estado. Ainda no seu testamento, lembrou a única ocasião em que um Comandante Supremo das Forças Armadas brasileiras deslocou-se até o front de batalha, visando motivar seus comandados: Sobre o caixão não desejo que se coloquem coroas, flores ou enfeites de qualquer espécie, e só a Comenda do Cruzeiro que ornava o peito do Sr. D. Pedro II em Uruguaiana, quando compareceu como primeiro dos Voluntários da Pátria para libertar aquela possessão brasileira do jugo dos paraguaios. Por que menciono tudo isso? Estaria me estendendo ao falar até do 15 de novembro, uma vez que estamos comemorando o 7 de setembro? Entendo que nossa Data Magna foi apenas o início de uma longa jornada. A cada dia ela se renova. Creio que ainda temos muito a navegar na busca por uma nação mais homogênea, mais justa e, por sua vez, mais próspera. Buscamos ainda, em pleno século XXI, desvencilharmo-nos de certa clausura intelectual. Conceder educação primorosa ao povo e igualar as oportunidades é o grande atalho a ser tomado para alcançarmos o objetivo. Exaltar a nacionalidade além das casuais comemorações esportivas. Cultuar grandes ícones de nossa pátria também é uma forma de incrementar nossa nacionalidade. Fazer deles símbolos de coragem, nobreza, desprendimento e patriotismo a serem seguidos pela juventude. Quem sabe assim veremos de volta suas efígies às nossas moedas, com seus valores monetários salutarmente estabilizados há 17 anos. Que tal Bonifácio a compor a nota de dez reais? Ou então, um Marquês de Tamandaré presente na nota de 50 reais? Quiçá a nota de cem reais estampando D. Pedro II? Acredito que somos carentes das figuras dos fundadores da pátria, cultuados somente por civis mais conscientizados e militares. Falta-nos um monte com suas esculturas. Por último, gostaria de ressaltar o que acredito que nos cabe. O que compete à Marinha do Brasil, a mesma que nos garantiu a soberania no passado, para atuar na garantia das prerrogativas do Estado brasileiro e na manutenção de nossa soberania no presente. A defesa do território e de nossas riquíssimas águas é uma de nossas principais tarefas. Ainda nos dias atuais, somos a ponta de lança da consolidação de nossas fronteiras ao leste. Algumas áreas da extensão de nossa plataforma continental ainda carecem de definição, posto que são nossas de fato, mas ainda não de pleno direito. Façamos valer o antigo princípio do direito romano do Uti Possidetis, para tal, temos que ocupar espaços e marcar presença. Temos que mostrar nossa bandeira, em nossas águas e no exterior, mostrar o quanto são profissionais e motivados aqueles que se espelham no exemplo das gerações passadas de brasileiros. A Amazônia Azul é o grande desafio hodierno. A história ensina o quanto é dura a experiência das nações que confiam mais nas leis e nas alianças de ocasião do que em seus próprios marinheiros e soldados. Nossa soberania como tarefa, a afirmação de nossa nacionalidade como propósito é a nossa missão. Sou otimista, não tenho como não sê-lo. Estamos sobre território vasto e riquíssimo por natureza, isento de grandes intempéries, habitado por povo cordial e alegre, uma síntese de todas as raças e credos, sempre aberto à confraternização com outros povos. Mahan diria ao analisá-lo que lhe falta o desenvolvimento da mentalidade marítima e uma maior quantidade de homens e mulheres voltados para as lides navais, para lograrmos um grande poder sobre os mares. A solução é exeqüível e aceitável. Mesmo o que nos falta, somente depende de nós alcançarmos. Um viva ao Clube Naval e a Marinha do Brasil de ontem, hoje e sempre! Um viva ao Estado brasileiro soberano! Um viva à nação brasileira! Proclamemos, em um brado uníssono, nosso lema: Tudo pela pátria! desenvolvimento visitando o Programa Nuclear Brasileiro José Eduardo Pimentel de Oliveira* Nos dias 23 e 24 de agosto, uma delegação de sócios dos Clubes Naval, Militar e da Aeronáutica visitou as instalações das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), localizadas em Resende, no estado do Rio de Janeiro, e o Centro Tecnológico da Marinha (CTMSP), em Aramar, no estado de São Paulo, com o propósito de conhecer e acompanhar o progresso daqueles importantes segmentos do programa nuclear brasileiro. INB Área industrial 14 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

9 INB Apresentação inicial da empresa A INB tem como foco a produção do combustível nuclear para as usinas de Angra I e II e das futuras usinas. Nesse mister faz a mineração do urânio produzindo o yellowcake, administra a fluorização e gaseificação desse material, centrifuga o gás resultante obtendo o enriquecimento do urânio, e daí cria os elementos combustíveis para utilização nas usinas nucleares. O CTMSP cria conhecimento e tecnologia que são usados na INB e desenvolve o programa nuclear da Marinha para obtenção do combustível e do reator nuclear para o submarino atômico, ora em desenvolvimento. A ideia de ter um programa nuclear surge no Brasil no ano de 1945, logo após a explosão do artefato nuclear de Hiroshima, quando o mundo ficou estarrecido e hipnotizado pelo poder da energia nuclear e o que ela representaria para o futuro. No entanto, desde então, os saberes que conduzem a sua utilização, seja para uso pacífico, ou não, passaram a ser rigidamente controlados pelos detentores daqueles conhecimentos. Assim, tem sido longo o caminho da nação brasileira, há quase 70 anos, em poder desfrutar daqueles saberes e da tecnologia que possibilitam o uso, com independência, da energia nuclear. Louvem-se os esforços da direção dessas duas excelentes instituições, que permitem ao Brasil se inserir entre as nações possuidoras do conhecimento, da tecnologia e de indústria nuclear, apesar das limitações financeiras, das incompreensões de alguns segmentos da sociedade, e dos óbices políticos e estratégicos no cenário internacional. Todos os componentes da delegação se sentiram orgulhosos pelo que viram e conviveram naqueles dois dias, e enviam aos diretores e funcionários de ambas as instituições os mais efusivos cumprimentos, que são expressos no nosso Bravo Zulu, que significa fazer benfeito para nós marinheiros. * Vice-Almirante (RM1) Diretor Cultural do Clube Naval CTMSP Recepção ao Almirante Hugo Stoffel, sócio mais antigo presente INB Almoço de despedida INB Área industrial Urânio enriquecido em pastilha 16 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval CTMSP Apresentação das instalações

10 cibernética A importância estrategica do ciberespaço Fernando Malburg da Silveira* O ciberespaço e a END A Estratégia Nacional de Defesa (END) promulgada em dá bastante ênfase aos setores espacial, cibernético e nuclear, identificando-os como essenciais para a defesa nacional. Para esses setores estratégicos, a END preconiza maior independência tecnológica do exterior e considera que, se adequadamente explorados, podem tornar-se fontes de soluções para que sejam alcançadas a flexibilidade e a mobilidade desejadas no emprego das Forças Armadas. A END, entre seus requisitos de alto nível e com foco no setor cibernético, requer que as Forças possam operar em conjunto, fazendo uso das modernas redes de conexão de computadores e de um monitoramento mais amplo, que se faça também a partir do espaço, mediante o uso de comunicações, sensoriamento e recursos de comando e controle baseados em satélites orbitais. Fica evidente que o uso de capacitações cibernéticas para fins militares é defendido com clareza na END, que preconiza o domínio das tecnologias de comunicação necessárias para viabilizar que contingentes diversos das forças terrestres, navais e aéreas possam operar em rede, orientando e coordenando suas ações com base nos dados e informações que nela transitam, inclusive, e com grande ênfase, em operações conjuntas. Num esforço de síntese, tem-se na END o reconhecimento de que, dada a vastidão de nossas áreas jurisdicionais e das fronteiras terrestres, marítimas e aéreas, não há recursos suficientes para ter as forças sempre presentes em todos os lugares em que se fazem necessárias, sendo imperioso contar com recursos de monitoramento, comando e controle capazes de viabilizar seu rápido e flexível direcionamento, dotando as Forças Armadas de mobilidade estratégica para responder prontamente a ameaças e agressões no cenário estratégico de interesse. De fato, ao estabelecer suas grandes diretrizes, a END, ao discutir as capacitações operacionais desejadas, chega ao ponto de rezar (um tanto ambiciosamente, em face da realidade atual) que cada combatente deve contar com meios e habilitações para atuar em rede, não só com outros combatentes e contingentes de sua própria Força, mas também com combatentes e contingentes de outras Forças. Tem-se aí uma clara sinalização da interoperabilidade das forças e da moderna evolução do conceito de guerra centrada em plataformas para o de guerra centrada em redes (network centric warfare), adotado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos em 2001 e que tende a caracterizar as tendências no século XXI. A ênfase dada pela END ao desenvolvimento científico e tecnológico capaz de reduzir nossas dependências externas é louvável, especialmente quando o foco se volta para áreas sensíveis, nas quais a cessão de conhecimentos por parte de seus detentores que, para vender, muito prometem, mas pouco cumprem é parcimoniosa ou inexistente. Nosso atual estágio de desenvolvimento industrial, científico e tecnológico mostra-se ainda longe de permitir a concretização dessas metas estratégicas no curto e no médio prazo, mas a colocação desses objetivos estratégicos com vistas ao futuro é um imperativo em qualquer plano de defesa moderno que vise ao aprestamento de Forças Armadas eficazes, que para operar sob essa moderna concepção necessitam de meios modernos, dotados de enlaces de dados digitais, sistemas de computadores interligados em redes e sistemas de telecomunicações servidos por satélites orbitais. O propósito deste artigo é, diante dessa realidade e por se tratar de matérias pouco conhecidas e pouco estudadas em nosso país, trazer informações sobre a importância estratégica do ciberespaço na visão do país mais desenvolvido nesse campo, os Estados Unidos, bem como sintetizar a estratégia desenhada pela potência estadunidense para seu domínio e utilização, daí tirando lições para estimular o tratamento do assunto em nosso país. Delineando o ciberespaço Dado que não é assunto trivial, convém de início procurar definir o que se entende por ciberespaço (do inglês cyberspace). A Cibernética é a ciência que estuda as comunicações e os sistemas de controle, não só dos seres vivos, como também das máquinas. Por sua vez, segundo a enciclopédia livre Wikipedia, o ciberespaço (ou espaço cibernético) é um espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias de computadores. É um conceito de um mundo essencialmente virtual, viabilizado pelas redes eletrônicas de alta velocidade de transmissão de dados, ocupando um espaço indefinido que contém quantidades massivas de dados, informações e conhecimentos, formando um ambiente não físico, mas perceptível, real, onde as trocas de informação ocorrem quase instantaneamente, em real time. Em termos amplos, nesse espaço virtual transitam eletronicamente as mais variadas espécies de informação, em várias formas de mídia (texto, áudio, vídeo), com finalidades tais como comunicação, pesquisa, negócios, comércio, entretenimento, relacionamento social e econômico e aplicações militares, sendo relevante destacar que essas últimas aplicações foram as que deram surgimento à rede mundial de computadores, visando à maior eficácia do comando e controle das forças estadunidenses espalhadas pelos continentes. De fato, o conjunto de computadores, serviços e utilidades que hoje compõem a internet teve origem nos esforços norte-americanos para prover comunicações eficientes para todo seu enorme aparato militar, espalhado pelo mundo. Isso deu nascimento à Web (World Wide Web), ou www, a teia mundial de computadores, como a conhecemos. Embora a Web seja a base técnica e operacional que dá suporte ao uso do ciberespaço, ela já não é sua componente única. Há toda uma grande parafernália de dispositivos capazes de, usando a propagação de ondas eletromagnéticas na ionosfera, os satélites em órbitas geoestacionárias e as redes digitais, prover comunicações ágeis e imediatas entre pontos remotos do planeta (a telefonia celular é um bom exemplo). É toda essa gama de redes e meios eletrônicos que a cada dia se apresenta com mais uma novidade tecnológica, agregando maior velocidade e maior capacidade computacional que efetivamente delineia esse mundo virtual, cujo uso estratégico vem crescendo exponencialmente de importância. A estratégia dos EUA para o ciberespaço A estratégia norte-americana para lidar com o ciberespaço, seu potencial e sua problemática, é fundamentada na firme crença de que as tecnologias das redes de computadores guardam imenso potencial para a nação e para o mundo, o que requer a preservação de atributos como a abertura para a inovação, a interoperabilidade em todo o planeta, a segurança para conquistar a confiança dos usuários e a confiabilidade para suportar as aplicações. O governo norte-americano, em documentos oficiais, deixa claro que para lograr esses intentos empregará enfaticamente uma combinação de diplomacia, estratégia de defesa e política de desenvolvimento. 2 O esforço diplomático procurará incentivar um consenso internacional para que os Estados atuem cooperativamente, cônscios da responsabilidade trazida pelos benefícios econômicos, sociais, políticos e de segurança oriundos do bom uso do ciberespaço. Essa conscientização tem que abranger os usuários finais, os fornecedores de hardware e de software, os provedores de serviços da internet e alcançar as organizações regionais e multilaterais, públicas ou privadas, participantes das redes. Quanto à defesa, os EUA e os países solidários encorajarão o uso responsável do ciberespaço e se oporão aos que tentarem romper as redes e sistemas, usando dissuasão e deterrência contra os atores malintencionados, ao mesmo tempo em que se reservando o direito de defender adequadamente o patrimônio nacional (isso inclui redes e sistemas), conforme se faça necessário. Para tanto, as defesas intrínsecas ao software das redes serão reforçadas e técnicas de recuperação dos efeitos de ataques cibernéticos serão enfatizadas. Quando desafiado, o governo norte-americano deixa claro que responderá a atos hostis no ciberespaço tal como o faria em relação a qualquer outra ameaça ao país; e revela ao mundo que, para tanto, poderá fazer uso de medidas diplomáticas, militares e econômicas, na medida do que for apropriado e em consonância com a legislação internacional aplicável, todavia ressalvando que o recurso às medidas militares só se dará quando esgotados os outros meios de defesa. No que tange ao desenvolvimento, o governo dos EUA afirma sua postura de participação ativa no provimento de conhecimentos e capacitação para construir novos e cada vez mais seguros sistemas digitais, cooperando com países igualmente interessados em preservar e incrementar a segurança, a interoperabilidade, a abertura, a liberdade de uso, a confiabilidade e outros atributos desejáveis da rede mundial de computadores. 18 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

11 São esses, em essência, os fundamentos da política e estratégia do governo dos Estados Unidos para o ciberespaço. Divulgados juntamente com o documento da Casa Branca de lançamento da International Strategy for Cyberspace 3 em maio de 2011, logo provocaram a reação do governo chinês, que declarou publicamente que se trata de uma estratégia de capacitação militar e de deterrência, parte do plano maior dos EUA de em que pese o chamamento à cooperação internacional manter a liderança tecnológica do planeta, ao mesmo tempo exercendo pressões sobre outros países sob alegações de restrição ao uso da Web, contribuindo, dessa forma, na visão chinesa, para gerar relações conflituosas. Como se depreende, é assunto sensível. Não são surpreendentes os termos dessa política. A consulta ao documento Quadriennial Defense Review Report, 4 de fevereiro de 2010, revela um tópico especificamente dedicado à eficaz operação dos EUA no ciberespaço, no qual se identifica que o Pentágono considera o ciberespaço um ambiente tão relevante para a defesa dos Estados Unidos quanto os ambientes naturais de terra, mar, ar e espaço sideral, nos quais o poder nacional norte-americano (entre eles o militar) já está expressivamente presente. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos explicita nesse documento a importância e a dependência das redes de informação para o eficaz exercício do comando e controle de suas forças, para os serviços de inteligência do Estado e para a logística militar, enfatizando que, no século XXI, Forças Armadas modernas simplesmente não podem conduzir operações tempestivas e eficazes sem redes de comunicação ágeis, confiáveis e resistentes, o que requer assegurar o acesso ao ciberespaço e seu uso desimpedido. O mesmo documento destaca que não é por outra razão que as redes de computadores da defesa nacional se tornaram alvos importantes para adversários que pretendam perturbar as operações militares norte-americanas, sofrendo diariamente tentativas de infiltração por uma miríade de origens, desde indivíduos ou pequenos grupos de hackers até outras potências do mundo interligado. As ameaças ao uso do ciberespaço não se restringem a finalidades militares. O documento dá como exemplo de ações criminosas o ataque a sistemas administrativos dos EUA, tentando obter informações para uso ilegal; menciona também as ações de terroristas, que podem tentar penetrar nas redes e sistemas militares e causar caos e sérios danos; e cita a possibilidade de serviços de inteligência adversários tentarem alterar bases de dados de defesa para prejudicar a eficiência das operações militares. Há também a considerar, na opinião do autor, outro aspecto, não explicitado nos documentos mencionados: as redes sociais, tirando partido dos recursos da Web e das redes de telefonia celular, vêm se revelando instrumentos importantes nas mobilizações de massas, podendo afetar a segurança de Estados, como recentemente ficou evidenciado no que a mídia intitulou Primavera Árabe, movimentos democráticos que sacudiram monarquias e regimes ditatoriais desde o norte da África até o Oriente Médio. Defender as redes e sistemas contra essas ameaças (ou contra o uso das redes em contraposição aos interesses governamentais) não é tarefa trivial. No caso americano, são mais de 15 mil diferentes redes de computadores espalhadas em mais de quatro mil instalações militares ao redor do planeta. A cada dia, segundo o mesmo documento, 4 há mais de sete milhões de computadores e equipamentos de telecomunicações em uso em mais de 80 países, usando milhares de programas de aplicações militares. O número de possíveis vulnerabilidades, portanto, é preocupante, e sabidamente os ataques cibernéticos tiram partido da velocidade e da ocultação de seus autores. Na visão norte-americana, os ataques ao ciberespaço teriam como alvos os sistemas de comando e controle, as comunicações e toda a infraestrutura de suporte a plataformas de sistemas de armas, o que significa que a falha em defendê-los colocaria em risco a capacidade da maior potência militar do planeta em defender seus interesses, na atualidade e no futuro. A vigilância e a pronta reação contra essas ações ofensivas ganham, em consequência, primordial importância e elevada prioridade nas preocupações do Departamento de Defesa dos EUA, que procura consolidar estratégias, propor políticas, delegar autoridades e desenvolver progressiva capacitação tecnológica para reagir com a máxima agilidade aos ataques, objetivando neutralizar seus efeitos e reduzir suas consequências em cascata. Nesse cenário, vários passos vêm sendo dados pelo governo norte-americano para desenvolver uma ampla compreensão sobre a segurança e a necessidade de uso eficaz do ciberespaço (o que envolve aspectos culturais e organizacionais); para ampliar a expertise e a prontidão para reconhecer ameaças; para estruturar sob o U.S. Strategic Command o mais alto nível de comando e controle do ciberespaço (o U.S. Cyber Command); e para nutrir e fortalecer a cooperação do Departamento de Defesa com outras agências governamentais e outros governos. Não pairam dúvidas, portanto, sobre a importância que os Estados Unidos, na condição de grande potência e de maior potência militar do planeta, atribuem ao ciberespaço e ao seu papel na defesa nacional, o que nos pode servir como inspiração. O caso brasileiro Como já mencionado, está ainda pouco visível no horizonte o momento em que as Forças Armadas brasileiras estarão dotadas da alta flexibilidade e da mobilidade providas por recursos modernos de condução de operações militares conjuntas, recursos esses representados por redes digitais de dados e de mensagens de comando, sistemas de comando e controle diversificados pelo extenso território nacional e integrados via redes de computadores, comunicações por satélite suficientes e dedicadas aos fins militares e tudo mais que possa ser requerido para o uso militar do ciberespaço.** Não obstante, alguns passos iniciais podem ser dados. O primeiro deles é a conscientização do problema, para o que este artigo se propõe a oferecer modesta contribuição. Desenvolvimentos específicos podem também ser objeto de investimentos com a tecnologia existente ou alcançável em prazos visíveis no país. Entre eles, os voltados para: o desenvolvimento de centros regionais de comando e controle de cada força; sua interconexão e integração por meio de um enlace digital (link de dados e de comando) capaz de, sob protocolo padronizado para as três Forças, formar uma rede nacional de comando e controle, cuja autoridade máxima de controle resida no Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, dando corpo a um sistema de comando e controle da defesa nacional; a ampliação progressiva da capacidade de monitorar e controlar o território, as águas jurisdicionais e o espaço aéreo, agregando aos meios e recursos destinados a esse fim o maior conteúdo industrial e tecnológico nacional que for possível alcançar (o Projeto do Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul da Marinha é um bom começo); incrementar a capacitação brasileira para o uso de satélites geoestacionários para telecomunicações e satélites para sensoriamento remoto; e aproveitar esses esforços para nutrir a meta de assegurar a capacitação de nossas Forças Armadas para operar em rede, quer como forças individuais, quer em operações conjuntas, o que decerto requer recursos computacionais e de comunicações adequados e o estabelecimento de doutrinas de interoperabilidade específicas. Esses passos (entre muitos outros que poderiam ser considerados, mas tornariam mais longo este artigo) estão em consonância com os fundamentos, as diretrizes, as recomendações e as medidas de implementação algumas já bastante atrasadas contempladas na Estratégia Nacional de Defesa elaborada em 2008 visando à segurança de nosso país e sua melhor inserção no cenário global da atualidade e do futuro visível. Partindo da premissa de que a END foi elaborada para ser cumprida, e não apenas para ser um documento folclórico, há que dar início ao tratamento dos desafios trazidos por diretrizes nela existentes, tais como: organizar as Forças Armadas sob a égide do trinômio monitoramento/controle, mobilidade e presença; desenvolver as capacidades de monitorar e controlar o espaço aéreo, o território e as águas jurisdicionais brasileiras; desenvolver, lastreado na capacidade de monitorar/controlar, a capacidade de responder prontamente a qualquer ameaça ou agressão (mobilidade estratégica); desenvolver, para atender aos requisitos de monitoramento/controle, mobilidade e presença, o repertório de práticas e de capacitações operacionais dos combatentes (aí incluindo os meios e habilitações para operar em rede); e outros desafios dessa espécie. Não deixa de ser oportuna a meditação sobre esse tema, ainda que possa estar distante a consecução de metas que em face de nossa realidade econômica, tecnológica e industrial, bem como das prioridades sociais do governo decerto enfrentarão a conhecida e costumeira escassez de recursos para a Defesa. **Basta atentar para a ênfase que a END empresta à guerra centrada em redes para perceber o distanciamento que nos separa dos mais desenvolvidos, pois esse conceito abrange uma nova doutrina militar que ambiciona a exploração da moderna tecnologia da informação e das telecomunicações para enriquecer a percepção do cenário (seja ele tático ou estratégico) e acelerar a tomada de decisões. A network centric warfare persegue o contínuo acesso a informações em tempo real para todos os escalões da hierarquia militar, de seus níveis superiores até o dos centros de comando menores, os meios navais, veículos de terra e aeronaves, compartilhando as informações previamente colhidas, analisadas e avaliadas para formar um cenário coerente e unificado. Sem o domínio do ciberespaço, isso é inviável. * Capitão-de-Mar-e-Guerra (Ref.) Referências: 1. Brasil. Decreto 6.703, de 18/12/2008. Estratégia Nacional de Defesa. Disponível em: < 2. EUA. International Strategy for Cyberspace. May, Disponível em: < International_Strategy_for_Cyberspace_Factsheet.pdf>. 3. EUA. International Strategy for Ciberspace. Prosperity, Security and Openness in a Networked World. May, Disponível em: < 4. EUA. Department of Defense. CSIS, Center for Strategic & Internationals Studies. The 2010 Quadriennial Defense Report Review. February, Disponível em: < publication/090809_qdrahc_revised.pdf>. 20 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

12 tecnologia UMA VISÃO DA EVOLUÇÃO RECENTE DA TECNOLOGIA DA INFORMacaO e das COMUNICAcoES (TIC) NA Marinha do Brasil Leonardo da Silva Mattos* Fuzileiro Naval de formação na Escola Naval e após quatro anos de curso de graduação em Engenharia Elétrica na Universidade de São Paulo, nem nos meus sonhos mais otimistas, poderia imaginar que, ao iniciar minha carreira como engenheiro naval, teria a oportunidade de vivenciar e ter a grata satisfação de participar das impactantes transformações de tecnologia da informação e comunicações (TIC) que marcariam a Marinha do Brasil ao longo desses últimos 17 anos. Início das mudanças criação da DTM A história começa no início de As mudanças promovidas pela MB naquele ano eram o prenúncio do que estava por vir. Em curto espaço de tempo, a Diretoria de Armamento e Comunicações da Marinha (DACM) se transformava em Diretoria de Sistema de Armas da Marinha (DSAM). A Diretoria de Informática da Marinha (DInfM) era extinta e a Diretoria de Telecomunicações da Marinha (DTM) era criada, absorvendo as comunicações da DACM, uma boa parte da informática (principalmente a área de redes e serviços associados), até então conduzida pela DInfM, e ainda todo o setor de doutrina e comunicações navais do Comando de Operações Navais (COmOpNav). Numa análise simplista das motivações que alavancaram essas mudanças, destaco a visão do Almirantado percebendo a importância crescente das telecomunicações no mundo e no Brasil como um fato gerador para que a MB fosse dotada de uma Diretoria Especializada (DE), integralmente dedicada aos assuntos afetos a essa promissora área tecnológica. Por uma dessas raras (e felizes) coincidências do destino, em março de 1995, após um período de três meses no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), eu embarcava na DTM, no auge dessas mudanças. Capitão-tenente, recém-promovido e idealista, fui agraciado com a honra de integrar um seleto grupo de profissionais, cuja missão básica era simples, porém desafiadora: modernizar as telecomunicações na MB, aprimorando as condições para que a troca de informações (dados e voz) entre as OM ocorresse de forma confiável, segura e rápida. Para um bom entendedor e para um jovem ávido por fainas e conhecimentos, subentendia-se: estamos obsoletos, precisamos fazer a MB comunicar-se melhor (lema posterior da DTM) e evoluir rápido para não perder o bonde da história. No mundo afora, vivíamos o boom da era digital e da internet. A MB, que na década de 70 havia liderado as transformações de informática no Brasil tendo sido uma das primeiras a ter sistemas desenvolvidos em mainframe havia ficado um pouco defasada tecnologicamente, em função de oscilações orçamentárias. Era, portanto, o momento ideal para recuperar o tempo perdido. A recém-criada DTM, com sua heterogênea oficialidade, dotada de diferenciada expertise, constituía uma estrutura organizacional leve e dinâmica, ideal à época para atingir tal fim. A motivação e a capacitação do grupo de profissionais transformaram os enormes desafios em metas e objetivos a serem perseguidos. Na formação desse eclético grupo, oficiais com formação em comunicações, eletrônica e segurança (criptologia), egressos do ComOpNav (CON-40), traziam a experiência do amplo conhecimento da doutrina vigente e das comunicações navais na sua forma tradicional. Outros militares e funcionários civis, remanescentes da antiga DInfM, agregavam conhecimentos adquiridos em anos de trabalho em análise de sistemas e processamento de dados. Novos oficiais, pós-graduados (QTE, FTA etc.) ou simplesmente recém-graduados em computação e telecomunicações, que se juntaram à tripulação, trouxeram novas visões e uma gama de conhecimentos técnicos avançados e atualizados. Estava formada assim o amálgama ideal que ajudaria a florescer uma nova cultura e impulsionar as transformações. Na subsequente janela temporal de cerca de seis anos (1995 a 2000), a MB viu a fusão virtual da informática e das telecomunicações ( telemática, para alguns neologistas) invadir as OM com uma avalanche de soluções e serviços inovadores que, no decorrer dos anos, viriam a provocar um gigantesco fomento na troca de informações digitais, modificando irreversivelmente diversos processos, formas de trabalho e de interação entre o pessoal na MB. A criação da RECIM Iniciado em 1993 pela DInfM, o Programa de Integração e Implantação de Redes de Computadores (P2IRC) forneceu os primeiros recursos para dotar cada OM de um pequeno servidor, algumas dezenas ou centenas de metros de cabeamento e um montante inicial de estações de trabalho, constituindo as primeiras redes locais de computadores. Interessante recordar o processo de constituição dessas redes. Em 1995, já sob a orientação técnica da DTM, o programa atingiu seu ápice. Durante sua execução, cada OM selecionava profissionais (muitos sem qualquer conhecimento anterior de informática) para a difícil tarefa de assimilar, em tempo recorde, conhecimentos que os capacitassem a cumprir a voga picada de instalações e configurações das redes de computadores de suas OM. O tempo urgia, forçando que a capacitação ocorresse no melhor estilo hands on ou on the job training. Micreiros ou simplesmente profissionais interessados e motivados viraram administradores de rede local da noite para o dia. Felizmente, a despeito da desconfiança de muitos e do método pouco ortodoxo de transmissão de conhecimentos, o programa foi um retumbante sucesso, pois as OM (e seus profissionais) foram tomadas pela empolgante tarefa de modernização, cientes que tal feito iria beneficiá-las diretamente, otimizando suas tarefas diárias e facilitando o cumprimento de suas respectivas missões. Todavia, redes locais isoladas não faziam verão. Faltavam ainda as estradas, ou seja, os enlaces físicos que interconectariam essas redes recém-criadas. É oportuno lembrar que, na metade da década de 90, o país ainda vivia um momento bem distante da privatização das telecomunicações. A oferta de uma infraestrutura urbana, em âmbito nacional, de cabeamento de alta capacidade para transporte de dados era bastante restrita no país. Além da rede telefônica, a rede nacional de pacotes (RENPAC) era uma das poucas existentes redes interurbanas de dados. Ambas eram de baixa capacidade de transmissão, possuíam cabeamento em péssimo estado de conservação e utilizavam protocolos antigos (X.25 ou similar), com altas taxas de erros de bit (BER bit error rate), dificultando o seu emprego para transporte de dados baseados nos protocolos mais modernos (HDLC, PPP, Frame-Relay, TCP/IP etc.) que surgiam. Aos mais antigos, certamente, vem a memória o inconfundível som das conexões pouco confiáveis e de baixa velocidade, via modem, que datam daquela época. À MB, não restava outra saída senão a de constituir, com recursos próprios, suas redes metropolitanas. Assim, para formar seus grandes complexos de redes em cada Distrito Naval (redes metropolitanas distritais), a MB, por meio da DTM, passou a investir em uma miríade de tecnologias (fibras ópticas, pares trançados, radioenlaces digitais, roteadores, switches, multiplexadores digitais, transceivers de mídia etc.) relativamente emergentes no mercado à época. Para conectar essas redes distritais, formando a espinha dorsal (backbone) de sua rede nacional de grande área, a MB, mais uma vez de forma pioneira, lançou-se ao desafio de constituir uma estrutura totalmente baseada em satélites (sistema DATASAT-PLUS). Nascia a rede hoje conhecida como Rede de Comunicações Integrada da Marinha (RECIM), a intranet da MB. Voz e dados, digitalizados e multiplexados, viajavam pela primeira vez, via satélite, entre os Distritos. As estradas estavam prontas e as distâncias definitivamente começavam a ficar mais curtas. Lições para um jovem aprendiz de feiticeiro Para um jovem capitão-tenente, recém-saído da USP, formado em telecomunicações e redes de computadores, participar da criação da RECIM era como marcar vários gols em um Maracanã lotado, numa tarde de domingo. Saboreava na prática toda teoria sorvida ao 22 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

13 longo de anos de estudo. Um sonho do qual não queria acordar. Afinal, para um engenheiro, poder dar vida a ideias e projetos, tornandoos tangíveis e deixando um legado de seu trabalho que beneficiaria a instituição por muitos anos é algo que não tinha preço! Estávamos fazendo história, mas ainda não tinha nítida noção disso. Por isso, não me incomodava nem um pouco em devorar manuais de configuração de equipamentos, prontificar relatórios durante voos, ficar na OM após o fim do expediente fazendo especificações técnicas dos mais variados itens de projeto, participar como fiscal de inúmeros complexos processos licitatórios e, em paralelo, ainda ter gás para prestar suporte às soluções recém-implantadas, varando madrugadas debugando (diagnosticando e resolvendo) os mais variados problemas técnicos. Todas essas atividades representavam obstáculos a serem superados. E a recompensa traduzia-se pelos resultados satisfatórios que íamos alcançando e pelos conhecimentos adquiridos. Das diversas viagens e do árduo e gratificante trabalho dessa época, guardo com saudade e bom humor algumas histórias que marcaram meu aprendizado profissional. Certa vez, a equipe à qual eu pertencia estava em Belém implementando uma interligação de redes, via radioenlace digital, entre a Base Naval de Val-de-Cães e o Comando do 4 o Distrito Naval. Por mais que tentássemos alterar as configurações dos equipamentos, não conseguíamos a conectividade ideal. Já pensávamos em desistir, até que uma empolgada SG-ET, que estava nos auxiliando na faina, entrou encharcada na sala que trabalhávamos, dizendo que lá fora estava tudo safo: as antenas de micro-ondas estavam alinhadas, as conexões de cabos estavam ok, mas alardeou, sem ter noção da preciosa informação, que estava chovendo torrencialmente (típico em Belém). Em segundos, começamos a dar risadas, pois, apesar de conhecermos a teoria, jamais esperávamos vivenciar a situação em que, de fato, as chuvas fortíssimas do norte do país afetassem as comunicações de dados do rádio digital, operando em SHF (super high frequency). Na verdade, estávamos tão envolvidos que sequer sabíamos que estava chovendo. Fantástico! Dizia eu. Não é que a teoria é verdade? Outra situação inusitada foi quando, depois de um dia de intenso trabalho para interconectar, via fibra óptica, algumas redes do AMRJ, constatamos no dia seguinte, depois de longo tempo de depuração (de novo o famoso debug ), que a interconexão havia deixado de funcionar porque ratos haviam roído as fibras durante a noite. Quando abrimos um dos bueiros, descobrimos os meliantes, gordos, refastelados por um saboroso prato de fibras ópticas, que os bancos escolares não haviam nos ensinado que fazia parte da dieta dos roedores. Aprendíamos que, a partir daquele momento, os cabos de fibras nos agressivos ambientes de atracação de nossos navios tinham que ser antirroedores e geleados (gel protetor). Lembro-me também quando tivemos que solicitar às freiras de um convento em Salvador para instalar uma repetidora de radioenlace digital. O local oferecia uma visada perfeita entre o Comando do 2 DN e a Base Naval de Aratu. As freiras custaram a entender a inusitada demanda, mas imediatamente aceitaram o pleito quando uma generosa pintura do convento foi oferecida em retribuição por tamanha benevolência. Numa necessidade similar de instalação de repetidora, consideramos usar um local alto no estádio do Mangueirão em Belém como possível ponto intermediário entre a ERMBe e a Base Naval de Val-de-Cães. A trepidação na vibração de um gol do Papão da Coruzu nos demoveu da ideia. Definitivamente, vivíamos tempos curiosos e às vezes estranhos... Recordo outro caso intrigante quando algumas autoridades, ao receberem a primeira andaina de material para instalação de suas redes locais, exigiam que as principais fibras ópticas ou mesmo os roteadores ficassem em suas salas. Motivo alegado: garantir o total controle sobre o fluxo de dados da OM (??!!). Despercebiam naturalmente que os dados viajariam por diversas outras salas antes de chegar ao destino final. Eram tempos de aprendizado... para todos nós! Expansão da RECIM Os anos que se sucederam (fim da década de 90) foram marcados pela expansão da RECIM. O objetivo principal era levar a conectividade às OM localizadas em áreas remotas (afastadas dos grandes centros urbanos) do território nacional, tais como: agências, delegacias e capitanias. Na esteira do sucesso da RECIM, proliferava o desenvolvimento de serviços que passavam a se beneficiar da grande rede em pleno crescimento. Os sítios de intranet (home pages) das OM se transformavam no portal de visita para oferta desses serviços. As informações que anteriormente trafegavam via rádio, telefone ou mala postal, passavam a chegar de forma mais rápida e confiável, via mágicos e revolucionários hipertextos (protocolo HTTP) e interfaces Web (world wide web). Lembro de uma ocasião quando, após prontificarmos a interligação à RECIM de uma das principais Estações Rádio da Marinha, seu comandante ainda permanecia incrédulo que o Boletim de Ordens e Notícias (BONO) chegava na tela do seu computador com tamanha velocidade que ele não precisaria mais recebê-lo via rádio (na verdade, radioteleimpressora ou RTTY). Ainda nesse contexto, no campo da informática administrativa, as OM subordinadas à Secretaria Geral de Marinha (SGM) avançavam no desenvolvimento de diversos sistemas corporativos, de suma importância para a MB: SIPLAD, SINGRA, SISPAG etc. Para citar outros exemplos, no setor operativo, o Comando de Operações Navais (ComOpNav) e o Comando e Controle do Tráfego Marítimo (ComConTraM), com apoio do Centro de Análise de Sistemas Navais (CASNAV), começavam a desenvolver os primeiros sistemas computacionais de comando e controle (C2) que culminariam mais tarde com a criação do Centro de Comando e Controle do Teatro de Operações Marítimas (CCTOM). Na área de pessoal, os boletins e controles de carreira da Diretoria de Pessoal Militar da Marinha (DPPM) começavam a ser transformados em aplicações, acessadas por todos via Web. A Diretoria de Portos e Costas (DPC) criava, entre outros, seu sistema de controle de tráfego aquaviário. As OM da área da saúde e do ensino também iniciavam a criação de seus próprios sistemas de interesse, disponibilizando-os na RECIM. A MB lançava-se, ainda que timidamente, à internet, e os primeiros sítios das OM voltados para o público externo começavam a surgir. Evolução na segurança das informações e nas comunicações navais No campo da segurança das informações, as primeiras grandes transformações também aconteciam. A MB abandonava seus recursos criptológicos mecânicos, com suas típicas máquinas semiartesanais (CX-52M, CP-1, CF1, Troll etc.), e também deixava de lado as cifras manuais. (Quem não se lembra dos livretos cor-de-rosa?) Esses recursos, já obsoletos, passavam a ser substituídos por soluções integralmente digitais, baseadas em plataforma computacional (software e hardware). Surgiam os primeiros sistemas criptológicos homemade (Touros, Argos, placa DCPC, MBnet etc.) que, entre outros resultados, provocaram o fim da grande sala cofre de publicações confidenciais do ComOpNav (minha responsabilidade durante meus dois primeiros meses de DTM). Era o fim do camarim de cifras, famoso chave de cadeia, que tanto apavorava os jovens oficiais, ao exercerem a função de dirigente de tráfego (DT). As comunicações de voz, tanto telefônicas como via rádio, também ganhavam seus primeiros dispositivos de criptofonia associados (aparelhos voxcript). Sem tecer maiores detalhamentos técnicos, pode-se dizer que esses novos recursos criptológicos eram, na sua maioria, soluções comerciais ou públicas, adaptadas ( customizadas, outro neologismo) para uso na MB. Isso não significa dizer que eram sistemas com criptografia fraca. Muito pelo contrário! A MB entendeu desde cedo que um rígido controle das chaves de criptografia e a correção dos procedimentos de uso dos recursos criptológicos eram, por vezes, processos bem mais significativos, em termos de segurança, do que desenvolver algoritmos proprietários, quando possuíamos capacidade limitada de realizar criptoanálise para testá-los quanto à real possibilidade de quebra. Nesse sentido, o Argos, por exemplo, era uma adaptação do então famoso software PGP (pretty good privacy), de algoritmo conhecido e público. Esse recurso teve um papel fundamental na criação não só da infraestrutura, mas como também da cultura de chaves públicas na MB. Com o Argos, cada oficial passava a contar com seu par de chaves (pública e secreta). A autenticação de documentos por meio de assinatura eletrônica passava a fazer parte da cultura naval, muito antes de qualquer órgão de governo sequer pensar em adotar processos criptológicos para proteger suas informações. Como curiosidade, o Argos já funcionava a plenos pulmões em 1997 e a criação do próprio projeto Infraestrutura de Chaves Públicas no Brasil (ICP-Brasil), iniciativa ainda em vigor do governo federal, data de 2001! Estávamos (MB) retomando a vanguarda das iniciativas, focando não só na tecnologia, mas também nos recursos humanos, nas políticas e procedimentos para garantir os requisitos básicos da segurança da informação digital: confidencialidade, integridade e disponibilidade! No campo das comunicações navais, o uso do correio eletrônico ( ), iniciado com o saudoso programa XPost se tornava realidade. Surgia o MBMail, que seria o precursor de outras formas mais avançadas de correio eletrônico. As comunicações rádio de longa distância, em HF (high frequency), ganhavam recursos que aumentavam a confiabilidade do uso da ionosfera, por meio de novos transceptores dotados de ALE (automatic link establishment) e antenas mais modernas (espiral cônica, log-periódica etc.), com melhores ganhos e faixas mais amplas de cobertura em frequência. Por meio de revolucionários equipamentos gateways de HF, os rádios passavam a se integrar, ainda que embrionariamente, à RECIM, transmitindo automaticamente (sem ação humana) s de tamanho reduzido aos navios no mar. Os quadros de amarração dos navios gradativamente eram substituídos por sistemas digitais de comutação de áudio, controlados por software. As máquinas radioteleimpressoras, pesadas e de custosa manutenção, davam lugar a computadores com pequenos modems associados (geração kamplus ). Os modems kamplus, usados até hoje na Esquadra, já eram usados por radioamadores em boa parte do mundo (poucos no Brasil) quando foram descobertos para uso na MB. A DTM concluiu que, dependendo do serviço/aplicação, o emprego de soluções comerciais de prateleira (COTS: commercial off the shelf) para as comunicações navais poderia trazer ótimos benefícios, facilitando os processos logísticos de aquisição, manutenção e renovação. Curiosidade: a solução kamplus para radiodados foi descoberta em 1995 num hit de busca na internet, executada por meio do programa AltaVista (o Google da época), num software navegador (browser) Netscape. Em suma, a evolução das comunicações navais fez com que os links de comunicação de dados terra-bordo-terra chegassem progressivamente aos navios. Ainda não podíamos dizer que eles faziam parte da RECIM, mas, quando estavam no mar, os ventos de inovação indicavam que a cultura das comunicações navais começava a mudar, tornando a constituição das redes locais de computadores a bordo também uma necessidade natural. 24 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

14 Virada do século novos desafios No início de 2001, retornando à MB (e à DTM) após mestrado em Engenharia Elétrica (ênfase em redes de computadores) na Naval Postgraduate School (Monterey, EUA), já imaginava que os acontecimentos do estouro da bolha de internet e a consequente derrocada de várias empresas pontocom no Vale do Silício mudariam as perspectivas da informática e das comunicações no mundo. Aliado a esses eventos, o avanço das ameaças digitais, iniciadas no vácuo do famigerado bug do milênio, trariam inevitáveis reflexos no Brasil e novos desafios na MB. Naquela época, a privatização das telecomunicações no país havia trazido ares de modernidade à RECIM. Os enlaces distritais baseados em satélite, já congestionados e sem oferecer a velocidade compatível com o aumento dos serviços na rede, haviam sido substituídos por enlaces terrestres, de maior capacidade/velocidade, contratados junto a provedores comerciais de serviços de telecomunicações. Não precisávamos mais da exclusividade da estatal Telebrás e de suas subsidiárias. A oferta e a concorrência tinham aumentado, o que levava a menores preços e maior qualidade dos serviços. Nesse período (meados de 2001/03), a RECIM já havia atingido 100% de conectividade de todas as OM de terra, incluindo as Comissões Navais no exterior que passaram a se interconectar, via internet, por meio de moderna tecnologia de VPN (virtual private network). A interligação da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) à RECIM ocorreria logo depois, em 2005, graças a um Convênio da MB com a empresa Oi/Telemar. Contando outra historinha para ilustrar o acontecimento, quando interligamos à RECIM esta que seria a última das unidades de interesse da MB, ouvi um dos jovens pesquisadores de universidades conveniadas à Secretaria Interministerial para os Recursos no Mar (SECIRM) dizer: Essa interligação que vocês vieram fazer aqui na EACF cortou o nosso barato da tranquilidade do isolamento, mas foi fundamental para otimizar o nosso trabalho e a troca de informações com nossos Centros de Pesquisa no Brasil. Não resisti e respondi: Felizmente, você reconhece que a EACF pode ser tudo, menos um retiro espiritual ou um resort ecoturístico (ambos rimos e seguimos nosso trabalho). A internet na MB Ainda nessa mesma época (2001 a 2005), o uso da internet na MB, não só para consumo dos seus usuários (pesquisas, pregões eletrônicos, s etc.), mas como também para oferta de informações (concursos, boletins meteorológicos, serviços de salvamar etc.) ao público externo em geral, deixou de ser encarado como um serviço supérfluo. Ao contrário, tornou-se um elemento indispensável. Abro um breve parêntese para um comentário técnico que considero oportuno. Ao longo dos anos que se sucederam até o presente, balancear a gigantesca demanda reprimida dos cerca de 30 mil usuários da MB com as constantes restrições orçamentárias, que dificultam o aumento de banda de internet, constitui um grande desafio. De um lado desse desafio, o ansiado desempenho no acesso à internet requerido pelos nossos usuários. Afinal, já que nossa intranet (RECIM) é tão boa, por que a internet da MB não é tão veloz como a que temos em casa? Ouço essa pergunta com frequência nas reuniões de turma ou na pelada do Clube Naval. Do outro lado, a resposta vem acompanhada por diversas explicações técnicas plausíveis. Enumerando algumas: a inquestionável prerrogativa de garantia da segurança da informação digital (SID) e a proteção da RECIM levaram à decisão técnica pela centralização da oferta de internet visando minimizar as crescentes ameaças de invasões (que aliás ocorrem com frequência em instituições com diferente postura); a necessidade legal de manter registros de acessos (quem acessa e o que acessa) para fim de auditoria e forense computacional; o controle centralizado das medidas de segurança para evitar que a liberação indiscriminada de internet em cada OM permita o surgimento de backdoors para invasões. Enfim, simplisticamente, todos esses fatores podem ser resumidos na guerra cibernética que se avizinha e já é uma realidade. Nota-se, portanto, que a comparação da internet doméstica com a internet corporativa é desproporcional e tecnicamente pouco recomendável, já que os requisitos de SID nos dois ambientes são totalmente diferentes. A RECIM chega aos navios no mar Voltando ao início dos anos 2000, para concluir de fato e com chave de ouro a estruturação física da RECIM, ainda faltava o grande desafio de interconectar, em dados e com alta velocidade de transmissão, os navios no mar. Idealizado ainda na década de 90, o programa denominado Sistema de Comunicações Militares por Satélite (SISCOMIS), capitaneado pelo então Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), atual Ministério da Defesa (MD), demorou um pouco a sair do papel e chegar às unidades operativas móveis das Forças. Na primeira oportunidade que foi agraciada com um aporte considerável de recursos desse programa, a MB, mais uma vez, abraçou com satisfação mais esse desafio: instalação das estações táticas móveis (terminais satélite), banda X e banda Ku, nos navios da Esquadra. A faina era altamente complexa. Os guias de onda deviam ser pressurizados a vácuo. Pesadas antenas parabólicas e contêiner com equipamentos sofisticados deviam ser instalados a bordo, sem interferir nos sistemas existentes. As antenas requeriam plataformas especiais refrigeradas e deviam ser perfeitamente giroestabilizadas, já que meio grau de desalinhamento da plataforma poderia causar aproximadamente 300 km de desalinhamento para receber o beacon satélite. Como de costume, a curva de aprendizado de nosso pessoal foi impressionante. Primeiramente, instalaram-se terminais satélite nos navios de grande porte (NAe, NDD, NDCC). As velocidades de conexão começaram em 64 kbps, mas rapidamente atingiram 1 Mbps. Posteriormente, vieram as instalações em algumas Fragatas, Navios Patrulha e Navios de Assistência Hospitalar (estes últimos com recursos oriundos do Ministério da Saúde). O sucesso das comunicações de dados via satélite no mar contribuiu decisivamente para que nossos navios tivessem participação destacada no apoio humanitário no Haiti, em Operações Conjuntas com outras Marinhas e em diversas atividades de resgate, busca e salvamento (vide desastre do avião da Air France). Inegavelmente, a chegada da RECIM e das comunicações de dados em alta velocidade aos navios elevaram as comunicações navais a um novo patamar, aprimorando significativamente as atividades de comando e controle, quebrando alguns paradigmas de silêncio rádio, forçando a revisão e atualização das doutrinas e, não menos importante, permitiram à tripulação desfrutar de maior conforto, graças a facilidades como acesso à internet e telefonia de baixo custo a bordo. O preço do crescimento acelerado de serviços na RECIM Com a RECIM já em fase final de estruturação física, nos anos de 2003 a 2006, o foco gradativamente deixou de ser a sua expansão, mas sim as atividades de controle, traduzidas pela gerência de desempenho e de segurança. A essa altura, a oferta na rede de aplicações e serviços, de cunho corporativo ou não, continuava a crescer. A DTM, por exemplo, disponibilizava o serviço de VoIP (Voz sobre IP Internet Protocol), em substituição às ligações telefônicas tradicionais, proporcionando grande economia nas ligações interurbanas e internacionais (todos os Distritos, Adidâncias e Comissões Navais desfrutam do serviço). A Diretoria de Finanças da Marinha (DFM) migrava suas aplicações em mainframe para plataforma baixa. A Diretoria de Administração da Marinha (DAdM) investia na gestão eletrônica de documentos (SIGDEM). Diversas OM aperfeiçoavam seus sistemas já existentes, incluindo novas funcionalidades e alterando plataformas computacionais. Novos sistemas continuavam a ser desenvolvidos com o intuito de otimizar processos internos das OM ou simplesmente disponibilizar novos serviços. Em comum, todas as OM, sem exceção, confiavam na RECIM para suportar o crescente fluxo de troca de informações. Infelizmente, o crescimento, até certo ponto desenfreado da oferta de serviços na RECIM pela grande maioria das OM, provocou uma situação caótica. O bom nível de desempenho não podia mais ser garantido. A RECIM estava congestionada novamente e com sua segurança ameaçada. Numa analogia simples para ajudar a entender o problema, é como se o número de carros ( serviços e fluxo de informações ) numa cidade não parasse de aumentar, mas a infraestrutura urbana de estradas, pedágios, semáforos, estacionamentos, guardas de trânsito etc. (RECIM) não acompanhasse esse crescimento. Desenvolvedores de aplicações/sistemas e gerentes da RECIM não chegavam a um consenso. Afinal, a culpa era da rede ou das aplicações? Ou de ambas? Os desenvolvedores consideraram o fato de existirem OM com enlaces de baixa velocidade de conexão à RECIM? Para piorar o quadro, a carência de processos uniformes e centralizados de controle de segurança das aplicações ofertadas abria caminho para que ameaças digitais (vírus, worms, spams, bots e outras formas de exploração de vulnerabilidades) começassem a proliferar. Como garantir que o desenvolvedor minimizasse vulnerabilidades antes de ofertar o sistema? Como evitar que um vírus presente num serviço oferecido em algum ponto da RECIM se alastrasse por toda a rede? Em suma, o baixo custo dos recursos computacionais (servidores, principalmente) e o avanço das telecomunicações que até então haviam levado à grande oferta descentralizada de serviços pelas OM, a partir de suas próprias redes locais, agora cobravam um alto preço. As aplicações cliente/servidor não funcionavam da maneira esperada e desejada. Com a segurança e o desempenho desapontando os usuários, os requisitos fundamentais das comunicações estavam seriamente afetados. No mundo privado, as empresas enfrentavam desafios semelhantes. Era chegada a hora de uma nova grande transformação. Governança de TIC Em 2007, o Alto Comando da MB, percebendo a gravidade da situação, criou um Grupo de Trabalho (GT) para discutir o assunto e propor as mudanças necessárias para adequar a MB à nova realidade. No mundo afora, surgia uma nova buzz word (expressão): tecnologia da informação (TI). Mas por que um novo nome? Modismo? Na verdade não. A ênfase já não estava mais nos sistemas, no processamento de dados, nos recursos computacionais ou nas redes, características típicas do mundo da informática e das telecomunicações. O foco agora era puramente a informação e todas as tecnologias que a cercavam. As pessoas, bem mais precioso de qualquer organização, passavam a orbitar em torno das informações, estando estas no estado de armazenamento, processamento ou simplesmente em movimento. A denominação mais adotada recentemente, tecnologia da informação e comunicações (TIC), vem a endereçar justamente a importância de tratar as tecnologias em consonância com o dinamismo da informação, em constante circulação. Novas nomenclaturas à parte, o fato é que o GT abriu novos horizontes para a TIC na MB e provocou importantes ajustes na estrutura organizacional das OM envolvidas. O GT concluiu que, até certo ponto, a TI podia permanecer pulverizada pelas OM. Afinal, era inegável sua relevância nos processos cotidianos que auxiliavam as OM a cumprirem suas respectivas missões. Todavia, os rumos da TIC, que impactavam indiretamente todas as OM, tinham que ser bem definidos, perfeitamente alinhados com a missão da MB. Havia portanto a necessidade de um controle maior, ou seja, de uma supervisão centralizada que contasse com total respaldo da Alta Administração. No linguajar popular de mercado, estava faltando uma tal de governança. Nesse contexto, decidiu-se pela criação da Comissão Técnica de TI (COTEC-TI), formada por representantes técnicos de cada Órgão de 26 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

15 Direção Setorial (ODS). Essa comissão passou a discutir, em alto nível, os assuntos técnicos comuns mais polêmicos, as normas, os padrões e frameworks de mercado e de governo a serem adotados, os projetos de TIC que devem ser priorizados, os limites de atuação de cada ODS etc. Em reuniões periódicas, a atividade principal da COTEC consiste na definição conjunta das ações a empreender (plano de trabalho) e na consolidação, para cada assunto polêmico, de algumas linhas de ação que são levadas à decisão do Conselho de TI da MB (COTIM). As deliberações do COTIM, composto pelos Almirantes-de-Esquadra de todos os ODS, passam a fornecer o respaldo fundamental do Alta Administração Naval que a área de TI tanto precisava para garantir a solidez de um plano único de trabalho e a adoção inquestionável das políticas, normas e procedimentos por parte das OM. Oportuno notar que a nova estrutura organizacional criada na MB, que aliás vigora até hoje, se tornou uma fórmula inovadora de sucesso também adotada no mundo privado. Nas empresas, a figura do Chief Information Officer (CIO) passou a ter lugar cativo nas reuniões de diretoria (board of directors), elevando a importância dos assuntos de TI, que impactam inegavelmente a produtividade de todas as unidades de negócio de uma empresa, ao mais alto nível de decisão. Ainda no escopo da governança e das novas perspectivas atreladas ao mix informação e comunicações, decidiu-se que a DTM deveria ser extinta. Em seu lugar, em janeiro de 2008, era criada a Diretoria de Comunicações e Tecnologia da Informação da MB (DCTIM), que passava a ser o principal braço executor das atividades de TIC na MB. Entre outras responsabilidades, à DCTIM passava a competir a definição das normas, o delineamento dos principais projetos de TIC, o controle centralizado pela homologação de sistemas e, principalmente, os estudos relativos à introdução e a validação de novas tecnologias da informação e comunicações em proveito das OM da MB. É oportuno destacar alguns trabalhos mais recentes da DCTIM: definição das políticas de segurança da informação digital; modernização e expansão do backbone da RECIM (adoção de maior largura de banda e tecnologia moderna de comutação de dados, MPLS multi protocol label switching); continuidade da instalação de terminais satélites nos meios navais; ampliação do uso de videoconferência, videochamadas e telefonia IP na RECIM; implantação de redes seguras sem fio; uniformização e centralização de solução de antivírus e firewall pessoal; gestão de atualizações de segurança (patches) de sistemas operacionais e aplicativos; modernização gradativa do SISCOM (por exemplo, introdução de novos rádios VHF-IP com elevada taxa de transmissão de dados até 2 Mbps); programa de implantação de software livre na MB (em consonância com o governo federal) e ativação de diversas soluções de colaboração, tais como: portal da MB para acesso remoto seguro, a partir da internet, às aplicações da RECIM; sistema de mensagens instantâneas (chat); sistema para compartilhamento de arquivos; TV Marinha (portal de vídeos); Rádio Marinha; webcast transmissões ao vivo via rede; web-bono (formato revista eletrônica); recebimento de s em dispositivos móveis (smartphones) etc. Criação do CTIM e do CD-MB Como consequência da necessidade de se ter uma estrutura sólida de suporte para gama de serviços de TIC em constante crescimento, em março de 2008, era criado o Centro de Tecnologia da Informação da MB (CTIM). Alinhando-se a práticas conhecidas de mercado (ITIL Information Technology Infrastructure Library), a MB passava a contar com uma grande central de atendimento (helpdesk), tanto para seus usuários internos como externos, ou seja, uma verdadeira central de serviços de suporte, funcionando 24 horas, 7 dias por semana, dotada de profissionais de TI e comunicações com formação diversificada e especializada que podem formar uma base de conhecimentos otimizando os tempos de resposta na resolução dos diversos incidentes de TIC, comuns a uma estrutura de grande porte como a RECIM. A criação do CTIM veio acompanhada da criação do Centro de Dados da MB (CD-MB) nas suas instalações. O CD-MB nascia no fim de 2008 com a filosofia de concentrar ao máximo a hospedagem dos sistemas de TIC, uma vez que a década anterior havia provado às empresas e, não diferente, à MB que a pulverização da oferta de sistemas nas redes locais de uma grande rede corporativa não permitia a garantia ideal de desempenho, segurança e um suporte adequado às demandas dos usuários. O CD-MB somava-se ao CD- DFM, já existente e mais voltado para hospedagem de sistemas da área da SGM. Para os mais saudosos, a força de ambos os CDs representava simbolicamente o regresso a uma época distante dos mainframes e terminais burros. Só que dessa vez, a nova arquitetura possuía uma motivação bem diferente daquele momento anterior. Era provocada pela necessidade crescente de maior controle dos recursos (ativos) de TIC e de uma gestão centralizada de segurança e desempenho na oferta dos serviços de TIC. Para auxiliar o trabalho do CTIM, dando o primeiro combate no apoio aos usuários de suas respectivas áreas de jurisdição, Centros Locais de TI (CLTI) são planejados e passam a ser criados, a partir de 2009, na medida da disponibilidade de recursos. O CLTI Mocanguê e o CLTI-7DN, primeiros a serem constituídos, passavam a cumprir papel de destaque no apoio de TIC aos navios e OM de sua área de competência, respectivamente. O que ainda falta? Hot topics e uma mensagem aos atuais e futuros profissionais de TIC da MB Nos aproximando dos dias de hoje, gostaria de evidenciar para os jovens profissionais de TIC da MB a certeza de que há muito ainda a ser feito! Estamos ainda distantes da governança ideal. Há problemas a serem resolvidos! O crescente papel dos profissionais de TIC no dia a dia das OM traz à tona uma necessidade importante: a revisão das tabelas de lotação de oficiais e praças de forma a contemplar cargos específicos para esses profissionais em cada OM. Esse é um trabalho complexo, que deverá ser iniciado o quanto antes, e conduzido com apoio técnico do setor de pessoal da MB para avaliação das melhores opções de curto, médio e longo prazo. A guerra cibernética bate à nossa porta, fazendo brotar novas discussões, quebrando paradigmas, impondo novos desafios de projetos para que estejamos preparados a essa nova realidade de combate no espaço virtual. A MB vem se preparando cuidadosamente nesse novo teatro de operações (Espaço Cibernético Eciber), posicionando-se política e tecnicamente diante das demais Forças e do MD, criando sua própria doutrina, padronizando procedimentos para resposta a incidentes, atualizando ferramentas de defesa e ataque, projetando laboratórios de simulação, criando redes seguras, baseadas em extensa tecnologia de virtualização e, acima de tudo, capacitando seu pessoal por meio de periódicos exercícios de adestramento, cursos, palestras, seminários etc. As redes seguras, que tiveram suas implantações iniciadas recentemente na RECIM, merecem destaque especial já que introduzem uma nova forma de trabalho. Por meio da virtualização de aplicativos ou de toda estação de trabalho (VDI virtual desktop interface), as informações deixam de residir nas máquinas dos usuários, passando a ser processadas e armazenadas, a todo instante, em ambientes seguros de centro de dados. O acesso à informação é concedido a quem de direito por meio de rígidos processos de autenticação. O usuário recebe e processa a informação em telas (pura visualização), não conseguindo extraí-las do ambiente seguro. Por conta da crescente preocupação com a guerra cibernética, a tendência é que as redes seguras se expandam rapidamente na MB. No campo do desenvolvimento/obtenção de sistemas, ainda há um grande trabalho de aprimoramento a ser feito. Afinal, quando devemos terceirizar o desenvolvimento, aproveitando a expertise de empresas do ramo? Se terceirizarmos, de que forma podemos melhor garantir o atendimento aos requisitos desejados de sistema? Mas, se os sistemas forem especificamente voltados para interesse militar/naval (sistemas digitais operativos, por exemplo) não seria mais apropriado desenvolvermos internamente? Valeria então a pena a MB ter sua própria software house? Seria hora de repensar o papel de algumas OM de C&T? Qual o nível de padronização no desenvolvimento que deve ser adotado? Pessoalmente, defendo a ideia que os diversos desenvolvedores de sistemas que a MB capacitou ao longo de anos devam ser concentrados em OM de C&T. A eles competiria a decisão quanto ao melhor modelo de obtenção e desenvolvimento (terceirizar ou não, por exemplo) para cada necessidade de sistema das OM clientes. Essa decisão seria feita com base em processos de homologação e padronização de softwares estabelecidos pela DCTIM. Assim, em vez de cada OM possuir seu próprio núcleo de desenvolvedores, ter-se-ia um núcleo para atendimento das necessidades corporativas da MB, com as prioridades de atendimento definidas pelo COTIM. Não há dúvidas que o assunto é polêmico e a minha opinião pessoal reflete apenas uma possível abordagem sobre a política a ser adotada. Entretanto, é certo que os questionamentos e implicações acerca do tema merecem ser amplamente estudados e debatidos na COTEC. Da mesma forma, existe a certeza que os resultados das discussões gerarão novas transformações que impactarão a vida profissional dos novos profissionais de TIC. Outras áreas de conhecimento trazem em seu escopo diversos aspectos de TIC a serem explorados e debatidos que igualmente gerarão novos interessantes desafios aos nossos jovens Oficiais e Praças de TIC. Pode-se citar como exemplos de promissores projetos: gestão de conhecimento, gestão de conteúdo, emprego da telepresença, expansão do uso das redes sociais, expansão das ferramentas de colaboração, fomento à mobilidade com emprego de dispositivos móveis (tablets, por exemplo), crescente necessidade de interoperabilidade de sistemas com instituições de interesse da MB (outras Marinhas, órgãos de governo, universidades e empresas conveniadas) etc. O Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), em fase de consolidação da sua arquitetura, e o Programa de Submarinos (PROSUB), com as suas novas instalações em Itaguaí, também fomentarão as atividades de TIC que darão suporte à complexa gama de atividades associadas a esses empreendimentos. Portanto, não é difícil notar que o que torna o trabalho em TIC tão fascinante é justamente sua capacidade de estar continuamente se renovando, inflando os profissionais de uma incessante motivação para superar desafios na busca de resultados que contribuam com a missão das OM apoiadas. Na MB, não se pode perder de foco o principal propósito da TI e das comunicações que consiste em alinhar as iniciativas de projetos e as tarefas de suporte às atividades e aos desafios enfrentados pelos nossos homens do mar, estejam eles embarcados ou servindo em OM de terra. Assim, os que trabalham com TIC devem perseguir sempre a eficiência e a eficácia, demonstrando continuamente um elevado senso de comprometimento e urgência em tudo que planejam e executam. Afinal, nossos clientes precisam das atividades de TIC para cumprir suas missões! Palavra de ordem: ousadia Faltando pouco tempo (dois anos) para a conclusão do meu tempo de serviço, olho para trás com imensa satisfação e com a grata sensação de dever cumprido. Longe de ser uma afirmação em tom de despedida, estou certo de que foram anos profissionais definitivamente bem-vividos. Para um engenheiro, experimentar as transformações relatadas neste artigo e ter a oportunidade de deixar uma parcela de contribuição em cada uma delas é motivo de grande orgulho. O legado, a obra pronta, o projeto de TIC concretizado, a RECIM funcionando, o seu colega de turma, comandante de navio, utilizando satisfeito uma tecnologia de ponta que ajudamos a implantar... Tudo isso simboliza a maior das conquistas, o prêmio máximo para um engenheiro ambicioso, sonhador, vibrador... ousado (para usar uma sábia expressão que ouvi recentemente num discurso do Diretor Geral de Material da Marinha, Exmo. Alte. de Esquadra Artur Pires Ramos). Sim, caros leitores, porque ousadia é a palavra mais do que apropriada, hoje e sempre. Foi a ousadia de muitos oficiais, praças e funcionários civis, profissionais destemidos de TIC, que permitiu levar e manter a MB no estado da arte, nesta área tão complexa do conhecimento, a despeito das dificuldades orçamentárias. Quando nos faltar recursos, sempre será a força de vontade de aprender por meios próprios, a motivação, a coragem, enfim, a ousadia que continuará diferenciando nosso pessoal, permitindo superar as adversidades e dando continuidade às iniciativas inovadoras que fazem a MB estar lado a lado de seus pares (instituições de governo), e muitas vezes à frente de seu próprio tempo. *Capitão-de-Fragata (EN) 28 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

16 Líbia atualidade alguma luz no fim do túnel? Luciano Ozório Rosa* No momento em que as hordas rebeldes com o caminho aberto pelos quase seis meses de intensos bombardeios aeronavais e apoio logístico, de armamentos e de inteligência da parte das forças da Otan penetram, finalmente, em Trípoli, coloca-se a questão do pós-gadáfi. Seis meses transcorridos desde o início das agitações populares no nordeste da Líbia, parece patente que as circunstâncias não foram e não são as mesmas que conduziram à derrubada dos tiranos vizinhos. No Cairo e em Túnis, manifestantes desarmados enfrentaram a costumeira brutal repressão dos exércitos de Mubárak e Ben Ali, que em determinado momento se recusaram a atuar como guarda pretoriana do regime. Na Líbia, não havia um exército unificado, mas unidades que respondiam a membros da sua tribo gadafa, a chefias tribais aliadas ou a ele diretamente, entre elas a tristemente famosa 32 a Brigada, sob o comando de seu penúltimo filho, Khamis. O governo não enfrentou manifestantes pacíficos, mas uma insurreição armada, que teria sido sufocada em poucas semanas se não houvesse o perseverante apoio bélico da coalizão ocidental. A queda abrupta daqueles dois aliados fiéis do Ocidente promoveu um desequilíbrio de forças no tabuleiro africano. Os desdobramentos na Líbia podem ser interpretados como um movimento compensatório induzido de fora? Aproveitar-se a onda para retirar do cenário um aliado recém-convertido, mas de passado controverso e comportamento político volátil? Criar condições para uma longa permanência de tropas da Aliança Atlântica no controle de importantes jazidas de petróleo? Cortejado pelas lideranças mundiais desde 2003 quando, numa espetacular reviravolta, suspendeu o apoio aos extremistas palestinos, indenizou generosamente as famílias de vítimas de atos de terrorismo atribuídos à Líbia, permitiu o desmantelamento de primitivos programas de armas nucleares e químicas, passou a colaborar com Washington na vigilância e repressão a militantes fundamentalistas islâmicos e distribuiu em licitações internacionais concessões para a lavra de suas ricas jazidas de petróleo Gadáfi transformou-se, da noite para o dia, em 17 de fevereiro último, do penitente arrependido, homenageado e incensado, recebido com todas as honras em Bruxelas, Lisboa, Madri, Paris, Roma... em um inimigo da humanidade. A insurreição líbica, estimulada pelos bem-sucedidos movimentos de protesto nos países vizinhos teve início naquela data em Bengázi, a mais de mil quilômetros a leste de Trípoli, estendendo-se posteriormente a cidades menores da Cirenaica. Até final de agosto, não havia encontrado sequência em Trípoli e a invasão da capital não teria ocorrido sem a intensificação da ofensiva das forças da Otan: as tomadas de cena da Praça Al-Tahrir no Cairo ou da Avenida Burguiba em Túnis retratam homens, mulheres, jovens e velhos comemorando a queda do regime. Na Praça Verde, em Trípoli, homens de metralhadoras e bandeiras rebeldes na mão, veículos armados, e como únicas mulheres as corajosas jornalistas estrangeiras. A Cirenaica tem sido o palco de todas as contestações a Gadáfi ocorridas desde Possui uma tradição de ortodoxia islâmica que data da primeira metade do século XIX, quando se fundou a confraria religiosa dos senússis. Os senússis resistiram tenazmente, durante mais de 20 anos, à dominação italiana ( ), e foram submetidos apenas em meados dos anos 30. Na II Guerra Mundial, alinharam-se às forças britânicas para derrotar as tropas do Eixo comandados pelo General Von Rommel. Ao tornar-se independente em 1951, o Reino da Líbia foi entregue a Mohamed Idris Al Senussi, que assumiu o título de Idris I. Descendente do fundador da senussia e ancestralmente ligado à Cirenaica, o soberano tentou várias vezes, em seus 18 anos de trono, estabelecer a capital em Al-Beida, nas proximidades de Bengázi e centro espiritual dos senússis. Ainda hoje a população da Cirenaica venera a memória de Idris I e alimenta sentimentos de hostilidade com relação à gente da Tripolitânia, que considera favorecida pelo regime de Gadáfi nos programas de desenvolvimento econômico e social do país. Por outro lado, a tradição do jihad, ou guerra santa contra os infiéis, mantém-se viva e volta e meia é reanimada pelos clérigos islâmicos na Cirenaica. Dali tem partido o maior contingente de voluntários para lutar com os Talibãs no Afeganistão ou juntar-se às hostes do Al-Caida no Paquistão e no Iraque. As manifestações de 17 de fevereiro em Bengázi foram convocadas por um advogado de famílias dos militantes islâmicos que se haviam rebelado em uma prisão perto de Trípoli, em 1996, massacrados às centenas pelas forças da ordem. Há 14 anos reclamam em vão os corpos para dar-lhes condigna sepultura. Pretendia aproveitar o momento da primavera árabe para fazer valer essas reivindicações. Entretanto, no segundo dia de distúrbios, mais precisamente a 18 de fevereiro, os manifestantes haviam já tomado de assalto um quartel, apoderando-se de grande quantidade de fuzis, munições, carros armados e lançadores de foguetes, conforme amplamente 30 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

17 documentado pelos canais internacionais de televisão. O governo acionou a Brigada Khamis, que certamente terá abusado do uso da força como sempre o fez, não para conter passeatas, mas para reprimir uma insurreição armada. Uma bem urdida campanha de opinião, em que teve papel protagônico o canal de televisão do Catar Al-Jazeera, com suas reportagens em árabe e em inglês, de impecável qualidade técnica consolidou a versão de que Gadáfi estaria reprimindo com armas pesadas, inclusive emprego da Força Aérea, demonstrações pacíficas de um povo sedento de democracia. Impunhase uma intervenção externa para prevenir o massacre do próprio povo por um tirano sem escrúpulos! No Iêmen, no Bareine, e mais continuamente, na Síria, centenas de dissidentes estariam sendo, pelo que se vê na televisão, dizimados pelas forças armadas, leais ao governo, sem que a consciência ocidental haja cogitado organizar uma ofensiva bélica para protegê-los. No Bareine ocorreu o oposto: a Arábia Saudita, com a bênção ocidental, enviou uma expedição militar para preservar o Emir dos arroubos da populaça. Sob o paradoxal pretexto de proteger a população civil, o aparato militar da Aliança Atlântica vem destruindo metodicamente as infraestruturas, prédios públicos, moradias que possam abrigar o líder líbio ou seus colaboradores imediatos, e até antenas da TV estatal. Essa ação extrapola o conceito da zona de exclusão aérea imposta pela Resolução 1973, de 17 de março, do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovada, aliás, sem o voto de membros expressivos do Conselho: Alemanha, Brasil, China, Índia e Rússia. Outra ardilosa flexibilidade de interpretação tem facultado o envio ostensivo de armas e munições aos rebeldes, apesar do embargo total estabelecido pela Resolução 1970, de 26 de fevereiro de Na Misurata, Záuia e Zlitan, na Tripolitânia, focos de descontentamento com o regime foram reativados com o desembarque ou envio por helicópteros de munições, armamentos e conselheiros militares. A Resolução 1973 facultou a complacente brecha jurídica em que se fundamenta a ampla ofensiva bélica dos países-membros da OTAN: autoriza todas as medidas necessárias para garantir uma zona de exclusão aérea, expressão suficientemente vaga para justificar um vale-tudo. Já na primeira semana, o porta-voz da Organização anunciava que haviam sido neutralizados 60% da capacidade defensiva da Líbia, destruídos todos os aviões militares e de uso dual, pistas de pouso, baterias de defesa antiaérea, afundadas embarcações e perturbados os sistemas de comunicação do governo. A partir daí, atingiram-se com mísseis lançados de navios no Mediterrâneo, aeronaves que partem de bases na Sicília ou porta-aviões disponibilizados pela França e Canadá todos os tipos de alvo: veículos blindados e de transportes, tropas de infantaria e centros de comando, e, repetidamente, os locais de trabalho e moradia de Gadáfi. O filho mais moço e dois netos pereceram sobre os escombros da casa do líder líbio. Como também netos e outros familiares do General Humêidi, companheiro de Gadáfi na revolução de 1969 e ainda hoje seu mais fiel colaborador, que teve a residência inteiramente destruída num dos ataques da Otan. Não obstante seis meses de bloqueio comercial, econômico, político e financeiro; intensos bombardeios; suprimento de armas, munições e mesmo uniformes aos rebeldes; e dados de inteligência colhidos por satélite ou drones por uma coalizão de 17 países que acumula o maior poderio militar do mundo somente em final de agosto Gadáfi seria alijado do poder, o que coloca em linha de controvérsia a versão de que a maioria dos líbios clamava por ser libertada de um tirano. Fato é que, congelados os ativos de todas as 42 participações acionárias líbias em empresas no exterior, o regime de Gadáfi, golpeado mortalmente em sua capacidade de gerir a atividade econômica e isolado diplomática e militarmente, demonstrou surpreendente capacidade de resistência. De 17 de março a 17 de agosto mais de nove mil artefatos de grande poder destrutivo foram lançados pelas forças da Otan sobre o território líbico. A população, aterrorizada, sofre o impacto físico e psicológico dos bombardeios e já agora também do banditismo gerado pelo gradativo colapso do Estado e acentuação das carências de combustíveis e alimentos. Têm havido acertos de contas tribais e pilhagens, disputas entre facções rebeldes e execuções sumárias. E o Conselho Nacional de Transição? Será possível imaginar que nesse meio ano de custosa ofensiva bélica os estrategistas da Otan hajam simplesmente negligenciado o preparo de uma sucessão no poder favorável a seus interesses e sustentável a longo prazo? Ou, ao contrário, o que se pretende é promover na Líbia um estado permanente de instabilidade política e fragilidade econômica de molde a perpetuar a presença de tropas e a dependência, como ocorre no Afeganistão e no Iraque? Assistiremos à ressurreição da base militar norte-americana de Wheelus, nas proximidades de Trípoli, ponto de apoio durante a Guerra da Coreia e no esquema de contenção à URSS, ativa até dezembro de 1971, agora como plataforma estratégica da Otan para contrarrestar a influência chinesa no continente africano? Reconhecido por 31 países incluindo quase todos os membros da União Europeia e os Estados Unidos como o legítimo representante do povo líbio, o Conselho Nacional de Transição (CNT) revela-se, porém, muito heterogêneo. Reúne em seus quadros alguns ex-ministros de Gadáfi; certo número de fundamentalistas islâmicos militantes; ativistas dissidentes que retornaram do exílio na Europa e Arábia Saudita, rivais entre si; e outros descontentes, marginalizados por uma estrutura autoritária de poder em seu 42 o ano. Conta, até o momento, com muito pouca representatividade na Tripolitânia e na Fazânia, que concentram em conjunto 2/3 da população da Líbia. Certamente está agora sendo desenvolvido esforço frenético para agregar-lhe expoentes dessas duas regiões, o que não será muito fácil diante do histórico de contenciosos tribais. Ainda é cedo para afirmar-se que o CNT, na atual composição, será reconhecido por todos os seus próprios militantes e sobretudo quanto à sua capacidade de promover a reconciliação nacional. Os principais integrantes do CNT provêm de famílias da Cirenaica. A começar pelo presidente e interlocutor privilegiado dos líderes ocidentais, Mustafa Abdul-Jalil. Como juiz presidente da Corte de Apelação de Bengázi, tornou-se conhecido em todo o país por haver em 2002 confirmado a pena de morte imposta a cinco enfermeiras búlgaras, mais tarde convertida pela Corte Suprema em prisão perpétua. Tinham sido condenadas em 2 a instância como General Abdel Fattah Younes responsáveis pela contaminação com o vírus da AIDS de mais de 400 crianças num hospital de Bengázi. Uma ampla mobilização internacional, em que interveio a própria Cécile Sarkozy, à época esposa do presidente francês, e com a mediação de um filho de Gadáfi, Seif-al-Islam, resultou na deportação das enfermeiras ao seu país de origem. Deixou a pasta da Justiça, para a qual fora nomeado por Gadáfi em 2007, para juntar-se aos insurretos e assumir a chefia do movimento logo no início das agitações, em fevereiro último. O assassínio, em julho passado, do General Abdel Fattah Younes, então comandante militar dos rebeldes, ocorre como desdobramento emblemático da falta de coesão do CNT. Um dos oficiais que depuseram o Rei Idris I em setembro de 1969, o General Younes, de 67 anos, mantivera-se até 2010 no círculo dos mais fiéis colaboradores e conselheiros de Gadáfi, e sua deserção para o lado insurgente, em fevereiro passado, causou espanto. Como ministro do Interior, havia coordenado por mais de uma década a feroz repressão aos fundamentalistas islâmicos na Cirenaica. Foi abatido, aparentemente, num acerto interno de contas: aqueles extremistas constituem o braço mais disciplinado do Conselho Nacional de Transição. 32 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

18 Tunísia Argélia Tripolitânia Cirenaica L Í B I A Nigéria Fezzan Shade Sudam Egito A prolongada tutela estrangeira política, econômica, militar surge no horizonte como inevitável. Dispondo das mais importantes reservas provadas de hidrocarbonetos no continente africano o dobro das jazidas dos Estados Unidos ou da China a Líbia necessitará de algum tempo, talvez uma década, para retomar plenamente um nível de produção que já chegou a superar os 3 milhões de barris diários e havia baixado para cerca de 1,6 milhão antes das hostilidades. Contratos de exploração e exportação terão que ser renegociados, instalações reparadas, quadros técnicos readmitidos ou renovados, conflitos de interesses dos consumidores europeus, asiáticos, americanos, harmonizados. O equacionamento de problemas humanitários como a reconstrução de moradias, reassentamento de centenas de milhares de refugiados, tratamento de traumas psicológicos, especialmente nas camadas mais jovens, reconstituição de canais de distribuição de alimentos e itens de primeira necessidade surgirá como prioridade. O país que em 2010 despontava como o detentor do mais alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da África, e se posicionava, nesse critério de avaliação das Nações Unidas, bem à frente do Brasil, Rússia, Venezuela, África do Sul, poderá reduzir-se em pouco tempo a dependente da caridade internacional. Caso a fatura venha a ser, como se suspeita, apresentada ao povo líbico (mediante a utilização, por conhecidos subterfúgios, dos ativos congelados no exterior, para ressarcimento aos países da OTAN envolvidos no esforço de guerra), a reconstrução do país, atingido e esfacelado em seu controverso, mas estável, ordenamento político, esgarçado no seu tecido social, economicamente desmantelado, e contaminado em seu frágil equilíbrio ecológico pelos resíduos dos milhares de artefatos explosivos, demandaria um período de tempo longo e tortuoso. A saída mais viável a divisão territorial da Líbia, em que Tripolitânia e Cirenaica voltassem a constituir as entidades separadas que caracterizaram a maior parte de sua história exigiria radical mudança no discurso ocidental e na letra das citadas Resoluções do Conselho de Segurança da ONU. Estados Unidos e Europa emitem sinais de que está próxima a liberação para o CNT de parte substantiva dos fundos confiscados ao regime líbio, o que tornará a questão da legitimidade e abrangência de tal Conselho crucial para o futuro do país. Como tem sido apontado por analistas internacionais de renome, permanece sem resposta uma pergunta: a Líbia terá enfim a oportunidade de reestruturar-se como Estado unificado, soberano, democrático e onde os direitos individuais sejam respeitados, ou haverá simplesmente a transferência do controle da sua riqueza petrolífera, da autocracia de base tribal constituída em torno de Gadáfi para grupos de interesse ocidentais afoitos, interessados em manter acesso privilegiado e domínio robusto sobre os pontos estratégicos e as jazidas de óleo e gás do país e menos comprometidos com os anseios nacionais líbicos? Por outro lado, se é verdade que Gadáfi fez muitos clientes mas conquistou poucos amigos no mundo ao longo desses 42 anos no poder, as privações impostas ao povo líbico despertam sentimento de solidariedade e revolta em todo o universo muçulmano, e não só. Paira como sombria ameaça o risco de que na Líbia pós-gadáfi, esfacelada e empobrecida, aflorem movimentos extremistas que identificam na violência inaceitável e absolutamente condenável do terrorismo uma resposta desesperada à duplicidade ética das lideranças ocidentais. Que ao menos hajam sido aprendidas as lições do Afeganistão e, sobretudo, do Iraque, até hoje problemas em aberto, transcorridos mais de oito anos da intervenção militar anglo-americana! Sobretudo, que, em algum momento, se conceda aos próprios líbios a opção de participar das decisões sobre o seu futuro. * Diplomata aposentado, foi embaixador do Brasil na Líbia de novembro de 2005 a julho de Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

19 geopolítica O DESAFIO BRASILEIRO NA PRIMEIRA METADE DO SECULO XXI 5ª maior Hernani G. Fortuna* população 8ºPIB O Brasil, neste início do século XXI, sendo o quinto maior país em extensão territorial e, também, o quinto maior em população, com 190 milhões de habitantes, bem como o 8º PIB do planeta, conheceu um dos processos de urbanização mais rápidos do mundo. Esse processo, entretanto, gerou contrastes brutais, frustrando as expectativas de um crescimento ordenado em seus aspectos regionais. Com sua população concentrada ao longo da costa atlântica, 80% dos brasileiros vivem nas cidades, sendo que 40% em grandes conglomerados urbanos, quase todos no litoral. 5ªmaior extensão Embora os conceitos de Geopolítica possam definir o Brasil como um país continental, em face de seu quociente de maritimidade apresentar um índice próximo de ½, torna-se necessária uma análise mais realista da posição brasileira no continente sul-americano. A vivificação de suas fronteiras terrestres é incipiente, em face de imensos vazios demográficos ao norte e a oeste, o que dificulta, sobremaneira, a ocupação racional de seu território que, ao contrário dos Estados Unidos da América, não pôde realizar-se no sentido dos paralelos e meridianos, porém, por meio de aspectos ditados por circunstâncias de momento, como os acréscimos territoriais oriundos de sucessivas violações do Tratado de Tordesilhas. Assim, após o reconhecimento dessas violações, o Tratado de Madri e o Tratado de Santo Ildefonso revelaram ao mundo um Brasil bem diferente daquele contido, desde sua descoberta, a leste do meridiano que vai de Belém do Pará a Laguna em Santa Catarina. Há interesses regionais, em face da delimitação da borda externa da plataforma continental e seus desdobramentos no mar territorial e na zona econômica exclusiva, quando não poderão ser permitidas ambiguidades de interpretação do direito do Estado ribeirinho em determinar a captura permissível dos recursos vivos da zona econômica exclusiva, a garantia da preservação das espécies, a determinação da capacidade de aproveitar, economicamente, os recursos vivos nas condições acima e a plena utilização e usufruto da exploração dos recursos não vivos ou energéticos da plataforma continental. Assim, no início deste novo século, não é desconhecido que cada novo ciclo nas relações internacionais tem representado a oportunidade histórica de ingresso de novos atores na competição econômica e tecnológica em nível mundial com consequente surgimento de novas lideranças. Há, também, uma mudança nos sistemas produtivos e no comércio internacional, consequência da ação política e econômica daqueles novos atores, como as corporações estratégicas orientadas por matrizes científico-tecnológicas e os conglomerados de produção e comercialização. A ação das corporações estratégicas e dos megaconglomerados, em conjunção com seus respectivos governos, concretiza reformulações importantes na forma do exercício do poder em áreas de influência e viabiliza a configuração de macromercados regionais e continentais. Verifica-se, assim, que no hemisfério norte processa-se uma revolução produtiva que concentra produção, por intermédio de pesquisa e desenvolvimento. A produção baseada em alta tecnologia e intenso conhecimento científico passa a ser residente no hemisfério norte. Por sua vez, a reestruturação produtiva induz a novas regras de comércio, protegendo a propriedade intelectual e alavancando a superprodução realocada e localizada no hemisfério norte. Na realidade, estamos desenhando, aqui, os contornos mais nítidos de um quadro que define o conflito Norte-Sul, do qual somente uma parcela ínfima dos países do Terceiro Mundo participa de fato, na medida em que a maioria não dispõe de condições básicas para se situar na perspectiva das transformações estipuladas pela revolução pós-industrial ou cibernética, definindo as premissas de nova configuração estratégica e econômica. Mais do que nunca, os países que desejarem sobrepor-se a esses fatores condicionantes e dominantes, aspirando um lugar ao sol no novo século, deverão fugir das perplexidades e paralisias mesmo nos momentos de crise internacional. É preciso compreender que se trata do primado de uma economia orientada por tecnologia embutida e de um comércio internacional crescentemente administrado por racionalidade política e alto nível científico-tecnológico. Esse processo de reestruturação produtiva leva consigo a reformulação funcional e o papel dos mecanismos de gerenciamento supranacionais e multilaterais no campo econômico: organização industrial, comércio internacional, produção, acesso e uso de tecnologia, propriedade intelectual, genética e biodiversidade. Nessa recomposição do sistema produtivo mundial, reformulamse as bases de produção material das economias avançadas, com a consolidação de uma nova configuração produtiva, estipulando novas regras e modalidades para o comércio internacional, com o alargamento e o aprofundamento da defasagem científicotecnológica em relação aos países do hemisfério sul. A ausência de uma concepção política e de um conceito estratégico do pensamento nacional tem-se revelado desastrosa para o Brasil. A política de defesa nacional, recentemente elaborada, é tímida, incompleta e não vislumbra a possibilidade de conflitos no mundo pós-bipolar. Na verdade, trata-se de um documento genérico que pode valer para qualquer nação em qualquer situação. Não para um país, quer queiramos ou não, que, com todas as suas dificuldades, tem o 8º PIB do planeta, o quinto maior território e a quinta maior população do globo. A inexistência dessa concepção político-estratégica não permite que foros adequados possam discutir e avaliar o mundo pós-guerra fria; que os conflitos são inevitáveis; que as instituições internacionais e os organismos de defesa coletivos não são aptos para restringir ou eliminar os conflitos; que nenhuma força 36 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

20 marinhagens singular isolada incorpora todas as necessidades para responder a qualquer situação de crise; que continua o perigo da proliferação de armas de destruição em grande escala; que o combate às drogas e ao terrorismo ultrapassa as fronteiras do Estado-nação; e que a preservação dos ecossistemas dá sustentação à delgada camada que encobre nosso planeta onde se desenvolve a vida. A política de defesa nacional não aborda todos esses assuntos de vital importância para o país, de forma adequada, e a preocupação com a expressão econômica tem a primazia no trato ou discussão de todos os problemas brasileiros. Na verdade, há uma inversão no pensamento político estratégico do governo quando se coloca a política como caudatária da economia. Esse posicionamento não contribuiu para a melhoria dos indicadores sociais onde o Brasil ainda ocupa o 70º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do planeta. Essa inversão talvez possa ser explicada pelo fato das condicionantes econômicas não terem deixado de atuar no crepúsculo da era colonialista. Assim, pode-se afirmar que, ainda hoje, os interesses erigidos em torno do petróleo têm uma enorme influência em toda a política exterior das grandes potências com relação ao Oriente Médio e que os interesses comerciais são a tônica dominante nas relações dos Estados Unidos com a América Latina. Essas considerações não alteram, entretanto, o entendimento de Bertrand Russel de que o poder é a capacidade de produzir efeitos desejados e que este relaciona-se à política de duas formas: primeira, que a política reside no poder e, segunda, a política considera sempre as possibilidades de pressão do poder ou a forma de aumentá-lo. Assim, nas relações internacionais, a política é, acima de tudo, uma luta pelo poder, o que justifica o conceito de que a economia é caudatária da política. Não há dúvidas de que o país precisa de reformas para atender ao seu problema mais importante que é o crescimento econômico. Um crescimento do PIB menor que 5% ao ano não absorve a mão de obra que, anualmente, chega ao mercado de trabalho. Essa não é uma cifra mágica, porém, é o resultado de um estudo do PNUD que prevê, para um país como o Brasil, a necessidade de destinar 40% de sua taxa de crescimento anual do PIB para a geração de empregos. Se o país não conseguir resolver esse dilema, estará pavimentando a estrada de uma crise social que já se desenha na completa ausência de segurança dos grandes centros urbanos e nas ocupações rurais. Os caminhos para solucionar o grande imbróglio brasileiro são conhecidos e o que falta é vontade política para os trilhar. Uma reforma político-constitucional que atinja os três poderes da República é indispensável, mormente, pela situação de ingovernabilidade que a Constituição Cidadã de 1988 deixou o país, onde a maioria dos municípios existentes vive à custa de participações de recursos nas transferências dos estados e da União. O Executivo com uma estrutura de 37 ministérios ou secretarias não permite ao presidente da República uma amplitude de controle tão necessária ao planejamento e execução de suas decisões, visando à correta consecução dos objetivos nacionais. Ao contrário do que deveria existir, há um completo desbalanceamento, instituindo-se uma gradação em importância ou legitimidade para cada ministério ou secretaria onde a nomenclatura de cada um deles é um simples sofisma para justificar sua existência e atribuir cargos a uma base aliada descompromissada com os legítimos interesses nacionais. O Judiciário não consegue, pelo anacronismo das leis e dos códigos processuais, administrar os conflitos e distribuir a justiça em tempo hábil. Uma sentença ou ato judicial, para transitar em julgado, consome um tempo onde os efeitos desejados não mais atendem aos anseios daqueles que buscaram seus direitos ou a correta interpretação de seus deveres. Terrível calamidade é a injustiça praticada por aqueles que têm o poder nas mãos. A justiça é a base de toda e qualquer sociedade que privilegie a prudência e a virtude e, como consequência, o julgamento é a aplicação do que é justo. Não é possível ter-se um Legislativo que não atenda à sua responsabilidade constitucional de fazer leis para a sociedade brasileira, reunindo-se apenas três dias por semana, nas duas Casas do Congresso, tentando recuperar o tempo que foi perdido, usando o artifício de repetidas convocações extraordinárias com a conivência do Executivo e a sangria dos contribuintes. Não será possível aspirar a um lugar no Conselho de Segurança da ONU sem uma capacidade mínima de dissuasão para conquistar e preservar os legítimos objetivos nacionais, sejam estes permanentes ou atuais. Esquadras, divisões, esquadrões, não se criam de improviso. É necessário um planejamento adequado, continuado e constantemente avaliado, para que possam ser exigidos os recursos necessários à correta estruturação das Forças Armadas, definida nos objetivos de uma concepção política e de um conceito estratégico nacionais. Assim, o Poder Executivo deverá estruturar, corretamente, o Ministério da Defesa, dar a seus integrantes a educação e o preparo profissional que necessitam, com cursos de política e de estratégia nas Escolas de Altos Estudos das Forças Armadas. O que se verifica hoje no Ministério da Defesa é uma profusão de cargos comissionados a um sem-número de ocupantes, que não guardam nenhuma interação com a estratégia, como arte referente ao poder, na busca de objetivos. Não se vê ali uma contribuição decisiva para que o Brasil não elida nos tópicos de sua reforma, a correção das matrizes energética e de transporte, bem como seja definido se deseja prosseguir com seu programa nuclear na perspectiva de que os interesses marítimos brasileiros justifiquem a existência de uma Marinha oceânica com a presença de um submarino de propulsão nuclear. Não se pode esquecer que o papel do mar nas relações entre os Estados constitui, por si só, um capítulo importante por constituir os oceanos uma fronteira que põe em contato a maior parte desses Estados, mesmo distanciados, representando o seu controle uma fonte extraordinária de Poder. A visão pontual e fragmentada de interesses regionais, que sempre existiu na solução dos problemas nacionais, não poderá prevalecer e terá que ser substituída por uma visão estratégica onde eixos de desenvolvimento substituam os polos de irradiação. Até hoje, nenhuma forma de organização econômico-social eliminou as desigualdades ou extinguiu a pobreza. O que se tem buscado, através dos tempos, é a criação de mecanismos, na arena das relações internacionais, que minimizem esses conflitos, compatibilizando a soberania dos Estados, sobretudo, dos Estados de maior poder, com os anseios dos menos aquinhoados. O Brasil não foi diferente de outros povos na busca de uma sociedade ética, moral e justa, porém, a exata compreensão do que é hoje a comunidade internacional permitirá que se possa reformar o Estado brasileiro e assegurar neste século, que ora se inicia, a preservação de sua soberania, liberdade, independência, prosperidade e segurança. *Almirante-de-Esquadra (Ref.) Respeito e Cortesia Navais GILBERTO PEREIRA* Por ocasião de meu ingresso no Colégio Naval, há exatos 55 anos, iniciou-se a constatação de que nossa carreira se apoia em alguns pilares, dentre os quais destaco a cortesia, o respeito e as tradições. Em que pese existirem muitos outros, mencionei esses por desfrutarem da condição de serem absolutamente pertinentes a este artigo. Passei a constatar, também, que no que tange às suas origens, as tradições se dividem em dois grupos. No primeiro, estão as oriundas de Marinhas antigas, inclusive de outros países, dotadas de navios com propulsão a vela, e que passaram através dos séculos. Podemos citar, como exemplos, o apito do marinheiro, o tratamento de senhor dispensado ao Mestre do navio, entre outras. No segundo grupo, incluímos aquelas nascidas na nossa Marinha, e que são mais jovens. São, genuinamente, tradições da Marinha do Brasil. Qualquer que seja a sua origem, elas estão inseridas no nosso dia a dia, a bordo dos navios ou dos estabelecimentos de terra, e nós as cumprimos e respeitamos instintivamente. Para ilustrar, destaco algumas: cumprimentar o Pavilhão Nacional ao entrar a bordo, desejar boa-noite aos mais antigos, após o cerimonial do arriar do Pavilhão, dirigir-se ao Imediato ou Vice-Diretor, ao entrar em qualquer navio ou estabelecimento de terra. Nesse segundo grupo incluo uma que se restringe aos Oficiais, e que representa ao mesmo tempo, respeito e cortesia: pegou no Colégio ou na Escola, o tratamento pode ser você. Não pegou, o tratamento é senhor. Em outras palavras, pode-se tratar de você os contemporâneos de Colégio Naval ou Escola Naval. Os demais devem receber o tratamento senhor. Não sei se as novas gerações de Oficiais estão com ela familiarizadas. Lamentavelmente, parece que não. Obviamente, podem ocorrer exceções. Se não foram contemporâneos de Colégio ou Escola, mas, por algum motivo, nasceu uma relação de amizade entre o mais antigo e o mais moderno, o tratamento pode ser você. Por exemplo, em alguma fase da carreira, os dois Oficiais, ostentando o mesmo posto, serviram na mesma unidade e, eventualmente, dividiram o mesmo camarote. Outra situação muito comum é a amizade existente entre as famílias do mais antigo e do mais moderno. Tal situação leva a um convívio familiar e a uma intimidade que permite um tratamento mais liberal. Mesmo nessa situação, há que separar o relacionamento particular do profissional. Jamais o Chefe do Estado-Maior de uma Força pode tratar de você, o Almirante Comandante da Força, quando em serviço, ainda que na vida particular eles sejam amigos. Como Oficial Reformado e frequentador assíduo da Praça d Armas do Clube Naval, tenho observado que, infelizmente, não é essa a realidade. Tenho constatado Oficiais bem mais modernos tratando outros pertencentes a 10, 15 turmas acima, pelo nome e usando o pronome você. Algo como se aos 70 anos de idade, fosse motivo de vergonha usar o tratamento senhor ao dirigir-se a alguém que ingressou na Marinha quando ainda usávamos calças curtas. Certa vez ouvi de um colega a afirmativa de que aqui no Clube não tem Almirante nem Comandante. Somos todos sócios. Discordei veementemente, afirmando que se no nosso Clube, o Clube dos Oficiais de Marinha, não prestigiarmos nossos Oficiais Generais e nossos Capitães-de-Mar-e-Guerra mais antigos, onde isso acontecerá? Entendo que à luz do Estatuto do Clube, ao pé da letra, aquela afirmativa tem total respaldo. Mas também estou convicto de que acima do que diz o Estatuto, está o nosso respeito e a nossa tradição navais. É fora de dúvida que nossa sociedade, principalmente os mais jovens, aboliu o tratamento senhor. Entra-se numa loja para fazer compras, e o tratamento recebido é você, mesmo quando o funcionário da loja tem idade para ser seu filho. Nos atendimentos telefônicos, o tratamento é, em geral, você, muito embora quem está atendendo não tenha a menor noção de quem seja e que idade tem seu interlocutor. Causa-me grande preocupação a possibilidade de que essa bactéria causadora da má educação e da falta de respeito esteja contaminando nossa Marinha. Se está precisamos imediatamente aplicar uma vacina ou antídoto que combata seus efeitos. Essa profilaxia precisa começar no Colégio Naval e na Escola Naval, educando os futuros Oficiais e transmitindo a eles conhecimentos sobre as várias tradições navais, especialmente essa: pegouse no Colégio ou na Escola, o tratamento pode (não necessariamente deve) ser você. Não pegou, é senhor. Não me causa qualquer constrangimento, aos 73 anos de idade entrar na Praça d Armas do Clube Naval, e, com todo o respeito, usando o tratamento adequado, dirigir-me ao mais antigo, cumprimentá-lo e pedir permissão para sentar-me à mesa onde ele está. Considero que tal atitude traduz respeito e consideração a alguém que, além de mais idoso, ingressou na Marinha muito antes de mim. E noto que essa atitude massageia seu ego, ao demonstrar que ele ainda é motivo de respeito e consideração entre os colegas de profissão. Jovens Alunos do Colégio Naval e Aspirantes da Escola Naval, lembrem-se que, em princípio, pegou no Colégio ou na Escola, pode tratar de você. Não pegou, o tratamento deve ser senhor. * Capitão-de-Mar-e-Guerra (Ref.) 38 Revista do Clube Naval 359 Revista do Clube Naval

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