Código de Processo Penal para Concursos Art. 69
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- Glória Macedo Coimbra
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1 Código de Processo Penal para Concursos Art. 69 a) Inércia: a atividade jurisdicional depende de provocação, afinal, dentro do sistema acusatório, há nítida separação de atividades, cabendo ao órgão acusador provocar o Judiciário, por meio do exercício do direito de ação. De forma excepcional, em favor da liberdade, o habeas corpus pode ser concedido ex officio pelos juízes e/ou tribunais (art. 654, 2º, CPP). Por sua vez, o processo judicialiforme (art. 26, CPP), autorizando o exercício da ação por portaria do juiz ou do delegado na persecução das contravenções penais, não foi recepcionado pela Constituição Federal. b) Substitutividade: monopolizando o jus puniendi, o Estado acaba concentrando a responsabilidade de resolver os casos penais, substituindo a atuação das partes, já que a autotutela, de regra, foi banida, e fazer justiça com as próprias mãos caracteriza crime contra a administração da justiça. c) Lide: a lide, no conceito de Carnelutti, é o conflito de interesses qualificado pela pretensão resistida (ou desatendida) 31. No processo penal, não se deve falar, a rigor, em lide, afinal, não há propriamente conflito de interesses, já que defesa e acusação possuem o mesmo objetivo, que é o justo provimento jurisdicional. O MP há muito tempo deixou de ser mero órgão de acusação, passando a funcionar como fiscal da lei e guardião da sociedade. d) Atuação do direito: o exercício jurisdicional busca legitimar a justa aplicação da lei, impondo-se. e) Imutabilidade: com o trânsito em julgado do provimento jurisdicional, preclusos os respectivos recursos, a decisão irá revestir-se da imutabilidade pela coisa julgada material. Excepcionalmente, admite-se a reversibilidade de tal situação, nas hipóteses de cabimento da revisão criminal (sempre em favor do réu), e por eventual utilização do habeas corpus, havendo vício evidente do decisum. Como a competência é a delimitação jurisdicional, para sua determinação, adotaremos os seguintes critérios, que serão distribuídos, mais a frente, nos incisos do artigo em comento: COMPETÊNCIA MATERIAL: tem por base as características do caso penal, estando assim organizada: a) Competência material ratione materiae: nos permite identificar qual a Justiça competente, seja ela a justiça comum estadual (residual) ou federal (arts. 108 e 109, CF); e a justiça especializada, abrangendo a Justiça Militar (que aprecia apenas as infrações militares: art. 124, CF), 31. CARNELUTTI, Francesco. Sistema de direito processual civil. Tradução: Hiltomar Martins Oliveira. São Paulo: ClassicBook,2000. v.1. p
2 Art. 69 Nestor Távora e Fábio Roque Araújo ou a Justiça Eleitoral, que tem competência para julgamento das infrações eleitorais e das infrações comuns conexas; b) Competência material ratione loci: para saber qual o juízo territorialmente competente devemos atender a seguinte seqüência lógica: inicialmente, identificar o local da consumação do delito; não se sabendo, a competência territorial é definida pelo domicílio ou residência do réu; por fim, como critério residual aos dois anteriores, teremos a prevenção, que é sinônimo de antecipação, leia-se, juiz prevento é aquele que primeiro pratica um ato do processo (recebimento da inicial acusatória), ou é aquele que ainda na fase do inquérito pratica medidas cautelares que se referem ao futuro processo. Ex: busca e apreensão domiciliar, interceptação telefônica etc; c) Competência material ratione personae: é o foro privilegiado ou foro por prerrogativa de função, estabelecido em razão da importância do papel desempenhado por determinada autoridade, o que é normalmente estabelecido na Constituição Federal e/ou Estadual. COMPETÊNCIA FUNCIONAL: é estabelecida por uma distribuição de tarefas dentro de determinada persecução penal, senão vejamos: a) Competência funcional pelas fases do processo: teremos juízos distintos para presidir etapas diversas da persecução penal, como um juiz responsável pela instrução e julgamento, já que o juiz que instrui é aquele que deve julgar (princípio da identidade física), e outro magistrado competente para a fase das execuções. Ou no júri, com um juiz presidindo a primeira fase do procedimento (sumário da culpa), e outro competente para presidir o plenário de julgamento; b) Competência funcional pelo objeto do juízo: a divisão de tarefas ocorre em face do conteúdo do julgamento. É o que ocorre no júri, já que os jurados têm competência para apreciar os quesitos que lhes são formulados, ao passo que o juiz presidente tem competência para proferir sentença, vinculado ao teor da votação dos quesitos; c) Competência funcional pelos graus de jurisdição: é a verticalização da competência, seja em razão da interposição de recursos, ou de ações que podem tramitar originariamente nos tribunais, com o habeas corpus, o mandado de segurança e a revisão criminal. 2. enunciados de Súmula de jurisprudência STF Súmula nº 611 Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. 104
3 Código de Processo Penal para Concursos Art Informativos de jurisprudência a) Matéria penal. Competência da Justiça do Trabalho. Inexistência. STF/454 Competência da Justiça do Trabalho e Matéria Penal O Tribunal deferiu pedido de liminar formulado em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Procurador-Geral da República para, com efeito ex tunc, dar interpretação conforme à Constituição Federal aos incisos I, IV e IX do seu art. 114 no sentido de que neles a Constituição não atribuiu, por si sós, competência criminal genérica à Justiça do Trabalho (CF: Art Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar:... I as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;... IV os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição;... IX outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. ). Entendeu-se que seria incompatível com as garantias constitucionais da legalidade e do juiz natural inferir-se, por meio de interpretação arbitrária e expansiva, competência criminal genérica da Justiça do Trabalho, aos termos do art. 114, I, IV e IX da CF. Quanto ao alegado vício formal do art. 114, I, da CF, reportou-se à decisão proferida pelo Plenário na ADI 3395/DF (DJU de ), na qual se concluiu que a supressão do texto acrescido pelo Senado em nada alterou o âmbito semântico do texto definitivo, tendo em conta a interpretação conforme que lhe deu. ADI 3684 MC/DF, rel. Min. Cezar Peluso, 1º Jurisprudência COMPLEMENTAR a) Execução Penal. Juízo competente. Local de cumprimento da pena. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. JUÍZOS DE VARAS DE EXECUÇÕES CRIMINAIS. PROCESSUAL PENAL. CUMPRIMENTO DA PENA EM OUTRO ESTADO DA FEDE- RAÇÃO. PEDIDO DE PROGRESSÃO DE REGIME. COMPETÊNCIA DO JUÍZO ONDE O RÉU CUMPRE SUA PENA, AINDA QUE PROVISORIAMENTE. Ainda que o réu esteja cumprindo sua pena provisoriamente no juízo da capital federal, a este compete apreciar o pedido em pauta, pois, em verdade, é ele que acompanha tal cumprimento. Precedentes em casos análogos. Conflito conhecido para declarar a competência do Juízo de Direito da Vara de Execuções Criminais do Distrito Federal. (STJ. CC 25986/AC, Rel. Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/09/1999, DJ 18/10/1999 p. 200) 5. QUESTÕES DE CONCURSO 01. (Magistratura Federal TRF1 6º Concurso Adaptada) Transitada em julgado sentença condenatória, a aplicação de lei nova, mais benigna, não deve ser pleiteada diretamente ao Juiz da Vara de Execução Penal, mas ao Tribunal de Justiça. 02. (Procurador Federal 2007) Ainda que a sentença condenatória tenha transitado em julgado, cabe ao juízo criminal prolator da sentença a aplicação de lei mais benigna posteriormente editada. Gabarito 01 F 02 F 105
4 Art. 70 Nestor Távora e Fábio Roque Araújo Capítulo I: Da competência pelo lugar da infração Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 1. BREVES COMENTÁRIOS São três as teorias territoriais para determinação da competência ratione loci. Vejamos: A primeira é a teoria do resultado (art. 70, caput, primeira parte). Por ela, o juiz territorialmente competente é aquele que exerce suas funções na comarca em que se consumar a infração. Essa é a principal regra de determinação da competência territorial. A segunda é a teoria da ação (art. 70, caput, parte final), em que o juiz territorialmente competente é aquele atuante no local em que se realizaram os atos executórios. É a teoria adotada nas infrações de menor potencial ofensivo, determinando a competência territorial dos juizados especiais; nos crimes tentados (art, 14, inc. II, CP); e por disposição jurisprudencial, no homicídio doloso, pois segundo o STJ, a realização do júri no local da ação seria mais adequado para a colheita de provas e para satisfação à sociedade vitimada pelo delito 32. A terceira teoria é a da ubiqüidade, ou teoria híbrida, abarcando tanto o local da ação quanto o do resultado ( 1º e 2º do art. 70, CPP). Ela tem aplicação específica aos crimes à distância, que são aqueles em que a execução se inicia no Brasil e o resultado ocorre no estrangeiro, ou que a ação se inicia no estrangeiro e o resultado, mesmo que parcialmente, ocorre ou deveria ocorrer no Brasil. Nestas hipóteses, a competência brasileira será determinada pelo local no território nacional em que se projetar a ação ou o resultado. Havendo confusão territorial entre duas ou mais comarcas, por inexatidão das respectivas divisas, ou quando a infração vier a consumar-se justamente nos 32. RT 678/
5 Código de Processo Penal para Concursos Art. 70 limites entre ambas, o primeiro juiz que receber a denúncia ou ainda na fase do inquérito tomar medidas cautelares referentes ao futuro processo é o competente, isto é, a competência firmar-se-á por prevenção. 2. enunciados de Súmula de jurisprudência STF Súmula nº 521 O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. STJ Súmula nº 244 Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem provisão de fundos. STJ Súmula nº 200 O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou. STJ Súmula nº 151 A competência para o processo e julgamento por crime de contrabando ou descaminho define-se pela prevenção do juízo federal do lugar da apreensão dos bens. STJ Súmula nº 48 Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato cometido mediante falsificação de cheque. 3. Informativos de jurisprudência a) Criação de foro no local do cometimento do delito. Afastamento da competência do foro onde proposta a demanda. Inocorrência. Princípio da perpetuatio jurisdictionis. Aplicação ao processo penal. Aplicação analógica do art. 87, CPC. Cf. art. 3º, item 2, d) b) Delito de divulgação de imagens pornográficas infantis na internet (art. 241, ECA). Juizdo do local de lançamento das fotos na internet. STJ/384 Competência. Imagens pornográficas. Internet. Trata-se de conflito negativo de competência em que o juízo federal do RJ e o juízo federal do júri e das execuções penais de SP declararam-se incompetentes para presidir inquérito policial que apura delito tipificado no art. 241 da Lei n /1990 supostamente praticado pelo paciente, enquanto teria vinculado imagens pornográficas de crianças e adolescentes na Internet. Explica o Min. Relator que, de acordo com o entendimento deste Superior Tribunal, o delito previsto no art. 241 do ECA ocorre no momento da publicação das imagens, ou seja, no lançamento das fotografias de pornografia infantil na Internet. Por isso, o local em que se encontra sediado o provedor de acesso ao ambiente virtual não é relevante para a fixação da competência. Diante do exposto, a Seção declarou competente o juízo do júri e das execuções penais de São Paulo, o suscitado, levando em conta ser o local do lançamento das fotos na Internet, de acordo com a documentação dos autos. Precedente citado: CC SP, DJ 1º/2/2008. CC RJ, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/2/
6 Art. 70 Nestor Távora e Fábio Roque Araújo c) Furto mendiante fraude. Internet. Competência. Juízo do local da conta-corrente da vítima. STJ/326 Competência. Fraude eletrônica. Internet. Conta-corrente. Banco. O cerne da questão consiste em se determinar o juízo competente para processar e julgar crime de transferências eletrônicas bancárias sem consentimento do correntista para outra pessoa via internet em detrimento da CEF. No caso dos autos, a fraude foi usada para burlar o sistema de proteção e vigilância do banco sobre os valores mantidos sob sua guarda, configurando crime de furto qualificado por fraude e não estelionato. Assim, considera-se consumado o crime de furto no momento em que o agente torna-se possuidor da res furtiva, ou seja, no momento em que o bem subtraído sai da esfera de disponibilidade da vítima. No caso, a conta-corrente da vítima estava situada em Porto Alegre-RS, local da consumação do delito (art. 155, 4º, II, do CP). Com esse entendimento, em sintonia com o parecer do MPF e a jurisprudência deste Superior Tribunal, a Seção declarou competente o Juízo Federal suscitante. Precedente citado: CC GO. CC RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 8/8/ Jurisprudência COMPLEMENTAR a) Homicídio. Competência. Juízo do local do último ato de execução praticado. CONFLITO DE COMPETÊNCIA HOMICÍDIO VÍTIMA ALVEJADA, A TIROS, NUMA COMARCA, VINDO A FALECER, TEMPOS DEPOIS, EM OUTRA COM- PETÊNCIA DO JUÍZO ONDE OCORRIDA A AGRESSÃO. 1. Se o interesse do processo é a busca da verdade real, tem-se que a ação penal deve desenvolver-se no local que facilite a melhor instrução. 2. Conflito conhecido, declarando-se competente o Juízo de Direito da Vara Distrital de Francisco Morato-SP, o suscitado. (STJ. CC 17112/PR, Rel. Ministro ANSELMO SANTIAGO, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 13/05/1998, DJ 17/08/1998 p. 16) b) Falso testemunho. Depoimento realizado por carta precatória. Competência. Juízo do local onde foi prestado o depoimento (juízo deprecado). CRIMINAL. CONFLITO DE COMPETÊNCIA. FALSO TESTEMUNHO. DELITO CON- SUMADO NO MOMENTO EM QUE SE ENCERRA O DEPOIMENTO. INTELIGÊNCIA DO ART. 70 DO CPP. DEPOIMENTO REALIZADO POR CARTA PRECATÓRIA. IRRE- LEVÂNCIA. COMPETÊNCIA DO JUÍZO DE DIREITO DA 3ª VARA DE REGISTRO/SP. Firma-se a competência, em regra, pelo lugar em que o delito é consumado, nos termos do art. 70 da Lei Processual Penal. O crime de falso testemunho consuma-se com o encerramento do depoimento prestado pela testemunha, quando a mesma profere afirmação falsa, nega ou cala a verdade, razão pela qual, para a sua apuração, sobressai a competência do Juízo do local onde foi prestado o depoimento, sendo irrelevante o fato de ter sido realizado por intermédio de carta precatória. Conflito conhecido para se declarar competente, para o processamento e julgamento do feito, o Juízo de Direito da 3ª Vara de Registro/SP, o suscitado. (STJ. CC /PR, Rel. Ministro GILSON DIPP, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 28/11/2001, DJ 11/03/2002 p. 163) 5. QUESTÕES DE CONCURSO 01. (Delegado de Polícia Civil/PB 2008 Adaptada) Compete ao juízo do local da emissão da cártula processar e julgar crime de estelionato mediante emissão de cheque sem fundo. 108
7 Código de Processo Penal para Concursos Arts. 70 e (Delegado de Polícia Civil/PB 2008 Adaptada) Nos crimes qualificados pelo resultado, por força da teoria da atividade, adotada pelo CPP, o foro competente é o do local da prática da ação, independentemente do local em que se consumou o delito. 03. (Delegado de Polícia Civil/PB 2008 Adaptada) O juízo deprecado é o competente para processar e julgar crime de falso testemunho praticado mediante carta precatória. 04. (Magistrado TJ/SC 2009 Adaptada) O foro competente para processar e julgar o crime de estelionato mediante emissão de cheques sem fundos é o da emissão do título. 05. (Magistrado TJ/MG 2007 Adaptada) A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se iniciar a infração penal, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 06. (Magistrado TJ/MG 2007 Adaptada) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela precedência da distribuição. 07. (Promotor de Justiça MP/RN 2009 Adaptada) Tratando-se de competência territorial pelo lugar da infração, em regra, o CPP adotou a teoria da atividade. 08. (Promotor de Justiça MP/RN 2009 Adaptada) Em regra, observa-se a teoria do resultado para se firmar a competência no âmbito dos juizados especiais criminais estaduais. 09. (Magistratura Federal TRF Adaptada) O delito de vender ou expor à venda, pela rede mundial de computadores, fotografia com cena de sexo explícito ou pornografia envolvendo criança ou adolescente ocorre no momento da publicação da imagem, ou seja, no lançamento da fotografia na Internet. Por isso, segundo o STJ, o local em que se encontre sediado o provedor de acesso ao ambiente virtual não é relevante para a fixação da competência. 10. (Promotor de Justiça MP/MG 2009 Adaptada) Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato mediante falsificação de cheque. Gabarito 01 F 02 F 03 V 04 F 05 F 06 F 07 F 08 F 09 V 10 V Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 1. BREVES COMENTÁRIOS A continuidade delitiva é uma ficção jurídica assegurada no Código Penal. Por ela, se várias infrações da mesma natureza forem praticadas em circunstâncias similares de tempo, espaço, e modus operandi, as infrações subseqüentes serão tidas como continuidade da primeira, como se fossem uma só (art. 71, CP). Por 109
8 Arts. 71 e 72 Nestor Távora e Fábio Roque Araújo essa razão, havendo continuidade delitiva em que a(s) conduta(s) se estenda(m) por mais de uma comarca, a competência para julgar todos os atos é fixada pela prevenção. Por sua vez, havendo crime permanente, como a consumação se protrai no tempo, havendo a extensão por mais de uma comarca, como no seqüestro em que o cativeiro oscila entre diversas cidades até a vítima ser libertada, a competência será definida pela prevenção. 2. QUESTÕES DE CONCURSO 01. (Delegado de Polícia Civil/SC 2008) Em caso de infração permanente, cometida em território de duas ou mais jurisdições, a competência se firmará: (A) pela prevenção. (B) pela continência. (C) pela distribuição. (D) pelo domicílio do réu. 02. (Magistrado TJ/AL 2008 Adaptada) Tratando-se de infração permanente, praticada no território de duas ou mais jurisdições, a competência será determinada pelo local da prática do último ato de execução. 03. (Promotor de Justiça MP/MG 2008 Adaptada) Nos crimes permanentes, praticados em território de mais de uma jurisdição, a competência firmar-se-á pela regra da distribuição. 04. (Magistrado TJ/PI 2007 Adaptada) Em caso de crimes continuados ou permanentes, cuja execução se prolonga no tempo, podendo atingir o território de mais de uma jurisdição, a competência será da justiça federal. Gabarito 01 A 02 F 03 F 04 F Capítulo II: Da competência pelo domicílio ou residência do réu Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu. 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que primeiro tomar conhecimento do fato. 1. BREVES COMENTÁRIOS Se as teorias territoriais não resolverem a definição da competência territorial (art. 70, CPP), o domicílio ou residência do réu funcionarão como critério subsidiário (actor sequitur forum rei). 110
9 Código de Processo Penal para Concursos Arts. 72 e 73 O domicílio é o local em que o agente estabelece sua residência com ânimo de definitividade. Subsidiariamente, engloba o local em que exerce suas ocupações habituais (a referência de seus negócios), ou o local onde é encontrado. Já a residência é a morada sem ânimo definitivo. Não se sabendo o local da consumação do crime, e não havendo domicílio ou residência, ou sendo ignorado o paradeiro do infrator, a competência é definida pela prevenção, que é traduzida como verdadeira antecipação. Isto é: o juiz que primeiro praticar um ato do processo (recebimento da inicial acusatória), ou ainda na fase do inquérito tomar medidas cautelares referentes ao futuro processo, será o competente. Situações especiais: a) Se desconhecido o local da consumação, e tendo o réu mais de um domicílio ou residência, qualquer deles se prestará para definir a competência territorial, resolvendo-se pela prevenção; b) Havendo vários réus com domicílios diversos, a competência também será firmada pela prevenção; c) O domicílio da vítima não é legalmente considerado para definir a competência territorial em matéria criminal. 2. QUESTÕES DE CONCURSO 01. (Delegado de Polícia Civil/MG 2008 Adaptada) Quando incerto o local da consumação do crime, a competência será definida pelo domicílio ou residência do acusado. 02. (Procurador do Estado/CE 2008 Adaptada) Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência será firmada pela prevenção. 03. (Promotor de Justiça MP/PE 2008 Adaptada) Em nenhuma hipótese a competência será fixada pela residência do réu. Gabarito 01 V 02 F 03 F Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. 1. BREVES COMENTÁRIOS A discricionariedade conferida ao querelante não é aplicada à ação privada subsidiária da pública. Nestas, sabendo-se o lugar da consumação, não há variabilidade. Por sua vez, frise-se que o domicílio da vítima não é levado em conta para definição da competência territorial. 111
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