AEDB CURSO DE ADMINISTRAÇÃO AULA 7 GESTÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1. Estrutura do estudo a ser realizado a partir desta aula:
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- Maria das Neves Estrela Barateiro
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1 AEDB CURSO DE ADMINISTRAÇÃO AULA 7 GESTÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS 1 Prof. Walfredo Ferreira, jul Estrutura do estudo a ser realizado a partir desta aula: - O Ambiente dos Negócios Internacionais o Aspectos políticos dos negócios internacionais sistemas políticos e legais intervenção do Estado o Aspectos econômicos dos negócios internacionais a integração econômica regional os mercados emergentes o ambiente monetário e financeiro 1. Aspectos políticos dos negócios internacionais No ambiente dos negócios internacionais, além dos aspectos ligados à cultura, a parte política exerce enorme influência. Nessa parte está inserido o estudo acerca do sistema político e legal de um país e das formas e intensidade da intervenção do Estado na relação econômica, interna e externa. Por meio desses aspectos se alcança um indicador reconhecido internacionalmente, que serve para medir o nível de (des)confiança ao se investir em determinado país. Trata-se do denominado risco-país ou risco-político. 1 Esta Nota de Aula, assim como as anteriores, representam apenas o resumo dos assuntos discutidos em sala de aula. Visam, dentre outros objetivos, permitir aos alunos terem um roteiro de acompanhamento das discussões e dos tópicos estudados, segundo o programa da disciplina. Todavia, não supre, em hipótese alguma, as lições e observações feitas durante a aula.
2 Para Cavusgil et. al. (2010, p. 121), o risco-país refere-se à exposição a uma perda em potencial ou a efeito diversos sobre as operações e a lucratividade de uma empresa causados por desdobramentos no ambiente político e/ou legal do país. Já segundo Rupert Rhodd (2013), esse risco diz respeito à probabilidade de que uma mudança de governo ou um conflito interno possa ter impacto nas atividades de comércio. Nicola Minervini (2012), por sua vez, define risco país como a possibilidade do exportador sofrer perdas, por causa de eventos que não estão sob o controle das empresas particulares ou dos indivíduos, como, por exemplo, uma revolta, uma limitação ao livre comércio ou uma crise política. Portanto, em outras palavras e de maneira sintética, o risco-país ou político equivale ao risco de perda do investimento no ambiente internacional. A relação de causa e efeito pode ser assim evidenciada: quanto maior o risco-país, menor será o interesse das empresas em investirem nesse país. Por outro lado, para tentar atrair esse investimento, mesmo com um alto índice de risco, os Estados se utilizam de inúmeros mecanismos econômico-financeiros, tal como o pagamento de juros acima dos oferecidos por outros países que apresentam taxa de risco mais baixa. O indicador do risco-país também interfere diretamente no índice de grau de investimento, utilizado como referência nas bolsas de valores. Quanto à medição desse índice, há várias empresas de consultoria e do mercado financeiro que a elaboram. Por exemplo: a Moody s, a Standard & Poor s (S&P) e a Fitch Ratings. Essas são algumas fontes de risco político: - Liderança política corrupta; - Conflitos religiosos e/ou raciais; - Sistema político instável; - Terrorismo e sequestros; - Transferência forçada de ações de uma empresa para o governo (encampação), inclusive sem compensação; - Não cumprimento de tratados e/ou acordos internacionais ratificados.
3 1.1 Sistemas políticos Por sistema político entende-se o conjunto de instituições formais que constituem um governo. Abrange instituições do Legislativo, os partidos políticos, os grupos de lobby e os sindicatos, além da própria burocracia estatal (ministérios, secretarias etc.). Há várias classificações de sistema político, variando, sobretudo, quanto ao grau de participação popular, à garantia dos direitos fundamentais - dentre esses o da propriedade privada - e à existência do pluripartidarismo. Para esta aula, segue-se a seguinte tipologia: a) Sistema totalitário ou totalitarismo tem como característica não só a busca do controle de toda atividade política e econômica, como também as ligadas às atitudes, às crenças e aos valores da sua sociedade. Geralmente, a filiação partidária (com partido único) é obrigatória para quem deseja ascender na hierarquia social e econômica. O poder é mantido por meio de instrumentos como polícia secreta, controle da mídia pelo Estado, propaganda estatal massiva, regulação da livre discussão e das críticas, uso de mecanismos de terror. Para as empresas que atuam no ambiente internacional, este tipo de sistema representa muita instabilidade e, por consequência, riscos elevados, pois princípios condizentes com a livre iniciativa e a propriedade privada não fazem parte dos objetivos fundamentais estatais. b) Sistema social-democrata neste sistema há uma intervenção estatal na economia sob o argumento de distribuir benefícios sociais. Representa um meio caminho entre o pleno liberalismo político e o totalitarismo. Neste caso, o Estado intervém, mas não incisivamente, no mercado, utilizando-se, por exemplo, de princípios do Direito Tributário, como o da capacidade contributiva e o da equidade, para tentar ajustar possíveis excessos da mão invisível do mercado. Políticas públicas distributivas e redistributivas também são exemplos desta intervenção. No Brasil, há os programas de transferência de renda condicionada (PTRC), como o Bolsa-Família.
4 c) Sistema democrático ou democracia 2 apresenta como características a garantia plena do direito à propriedade e dos demais direitos individuais, e o Estado mínimo. Em decorrência disto, o governo só se planeja e executa ações no que diz respeito à defesa nacional, à segurança pública, à diplomacia e outras atividades ligadas à infraestrutura no nível macro (rodovias, ferrovias, portos, telecomunicações,...). Sob este tipo de sistema, diz-se que ao permitir que as forças de mercado direcionem a economia, os recursos são alocados com a máxima eficiência (CAVUSGIL et. al. 2010, p. 125). 1.2 Sistemas legais Consoante Cavusgil et. al. (2010), os sistemas legais formam uma estrutura de regras e de normas que regulam as relações entre pessoas e instituições, além da utilização e instrumentos de coerção e de coação que preveem punição contra possíveis violações. Nesse aspecto, como sinônimo, tem-se a expressão ordenamento jurídico do Estado. Inclui, por exemplo, constituição, leis, decretos, portarias, regulamentos, ritos processuais,... Para o estudo do ambiente internacional, sob a ótica de um gestor ou de um administrador, citam-se dois tipos de sistema 3 : o de direito comum e o de direito civil, também conhecidos, respectivamente, como common law e civil law, ou, ainda, direito consuetudinário e direito positivo. a) Direito comum ou consuetudinário baseia-se na tradição e nos casos pretéritos similares julgados nos tribunais (jurisprudência). Os países da British Commonwealth (Austrália, Irlanda, Nova Zelândia, EUA, Reino Unido) se utilizam desse sistema, que possui, dentre outras características, uma grande flexibilidade 2 Esta classificação baseia-se em Cavusgil et. al. (2010). Contudo, acredita-se que em vez de democracia, o que se tem são características de um sistema liberal, principalmente pela pouca ou inexistente intervenção estatal, aparentemente. Há, por exemplo, casos em que o Estado é liberal e democrático, isto é, de intervenção mínima e de participação popular nas decisões (sufrágio, partidos, ideologias, direitos individuais,...). Existe também a seguinte associação: liberalismo, quanto à economia; democracia, no que tange à política. 3 Cavusgil et. al. (2010) ainda indicia o direito religioso, fortemente influenciado por crenças religiosas, códigos éticos e valores morais; o direito socialista, que tem como base o direito civil, mas com a posse de grande parte da propriedade exercida pelo Estado e, ainda, os sistemas mistos.
5 dos magistrados na análise de cada caso concreto, o que inclui disputas comerciais e outras situações relacionadas a negócios. b) Direito civil ou positivado baseia-se em leis, códigos e institutos criados e usados, por exemplo, pelo Direito romano e pelo Código napoleônico. França, Alemanha, Itália, Japão, México e países da América Latina são exemplos de Estados que se utilizam desse sistema. Contudo, deve-se salientar que, atualmente, há uma forte interação entre esses sistemas. No Brasil, por exemplo, embora seja utilizado o sistema do civil law, em muitos casos o magistrado recorre a princípios gerais do direito, aos costumes e à jurisprudência, como indica a própria Lei de Introdução ao Direito Brasileiro, antiga LICC (Lei de Introdução ao Código Civil). Da mesma forma, para agilizar os julgamentos, os Estados cujo sistema é o common law já codificam algumas decisões de caráter mais geral. Alguns reflexos surgem para os negócios internacionais a partir das diferenças entre os sistemas legais. Por exemplo: 1) os padrões diferentes de transações internacionais; 2) a violação do direito de propriedade; 3) a violação de leis de patente, de marca registrada e de direito autoral (propriedade intelectual). Para fins de solucionar controvérsias no ambiente internacional entre empresas e países, existe a Organização Mundial do Comércio (OMC), criada em 1994, a partir do antigo GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio), de É na OMC, por exemplo, que se discutem assuntos ligados à prática de dumping, de subsídios e de salvaguardas. REFERÊNCIAS CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESEMBERG, J. R. Negócios Internacionais: estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson Prentice Hall, MINERVINI, Nicola. O Exportador. 6. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, RHODD, Rupert. Negócios Internacionais. 1. ed. São Paulo: Eskenazi Ind. Gráfica, SILBER, Simão Davi. Teorias do Comércio Internacional. In: VASCONCELOS, M. A. S. de; LIMA, Miguel; SILBER, S. D. Gestão de Negócios Internacionais. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
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