Hospedeiros, níveis de infestação e parasitoides de moscas frugívoras (Diptera: Tephritidae e Lonchaeidae) em municípios da região Sul da Bahia

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1 Hospedeiros, níveis de infestação e parasitoides de moscas frugívoras (Diptera: Tephritidae e Lonchaeidae) em municípios da região Sul da Bahia Elisângela Alves dos Santos Felix Melo 1 ; Elisângela dos Santos 1 ; Francinne Ribeiro Almeida 1 ; Rodrigo Barros Rocha 1 ; Olivia Oliveira dos Santos 2 ; Pedro Carlos Strikis 3 ; Maria Aparecida Leão Bittencourt 1 1 Universidade Estadual de Santa Cruz, Campus Soane Nazaré de Andrade, km 16 Rodovia Jorge Amado. CEP Ilhéus, BA. elis01agro@yahoo.com.br; elissantos10@hotmail.com; francinneribeiro@hotmail.com; rocharbr_07@hotmail.com; malbitte@uesc.br. 2 Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Estrada do Bem Querer, Km 4, Caixa Postal, 95. CEP Vitoria da Conquista, BA. olvagro@yahoo.com.br. 3 Pesquisador - pcstrikis@gmail.com. Resumo: Este estudo foi conduzido em quatro municípios da região Sul da Bahia, com os seguintes objetivos: (1) registrar a ocorrência de espécies de moscas frugívoras (Tephritidae e Lonchaeidae) na região, (2) correlacionar às espécies de moscas frugívoras com seus hospedeiros e parasitóides, (3) verificar os índices de infestação natural (pupários/kg de frutos), e (4) identificar as espécies de parasitoides de moscas frugívoras e os níveis de parasitismo natural. Os espécimes foram obtidos por meio de coletas de botões florais (Passiflora edulis Sims f. flavicarpa) e frutos. Espécies das famílias Anacardiaceae, Annonaceae, Caricaceae, Fabaceae, Lauraceae, Malpighiaceae, Myrtaceae, Oxalidaceae, Passifloraceae, Rubiaceae e Sapotaceae, foram plantas hospedeiras de moscas frugívoras. Foram observadas infestações pelas seguintes espécies Anastrepha antunesi Lima, A. distincta Greene, A. fraterculus (Wiedemann), A. leptozona Hendel, A. obliqua (Macquart), A. serpentina (Wiedemann), A. sororcula Zucchi, A. zenildae Zucchi e Ceratitis capitata (Wiedemann) (Tephritidae), e por Neosilba bella Strikis & Prado, N. glaberrima (Wiedemann), N. zadolicha Mc Alpine & Steyskal e Dasiops inedulis Steyskal (Lonchaeidae). Emergiram dos pupários exemplares de Braconidae, Asobara anastrephae (Muesebeck), Doryctobracon areolatus (Szépligeti) e Utetes anastrephae (Viereck), e exemplares de Figitidae. O maior índice de infestação foi em frutos de umbú-cajá (Spondias spp. - Anacardiaceae) com 469,44 pupários/ kg de frutos. Espécies da família Myrtaceae foram as principais plantas hospedeiras de tefritídeos. O parasitismo natural variou de 0,18% (Psidium guajava L. - goiaba) a 44,44% (Spondias spp. - umbú-cajá). Palavras chave: Anastrepha, Neosilba, Braconidae. Hosts, infestation levels and parasitoids of frugivorous flies (Diptera: Tephritidae e Lonchaeidae) in municipalities of Southern of Bahia Abstract: This work was carried out in four municipalities of Southern of the Estate of Bahia Brazil, with the following goals: (1) to register the occurrence of species of frugivorous flies (Tephritidae and Lonchaeidae), (2) correlating the species of frugivorous flies with its hosts and parasitoids, (3) measure the natural infestation rates (puparia/kg of fruit), and (4) measure the rates of natural parasitoidism. The specimens were reared from flower buds and fruits of Passiflor aedulis (Sims. F. flavicarpa), and fruits of species of family Anacardiaceae, Annonaceae, Caricaceae, Fabaceae, Lauraceae, Malpighiaceae, Myrtaceae, Oxalidaceae, Passifloraceae, Rubiaceae and Sapotaceae. The fruit-fly species recovered were: Anastrepha antunesi Lima, A. distincta Greene, A. fraterculus (Wiedemann), A. leptozona Hendel, A obliqua (Macquart), A. serpentina (Wiedemann), A. sororcula Zucchi, A. zenildae Zucchi, Ceratitis capitata (Wiedemann) (Tephritidae); Neosilba bella Strikis & Prado, N. glaberrima (Wiedemann), N. zadolicha McAlpine & Steyskal and Dasiops inedulis Steyskal (Lonchaeidae). From the puparia of fruit-flies were reared specimens of Braconidae: Asobara anastrephae (Muesebeck), Dorytobracon areolatus (Szépligeti) and Utetes anastrephae (Viereck) and specimens of Figitidae (not identified). The highest rate of infestation was obtained in fruits of umbú-cajá (Spondias spp. - Anacardiaceae) puparia/kg of fruits. Species of family Myrtaceae were the most important host plants for Tephritidae. The natural parasitoidism rate variedfrom 0.18% (Psidium guajava L. - guava) to 44.44% (Spondias spp. umbú-cajá). Key words: Anastrepha, Neosilba, Braconidae.

2 Introdução A presença de larvas frugívoras de Tephritidae e Lonchaeidae (Diptera) em frutos é altamente significante para a fruticultura, podendo reduzir a qualidade dos frutos e impedir sua comercialização. As moscas-das-frutas (Tephritidae) são pragas de grande expressão econômica na fruticultura mundial, sendo esta relacionada diretamente aos danos que causam aos frutos, aos elevados custos de seu controle e aos prejuízos, que advêm com as restrições fitossanitárias, impostas pelos países importadores de frutos in natura (Malavasi et al. 2000). As espécies que se destacam com maior importância econômica no Brasil são do gênero Anastrepha Schiner, com registro de 112 espécies, e Ceratitis capitata Wiedemann. Considerando os gêneros de importância econômica, há registro de 31 espécies de Anastrephae C. capitatano Estado da Bahia (Zucchi, 2008). As informações sobre a diversidade de moscas-das-frutas, seus hospedeiros e parasitoides associados no Estado da Bahia têm-se ampliado nos últimos anos, com amostragens de frutos em diferentes regiões e também com levantamentos realizados com armadilhas McPhail (Cova e Bittencourt, 2003; Carvalho et al., 2004; 2005; Bittencourt et al., 2006, 2011; Souza-Filho et al., 2007; Sá et al., 2008; Santos et al., 2008; Silva et al., 2008; Dutra et al., 2009; Carvalho, 2010). As moscas da família Lonchaeidae compreendem um grupo de insetos associados a flores e frutos danificados, e no Brasil algumas espécies vêm comportando-se como pragas, pois têm sido observadas infestando culturas de importância econômica (Araújo e Zucchi, 2002). O gênero Neosilba McAlpine é representado por 30 espécies distribuídas por toda a região Neotropical (McAlpine e Steyskal, 1982; Strikis e Prado, 2005, 2009; Strikis e Lerena, 2009; Strikis, 2011). No estado da Bahia estão registradas as espécies: N. zadolicha McAlpine & Steyskal (Santos et al., 2004), N. certa (Walker), N. glaberrima (Wiedemann), N. parva (Hennig) e N. pendula (Bezzi) (Bittencourt et al., 2006), e Neosilba ilheuense Strikis (Strikis, 2011). A fruticultura na região Sul da Bahia, explorada por pequenos agricultores, visa à produção de polpa de frutas e o consumo familiar. O ataque de moscas frugívoras inviabiliza os frutos para o consumo, e os frutos danificados caídos na área favorecem o aumento da população. Nesse sentido, os objetivos deste trabalho foram: (1) registrar a ocorrência de espécies de moscas frugívoras (Tephritidae e Lonchaeidae) em municípios da região; (2) correlacionar às espécies de moscas frugívoras com seus hospedeiros e parasitóides; (3) verificar os índices de infestação natural (pupários/kg de frutos) de moscas frugívoras em frutos hospedeiros; (4) identificar as espécies de parasitóides de moscas frugívoras e os níveis de parasitismo natural. Material e Métodos O estudo foi conduzido no período de julho de 2011 a maio de 2012, em áreas de remanescente de Mata Atlântica, e em pomares domésticos diversificados, abrangendo os municípios de Ibirapitanga (13 58 S; W; 238m), Ilhéus (Fazenda São Sebastião S; W; 121m, Sítio Paraíso S; 39 6,2 W; 97m e no Campus da Universidade Estadual de Santa Cruz UESC S; W; 23 m) Uruçuca (14 34 ; ; 128m) e Wenceslau Guimarães (21 18 S; W; 143 m) região Sul da Bahia. Os frutos, maduros ou em processo de amadurecimento, potencialmente hospedeiros de moscas frugívoras foram coletados das árvores e do solo, em função da disponibilidade destes no período de coleta, tendo sido coletados também botões florais. As amostras foram separadas por espécie e local de coleta, pesadas, contadas e acondicionadas em recipientes plásticos, sobre uma camada de vermiculita umedecida, usada como substrato, para propiciar a pupação das larvas. Os pupários obtidos foram contados, transferidos para copos plásticos (250 ml) contendo vermiculita e cobertos com voile, e acondicionados em câmara climática do tipo BOD a 25 ± 1 C e fotofase de 14 horas. Os adultos (moscas e parasitoides) que emergiram foram transferidos para potes plásticos (3,5L) e foi fornecida solução de mel, água e dieta Bionis como alimento. Exemplares de Anastrepha, cerca de quatro dias após a emergência, foram mortos e conservados em álcool a 70% até a identificação específica. Os adultos de moscas frugívoras e os parasitoides foram separados por sexo e contados. Fêmeas de Anastrepha foram identificadas com base no ovipositor (Zucchi, 2000); os machos de Anastrephae exemplares de C. capitata foram contados e descartados. Os lonqueídeos foram encaminhados para identificação. Os parasitoides (Braconidae) foram identificados com base no trabalho de Canal Daza e Zucchi (2000). Foram registradas as associações entre mosca frugívora/fruto hospedeiro/parasitoide, consideradas apenas quando da amostra de frutos coletada emergiu somente uma espécie de tefritídeo, e foi calculado o índice de

3 infestação II = número de pupários obtidos peso dos frutos (kg) e o índice de parasitismo IP = (número de parasitoides emergidos número de pupários) x 100. Os espécimes de tefritídeos e dos braconídeos foram depositados na coleção do laboratório de Controle Biológico da Universidade Estadual de Santa Cruz, Ilhéus, Bahia, e os lonqueídeos na coleção de Pedro Carlos Strikis, no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP). Resultados e Discussão Foram amostradas 20 espécies frutíferas distribuídas entre 12 famílias botânicas: Anacardiaceae [Spondias spp. (umbu-cajá), Spondias mombim (cajá) e Spondias purpurea (seriguela)], Annonaceae [Annonas quamosa pinha], Caricaceae [Caricapapaya mamão], Combretaceae [Terminalia catappa chapéu-de-sol], Fabaceae [Ingaedulis Mart. ingá-cipó], Lauraceae [Persea americana abacate], Malpighiaceae [Malpighia punicifolia acerola], Myrtaceae [Eugenia uniflora (pitanga), Eugenia stipitata (araçá-boi), Myrciaria cauliflora (jabuticaba), Psidium guajava (goiaba), Psidium guineense (araçá), Syzygium malaccensis (jambo-vermelho)], Oxalidaceae [Averrhoa carambola carambola], Passifloraceae [Passiflora edulis Sims f. flavicarpa maracujá-amarelo], Rubiaceae [Coffea arábica café], Sapotaceae [Achras zapota (sapoti) e Pouteria caimito (abiu-amarelo)]. Somente os frutos de araçá e de cajá (Uruçuca) foram coletados de remanescente de Mata Atlântica, os demais em pomares domésticos. Das amostras de material vegetal (botão floral e frutos) foi obtido um total de exemplares de moscas frugívoras, sendo que 97,8% corresponderam a Tephritidae e 2,2% a Lonchaeidae (Tabela 1). Tabela 1 - Número (n) e espécies moscas frugívoras (Tephritidae e Lonchaeidae) obtidas de pupários de plantas hospedeiras coletadas na região Sul da Bahia. Julho 2011 a Maio de Família botânica Plantas hospedeiras Nº Pupários Moscas frugívoras (n) Anacardiaceae Spondias spp. (umbu-cajá) 845 Anastrepha obliqua (162) Spondias mombim L. (cajá) 2096 A. obliqua (169); A. antunesi (29) Spondias purpurea L. (seriguela) 320 A. fraterculus (4); A. obliqua (78); A. sororcula (1) Annonaceae Annona squamosa L. (pinha) 7 A. bahiensis (2); A.serpentina (1) Caricaceae Carica papaya L. (mamão) 23 A. fraterculus (3) Combretaceae Terminalia catappa L. (chapéu-de sol) 7 A. fraterculus (1) Fabaceae Inga edulis Mart. (ingá-cipó) 39 A. distincta (14); Neosilba spp. (1) Lauraceae Persea americana Mill (abacate) 75 Neosilba glaberrima (18); N. zadolicha (6); Neosilba spp. (31) Malpighiaceae Malphigia punicifolia L. (acerola) 9 A. obliqua (1); N. bella (2); N. glaberrima (1); Neosilba spp. (4) Myrtaceae Eugenia stipitata Mc Vaugh (araçá-boi) 674 A. fraterculus (102); A. distincta (4); A. obliqua (5); A. sororcula (1) Eugenia uniflora L. (pitanga) 125 A. fraterculus (53); A. distincta (5); A. obliqua (35); A. sororcula (15); A. zenildae (1) Myrciaria cauliflora Mart. (jabuticaba) 3 A. fraterculus (1) A. fraterculus (605); A. obliqua (17); A. sororcula (26); A. Psidium guajava L. (goiaba) 2211 zenildae (6) Psidium guineense Sw (araçá) 96 A. fraterculus (7) Syzygium malaccensis L. (jambo-vermelho) 163 A. fraterculus (32); A. obliqua (2) Oxalidaceae Averrhoa carambola L. (carambola) 727 A. fraterculus (10); A. obliqua (125); A. sororcula (4); A. zenildae (11); Neosilba spp. (1) Passifloraceae Passiflora edulis Sims f. flavicarpa (maracujá-amarelo) 18 Dasiops inedulis (3) Rubiaceae Coffea arabica L. (café) 17 Ceratitis capitata (6) Sapotaceae Achras sapota L. (sapoti) 43 A.serpentina (13) Pouteria caimito Ruiz & Pav. (abiuamarelo) 201 A. fraterculus (1); A. leptozona (3); A.serpentina (29)

4 Foram identificadas nove espécies de tefritídeos: Anastrepha antunesi Lima, A. fraterculus (Wiedemann), A. distincta Greene, A. leptozona Hendel, A. obliqua (Macquart), A. serpentina (Wiedemann), A. sororcula Zucchi, A. zenildae Zucchi e Ceratitis capitata (Wiedemann) obtidas dos pupários oriundos dos frutos coletados. As espécies de lonqueídeos obtidas foram Neosilba glaberrima (Wiedemann), N. zadolicha McAlpine & Steyskal, N. bella Strikis & Prado e Dasiops inedulis Steyskal (Tabela 1). As espécies de Anastrepha foram predominantes, sendo que A. fraterculus foi associada ao maior número de hospedeiros (n=11), com total de 819 fêmeas (Tabela 1). Esta espécie com ampla distribuição, apesar de polífaga apresenta preferência por representantes da família Myrtaceae (Santos et al., 2008; Zucchi, 2008; Silva et al., 2011). Anastrepha obliqua infestou frutos de acerola, araçá-boi, cajá, carambola, goiaba, jambo, pitanga e umbucajá, apresentando preferência por anacardiáceas, principalmente pelo cajá e seriguela, e por carambola (Tabela 2). É polífaga, assim como A. fraterculus, e este resultado foi semelhante ao observado em outros estudos, sendo que frutos de carambola são considerados um dos seus hospedeiros preferidos (Uramoto et al., 2004; Araujoet al., 2005; Lima Junior et al., 2007; Santos et al., 2008; Bittencourt et al., 2011). Os exemplares de A. sororculaforam obtidos de pupários oriundos de frutos de araçá-boi, goiaba, pitanga, seriguela e carambola (Tabela 1). A espécie A. sororculae relatada por outros autores infestando frutos de diferentes hospedeiros, principalmente das mirtáceas (Araújo et al., 2005; Raga et al., 2005; Santos et al., 2008). Os exemplares de A. serpentina emergiram de abiu-amarelo e sapoti (Sapotaceae) e pinha (Annonaceae) (Tabela 1). Alguns estudos relataram a preferência desta espécie infestar às sapotáceas (Raga et al., 2003; Santos et al., 2008). Não há registro desta espécie em anonáceas (Zucchi, 2008). Neste estudo A. distincta emergiu de pupáriosde araçá-boi, pitanga e ingá (Tabela 1), no entanto esta espécie foi obtida em frutos de serigüela (Anarcadiaceae) na região do Sudoeste da Bahia (Sá et al. 2008) e também está registrada em outros hospedeiros, principalmente os pertencentes a família Fabaceae (Silva et al., 2007; Zucchi, 2008). Anastrepha bahiensis infestou apenas frutos de pinha (Annonaceae) (Tabela 1), porém foi relatada sua associação com plantas da família Annonaceae (Rollinia aff. sericea), Myrtaceae (Eugenia variabilis, Myrciaria cauliflora, P. guajava e Plinia glomerata) e Moraceae (Helicostylis tomentosa, Helicostylis poeppigiana e Pourouma cecropiaefolia) (Zucchi, 2000; Raga et al., 2005; Bittencourt et al., 2011). Somente três exemplares de A. leptozona foram obtidos de abiu-amarelo (Sapotaceae) (Tabela 1), concordando com outros registros (Raga et al., 2003; Zucchi, 2008; Silva et al., 2010). Anastrepha antunesi infestou apenas frutos de cajá, como constatado em outros estudos (Silva e Silva, 2007; Silva et al., 2010; Marsaro Junior et al., 2011), e A. zenildae emergiu de carambola (Oxalidaceae), goiaba e pitanga (Myrtaceae) (Tabela 1), esta espécie, no estado do Rio Grande do Norte, é considerada praga de goiabeira e foi associada a hospedeiros de diferentes famílias (Araújo et al., 2005; Silva et al., 2010). Ceratitis capitata infestou apenas frutos de café, porém esta espécie infesta uma grande variedade de frutos nativos como exóticos, e em diferentes épocas do ano (Araújo et al., 2005; Sá et al., 2008; Araújo et al., 2011; Torres, 2010), e também destaca-se pela importância quarentenária (Zucchi, 2001). Entre as espécies de lonqueídeos, foram coletados em abacate N. glaberrima (n=18), N. zadolicha (n=6) e fêmeas Neosilba spp. (n=31); em acerola N. glaberrima (n=1), N. bella (n=2), e fêmeas de Neosilba que também infestaram frutos de carambola e ingá (Tabela 1). Apenas D. inedulis infestou os botões florais do maracujáamarelo tratando-se do primeiro relato desta espécie na região Sul da Bahia (Tabela 1), como observado por Aguiar-Menezes et al. (2004). O índice de infestação variou de 4,41 pupários/kg de fruto de jabuticaba a 469,44 pupários/kg de fruto de umbu-cajá (Figura 1).

5 600,00 500,00 29,35 400,00 300,00 14,70 200,00 39,17 IP (%) Pupário/kg de fruto 100,00 0,00 Umbu-cajá Pitanga Cajá 21,88 6,56 0,18 2,08 18,40 2,45 Araçá Seriguela Goiaba Araçá - boi Abiu-amarelo Jambo-vermelho Abacate Pinha 2,34 5,89 44,44 Carambola Café Sapoti Mamão Ingá-cipó Chapéu-de-sol Acerola Jabuticaba Figura 1 Índice de infestação de moscas frugívoras em frutos hospedeiros, nos municípios de Ibirapitanga, Ilhéus, Uruçuca e Wenceslau Guimarães, região Sul da Bahia. Julho de 2011 a Maio de As espécies de Anastrepha infestaram, com maior intensidade, hospedeiros das famílias Anacardiaceae e Myrtaceae, com destaque para pitanga (263,06 pupários/ kg de fruto), cajá (141,81 pupários/kg de frutos) e araçá (67,60 pupários/kg de frutos) (Figura 1). Os índices de infestação observados para goiaba, jambo-vermelho, pitanga, cajá e seriguela foram maiores do que os registrados em outros estudos (Araújo et al., 2005; Raga et al., 2005; Bittencourt et al., 2011; Silva et al., 2011). Apenas C. capitata infestou frutos de café (22,37 pupários/ kg de frutos). Além dos botões florais de maracujá-amarelo, os frutos de abacate foram infestados apenas por lonqueídeos, com infestação (35,04 pupários/ kg de fruto) superior ao observado por Raga et al. (2011) (4,07 pupários/ kg). Neste estudo foi observada a invasão primária de lonqueídeos nos frutos de abacate, semelhante ao observado em pomares comerciais de acerola (Araújo e Zucchi, 2002). Os índices de parasitismo natural observados variaram de 0,18% (goiaba) a 44,44% (acerola), com parasitismo médio de 8,38%. Foram obtidos parasitóides (99,6% - Braconidae e 0,4% - Figitidae), sendo a maioria dos parasitóides pertencentes a Doryctobracon areolatus (Szépligeti) (55,79%). Além desta espécie, emergiram Utetes anastrephae (Viereck) (43,36%) e Asobara anastrephae (Muesebeck) (0,46%). Neste estudo D. areolatusfoi a espécie predominante, estando associado a A. obliqua em acerola e umbucajá; a A. fraterculusem araçá; e C. capitataem café (Tabela 2). Em outros estudos esta espécie foi associada a A. fraterculus em frutos de mirtáceas, e A. sororcula em frutos de acerola, com parasitismo natural de 6,9%, bem inferior ao verificado neste estudo (Leal et al., 2009; Marinho et al., 2009; Bittencourt et al., 2012). Utetesan astrephae apenas associou a A. obliqua em umbu-cajá (Tabela 2). No entanto neste hospedeiro foi relatada a associação entre A. obliqua e D. areolatus e U. anastrephae com parasitismo de 25,46%, semelhante as observações obtidas por Carvalho et al. (2010) e Santos et al. (2008) na região do estudo. A associação (U. anastrephae x C. capitatax café) foi registrado por Torres et al. (2010), diferente ao observado neste estudo. Vários fatores podem influenciar os índices de infestação e de parasitismo natural nos frutos, como, por exemplo, as características do fruto hospedeiro (Souza Filho, 2006), as espécies de moscas-das-frutas presentes de uma região (Araújo et al., 2005), local e época de coleta dos frutos (Souza Filho, 2006), entre outros fatores. D. areolatus têm sido a espécie mais comum na região Sul da Bahia (Silva et al., 2010; Bittencourt et al., 2011, 2012).

6 Tabela 2 Número (n) e espécies de parasitóides (Braconidae) associados às moscas frugívoras e seus hospedeiros, e parasitismo natural na região Sul da Bahia. Julho 2011 a Maio de Plantas hospedeiras Moscas frugívoras (n) Parasitóides (n) IP (%) Doryctobracon areolatus (31), U. Abiu-amarelo Anastrepha fraterculus, A. leptozona, A.serpentina anastrephae (6) 18,40 Acerola A. obliqua D. areolatus (4) 44,44 Araçá A. fraterculus D. areolatus (21) 21,88 Araçá-boi A. fraterculus, A. distincta, A. obliqua, A. sororcula D. areolatus (14) 2,08 Café Ceratitis capitata D. areolatus (1) 5,89 Cajá A. obliqua, A. antunesi A. anastrephae (4), D. areolatus (394), U. anastrephae (418) e Figitidae (5) 39,17 Carambola A. fraterculus, A. obliqua, A. sororcula, A. zenildae A. anastrephae (1), D. areolatus (15), U. anastrephae (1) 2,34 Goiaba A. fraterculus, A. obliqua,; A. sororcula, A. zenildae D. areolatus (4) 0,18 Jambo-vermelho A. fraterculus, A. obliqua D. areolatus (4) 2,45 A. fraterculus, A. distincta, A. obliqua, A. sororcula, A. anastrephae (1), D. areolatus (74), U. Pitanga A. zenildae anastrephae (36) 14,70 Seriguela A. fraterculus, A. obliqua, A. sororcula D. areolatus (21) 6,56 Umbu-cajá A. obliqua D. areolatus (144), U. anastrephae (104) 29,35 Conclusões O presente trabalho permite concluir que Anastrepha antunesi Lima, A. fraterculus (Wiedemann), A. distincta Greene, A. leptozona Hendel, A. obliqua (Macquart), A. serpentina (Wiedemann), A. sororcula Zucchi, A. zenildae Zucchi e Ceratitis capitata (Wiedemann) ocorrem na região Sul da Bahia. Frutos de umbú-cajá (469,44 pupários/kg) e pitanga (263,06 pupários/kg) apresentam os maiores índices de infestação por moscas frugívoras. As espécies Doryctobracon areolatus (Szépligeti), Utetes anastrephae (Viereck) e Asobara anastrephae (Muesebeck) são responsáveis pelo controle natural na região, com parasitismo natural médio de 8,38%. Frutos de abacate são hospedeiros primários de Neosilba, com registro de N. glaberrima (Wiedemann) e N. zadolicha McAlpine & Steyskal. Dasiops inedulis Steyskal (Lonchaeidae) está associado ao botão floral do maracujáamarelo. Agradecimentos A Coordenação de Aperfeiçoamento de Ensino Superior CAPES, pela concessão de bolsa ao primeiro autor, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia FAPESB e Universidade Estadual de Santa Cruz UESC pelo suporte financeiro, e aos produtores de rurais, que gentilmente cederam seus cultivos para realização das coletas. Referências AGUIAR-MENEZES, E. L et al. Diversity of fly species (Diptera: Tephritoidea) from Passifloraspp. and their hymenopterous parasitoids in two municipalities of the Southeastern Brazil. Neotropical Entomology, Londrina, v. 33, n. 1, p ARAÚJO, E. L. et al. Índices de captura e infestação da mosca do mediterrâneo em acerola comum e clonada.revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Mossoró, v. 3, n. 4, p , ARAÚJO, E. L. et al. Moscas-das-frutas (Diptera: Tephritidae) no Semi-Árido do Rio Grande do Norte: plantas hospedeiras e índices de infestação. Neotropical Entomology, Londrina, v. 34, n. 6, p

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