DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE REABILITAÇÃO URBANA DE CAMPO MAIOR
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- Lídia de Sá Garrau
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1 DELIMITAÇÃO DA ÁREA DE REABILITAÇÃO URBANA DE CAMPO MAIOR MEMÓRIA DESCRITIVA E JUSTIFICATIVA E QUADRO DE BENEFÍCIOS FISCAIS MD_ARU.doc_1.6
2 1. INTRODUÇÃO A reabilitação urbana assume-se hoje como uma componente indispensável da política das cidades e da política de habitação, na medida em que nela convergem os objetivos de requalificação e revitalização das cidades, em particular das suas áreas mais degradadas, e de qualificação do parque habitacional, procurando-se um funcionamento globalmente mais harmonioso e sustentável das cidades e a garantia, para todos, de uma habitação condigna e um espaço público de qualidade. Assim a proposta de delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Campo Maior decorre, por um lado da estratégia de requalificação urbana do Centro Histórico de Campo Maior estabelecida nos anos 90 pelo Plano de Pormenor de Salvaguarda e Valorização do Centro Histórico publicado em Diário da República em 05/05/1995 e, por outro, da oportunidade estabelecida através do novo regime jurídico da reabilitação urbana, que possibilita a flexibilização e a simplificação dos procedimentos de criação da áreas de reabilitação urbana, criando um procedimento simplificado de controlo prévio de operações urbanísticas e regulando a reabilitação urbana de edifícios ou frações, ainda que localizados fora de áreas de reabilitação urbana, cuja construção tenha sido concluída há pelo menos 30 anos e em que se justifique uma intervenção de reabilitação. 2. CRITÉRIOS DE DELIMITAÇÃO Na sequência das intervenções preconizadas para o Centro Histórico de Campo Maior na década 90 e visando impedir a contínua degradação dos edifícios e possibilitar a reabilitação e renovação urbana da referida área, deverá do Município de Campo Maior sob proposta do Executivo Municipal aprovar delimitação de uma Área de Reabilitação Urbana de Campo Maior, contendo o Centro Histórico, a Zona de Proteção Especial (ZEP- proposta na classificação da Fortificação Abaluartada a Monumento Nacional) em proteção de tomadas de vista e enquadramento do sistema de fortificações de Campo Maior e zona urbana consolidada correspondente á primeira zona de expansão extramuros, a nascente, organizada num sistema ortogonal de eixos estruturado pela Avenida Calouste Gulbenkian/ Avenida Humberto Delgado, abrangendo ainda uma paralela a esta e uma segunda radial, a Rua Telo da Gama. Esta delimitação foi ajustada de uma primeira proposta feita em 2014 e já prevista no Plano de Urbanização de Campo Maior. 3. OBJECTIVOS Os objetivos que o Município de Campo Maior pretende atingir com a criação da Área de Reabilitação Urbana de Campo Maior, operacionalizada em instrumento próprio, através de uma operação de reabilitação urbana sistemática, coordenada, executada e gerida pelo município são os decorrentes do novo regime jurídico Lei n.º 32/2012, de 14 de agosto, dos MD_ARU.doc_2.6
3 quais se destacam a realização de uma intervenção integrada no centro histórico da vila e na zona consolidada envolvente. Desta forma, pretende-se contribuir para a requalificação do tecido urbano da globalidade da Vila e respetivo enquadramento no território e paisagem envolvente, numa perspetiva da estruturação urbana da vila e da criação de uma efetiva interligação entre o centro histórico e a sua expansão urbana a nascente. No que se refere à reabilitação urbana, a Vila de Campo Maior, sobretudo no que diz respeito aos equipamentos de utilização coletiva atingiu já um nível de qualidade bastante satisfatório, pelo que importa atualmente apoiar as intervenções dos privados na reabilitação dos edifícios e efetuar algumas intervenções ao nível do espaço público e do espaço público verde de utilização coletiva que promova a unidade, coesão e melhoria das condições da qualidade de vida de um território urbano, mais vasto, mas que integra e define a centralidade da Vila de Campo Maior. Com a presente delimitação e consequente execução da Operação de Reabilitação Urbana, pretende-se dar continuidade das intervenções já concretizadas através da realização de novos investimentos que promovam a sua complementaridade e potenciem os seus efeitos permitindo, ao mesmo tempo minimizar, ou ultrapassar os problemas detetados. Devido à grande diversidade de valores presentes na área de intervenção quer pela tipologia e complementaridade das ações que dão corpo à estratégia de intervenção, definimos os seguintes objetivos gerais: Valorizar o conjunto edificado do centro histórico, através da reabilitação dos edifícios em mau estado de conservação; Desenvolver melhorias das acessibilidades e de circulação pedonal; Reabitar a vila, aumentar a coesão social, rejuvenescer o centro de Campo Maior, atrair novas famílias, fixar empresas e emprego. Reocupar e reutilizar o edificado existente, compactar a vila consolidada aumentando a qualidade ambiental e a eficiência energética. Dar prioridade à conservação periódica do edificado. Reabilitar o edificado degradado atendendo ao risco sísmico e de incêndio. Manter a memória da cidade, restaurar o património histórico, arquitetónico e paisagístico do Centro Histórico de Campo Maior Manter, recuperar, valorizar e requalificar os equipamentos coletivos e o espaço público. Regenerar ou requalificar os Bairros de Intervenção Zonas de Intervenção Prioritária. Os objetivos específicos a atingir com a operação de reabilitação urbana, prendem-se de uma forma mais global com a forma de intervenção prevista para o tecido urbano existente definido na Planta de delimitação da Área de Reabilitação Urbana, em que se prevê a conservação e salvaguarda do património urbanístico e arquitetónico, através da realização de obras de reabilitação do edificado, bem como dos espaços urbanos ou verdes de utilização coletiva. Por esse motivo, na área delimitada, a reabilitação urbana pretende: MD_ARU.doc_3.6
4 a) Fomentar a reabilitação dos edifícios degradados no centro histórico; b) Promover a valorização do património edificado e dos bens culturais; c) Melhorar as condições de habitabilidade e de funcionalidade do parque imobiliário urbano e dos espaços não edificados; d) Garantir a qualidade urbana através da integração funcional e da diversidade económica e sócio cultural do tecido urbano; e) Promover a sustentabilidade ambiental, cultural, social e económica dos espaços urbanos; f) Desenvolver e consolidar o sector do turismo, através da requalificação dos espaços verdes, dos espaços urbanos e os equipamentos de utilização coletiva; g) Promover a melhoria da mobilidade, através da gestão da via pública e dos espaços de circulação pedonal e viária, incluindo a mobilidade condicionada; 4. OPERACIONALIZAÇÃO PLANO DE PORMENOR DE REABILITAÇÃO URBANA Em 2009, o Governo elaborou e publicou vários diplomas legais que permitiram fazer a articulação entre as políticas de salvaguarda do património cultural e do ordenamento do território (Decreto-Lei n.º 307/2009 Regime Jurídico da Reabilitação Urbana RJRU - e o Decreto-Lei n.º 309/2009, ambos de 23 de Out. Regime Jurídico das Zonas de Proteção e do Plano de Pormenor de Salvaguarda - RJZPPPS). Os referidos decretos-lei, que regulam os planos de pormenor de salvaguarda e os planos de pormenor de reabilitação urbana, estabeleceram: Uma estreita articulação entre a administração central e a administração autárquica na tarefa comum de proteger os bens classificados e respetivas zonas de proteção; Os conteúdos materiais específicos apropriados à proteção e valorização dos bens imóveis classificados e respetivas zonas especiais de proteção existentes nas áreas de intervenção dos referidos planos; A transferência de competências para as câmaras municipais relativamente aos procedimentos de autorização de operações urbanísticas, após a entrada em vigor destes planos. Posteriormente para aprovação e operacionalização da ARU deverá ser promovida a elaboração de Plano de Pormenor de Reabilitação Urbana de Campo Maior, que deverá definir o tipo de operação de reabilitação urbana, a estratégia de reabilitação urbana ou o programa estratégico de reabilitação urbana, consoante a operação de reabilitação urbana seja simples ou sistemática. A recente legislação da reabilitação urbana, articulada com os novos regimes jurídicos do ordenamento do território, do património cultural, e do controlo prévio das operações MD_ARU.doc_4.6
5 urbanísticas, veio abrir caminho a alguma inovação na intervenção municipal sobre o território, designadamente em matéria de planeamento integrado, cruzando as intervenções municipais de reabilitação de edifícios e tecidos urbanos com a gestão das operações urbanísticas privadas, os incentivos fiscais e a preservação do património edificado oficialmente classificado ou inventariado. O plano de pormenor de reabilitação urbana obedece ao disposto no RJIGT, com as especificidades introduzidas pelo RJRU. Devido ao facto do plano de pormenor de reabilitação urbana conter património cultural imóvel classificado e em vias de classificação, e respetivas zonas de proteção, que determine, nos termos da Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, a elaboração de um plano de pormenor de salvaguarda do património cultural, cabe ao plano de pormenor de reabilitação urbana a prossecução dos seus objetivos e fins de proteção, dispensando a elaboração daquele. Nos casos previstos no número anterior e na parte que respeita ao património cultural imóvel classificado ou em vias de classificação e respetivas zonas de proteção, o plano de pormenor de reabilitação urbana obedece ainda ao disposto nos n. os 1 e 3 do artigo 53.º da Lei n.º 107/2001,de 8 de setembro. 5. QUADRO DE BENEFÍCIOS FISCAIS Como forma de estimular a reabilitação do edificado por parte dos proprietários, a Câmara Municipal de Campo Maior, nos termos da alínea c) do nº 2 do artigo 13º e do artigo 14º do Decreto-Lei nº 307/2009 de 23 de outubro, na sua atual redação, utilizará, no âmbito da estratégia de reabilitação urbana e respetiva delimitação da Área de Reabilitação Urbana (ARU), os incentivos fiscais disponíveis associados aos impostos sobre o património, nomeadamente IRS (Imposto de pessoas singulares), IRC (Imposto de pessoas coletivas), IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) e IMT (Imposto Municipal sobre Transmissões Onerosas de Imóveis). Decorrente do Estatuto dos Benefícios Fiscais (EBF), Decreto-Lei n.º 215/89, de 1 de julho, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 7/2015, de 13 de Janeiro e ao abrigo do disposto no artigo 16.ºda Lei das Finanças Locais, serão os seguintes os benefícios municipais sobre os prédios urbanos objeto de reabilitação, inseridos na ARU: IRS Os proprietários podem deduzir à coleta, em sede de IRS, até ao limite de 500, 30 % dos encargos suportados com a reabilitação de imóveis localizados em área de reabilitação urbana e recuperados nos termos das respetivas estratégias de reabilitação, ou de imóveis arrendados abrangidos pelo Novo Regime de Arrendamento Urbano (NRAU), que sejam objeto de ações de reabilitação. Além disso, as mais - valias auferidas decorrentes da alienação de imóveis, situados em área de reabilitação urbana e recuperados nos termos das respetivas estratégias de reabilitação, são tributadas à taxa autónoma de 6 %, sem prejuízo da opção pelo englobamento MD_ARU.doc_5.6
6 quando sejam inteiramente decorrentes da alienação ou arrendamento de imóveis situados em área de reabilitação urbana, recuperados nos termos das respetivas estratégias de reabilitação. IMI Isenção nos primeiros cinco 5 anos e redução de 50% nos 5 anos seguintes. IMT Isenção na 1ª transmissão de imóvel reabilitado em ARU, destinado exclusivamente a habitação própria e permanente. IRC Isenção de IRC nos rendimentos obtidos por fundos de investimento imobiliário em que pelo menos 75% dos seus ativos sejam bens imóveis sujeitos a reabilitação realizada na ARU. IVA Taxa reduzida de IVA nas empreitadas de construção de habitação de custos controlados e na realização de obras de reabilitação. Para os proprietários poderem beneficiar das reduções fiscais, o edifício reabilitado tem de subir o estado de conservação em dois níveis, de acordo com o artigo 5º do Decreto-Lei nº 266-B/2012, de 31 de dezembro. MD_ARU.doc_6.6
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