DIREITO CIVIL. Prof. Cristiano Chaves de Farias Promotor de Justiça do Estado da Bahia Professor de Direito Civil do CERS (
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1 DIREITO CIVIL
2 ESTÁCIO-CERS DIREITO CIVIL Prof. Cristiano Chaves de Farias Promotor de Justiça do Estado da Bahia Professor de Direito Civil do CERS ( Facebook: cristianochavesfarias
3 ESTÁCIO-CERS NOVA TEORIA DOS ATOS ILÍCITOS
4 1. A nova modelagem do ato ilícito no Código Civil O conceito clássico de ato ilícito e as suas potenciais consequências jurídicas. A antijuridicidade jurídica. Elementos do ato ilícito: conduta, culpa, violação da norma jurídica e dano. Art. 186, CC: Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito Os efeitos da ilicitude: indenizante, caducificante, invalidante, autorizante etc.
5 1.3. Desconstruindo a correlação entre ato ilícito e responsabilidade civil: A autonomia da responsabilidade civil em relação à ilicitude civil. Os casos de responsabilidade objetiva e a hipótese de excludente de ilicitude civil por estado denecessidade. Art. 929, CC: Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Art. 930, CC: No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I).
6 1.4. Excludentes deatos ilícitos. Excludente deantijuridicidade civil e penal. A questão doestado de necessidade e manutenção da responsabilidade civil (STJ, REsp /MG). A não exclusão de responsabilidade civil pela legítima defesa putativa (STJ, REsp /RJ). Art. 188, CC: Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim deremover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
7 2. O novo conceito de ato ilícito: o abuso do direito. O ilícito comportamental. O ilícito funcional e a sua gênese aberta (multifuncional). Elementos: exercício de um direito; violação da boa-fé objetiva, da função social e dos bons costumes. Abuso do direito por comissão oupor omissão. Exemplificação (aplicação a qualquer ramo do Direito). Discussão preliminar: Jürgen Habermas (Direito e democracia: entre facticidade e validade, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997, vols. I e II) versus Robert Aléxy (Teoria de los derechos fundamentales, Madrid: Centro de Estudios Constitucionales, 1989): a quem compete promover a interpretação das garantias constitucionais fundamentais?
8 Art. 187, CC: Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Jornada 37: A responsabilidade civil decorrente do abuso do direito independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivofinalístico. A tríplice função da boa-fé objetiva. Caráter multifucional e dinâmico. A obrigação como uma relação jurídica complexa (obrigação como um processo COUTO E SILVA, Clóvis, A obrigação como um processo). Tripla função: fonte de deveres implícitos (condutas anexas: deveres de informação, proteção e cooperação); causa limitadora do exercício de direitos subjetivos; e regra de interpretação das declarações de vontade.
9 Boa-fé objetiva não é fonte de correção de posições de hipossuficiência. A concepção atual de relação jurídica, em virtude da incidência do princípio da boa-fé, é a de uma ordem de cooperação, em que aluem as posições tradicionais do devedor e do credor (COUTO E SILVA, Clóvis. A obrigação como processo, São Paulo: José Butschasky, 1976, p.120) Não se quer com isso negar que a relação jurídica obrigacional está destinada à satisfação do interesse do credor, mas enfatizar a necessidade de que este também deve cooperar na consecução deste fim (PERLINGIERI, Pietro. Perfis do Direito Civil, Rio de Janeiro: Renovar, 1999, p.212)
10 Justamente por não exigir a proteção aos interesses íntimos e privados da contraparte, mas somente a colaboração para aqueles interesses objetivamente extraídos da própria realização do negócio, a boa-fé objetiva não importa em sacrifício de posições contratuais de vantagem (TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER, Anderson, A boa-fé objetiva no Código de Defesa do Consumidor e no novo Código Civil, In TEPEDINO, Gustavo coord., Obrigações: estudos na perspectiva civil-constitucional, Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p.40) A aplicação da boa-fé objetiva nos negócios jurídicos civis, consumeristas e empresariais. Distinções? A boa-fé objetiva não pode ser aplicada da mesma forma às relações de consumo e às relações mercantis ou societárias, pela simples razão de que os standards de comportamento são distintos. (TEPEDINO, Gustavo; SCHREIBER, Anderson, A boa-fé objetiva no Código de Defesa do Consumidor e no novo Código Civil, In TEPEDINO, Gustavo coord., Obrigações: estudos na perspectiva civil-constitucional, Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p.40)
11 3. Figuras parcelares do abuso do direito venire contra factum proprium (proibição de comportamento contraditório). Teoria dos atos próprios. Precedentes no STF: RE /RS (caso do regime de bens); MS AgR/DF (caso do agravo regimental contra decisão homologatória de desistência de MS). Precedentes no STJ: REsp /PE (duplicata endossada apesar de nula); REsp /SP). A discussão sobre a penhorabilidade do bem de família oferecido, voluntariamente, à penhora. Nova posição STJ, REsp /SP. Aplicação no âmbito do Direito Administrativo (a supremacia do interesse público não admite comportamento contraditório: STJ, REsp /CE).
12 b) Supressio (Verwirkung) / Surrectio (Erwirkung). Precedentes no STJ (caso dos condomínios edilícios): REsp /RJ; REsp /SP). Art. 330, CC: O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato. c) tu quoque ou estoppel. A incidência na exceptio non adimplenti contractus (exceção do contrato não cumprido). Art. 588, CC: O mútuo feito a pessoa menor, sem prévia autorização daquele sob cuja guarda estiver, não pode ser reavido nem do mutuário, nem de seus fiadores.
13 Art. 589, CC: Cessa a disposição do artigo antecedente: I - se a pessoa, de cuja autorização necessitava o mutuário para contrair o empréstimo, o ratificar posteriormente; II - se o menor, estando ausente essa pessoa, se viu obrigado a contrair o empréstimo para os seus alimentos habituais; III - se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho. Mas, em tal caso, a execução do credor não lhes poderá ultrapassar as forças; IV - se o empréstimo reverteu em benefício do menor; V - se o menor obteve o empréstimo maliciosamente. d) duty to mitigate the loss (Enunciado 169, Jornada de Direito Civil; ex: superendividamento; tutela específica sob forma de astreintes e a redução de ofício da multa fixada (astreintes); e a Súmula 309, STJ). A questão das astreintes e a redução de ofício pelo magistrado. Posicionamento do STJ, REsp /RJ.
14 STJ 309: O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. e) substancial performance (CC 395; STJ, REsp /MG.; STJ, REsp /SP). Art. 475, CC: A parte lesada pelo inadimplemento pode pedir a resolução do contrato, se não preferir exigir-lhe o cumprimento, cabendo, em qualquer dos casos, indenização por perdas e danos.
15 Ao sustentar a manutenção do contrato, essa doutrina (adimplemento substancial) está defendendo a aplicação da justiça, da eqüidade e da solidariedade, e respeitando a função social das relações obrigacionais, valores que são previstos em sede constituconal. A resolução de um contrato, em casos nos quais uma das partes executa sua prestação praticamente de forma completa, atendendo à essência do interesse da outra, não gera qualquer proveito social. Não pode, portanto, o ordenamento autorizar a dissolução dovínculo. (ALEIXO, Celso Quintela. Pagamento. In TEPEDINO, Gustavo coord., Obrigações: estudos na perspectiva civil-constitucional, Rio de Janeiro: Renovar, 2005, p.282)
16 f) violação positiva de contrato (ex: caso das TV s de plasma vendidas para a Copa do Mundo, o médico que utiliza técnica dolorosa para tratamento terapêutico; a colocação de out-door s em pontos de difícil visualização). Precedente: STJ, REsp /SC. A natureza da responsabilidade civil decorrente de violação positiva de contrato. O alargamento do conceito de inadimplemento obrigacional. Origens germânicas (o caso do Armazém de linóleo). STJ, REsp /SP. Adimplir significará atender a todos os interesses envolvidos na obrigação, abarcando tanto os deveres ligados à prestação propriamente dita, como àqueles relacionados à proteção dos contratantes em todo o desenvolvimento do processo obrigacional. (FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: Obrigações, São Paulo: Atlas, 2015, p.377, vol. 2)
17 Enunciado 24, Conselho de Justiça Federal: em virtude do princípio da boa-fé, positivado no art. 422 do Código Civil, a violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente deculpa
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