TECNOLOGIAS LIMPAS Porque não fazer já o que certamente virá amanhã
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- João Victor Sabrosa Bicalho
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1 Publicado na revista TECBAHIA maio ago,1999 TECNOLOGIAS LIMPAS Porque não fazer já o que certamente virá amanhã Asher Kiperstok PhD em Tecnologias Ambientais pela UMIST Instituto de Ciências e Tecnologia da Universidade de Manchester, RU. Chefe do Departamento de Hidráulica e Saneamento, Coordenador do Programa de Tecnologias Limpas, TECLIM Escola Politécnica Universidade Federal da Bahia Rua Aristides Novis 02 Federação Salvador BA, Tel , Telefax , e.mail: Resumo A necessária velocidade com que a redução do impacto ambiental das atividades produtivas deve se dar, exige uma mudança na forma de se pensar a relação destas com o meio ambiente. Deve-se evoluir das práticas fim de tubo para atitudes de prevenção da poluição. Esta mudança exige uma participação ativa tanto do setor produtivo como das agências reguladoras. Palavras Chave Tecnologias Limpas, Prevenção da Poluição, Certificação Ambiental. INTRODUÇÃO Neste trabalho discute-se a necessidade de mudanças na forma de se pensar o processo produtivo para permitir um crescimento econômico sustentável do ponto de vista ambiental. Num momento em que empresas de grande porte aderem a sistemas de certificação ambiental, convêm discutir se apenas isto é suficiente. O crescimento do impacto que a sociedade provoca sobre o meio ambiente global pode ser melhor analisado se considerarmos três fatores principais, crescimento populacional, crescimento do consumo per capita e o impacto ambiental de cada produto que consumimos. Ao se discutir este último fator discute-se, de fato, a tecnologia utilizada e a parcela que lhe cabe na exaustão dos recursos naturais. As pressões por um meio ambiente mais equilibrado tem levado a indústria a adotar medidas para reduzir o impacto de suas atividades. Algumas empresas deram passos mais arrojados e passaram a pensar não apenas no impacto provocado pelas suas plantas industriais mas no impacto ambiental provocado ao longo de todo o ciclo de vida dos seus processos e produtos. Uma ferramenta importante para instrumentalizar estes esforços é a Análise de Ciclo de Vida ( Life Cycle Analysis ou LCA). Apesar de ser um instrumento em desenvolvimento e, consequentemente, de difícil aplicação no momento, alguns autores já apresentam trabalhos que permitem prever a sua contribuição num futuro próximo. Um destes trabalhos, Ecologia Industrial e o Automóvel (Graedel e Allenby, 1998) é aproveitado neste artigo para ilustrar a necessidade de mudanças no modelo de produção vigente. Um dos meios de articular a excelência ambiental de processos e produtos é a possibilidade de julgar a utilização, ao longo de toda a cadeia produtiva, das melhores tecnologias disponíveis. O 1
2 julgamento da qualidade ambiental de uma determinada tecnologia nos coloca numa rota de análise de grande complexidade que convêm trilhar gradativamente. O primeiro passo neste caminho exige diferenciar entre tecnologias Fim de Tubo ou Fim de Linha ( End of Pipe ) e Tecnologias Limpas. Não se faz aqui distinção entre os termos Tecnologias Limpas, Prevenção da Poluição, Produção Limpa, Produção Mais Limpa, mesmo que alguns autores estabeleçam distinções importantes entre estes termos (Ashford e Côte, 1997, Baas, 1996). As Tecnologias Limpas se caracterizam por voltar-se para as fontes da geração de resíduos visando aproximar o processo produtivo da condição de emissão zero. Priorizam os esforços pela eliminação da poluição a montante dos processos tentando se afastar da visão do binômio tratamento / disposição final (Fim de Tubo) como solução para os problemas ambientais gerados pela indústria. TECNOLOGIAS LIMPAS, POR QUE?? Nos dias de hoje existe uma quase unanimidade em torno da causa ambiental. Seja por razões mercadológicas ou de compromisso social, o fato é que cada vez mais pessoas e empresas adotam atitudes ambientalistas. Convêm analisar se os resultados que estão sendo atingidos efetivamente apontam para uma reversão do processo de degradação ambiental ou sequer para uma redução da velocidade com que esse se dá. Ao implantar um sistema de gestão ambiental, nos moldes das certificações hoje em voga, as empresas se comprometem com processos de melhoria contínua do seu desempenho ambiental. Um processo de melhoria contínua tende a implicar numa redução gradativa dos impactos ambientais da empresa. A velocidade com que esta redução se dá, fica a critério da direção da empresa. Normalmente, critérios de caráter econômico, tais como os investimentos necessários para reverter um determinado aspecto ambiental contribuem para desacelerar processos de melhoria contínua. Pressões legais e sociais, contribuem no sentido de atingir um melhor desempenho ambiental num menor espaço de tempo. Não devemos deixar de considerar entre estes últimos, o crescimento do compromisso ambiental e social de uma parcela importante do empresariado. Dois elementos que podem contribuir para uma aceleração de processos de melhoria de desempenho ambiental no âmbito das empresas são: a capacidade de identificar mudanças tecnológicas que impliquem em concomitantes reduções de custos (isto é, ganhar dinheiro a partir da redução da geração de resíduos); e, o esclarecimento do ritmo de melhoria necessário para tornar o processo ambientalmente sustentável. Cada processo e produto detém uma parcela de responsabilidade na conformação do nível de impacto da atividade produtiva sobre o meio ambiente. Na ausência de condições para quantificar estas parcelas separadamente, pode-se estimar a ordem de grandeza do crescimento do impacto ambiental global, nos próximos anos, usando a equação mestra de impacto ambiental. Graedel e Allenby (1998), pesquisadores dos laboratórios Bell e da AT&T, se valem desta equação com o mesmo objetivo. Neste artigo não usaremos as previsões de crescimento populacional que estes autores publicaram por considerá-las exageradas. Equação mestra do impacto ambiental : 2
3 Impacto ambiental = (População) x (Renda per capita) x (Impacto ambiental / Unidade de produção) Mitchell (1997), do Worldwatch Institute, citando dados do Escritório de Censos dos Estados Unidos, aponta para um crescimento da população mundial entre 1950 e 1996 de 2,6 para 5,8 bilhões de pessoas. Isto representa uma taxa média de crescimento anual de 1,8%. Segundo a fonte, esta taxa flutuou entre 1,3% e 2,2% a.a. Se considerarmos uma taxa de crescimento anual de 1,3%, nos próximos 30 anos a população mundial será 1,5 vezes a atual. Prever a evolução da renda per capita para os próximos 50 anos é outro exercício de arriscada futurologia. Graedel e Allenby (1998), ilustram com dados do Banco Mundial, as taxas de crescimento verificadas em diversos blocos econômicos (Tabela 1). Tabela 1 Crescimento da renda per capita, (Banco Mundial 1992) Grupo de paises Mais desenvolvidos Sub-sahara Leste Asiático América Latina Leste Europeu Menos desenvolvidos Os números representam taxas médias de crescimento anual em % Os números para a década são estimados Fonte: Graedel e Allenby, 1998 Mesmo podendo se contestar os dados projetados na tabela acima, os autores citados se permitem apontar, para um crescimento da renda per capita mundial de 3 a 5 vezes (eqüivale a 2.2% e 3.3% a.a, respectivamente) nos próximos cinqüenta anos. Consideremos aqui, conservadoramente, um taxa de crescimento anual da renda per capita mundial de 2%. Isto implica num crescimento desta em 80% nos próximos 30 anos. As considerações acima apontam para um crescimento, nos dois primeiros fatores da equação mestra, de 1.5 X 1.8 = 2.7 vezes nos próximos 30 anos. (Graedel e Allenby consideram valores bastante maiores para este produto: entre 6 e 10 vezes nos próximos 50 anos). Isto quer dizer que o terceiro fator, impacto ambiental por unidade de produção teria que ser reduzido a um terço do valor atual para que em 2030 possa se ter o mesmo nível de impacto ambiental global de hoje. Impacto este que muitos autores consideram insustentável. Mesmo assim, será isto possível? e caso possamos dar uma resposta positiva a esta pergunta, será que poderemos atingir esta redução, apenas aplicando medidas de controle da poluição do tipo Fim de Tubo? Ainda no trabalho anteriormente citado, Graedel e Allenby (1998) fazem uma comparação entre o impacto ambiental do automóvel dos anos cinqüenta e dos anos noventa. Os autores desenvolvem uma análise de ciclo de vida para esses veículos, incluindo não apenas o produto em si, mas toda a infra-estrutura a ele relacionada. O resultado dessa análise é bastante ilustrativo. Se, por um lado, o 3
4 impacto ambiental de uma unidade do produto automóvel, reduziu-se neste período, a infra-estrutura a ele relacionada, aumentou seu impacto. O saldo total aponta para uma pequena redução do impacto ambiental do produto automóvel. É possível imaginar que nos próximos 30 anos, a evolução tecnológica do automóvel possa reduzir o seu impacto ambiental por unidade de produto para um terço da atual? A mesma pergunta caberia para qualquer outro bem de consumo. Reduções de impacto ambiental, desta ordem de grandeza, só poderão ser atingidas a partir de um intenso esforço pela racionalização do uso dos recursos naturais ao longo de todo o ciclo de vida dos produtos e processos. A priorização de medidas Fim de Tubo pouco contribui para se atingir o ritmo de melhoria necessário. É importante, que tanto o setor produtivo como os órgãos reguladores se atualizem neste sentido. Para difundir o uso de tecnologias limpas é importante considerar as razões e motivos que apontam para o seu uso. Ao mesmo tempo convêm entender os motivos que têm levado a priorização de práticas corretivas no lugar das preventivas, no controle da poluição. TECNOLOGIAS LIMPAS, MUDANÇA DE ATITUDES, DAS PRÁTICAS FIM DE TUBO PARA A PRODUÇÃO MAIS LIMPA. As práticas ambientais na produção, em particular, e na sociedade em geral, influenciam determinantemente as políticas ambientais. Estas, por sua vez afetam as primeiras. Até a década de 80, o meio ambiente era considerado um aspecto de menor importância para o setor produtivo, tanto no campo econômico como no tecnológico. No campo econômico ele era tratado como uma externalidade. No tecnológico, medidas de controle da poluição foram tomadas (no melhor dos casos) para adequar as emissões aos padrões exigidos. Tradicionalmente, as medidas de controle ambiental têm se fundamentado na aplicação de padrões de lançamento de emissões, seja na forma de concentrações de poluentes ou de cargas, e/ou na fixação de concentrações máximas admitidas nos corpos receptores, os chamados padrões ambientais. Um dos princípios aprovados na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano (Estocolmo, 1972) estabelece a necessidade de controlar o lançamento de substancias tóxicas, ou outros compostos, no meio ambiente se as quantidades ou concentrações destes excederem a sua capacidade de absorção. Em 1975, a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, OECD, populariza o Princípio do Poluidor Pagador. Este princípio estabelece que o produtor deve se responsabilizar pelos custos ambientais, assim como os provocados a pessoas e propriedades. A ótica que prevalece nos anos 70, é a da aceitação do inevitável lançamento de poluentes no meio ambiente, estabelecendo-se medidas para o seu controle. Procurou-se, com isto, transferir os custos ambientais para a produção, promovendo sua incorporação no preço final dos produtos, induzindo-se a adoção de medidas cabíveis para atenuar o seu impacto ambiental. Trata-se de uma visão na qual reduzir impactos ambientais só faz agregar custos ao processo produtivo. Nesta lógica, a tecnologia ambiental representa a interface que tem por objetivo adequar os lançamentos a capacidade dos corpos receptores. 4
5 A rápida expansão da produção industrial e dos seus impactos, obrigou o aprimoramento da compreensão da relação produção - meio ambiente. O meio ambiente passa a ser visto não apenas como um conglomerado de corpos receptores. A preservação da natureza torna-se um valor em si mesmo. Além disto novas funções são reconhecidas. A natureza como fornecedora de recursos, renováveis ou não, cuja preservação se constitui em pré-requisito para a continuidade da atividade produtiva. A natureza como fornecedora de informações fundamentais para o desenvolvimento tecnológico. A partir da segunda metade dos anos 70, órgãos ambientais dos países desenvolvidos, passam a exigir da indústria a adoção de melhores técnicas para os tratamentos fim de tubo. Não basta atender determinados padrões ambientais. Exige-se, do setor produtivo, a utilização das melhores opções tecnológicas existentes. Isto, de certa forma, quebra uma barreira na relação entre as a agências regulamentadoras e os agentes produtivos. Os fiscais passam de meros controladores de descargas para avaliadores das tecnologias utilizadas para tratar as emissões. Mesmo que inicialmente utilizadas para exigir melhores tratamentos fim de tubo (Baas, 1996), a utilização deste tipo de exigências começa a transferir a discussão ambiental para o interior das fábricas. Nem sempre, contudo, a melhor técnica disponível está ao alcance da empresa avaliada. Surge a necessidade de se encontrar critérios que levem em consideração a capacidade do produtor de pagar pela melhor técnica disponível no mercado para abater determinados poluentes. Às exigências de aplicação da melhor tecnologia disponível (BAT - Best Available Technology) se agregam considerações econômicas e surgem as melhores técnicas disponíveis, economicamente viáveis. Desta maneira, a discussão das medidas de controle ambiental atinge o interior das fábricas aceitando, inclusive, critérios econômicos para a decisão das técnicas a serem adotadas. Dado este passo, não tardaria para o conceito de prevenção vir a ser considerado. Em 1990, o parlamento britânico aprova o Ato de Proteção Ambiental, EPA 90 que estabelece a política do Controle da Poluição Integrado, IPC. Esta lei aponta para dois instrumentos que devem ser utilizados pelas empresas potencialmente poluidoras: A melhor tecnologia disponível que não implique em custos excessivos, BATNEEC ( Best Available Technique Not Entailing Excessive Cost ); e A melhor opção ambiental praticável, BPEO Best Practicable Environmental Option (DoE e HMIP,1991). No documento acima definem-se como BATNEEC aquelas técnicas que permitem prevenir a emissão de substâncias prescritas. Exige-se que, caso a prevenção não seja possível, as emissões devem ser minimizadas e tornadas inofensivas. Introduz-se uma gradação de prioridades com ênfase para a prevenção. Esta visão é também adotada na Comunidade Européia na Diretiva do Conselho relativa a prevenção e controle integrados da poluição. (Conselho das Comunidades Europeias,1996). Um outro aspecto a ser observado na legislação britânica recente, diz respeito ampliação do conceito de tecnologia utilizado. O termo technique é utilizado para abranger não apenas a tecnologia propriamente dita mas os aspectos gerenciais e operacionais a ela relacionados. Mesmo assim, o conceito das melhores tecnologias não consegue se desvincular das práticas de fim de tubo com as que estiveram inicialmente associadas. As idéias mais recentes de Prevenção da Poluição, e Produção Mais Limpa, ampliam as opções a serem consideradas para o equacionamento da relação produção e meio ambiente. 5
6 Joseph Ling, ex vice presidente da empresa 3M, relata que em 1975 a sua corporação adotou o programa 3P, Prevenção da Poluição se Paga (Shen, 1995). Este programa sustentava que a redução ou eliminação da poluição na fonte permitiria eliminar ou reduzir os custos de tratamento e limpeza, conservando, ao mesmo tempo, matérias primas e tornando o processo produtivo mais eficiente e barato. A Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa convidou a empresa a apresentar esta proposta em Paris em 1976, no seminário Princípios e Criação de Tecnologia sem Resíduos, propondo a sua divulgação. Apesar da Agência de Proteção Ambiental Americana, EPA, promover no final da década de 70 discussões sobre Prevenção da Poluição, o Congresso Americano só deu o devido valor ao enfoque preventivo quando o assunto dos resíduos perigosos tornou-se público. Em 1989 a EPA montou seu Escritório de Prevenção da Poluição e um ano depois o Congresso dos Estados Unidos aprovou o Ato de Prevenção da Poluição (Shen, 1995). A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, UNIDO, vem desenvolvendo desde 1990 o programa de Produção Mais Limpa. Este programa apoiou a implantação do Centro Nacional de Tecnologias Limpas, CNTL, no SENAI/RS em Em 1997, o Programa de Controle da Poluição Industrial de São Paulo, PROCOP, (inicialmente concebido para financiar soluções Fim de Linha) é reestruturado com base nos conceitos de Produção Limpa e Prevenção da Poluição. A OECD em 1987, define tecnologias limpas como qualquer medida técnica na indústria, para reduzir, ou até eliminar na fonte, a produção de qualquer incômodo, poluição ou resíduo, e ajudar na economia de matérias prima, recursos naturais e energia. Elas podem ser introduzidas tanto a nível de projeto, com mudanças radicais no processo de manufatura, ou num processo existente, com a separação e utilização de produtos secundários que de outra maneira seriam perdidos (Baas 1996). Por sua vez, a Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa, em 1984, define as Tecnologias de Baixo ou Nenhum Resíduo (LNWT) como um método de manufatura (processo, planta industrial, complexo industrial) onde a totalidade de matérias primas e energia são utilizados da forma mais racional e integrada no ciclo produtivo: matérias primas - produção - consumo - recursos materiais secundários, de forma a prevenir qualquer impacto negativo no ambiente que possa afetar seu funcionamento normal. Num sentido mais amplo, a tecnologia de baixa poluição e sem resíduos se preocupa, não apenas com processos produtivos, mas também com o destino dos produtos num tempo de vida mais longo, seu fácil concerto e o seu reciclo e transformação após uso deforma a prevenir dano ecológico. O objetivo é atingir um ciclo tecnológico completo para o uso dos recursos naturais, compatível ou similar aos ecossistemas naturais (Baas, 1996). Baas (1996) salienta que a Prevenção da Poluição e minimização de resíduos representa uma mudança de atitude onde o foco é mudado do uso de tecnologias para o controle da poluição para uma atitude pro-ativa de prevenção ao longo de todo o processo produtivo. A adoção destas práticas converge com a viabilização econômica da produção por aliar aspectos ambientais com lucratividade econômica. O autor identifica três tendências principais na evolução das tecnologias ambientais: 1 De controle da poluição e tecnologias de manipulação de resíduos após a sua geração, a uma tecnologia pro-ativa de integração de processos que previna a geração de poluentes na fonte. 2 De uma ênfase única nas medidas tecnológicas para uma abordagem mais ampla que inclui medidas não técnicas. 6
7 3 Da consideração exclusiva dos aspectos ambientais do processo de manufatura a consideração dos aspectos ambientais de todo o ciclo de vida dos produtos, incluindo o projeto dos mesmos, gestão de recursos naturais, consumo e gestão da fase após o consumo dos produtos usados. A implementação da Prevenção da Poluição implica numa mudança de paradigma tanto no processo produtivo como na vida doméstica. O desenvolvimento de uma atitude de percepção da maneira como são gerados os resíduos serve de base para eliminação das causas de sua geração. Baas (1996) resume contribuições de vários autores para esclarecer o conceito de produção mais limpa e apontar para caminhos para o seu desenvolvimento e futuras pesquisas: Avaliação das necessidades da sociedade; Enfoque integrado de mudanças organizacionais e gerenciamento da melhoria contínua; Avaliação do custo total de forma a se promover a alocação do custo ambiental real no custo da produção; Recursos sustentáveis e gerenciamento de materiais: seremos capazes de formular uma transição para energias e materiais renováveis? A corrida para uma tecnologia ecológica é um desafio para mudanças tecnológicas radicais: seremos capazes de desenvolver radicalmente novas tecnologias, que usem 1/10 da energia atualmente utilizada de forma a atender os requisitos do desenvolvimento sustentável? Projeto para o meio ambiente, projeto para o reuso; Ecossistemas industriais: uma nova cooperação entre empresas deverá ser estimulada de forma a que outras utilizem a energia e emissões que uma única empresa não possa prevenir ou reutilizar. Christie et al. (1995) citam Roland Clift, da Universidade de Surrey no Reino Unido para ilustrar a relação entre tecnologias de Fim de Tubo e Tecnologias Limpas, comparando seus aspectos ambientais e econômicos. A Figura 1mostra a busca de atalhos tecnológicos que permitam passar para patamares de maior eficiência na relação custo produtivo e impacto ambiental. Estes atalhos ou oportunidades são encontrados na medida que os esforços técnicos são direcionados para o interior do processo produtivo e a montante do mesmo. 7
8 C u s t o e c o n ô m i c o Soluções Fim de Tubo Tecnologias atuais TecnologiasLimpas Custo ambiental Figura 1 : Produção limpa (Clift, 1993 em Christie et al, 1995) CONCLUSÃO A reversão do processo de degradação ambiental, com crescimento econômico, só é possível se forem introduzidas mudanças na forma de se pensar a relação processo produtivo meio ambiente. Estas mudanças apontam na direção do próprio processo produtivo e não mais, apenas, para ações na interface empreendimento corpo receptor e devem acontecer tanto no comportamento dos produtores como das agências regulamentadoras. Mecanismos devem ser procurados para promover o uso de Tecnologias Limpas e ações de Prevenção da Poluição. Estas práticas aliam critérios ambientais a econômicos tornando-as acessíveis e recomendáveis para empreendimentos de qualquer porte. No caso das empresas maiores, participantes do restrito clube das que detêm ou procuram a sua certificação ambiental pelos critérios atualmente em voga, a utilização de Tecnologias Limpas permitirá uma consistente e inadiável ampliação dos seus resultados. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASHFORD, N.A., CÔTE, R.P. An overview of the special issue on industrial ecology. J. Cleaner Prod 5, p. i -iv. BAAS, L. An integrated approach to cleaner production. In: MISRA,K.B. (Ed.) Clean production, Environmental and economic perspectives. 1st ed. Springer, Berlin p CHRISTIE, I., ROLFE, H., LEGARD, R. Cleaner production in industry, integrating busines goals and environmental management. 1st ed. Policy Studies Institute, London p. CONSELHO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS Directiva 96/61/CE de 24 de Setembro de 1996 relativa à prevenção e controlo integrados da poluição, Jornal Oficial das Comunidades Europeias N0 257 de 10/10/ p
9 DoE, HMIP (Eds.) Integrated pollution control, a practical guide. HMSO p. GRAEDEL,T.E., ALLENBY, B. R. Industrial ecology and the automobile. 1st ed. Prentice Hall, New Jersey p. MITCHELL, J.D. Population increase slows slightly. In: BROWN, L.R., RENNER, M., FLAVIN, C. (Eds.) Vital Signs. Worldwatch Institute, London p SHEN, T.T. Industrial pollution prevention. 1st ed. Springer, Berlin p. Abstract The needed speed of reduction of the environmental impact of productive activities, demands a change on the way the relationship between these and the environment is actually considered. An evolution from end of pipe practices to pollution prevention is required. This change obliges an active participation of both productive sector and environmental regulators. Key words Clean technologies, pollution prevention, environmental certification. 9
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