VOTO RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE GERAÇÃO SRG.
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- Eduardo Brandt Bonilha
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1 VOTO PROCESSO: / INTERESSADA: Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Eletronorte RELATOR: Diretor Tiago de Barros Correia. RESPONSÁVEL: SUPERINTENDÊNCIA DE REGULAÇÃO DOS SERVIÇOS DE GERAÇÃO SRG. ASSUNTO: Requerimento Administrativo interposto pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Eletronorte, com vistas ao ressarcimento dos custos fixos pela disponibilização da Usina Termelétrica UTE Rio Acre. I. R E L A T Ó R I O Em 5 de abril de 1995, por meio da Portaria MME nº 97/1995, a UTE Rio Acre foi outorgada à Eletronorte sob o regime de Serviço Público, com duas unidades geradoras de kw cada, totalizando kw, localizada no Município de Rio Branco, Estado do Acre. 2. Em 3 de julho de 2009, a Eletronorte solicitou a desativação da UTE Rio Acre, posteriormente solicitando a desconsideração desse pedido. 3. Em 19 de março de 2014, formulou nova solicitação de desativação dessa usina e a antecipação do término dessa outorga. 4. Em 8 de julho de 2015, solicitou à SRG o ressarcimento dos custos fixos para a operação e manutenção da UTE Rio Acre, que totalizam, segundo a empresa, R$ , Em 24 de março de 2016, por meio da Nota Técnica n o 027/2016-SRG, a Superintendência de Regulação dos Serviços de Geração recomendou o conhecimento e indeferimento do pedido de ressarcimento dos custos fixos pela disponibilização da UTE Rio Acre desde dezembro de 2012.
2 II. F U N D A M E N T A Ç Ã O 6. Trata-se de pedido formulado pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A Eletronorte para o ressarcimento dos custos fixos incorridos para a operação e manutenção da Usina Termelétrica - UTE Rio Acre desde dezembro de Tramita na ANEEL pedido da Eletronorte para a desativação da UTE Rio Acre, bem como a antecipação do término da sua outorga, atualmente vigente. Alega a Requerente que a usina não seria mais necessária à operação do sistema Acre-Rondônia e que ela não apresentava justificativa econômica para permanecer no Sistema Interligado Nacional - SIN após a interligação com a entrada em operação da LT Jauru-Vilhena, pois seu Custo Variável Unitário - CVU seria superior ao limite fixado nos leilões de contratação de disponibilidade. 8. Em 2009, por ocasião das tratativas acerca da interligação do sistema Acre-Rondônia, o ONS informou à Eletronorte que era necessário disponibilizar geração térmica de 300 MW para atendimento à máxima demanda prevista para o horizonte , destacando que, no caso da UTE Rio Acre, a necessidade local da usina somente seria eliminada após a entrada em operação da duplicação dos circuitos Porto Velho-Abunã-Rio Branco e do 3º banco 230/69 kv-100 MVA da SE Rio Branco, ambos sem previsão de finalização à época. Conforme o ONS: 1.2 Apesar do benefício proporcionado pela interligação Acre-Rondônia, que permitirá a transferência de energia do SIN para o Norte do País, ainda assim os estados do Acre e Rondônia serão dependentes de geração térmica, já que a geração hidráulica existente, somada à capacidade de transmissão desta interligação, não são suficientes para atendimento a demanda máxima prevista, especialmente no período seco. 1.3 Sendo assim, faz-se necessário dispor no Sistema Acre-Rondônia de uma capacidade de geração térmica da ordem de 300 MW para atendimento à máxima demanda prevista para o horizonte , mesmo considerando que até a entrada em operação do 2 circuito Vilhena-Samuel, previsto para abril de 2010, será adotado o critério N de confiabilidade, conforme disposto Ofício n 051/2009-SRG/ANEEL....UTE Rio Acre a) Como o sistema de transmissão para suprimento ao estado do Acre é composto de um circuito simples em 230 kv Porto Velho - Abunã - Rio Branco, contingências em qualquer um dos trechos deste circuito provocará o desligamento total das cargas supridas pela subestação de Rio Branco. Dessa forma, a UTE Rio Acre permitirá o fornecimento de energia a pelo menos parte dos consumidores da região de Rio Branco no caso de indisponibilidade de longa duração do único circuito que supre o estado do Acre.
3 b) Destaca-se ainda que essa usina também será necessária, a partir de abril de 2010, para evitar carregamentos superiores a 120% na transformação de Rio Branco e, consequente corte de carga quando da indisponibilidade de um dos bancos. c) Portanto, a necessidade local da UTE Rio Acre somente será eliminada após a entrada em operação da duplicação dos circuitos Porto Velho - Abunã - Rio Branco, ainda em fase de licitação, e do 3º banco de 230/69 kv MVA da SE Rio Branco, recomendado no PAR/PET - Obras Consolidadas período 2009 a 2011, ainda sem outorga da ANEEL. (grifos nossos) 9. Decidiu, assim, pela permanência da UTE Rio Acre sob regime de atendimento emergencial até que ocorresse a duplicação do 2º circuito de interligação do sistema Acre-Rondônia, prevista para o ano de Posteriormente, em 2014, a Eletronorte reiterou seu interesse na desativação dessa usina e na antecipação do término dessa outorga, ainda em análise na ANEEL, por se tratar de outorga autorizada sob o regime de Serviço Público. 11. Para tanto, a Eletronorte encaminhou cópia da manifestação do ONS, afirmando a necessidade da usina. Enviou também dois Termos de Liberação Parcial para Operação Integrada ao SIN relativos aos seguintes equipamentos: (i) TR 230/69 kv RIO BRANCO I TF3; e (ii) MG RIO BRANCO I / ELETRONORTETRA RB ; e informando que foram identificadas pendências não impeditivas para o início da operação integrada ao SIN. 12. Para subsidiar a instrução processual, a SCG questionou o ONS sobre a necessidade da manutenção da disponibilidade da usina, considerando informação da Eletronorte de que as condições apontadas pelo Operador haviam sido atendidas. 13. Em resposta, o ONS informou que com a entrada em operação do 2º circuito entre as subestações Vilhena e Samuel e entre Porto Velho, Abunã e Rio Branco, além do 3º transformador 230/69 kv MVA da SE Rio Branco, não seria mais necessária a manutenção da UTE Rio Acre por razões elétricas. 14. Em vista disso, a Eletronorte solicitou o ressarcimento dos custos fixos, sob a justificativa de que não vem sendo despachada pelo ONS desde dezembro de 2012 e que, como a ANEEL ainda não emitiu
4 parecer favorável à desativação da usina, continua incorrendo em custos operacionais para a manutenção e conservação dos equipamentos da UTE Rio Acre. 15. A SRG indagou à SFG sobre a situação operacional da usina, obtendo a informação de que ela é uma termelétrica a óleo antiga e que a idade dos equipamentos compromete sua confiabilidade e também eleva os custos com manutenção. Esta constatação foi corroborada pela comparação dos custos de O&M (R$ ,71), com o valor do ativo imobilizado em serviço da usina (R$ ,86). 16. A SFG adicionalmente informou que a usina basicamente é despachada em situações de black start 1, para recompor cargas prioritárias e permitir a partida das unidades geradoras das usinas hidráulicas da região. Esse inclusive teria sido o motivo das duas 2 últimas fiscalizações de campo realizadas na usina para acompanhar os testes de autorrestabelecimento das unidades geradoras black start. 17. A SFG ressaltou que com os testes no sistema de transmissão das usinas do rio Madeira, a região Acre-Rondônia vinha apresentando instabilidades, e que em setembro de 2015 ocorreram duas perturbações, quando a usina foi despachada pelo ONS para que o sistema elétrico da região fosse reestabelecido. No primeiro caso, a UTE Rio Acre não teria conseguido atender ao despacho, e no segundo ela atendeu em parte à solicitação. 18. Com isso, a SFG entendeu que apesar de ter sido pouco acionada nos últimos anos, enquanto o sistema Acre-Rondônia não apresentar maior estabilidade e confiabilidade, a UTE poderá ser solicitada pelo ONS para recomposição das cargas nos casos de novas perturbações no referido sistema. 19. Desta forma, para fazer frente à análise de mérito do ressarcimento dos custos fixos, a SRG considerou a avaliação do ONS que a usina não é mais necessária ao SIN, sendo necessária apenas para a prestação do serviço ancilar de black start. 20. Ponderou a SRG que não ser razoável o pagamento de custo de O&M para a prestação do serviço ancilar de black start a uma usina que não possui Contrato de Prestação de Serviços Ancilares 1 black start ou autorrestabelecimento integral definido na Resolução Normativa nº 697/2015, como a capacidade de uma central geradora de sair de uma condição de parada total para uma condição de operação, independentemente de fonte externa para alimentar seus serviços auxiliares, contribuindo para o processo de recomposição do sistema elétrico, partindo o número de unidades geradoras definido pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS. 2 Em janeiro de 2011 e junho de 2012.
5 CPSA com o ONS, condição necessária descrita no art. 5º da Resolução Normativa nº 697/2015 para o recebimento da Receita de Autorrestabelecimento. 21. Adicionalmente, a Resolução Normativa nº 697/2015 determina que o ONS identifique as centrais geradoras que estão aptas a prestar os serviços de autorrestabelecimento e coordene anualmente testes de recomposição das usinas de autorrestabelecimento integral visando comprovação da disponibilidade operacional dos equipamentos. 22. A UTE Rio Acre não tem CPSA assinado e não participou de testes coordenados pelo ONS, e quando foi solicitada pelo ONS para auxiliá-lo na recomposição do sistema da região de Acre e Rondônia, em perturbação ocorrida em 13 e 18 de setembro de 2015, na primeira data a UTE não conseguiu atender ao despacho e na segunda atendeu apenas em parte à solicitação. 23. Segundo a SRG, não se pode confiar a UTE Rio Acre o papel de black start pois (i) não possui a formalidade requerida para prestação deste tipo de serviço e (ii) não apresenta no presente momento a confiabilidade que este tipo de serviço requer. 24. Ainda que fosse possível a classificação da usina como prestadora do serviço ancilar de black start, a receita anual definida pela ANEEL para a prestação deste tipo de serviço, fixada na Resolução Homologatória nº 2.013/2015, é de R$ ,15 por ano, valor muito inferior ao solicitado pela Eletronorte. 25. A necessidade do uso por razões elétricas da UTE Rio Acre também foi afastada pelo ONS. De fato, caso a usina tivesse condições para contribuir para o atendimento de energia elétrica local e até nacional ela teria sido utilizada pelo ONS praticamente durante todo o ano de Em 2014, por decisão do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico CMSE, o ONS acionou durante praticamente todo o ano todos os recursos energéticos disponíveis, mas, de acordo com a informação prestada pela SFG, não houve registro de medição de geração dessa usina. 27. Mesmo quando era possível sua remuneração, ou ao menos o ressarcimento dos seus custos, por meio da operação autorizada pelo CMSE e tendo como fonte de recursos o Encargo de Serviços do Sistema ESS, a UTE Rio Acre não despachou.
6 28. Desta forma, acato a recomendação da SRG de não ser possível acolher o pedido de ressarcimento dos custos fixos incorridos pela disponibilidade da UTE Rio Acre. III. D I R E I T O 29. Essa análise encontra fundamentação nos seguintes dispositivos normativos: a) Lei n o 9.427, de 26 de dezembro de 1996; b) art. 2º do Anexo I do Decreto nº 2.335, de 6 de outubro de 1997; c) art. 59 do Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004; e d) Resolução Normativa nº 697, de 16 de dezembro de IV. D I S P O S I T I V O 30. A partir de tais argumentos, considerando o que consta do Processo n o / , voto por conhecer do Requerimento Administrativo interposto pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Eletronorte, com vistas ao ressarcimento dos custos fixos pela disponibilização da Usina Termelétrica UTE Rio Acre, e, no mérito, negar-lhe provimento. Brasília, 7 de junho de TIAGO DE BARROS CORREIA Diretor
7 AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL DESPACHO N o, DE 7 DE JUNHO DE O DIRETOR-GERAL DA AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA ANEEL, no uso de suas atribuições regimentais, tendo em vista deliberação da Diretoria e o que consta do Processo n o / , decide conhecer do Requerimento Administrativo interposto pelas Centrais Elétricas do Norte do Brasil S.A. Eletronorte, com vistas ao ressarcimento dos custos fixos pela disponibilização da Usina Termelétrica UTE Rio Acre, e, no mérito, negar-lhe provimento. ROMEU DONIZETE RUFINO
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