O R E G I M E D O S E X P A T R I A D O S N A R E F O R M A D O I R S
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- Bianca de Sousa Fartaria
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1 i N º 2 2 / 1 5 O R E G I M E D O S E X P A T R I A D O S N A R E F O R M A D O I R S 1. O OBJECTIVO Em linha com os objectivos preconizados no anteprojecto de reforma do IRS 1, uma das medidas concretizadas assenta na criação de benefício fiscal para trabalhadores deslocados no estrageiro a fim de não penalizar os rendimentos auferidos por expatriados. 2. O BENEFÍCIO FISCAL ATRI ENEFÍCIO FISCAL ATRIBUÍDO TAX & BUSINESS De acordo com a Reforma do IRS e aditamento ao Estatuto dos Benefícios Fiscais (doravante EBF), foi estabelecido um novo benefício fiscal, de isenção de IRS sobre os rendimentos do trabalho auferidos pelos trabalhadores deslocados no estrangeiro, atentos os condicionalismos previstos no mesmo regime. 3. O ÂMBITO MBITO DA ISENÇÃO A presente Informação Fiscal destina-se a ser distribuída entre Clientes e Colegas e a informação nela contida é prestada de forma geral e abstracta. Não deve servir de base para qualquer tomada de decisão sem assistência profissional qualificada e dirigida ao caso concreto. O conteúdo desta Informação Fiscal não pode ser reproduzido, no seu todo ou em parte, sem a expressa autorização do editor. Caso deseje obter esclarecimentos adicionais sobre este assunto contacte. *** Esta Informação Fiscal é enviada nos termos dos artigos 22.º e 23.º do Decreto-Lei n.º 7/2004, de 7 de Janeiro, relativa ao envio de correio electrónico não solicitado. Caso pretenda ser removido da nossa base de dados e evitar futuras comunicações semelhantes, por favor envie um com Remover para o endereço newsletter@rffadvogados.com. Nos termos do regime do benefício fiscal atribuído aos trabalhadores deslocados no estrangeiro, que sejam residentes em território português, estes beneficiam de isenção de IRS sobre os rendimentos 1 Remete-se para a Newsletter da Reforma do IRS: ewsletters/2014/reforma_do_irs.pdf. 01 Best Lawyers - "Tax Lawyer of the Year" 2014 Legal 500 Band 1 Tax Portuguese Law Firm 2013 International Tax Review "Best European Newcomer" (shortlisted) 2013 Chambers & Partners Band 1 RFF Leading Individual 2013 Who s Who Legal RFF Corporate Tax Adviser of the Year 2013 IBFD Tax Correspondents Portugal, Angola and Mozambique
2 auferidos a título de compensação pela deslocação e permanência no estrangeiro por período igual ou superior a 90 dias, dos quais 60 necessariamente seguidos. Adicionalmente, poderão optar por este regime até ao limite de três anos após a data do deslocamento, os sujeitos passivos que, não sendo considerados residentes em território português, tenham sido deslocados para o estrangeiro nas mesmas condições. 4. O LIMITE DA ISENÇÃO O valor anual da remuneração isenta de IRS está limitado ao montante máximo de ou, se inferior, ao valor correspondente à diferença entre o total da remuneração, incluindo a compensação, e o montante global das remunerações regulares com carácter de retribuição sujeitas a imposto, auferidas no período de tributação anterior (excluindo qualquer compensação paga nesse período). Nos casos em que não tenham existido quaisquer remunerações auferidas em território português ou no estrangeiro, devidas por qualquer entidade a título de trabalho dependente por período superior a seis meses, no período de tributação anterior àquele a que respeitam os rendimentos, o montante global das remunerações regulares com carácter de retribuição sujeitas a imposto no período de tributação anterior deve ser apurado, relativamente aos meses em que não tenha havido remuneração, por referência à retribuição mínima mensal garantida (actualmente fixada em 505). 5. A IMPOSIÇÃO DO IMPOSIÇÃO DO ENGLOBAMENTO Verificadas as condições para a aplicação do regime de isenção, os rendimentos são necessariamente englobados nos termos do do Código do IRS. 6. A NÃO BENEFÍCIOS FISCAIS CUMULAÇÃO COM OUTROS A isenção prevista neste regime não é cumulável com quaisquer outros benefícios fiscais aplicáveis aos rendimentos da categoria A (automáticos ou de reconhecimento prévio) nem com o regime previsto para os residentes não habituais. 7. A DEPENDÊNCIA DEPENDÊNCIA DO ACORDO ESCRITO A isenção depende, ainda, de acordo escrito celebrado entre o sujeito passivo e a entidade empregadora, no qual expressamente se identifique o destino e o período da deslocação do trabalhador, bem como a remuneração total a pagar ou a colocar à disposição do sujeito passivo e a compensação pela deslocação e permanência no estrangeiro. 8. O REGIME REGIME DOS EXPATRIADOS ESPANHOL De acordo com o regime estabelecido (no artículo 7. da Ley 35/2006, de 28 de noviembre Ley del Impuesto sobre la Renta de las Personas Físicas, bem como pelo 02
3 artículo 6. do Real Decreto 439/2007, de 30 de marzo Reglamento del Impuesto sobre la Renta de las Personas Físicas ) em Espanha, também os rendimentos de trabalho auferidos por sujeitos passivos em relação com trabalho efectivamente realizado no estrangeiro (por referência ao território espanhol) estão isentos de Impuesto sobre la Renta de las Personas Físicas (doravante IRPF), se verificados os condicionalismos previstos no mencionado diploma. Com efeito, estarão isentos os rendimentos desta natureza quando: a) o trabalho prestado efectivamente pelo sujeito passivo seja realizado para uma entidade ou empresa não sedeada em Espanha, ou para um estabelecimento estável sedeado no estrangeiro; e, b) no território em que se realize efectivamente o trabalho, se aplique um imposto de natureza idêntica ou análoga ao IRPF e não seja um país ou território considerado como paraíso fiscal. Para este efeito, considerar-se-á cumprido este requisito quando o país ou território em que o trabalho seja realizado tenha subscrito Convenção de Dupla Tributação com Espanha, que contenha cláusula de troca de informações. A isenção aplica-se às remunerações auferidas durante os dias de permanência no estrangeiro, com o limite máximo de , sendo que, para o cálculo da remuneração correspondente aos trabalhos realizados no estrangeiro, deverão tomar-se em consideração os dias que o trabalhador efectivamente esteve deslocado no estrangeiro, assim como as retribuições específicas correspondentes aos serviços prestados no estrangeiro. Para o cálculo do montante dos rendimentos auferidos diariamente pelos trabalhos realizados no estrangeiro, à margem das remunerações específicas correspondentes aos mencionados trabalhos, aplica-se um critério de alocação proporcional tendo em conta o número total de dias do ano. Poder-se-á, assim, dizer que o regime português se assemelha ao espanhol, na medida em que: a) assenta igualmente numa isenção sobre os rendimentos auferidos até um determinado limite máximo; e, b) a isenção aplica-se às remunerações auferidas durante os dias de permanência no estrangeiro. Contudo, assinalam-se também, desde logo, algumas distinções relevantes: a) os rendimentos abrangidos pela isenção ao abrigo do regime português restringemse aos rendimentos auferidos a título de compensação pela deslocação e permanência no estrangeiro, enquanto no regime espanhol se consideram os rendimentos de trabalho em geral ( los rendimientos del trabajo ); b) enquanto o regime português exige um período mínimo de permanência no estrangeiro (90 dias, dos quais 60 03
4 necessariamente seguidos), o regime espanhol não efectua a mesma exigência; c) não se restringe no regime português a que entidade é que o trabalho está a ser prestado, ao passo que no regime espanhol se exige explicitamente que o mesmo seja realizado para uma entidade ou empresa não sedeada em Espanha, ou para um estabelecimento estável sedeado no estrangeiro; e, d) para efeitos do regime português, não se exige que no país de destino se aplique um imposto análogo ao do IRS ou que o mesmo não seja considerado um paraíso fiscal, ao contrário do que ocorre no regime espanhol. 9. A RELAÇÃO ELAÇÃO COM AS CONVENÇÕES DE DUPLA TRIBUTAÇÃO Atenta a interacção de jurisdições que o regime fiscal de expatriados despoleta [i.e., relação Portugal país estrangeiro de destino], importa, por último, avaliar os efeitos ao nível da aplicação das Convenções de Dupla Tributação ( CDT ) celebradas por Portugal. Neste âmbito, e de acordo com o disposto no Modelo de Convenção Fiscal sobre o Rendimento e o Património da OCDE (doravante Convenção Modelo ), os salários, vencimentos e outras remunerações similares obtidos de um emprego por um residente de um Estado Contratante [v.g. Portugal] só podem ser tributados nesse Estado, a não ser que o emprego seja exercido no outro Estado Contratante [v.g. país estrangeiro]. Se o emprego for exercido no país estrangeiro, então as remunerações correspondentes poderão ser tributadas nesse país. Contudo, as remunerações obtidas por um residente fiscal em Portugal de um emprego exercido em país estrangeiro são tributáveis exclusivamente em Portugal se as seguintes condições forem cumpridas: a) o beneficiário do rendimento permanecer no país estrangeiro durante um período ou períodos que não excedam, no total, 183 dias em qualquer período de doze meses com início ou termo no ano fiscal em causa; b) as remunerações forem pagas por uma entidade patronal ou por conta de uma entidade patronal que não seja residente do país estrangeiro; e, c) as remunerações não forem suportadas por um estabelecimento estável que a entidade patronal tenha no país estrangeiro. Assim, não obstante a análise dever ser efectuada caso a caso, em função do teor concreto das CDT celebradas por Portugal, atendendo ao disposto na Convenção Modelo 2, os expatriados com residência fiscal em território português serão exclusivamente tributados em Portugal se cumprirem as condições aqui reproduzidas e, simultaneamente, cumpram as condições do regime fiscal consagrado no artigo 39.º-A do EBF, conforme supra exposto. 2 E considerando que Portugal não efectuou quaisquer observações ou reservas ao artigo em causa. 04
5 Neste âmbito, a fim de beneficiar do regime fiscal dos expatriados e de não ser potencialmente tributado no país estrangeiro de destino, será necessária uma compatibilização dos períodos exigidos, traduzindo-se a mesma na permanência do trabalhador no estrangeiro por período igual ou superior a 90 dias (dos quais 60 necessariamente seguidos), desde que, no total, não exceda 183 dias CONCLUS ONCLUSÕES Considerando a importância da mobilidade dos trabalhadores numa economia altamente globalizada, a criação de um regime fiscal de expatriados, consagrado no EBF, configura um avanço considerável na reforma do IRS em Portugal e que atende ao fenómeno crescente de trabalhadores portugueses deslocados no estrangeiro. Contudo, apesar do mérito que a introdução de tal regime tem, deverá, assim, ser averiguado o cumprimento do seu objectivo de fixar a residência fiscal dos expatriados em Portugal, atendendo à circunstância de o plafond de isenção em sede de IRS estar restrito, no máximo, ao montante de Lisboa, 16 de Junho de 2015 Rogério M. Fernandes Ferreira Mónica Respício Gonçalves Miguel Afonso Archer 05
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